Quando completa um ano da morte de sua mãe, que vivia no interior de Minas Gerais, uma botânica de renome internacional resolve pôr os pingos nos is de uma relação permanentemente marcada pela instabilidade, pela culpa e pelo rancor. A tarefa, pode-se imaginar, é das menos simples. E envolve uma miríade de lembranças, cenas familiares, violência abafada pelas convenções sociais e a consciência (sempre dolorosa) de que, por mais que nos esforcemos, as armadilhas dos afetos sempre estão pelo caminho. E seguem nos machucando, muito tempo depois dos eventos traumáticos. Neste romance tocante e poderoso, Maria Esther Maciel parte das “coisas” ― plantas, objetos, insetos ― para reconstruir o passado da protagonista. A mãe, centro das rememorações, foi uma mulher a um só tempo vítima de seu tempo e algoz da própria filha. Uma mulher que alardeava a própria infelicidade e que parecia não desejar a satisfação alheia ― especialmente da filha, por quem nutria uma obsessão feita de reproches, cobranças, destruição da autoestima e desejos obscuros. Entre a crônica familiar e a meditação sobre os laços emocionais que muitas vezes são construídos por meio da violência (real ou simbólica), Essa coisa viva faz o inventário de duas vidas unidas para além das questões emocionais. Duas vidas permanentemente assombradas pelos eventos decisivos que as afastariam para sempre.
«Embora tenha gostado muito, sinto que me faltou qualquer coisa para ser um favorito. Não me parece que tenha sido a escrita, tampouco o facto de não ter praticamente enredo. Suspeito que tenha que ver com a fase da vida em que o li, sem dúvida uma altura mais resolvida em relação aos temas que Maria Esther Maciel aborda; ainda assim, recomendo muitíssimo esta leitura.»
ser afiada nas respostas, não engolir sapos, ter olhos de decisão, mentir com convicção, não ter qualquer tipo de pudor. enfrentar, sem grandes abalos íntimos, o que chamamos de vida.
uma estória bem difícil de tragar, mas muito bem contada. uma narrativa não muito comum: sobre filhas e mães em relações nada romantizadas. totalmente oposto ao último livro que eu li, “aos prantos no mercado” - quando escolhi esse, não sabia que ambos falavam de luto e perder a mãe, e tampouco que eram tão diferentes ainda que sejam sobre o mesmo tema. foi interessante, também, ler alguém falando sobre a experiência de viver a pandemia no Brasil. o peso dos assuntos tornou um pouco mais devagar a minha leitura, ainda assim, é definitivamente o tipo de texto vale a pena ler e que serve como uma aula prática de escrita criativa.
Gostaria de ter gostado mais, mas não deu. Não é a ausência de enredo ou a fragmentação que me incomoda, mas a veia unidimensional das personagens (a mãe é, o tempo todo, somente uma coisa), como se todos fossem retratos estáticos. A escrita é asséptica, há um quê de academicismo que me causa estranhamento e confusão, e ao mesmo tempo, me distancia da arte que é, de fato, a literatura. Há muito potencial, imenso, mesmo; mas, pra mim, pouquíssimo do que poderia ter sido, foi.
tive certa dificuldade em decidir o que dizer desse livro. eu certamente gostei, mas difícil ser um favorito. ele é bem escrito, de leitura voraz, surpreendente. tudo para ser excelente - e não é. em momentos, parece mesmo que não é um livro, mas um desabafo pra mãe (estaria aí a genialidade ou o fracasso?), uma maneira de exorcizar os fantasmas de quem escreve. o final surpreendente não combina com nada do restante do livro e cai como uma bomba, pra mim, reforçando que o livro é mais um desabafo, do que outra coisa. enfim, para quem gosta do tema das más mães, o livro oferece um prato cheio.
É uma história essencialmente triste e uma escrita delicada, educada, sublime.
Como se escrevesse uma carta à mãe, morta há um ano, a narradora descasca suas feridas gentilmente, até que nos damos conta do tamanho da dor.
É um livro corajoso. E grandioso.
“Como diz tia Zenóbia, cada um se cura como pode. No entanto, as cicatrizes permanecem como vestígios do que tentamos esquecer, pois é impossível que a experiência passada emudeça para sempre. O esforço de apagar tudo tende a ser um gesto insensato e inútil, pois o veneno das coisas persiste como uma maldição. Por isso, tento me curar delas do jeito que posso.”
Histórias de mães tóxicas sempre me causaram certo fascínio - o fascínio privilegiado de quem acompanha uma situação difícil de fora, assistindo uma realidade completamente distante da sua e sobre a qual você não tem vivência. Nesta obra, Maria Esther Maciel traz o relato de uma filha que carrega uma “gaveta cheia de restos deixados” pelo “desconjuntado convívio” com a mãe, numa narrativa potente e corajosa. É um livro curto, mas intenso. Recomendo demais.
Um livro curtinho e muito potente. A dessacralização da figura materna é um tema muito grande pra mim. Recomendo demais!
”Em tudo o que dizia respeito a você, havia algo de impossível. E paradoxalmente qualquer coisa era possível. A sensação era de que tudo estava além dos porquês.”
“De paradoxos se faz a realidade. E, também, a ficção.”
Nunca adentre o coração proibido Nunca mergulhe nas falhas do abismo Nunca acredite nas profundezas geométricas Nunca machuque o objeto perdido Nunca espere do falso ceticismo Nunca mensure as palavras apologéticas – Nunca, é tanto, para dizer nada
um livro forte e impactante, mesmo em tão poucas páginas sendo bastante delicado e abordando uma temática bem sensível, de modo bem respeitoso, uma obra fluída, ótima para passar o tempo e relaxar, com elementos bem interessantes
É um livro impressionante, que me comoveu muito. Uma história muito bem narrada sobre uma relação difícil entre mãe e filha. Li o livro num dia. É difícil parar.