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Poder camuflado: Os militares e a política, do fim da ditadura à aliança com Bolsonaro

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Com grande fôlego narrativo e acesso a amplo repertório de fontes inéditas, Fabio Victor reconstitui a atuação política dos militares desde a reabertura democrática até o Brasil de Bolsonaro.

As eleições de 2018 assistiram a uma crescente onda fardada: quase mil candidatos de diferentes patentes se lançaram ao pleito eleitoral, e 73 deles se elegeram aos parlamentos nacionais e estaduais. Desde então, graças à aliança entre o chefe do Executivo e representantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, a politização da caserna e a militarização da Esplanada deram-se em escala impressionante. Em precedente perigoso, oficiais exerceram cargos públicos enquanto ainda estavam na ativa, confundindo sua carreira de Estado com as funções no governo.
Longe de ser um fator recente, no entanto, a permanência dos fardados na arena política é algo que caracterizou nosso processo de redemocratização, e ajuda a explicar o atual estado de coisas. Com o processo de reabertura democrática, pautado por acordo vantajoso para as Forças Armadas, poucas medidas foram tomadas que limassem sua influência, e seus interesses foram em grande parte preservados.
Passando pelos governos de Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Temer até a ascensão de Bolsonaro, este livro urgente mostra como a questão militar ainda representa um dos maiores desafios para o equilíbrio das instituições em nossa sociedade.

416 pages, Paperback

Published November 11, 2022

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Displaying 1 - 3 of 3 reviews
Profile Image for Caio Garzeri.
81 reviews2 followers
January 28, 2023
Muito bem pesquisado e escrito, mas o leitor e a leitora vão precisar estar preparados para passar raiva com a covardia, incompetência, autoritarismo, golpismo e canalhice dessa corja que são as forças armadas brasileiras.
Profile Image for Tamir Einhorn Salem.
55 reviews1 follower
May 11, 2023
Fui lendo esse livro aos poucos, como costumo fazer com os não ficção que ocasionalmente leio, e acabou que o próprio livro passou a carecer de mais capítulos de desfecho. Gonçalves Dias, mencionado no livro, virou ministro do GSI, caiu pela participação no 8 de Janeiro. As forças armadas por meses permitiram acampamentos golpistas, protegendo seus familiares que organizavam tais manifestações. A mulher do golpista Villas Boas, citado no livro, é um fortíssimo exemplo. Em certo nível, fica quase como um epílogo do epílogo de uma infâmia constantemente alongada: a presença dos militares na política brasileira. Herdeiros de um legado mitológico e incessantemente endeusado, os militares até antes de 64 eram presença constante na vida civil do país. Vemos isso na Proclamação da República, na pataquada narrada nos Sertões, no número de generais candidatos, e por aí vai. O desprezo pelo poder civil é antes de tudo um infeliz marco histórico das forças, que acabaram por matar mais brasileiros do que inimigos externos.
Desde a redemocratização, qualquer crise suscita uma chuva de notinhas em off de que os generais estão pensando em intervir. Foi esse climinha no impeachment do Collor, na obrigação que Sarney assumisse, na época da Dilma, e óbvio, nos quatro anos de Bolsonaro. Antes, o mais explícito que se havia visto eram notas bizarras um pouco antes do impeachment da Dilma, e as manifestações grotescas contra a CNV. Teria aí começado um movimento inclusive de fritura da Dilma, e de maior participação explícita no Executivo. As forças de segurança e as forças armadas passam a lançar mais candidatos, a candidatura de Bolsonaro começa a ser gestada numa formatura da AMAN em 2014… Inclusive, quem era responsável pela Aman na época é o tal ‘general democrata’ que hoje em 05/23 comanda o Exército, Tomás Paiva.
Quando Temer assume, o GSI é recriado e Etchegoyen, cuja família inclusive foi alvo da CNV provocando sua reação, assume o ministério. Temos a intervenção federal na segurança do Rio, com Braga Netto como interventor, e um pouco antes temos o Heleno e as forças ganhando musculatura no Haiti. Mesmo signatário de acordos internacionais que nos obrigavam ao reconhecimento dos crimes da ditadura, mesmo com governos de esquerda com altíssima aprovação, relativamente pouco se fez. Lula, agora tricampeão mundial de conciliação, tinha outras prioridades, e os quadros do PT na época tinham alguns parentes de militares, como Mercadante. As escolas de formação seguiram falando em revolução de 64, os centros de tortura ficaram por aí e pouco trabalho de memória foi feito. Nunca teríamos nosso Argentina 1985, pelo visto. E claro, a reação militar à CNV tornou claro que talvez houvesse pouco espaço pra isso. É a eterna tese de que depois vemos porque hoje não dá e isso nos trará desavenças políticas, que é só usada quando interessa. Temos prioridades, como reduzir a miséria, reconstruir o país, então porque o governo encamparia uma reforma militar? Bem, porque de picuinhas estamos cheios. O governo se meteu em furadas espalhafatosas, cá e lá, sem pensar se eram viáveis ou não. Mexer no saneamento, por exemplo.
A escalada golpista das forças levou ao que hoje descobrimos e provavelmente seguiremos descobrindo: almirantes foram usados para contrabando de joias, tenentes falsificaram cartões de vacinação, majores planejavam golpe e eram dados como mortos mesmo claramente vivos, e a lista nos levaria o dia todo. Um general da ativa, Pazuello, comandou o Ministério da Saúde, sabotando o combate à COVID-19 e levando à centenas de milhares de mortes. Disse que sua missão foi cumprida, mesmo com Manaus sufocando sem oxigênio por pura incompetência e descaso. Tivemos os já citados acampamentos, planos de golpe que foram frustrados por pouco, o 8J, e vai saber mais o que. Mesmo assim, as forças políticas não abordam a questão militar nem para resolver parte do problema fiscal. A mídia segue dando palco para generais em off, coisa grotesca. Mídia essa que representou muito mal um ponto CORRETÍSSIMO do programa do PT em 2016 quando do impeachment: a reforma curricular das escolas militares. É inviável construir estabilidade democrática se generais da ativa podem cuidar até da articulação política, porra. E o mais triste é que mesmo com uma vitória acirradíssima de Lula, com extensa manipulação eleitoral da turminha bolsonarista na PRF e afins, o ministro da Defesa seja e siga sendo José Múcio. Múcio, que defendeu os acampamentos como democráticos, conseguiu a incrível proeza de que no aniversário do golpe de 64 os militares falassem NADA (e nem o governo, fora o Silvio de Almeida parafraseando o procurador Strassera). O atual senador e ex-vice Hamilton Mourão, vaticinou que se o governo errasse demais, a culpa iria pras FFAA. É o que se vê, com os militares sendo alvo de escárnio e desprezo público em toda santa rede, crescente à cada nova revelação e investigação. Mesmo assim, optamos pela estratégia de conciliação com eles, como se não houvesse relação causal. Não preservamos a memória, anistiamos crimes contra a humanidade, permitimos a infiltração política nos quartéis, deixamos até que o 142 fosse escrito daquele jeito. Político algum encampa isso bem, e nem a sociedade civil se manifesta com veemência. E nesse ciclo de esperar até que o último cadáver de um torturador seja roído por um verme para que possamos acusá-los, se incensam movimentos golpistas no país. Não é que se brigarmos com os militares, eles vão dar um golpe. Podem querer, mas não conseguirão manter e isso ficou claríssimo. Talvez se a eleição americana em 2020 terminasse de outra maneira, o ambiente internacional seria distinto, mas eles apenas podem ladrar. O que tememos? Tudo que podia acontecer de negativo já está ocorrendo. Eu inclusive vou um passo além: quando lemos o livro do Fábio Victor, só fica cristalino quão necessário é que se fale mais do assunto e que alguma iniciativa política seja tomada. Muitas discussões necessitam de catalisadores, líderes que tragam o assunto pra pauta. A causalidade aqui é outra: nada fazemos, a memória se esvai, os militares se politizam e cria-se uma extrema direita pró-64. É inadmissível que não aproveitemos agora para estabelecer limites saudáveis.
Essa é a nossa oportunidade, e talvez seja a última.

Profile Image for Sergio Maduro.
226 reviews
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December 6, 2023
Prêmio Jabuti 2023, na categoria Reportagem, o autor é repórter especial da Folha
This entire review has been hidden because of spoilers.
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