Deus na escuridão

by Valter Hugo Mãe

«Deus é exactamente como as mães. Liberta Seus filhos e haverá de buscá-los eternamente. Passará todo o tempo de coração pequeno à espera, espiando todos os sinais que Lhe anunciem a presença, o regresso dos filhos.»
Este livro explora a ideia de que amar é sempre um sentimento que se exerce na escuridão. Uma aposta sem garantia que se pode tornar absoluta. A dúvida está em saber se os irmãos podem amar como as mães que, por sua vez, amam como Deus.
Passada na ilha da Madeira, esta é a história de dois irmãos e da necessidade de cuidar de alguém. Delicado e profundo, Deus Na Escuridão é um manifesto de lealdade e resiliência.

Genres: Fiction, Romance, Portugal, Audiobook, Drama, Portuguese Literature, Ebooks

272 pages, Paperback

First published January 1, 2024

About the author

valter hugo mãe é o nome artístico do escritor português Valter Hugo Lemos. Além de escritor é editor, artista plástico e cantor.
Nasceu em Saurimo, Angola em 1971. Passou a infância em Paços de Ferreira e, actualmente, vive em Vila do Conde.
É licenciado em Direito e pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea.
Vencedor do Prémio José Saramago no ano de 2007
É autor dos livros de poesia: Livro de Maldições (2006); O Resto da Minha Alegria Seguido de a Remoção das Almas e Útero (2003); A Cobrição das Filhas (2001); Estou Escondido na Cor Amarga do Fim da Tarde e Três Minutos Antes de a Maré Encher (2000); Egon Shiele Auto-Retrato de Dupla Encarnação, (Prémio de Poesia Almeida Garrett) e Entorno a Casa Sobre a Cabeça (1999); O Sol Pôs-se Calmo Sem Me Acordar (1997) e Silencioso Sorpo de Fuga (1996). Escreveu ainda o romance O Nosso Reino (2004).
Organizou as antologias: O Encantador de Palavras, poesia de Manoel de Barros; Série Poeta, em homenagem a Julio-Saúl Dias; Quem Quer Casar com a Poetisa, poesia de Adília Lopes; O Futuro em Anos Luz, por sugestão do Porto 2001; Desfocados pelo Vento, A Poesia dos Anos 80, Agora.

Reviews

[Álvaro Curia · Rating 5 out of 5]

Um livro de uma beleza incrível, na história, nas palavras. Uma leitura em que me emocionei, mas em que parei tantas vezes para ficar a pensar nas palavras, olhando o ar, procurando labirintos cobertos de flores e pitangas. Que história tão bem contada.

[Cláudia Azevedo · Rating 4 out of 5]

"Deus na Escuridão" é ousadamente poético e sensível. A escrita de Valter Hugo Mãe é uma invenção constante da língua, mais próxima do coração, com um doce sotaque numa geografia agreste em que a ilha da Madeira é o palco.
Ao equiparar o amor das mães ao de Deus, Valter coloca as mães num pedestal, a convocar a admiração de seus filhos.
"Quando nasce uma cria, há um planeta com seu nome onde só sua mãe habita", escreve.
As mães, como Deus, amam sem ver, às cegas, na mais completa escuridão, onde nenhuma luz se vislumbra. Onde os outros de perdem, as mães persistem.
"No que à visão de Seus filhos se refere, Deus espera na escuridão. Seu candeeiro é Seu nome à boca do filho."
E persistem sem descanso, até que o seu intento seja alcançado.
"A paz de minha mãe era depois da paz dos filhos. Jamais antes."
Mas há outro amor que parece comparar-se ao da mãe: o do irmão. Acolhendo o mais novo com devoção, é-lhe indiferente que tenha nascido "sem origens". A sua missão é protegê-lo para sempre.
A história muda, porém, algo bruscamente, quando Pouquinho cresce. Será o amor de uma mãe e de um irmão capaz de tudo?

[Carol · Rating 4 out of 5]

4.5 ⭐️

graças ao meu pai entrei no mundo dos livros já com aquilo a que costumo chamar de “filtro do filtro do filtro”.
pelo que certas coisas evitei, sendo uma delas a escrita de VHM. a sua experiência com o «o nosso reino» não foi a melhor e acabou por estranhar a escrita. fui “atrás” e até hoje não tinha lido nada de Valter.
até que me senti chamada ao seu novo livro e consequente lançamento. este amor por um irmão, comparável (ou não) ao amor de uma mãe por um filho, que por sua vez ama como deus, foi o que me chamou. devorei o «deus na escuridão» em dois dias. terminei-o sem saber o que pensar. achei a prosa de Valter Hugo mãe belíssima, tão poética. um maravilhoso contador de histórias. parecia que via Felicíssimo, Pouquinho e os outros personagens com os meus próprios olhos. tudo tão real. é uma carta de amor sem igual.

levou-me a pensar no meu próprio irmão. com pouca diferença de idades, éramos tão amigos em crianças. acabámos por nos afastar na juventude. talvez nos estejamos a aproximar agora, já os dois adultos. embora não seja fácil, por vezes, admitir o meu amor por ele, a verdade é que faria tudo o que me pedisse. é amar sem querer nada de volta, esperando somente que regresse um dia.

“𝘰𝘴 𝘪𝘳𝘮ã𝘰𝘴, 𝘩𝘢𝘷𝘪𝘢𝘮-𝘮𝘦 𝘦𝘹𝘱𝘭𝘪𝘤𝘢𝘥𝘰, 𝘴ã𝘰 𝘶𝘮𝘢 𝘤𝘰𝘮𝘱𝘢𝘯𝘩𝘪𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘴𝘦𝘮𝘱𝘳𝘦, 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘥𝘦𝘱𝘰𝘪𝘴 𝘥𝘢 𝘮𝘰𝘳𝘵𝘦 𝘥𝘦 𝘵𝘰𝘥𝘰𝘴 𝘰𝘴 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘷𝘦𝘭𝘩𝘰𝘴. 𝘲𝘶𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘦𝘶 𝘩𝘰𝘶𝘷𝘦𝘳 𝘥𝘦 𝘴𝘦𝘳 𝘷𝘦𝘭𝘩𝘰 𝘵𝘢𝘮𝘣é𝘮, 𝘲𝘶𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘵𝘶𝘥𝘰 𝘴𝘦 𝘩𝘰𝘶𝘷𝘦𝘳 𝘥𝘦 𝘵𝘰𝘳𝘯𝘢𝘳 𝘥𝘦𝘴𝘤𝘰𝘯𝘩𝘦𝘤𝘪𝘥𝘰, 𝘮𝘦𝘶 𝘪𝘳𝘮ã𝘰 𝘱𝘦𝘳𝘥𝘶𝘳𝘢. 𝘱𝘰𝘳 𝘮𝘦𝘶 𝘴𝘢𝘯𝘨𝘶𝘦 𝘦 𝘱𝘰𝘳 𝘢𝘧𝘦𝘤𝘵𝘰”

o mês ainda não terminou, mas acredito mesmo que já encontrei o favorito. e estará nos favoritos do ano, tenho a certeza.

[Pedro Pacifico Book.ster]

Deus na escuridão, de VHM

“Deus é exatamente como as mães. Liberta Seus filhos e haverá de buscá-los eternamente. Passará todo o tempo de coração pequeno à espera, espiando todos os sinais que Lhe anunciem a presença, o regresso dos filhos”. Esse trecho belíssimo é o início do capítulo que leva o nome do livro e que, para mim, é um dos textos mais sensíveis que li nos últimos anos. Na verdade, beleza e sensibilidade são características que você encontra em todas as obras do autor português.

O seu romance mais recente já começa com o novo: “Pouquinho nasceu sem as origens”. Em um dia de verão de 1981, nasce um bebê na remota paisagem da Ilha da Madeira. E logo de início, Felicíssimo, seu irmão e narrador do romance, percebe que esse novo personagem mudará a sua vida. As pessoas parecem querer esconder o bebê de seu olhar, como se sua condição fosse algo ruim de ser visto por crianças. Para Felicíssimo, a chegada de Pouquinho só traz motivos para comemorações.

O amor fraternal é o principal tema tratado em “Deus na escuridão”. prevalece a necessidade de proteção daquele que é frágil, por ser mais novo, e que pode sofrer pelos olhares dos outros, apenas por ser diferente. E Felicíssimo incorporou essa responsabilidade desde o momento em que conheceu seu irmão.

Como acontece nos outros livros do autor, a escrita é carregada de poesia. Valter Hugo Mãe é certeiro na escolha das palavras. E diferentemente da maior parte dos seus trabalhos, “Deus na escuridão” vem com uma carga maior de introspecção. A narrativa não é marcada por acontecimentos sucessivos, mas por tempos de reflexão sobre temas como o amo, afeto e medo. O ritmo mais lento da leitura em momento algum chegou a ser um problema para mim, já que é apenas um reflexo do ritmo daquela paisagem e da vida dos personagens. Ao leitor, recomendo ler com calma, sem pressa, apreciando a beleza e a sensibilidade dessas páginas.

Nota: como me considero próximo do autor, prefiro não dar nota.

PS:O livro foi escolhido para o sentimento AFETO do #DesafioBookster2024 e tem vídeo com o querido @alexandrecoimbraamaral no meu canal do YouTube.

Post: https://www.instagram.com/p/C-EGpBVRrb7/
Site: https://booksterpp.com.br/

[Marta Silva · Rating 4 out of 5]

“Por vezes, aqueles que amamos se corrompem de maldade, e o medo talvez seja a moeda com que o diabo lhes vai comprando a alma.”

Com uma linguagem própria, este livro leva-nos a conhecer o seio de uma família e o amor fraternal entre dois irmãos.
O que mais me cativou foi a escrita, pela história faz-se lenta, mas poética, terna e envolvente.
Também pelos seus protagonistas, foi uma leitura prazerosa e que valeu a pena!

[Vera Sopa · Rating 5 out of 5]

Prosa poética para descrever a democrática miséria na ilha da Madeira e a devoção para a suportar como sentido extremo da vida. Uma criança de dez anos é o narrador inicial. "Não se dava muito tempo à infância." Felicíssimo é a alcunha do dedicado irmão de Pouquinho, assim também chamado por ausência de sexo que, viviam na casa mais subida e mais pobre da ilha nos anos oitenta. Uma história tão corrida que se lê como se fosse cantada tal o ritmo marcado, que descreve a vida das gentes com bondade e inocência. O amor filiar e o amor fraterno.

"Eu acho que Deus guarda para as mulheres um pedaço muito maior de ternura. "

Deus na Escuridão é o capítulo 10 do início da segunda parte e nenhuma mãe fica indiferente ao comparar o imenso amor por um filho a Deus.

"Deus é exatamente como as mães. Liberta seus filhos e haverá de buscá-los eternamente"

Lindo, terno, maravilhoso. Um narrador e protagonista único. Amei.

[Inês Fonseca · Rating 5 out of 5]

Acho sempre espetacular a facilidade com que Valter Hugo Mãe troca de narrativas de obra para obra. É quase impossível identificar um aspeto em comum entre todas, cada uma é única.
O estudo que se revela a priori para o escrito final; o caos da vida humana que deixa o próprio leitor embalado na sua confusão mental; a inserção de temas correntes, fulcrais ou críticos quanto à sociedade.
Deu-me tanto que pensar que as minhas anotações são esquemas e diagramas de raciocínio no final dos capítulos.

[Filipa Ribeiro Ferreira · Rating 4 out of 5]

Uma pequena maravilha, que no entanto li com esforço, numa luta com a minha própria vontade, que queria facilitar a leitura. Aqui nada é fácil, a começar pelo cenário, uma escarpa da ilha da Madeira, habitada por gente simples, dedicada à terra e aos seus vizinhos numa solidariedade obrigatória, por questão de sobrevivência. Uma família é surpreendida pelo nascimento do seu filho incompleto e pela sua capacidade de o amar sem reservas. Uma história exemplar de amor divino, materno, fraterno, de misericórdia, gratidão e ressurreição.

[nalas · Rating 5 out of 5]

um livro que li sem pressa, em meio as confusões pessoais e internas que vivi e ainda estou vivendo (também me sinto perdida na escuridão às vezes), e muitíssimo (longe de pouquíssimo) me tocou. eu que amo minha irmã como nossa mãe nos ama e assim como Deus nos ama e eu que agora longe penso na efemeridade da nossa existência senti tanto angústia quanto felicidade em tantos momentos desse livro. eu que vivo na linha tênue de querer aproveitar todos momentos ao mesmo tempo que temo mais pela ausência da minha irmã e da minha mãe do que me preocupo com minha própria presença aqui. enfim, uma prosa poética para ser lida com calma, mas que vale cada momento e cada devida pausa.

[Rita Castro · Rating 4 out of 5]

“Deus é exactamente como são as mães, que criam e depois vão ficando para trás, à distância, numa distância que parece significar que não são mais precisas, e Ele, como elas, só sabe amar acima de qualquer defeito e qualquer falha, com cada vez maior saudade, mas não sabe o caminho, não sabe por onde os filhos foram, só pode suplicar que não se percam e não se percam da vontade de voltar.”

Uma excecional ode ao amor maternal e ao amor fraternal. Fosse o amor sempre assim…

Fiquei apaixonada pelo narrador, pelo seu amor por Pouquinho, pela partilha de colchão, pelos seus braços em volta de Pouquinho para que este dormisse num forte… uma escrita belíssima e tão poética!

Só não dou 5 estrelas, porque a leitura é difícil e demorei a deixar-me levar pela cadência.
Dou 4,5⭐️

[Margarida Galante · Rating 4 out of 5]

Quem já leu VHM sabe que ele tem uma linguagem muito própria e que transforma prosa em poesia. Neste livro, pareceu-me que ousou ir ainda mais longe.

O enredo é simples mas a linguagem é complexa, com utilização de muitas palavras antigas ou regionais, tornando a leitura algo lenta. O facto de a história se desenrolar devagar acentua ainda mais a demora. Alguns dos capítulos acabam por acrescentar pouco, além da beleza das imagens ou sentimentos que transmitem.

É uma história bonita e sensível, que homenageia as gentes da ilha da Madeira, nomeadamente as pessoas marcadas pela pobreza e pelo isolamento. A construção de estradas e túneis reduziu as distâncias, mas nos anos 80 a mobilidade na ilha era bem menor que a actual.

É também uma história sobre o amor que existe entre dois irmãos. Cada um deles tem características que os tornam diferentes aos olhos dos outros, e o mais velho dedica-se ao mais novo com tal devoção que deixa de pensar nas suas necessidades. Um amor que se torna semelhante ao amor de uma mãe.

Neste sentido, o autor também eleva o amor maternal, comparando-o a uma ideia de Deus. O capítulo que dá o nome ao livro é uma espécie de tributo às mães e pode ser lido de forma isolada.

Eu queria de ter gostado mais deste livro. As expectativas eram elevadas. Acho que me teria agradado mais se fosse menos repetitivo, talvez mais curto ou com maior foco também noutras personagens ou no espírito de entreajuda da comunidade. Algumas das personagens secundárias são muito curiosas. Achei o final um pouco brusco, principalmente se comparado com algumas outras partes do livro.

Estive na dúvida entre três ou quatro estrelas, mas acho que este é um bom livro, apesar de me ter desiludido um pouco e de considerar que ficou aquém de muitos dos outros do autor. Não fica nos meus favoritos mas gostei de voltar a VHM que já não lia há algum tempo.

[Rita Leitão · Rating 5 out of 5]

Que maravilha 🙌

[João Pedro Monteiro · Rating 2 out of 5]

Esta breve análise começa com uma ressalva: não sou religioso nem tenho irmãos, o que pode influenciar a minha visão sobre a obra.

A verdade é que a narrativa não me conseguiu prender a atenção desde o início, ao contrário de outros livros dele como “A Máquina de Fazer Espanhóis" e "O Filho de Mil Homens". Este livro gira essencialmente em volta de deus, uma relação bizarra entre irmãos e a pobreza na Ilha da Madeira. Parece-me que faltou muito da criatividade característica de Valter Hugo Mãe.

A narrativa pareceu perdida várias vezes durante o livro, sem que apontasse para qualquer uma direção.

Foi provavelmente um dos piores livros que li ultimamente. Ainda não consegui perceber a minha relação com Valter Hugo Mãe, tanto desgostei de “A Desumanização” e “Deus na escuridão”, como venero “A Máquina de Fazer Espanhóis” e “O Filho de Mil Homens”.

Fico à espera do próximo, Valter.

[Mafalda Coutinho · Rating 5 out of 5]

Este livro é poesia pura do início ao fim. Tem que ser lido devagar, deixar que as palavras nos passem por dentro. Valter Hugo Mãe tem um dom raro.

[Ana Marinho · Rating 5 out of 5]

Primeiro estranha-se e depois entranha-se, mas entranha de tal modo que é difícil viver sem pensar nos sentimentos que esta história nos provoca (leitores). Emocionei-me muito. Livros que abordem relações de irmãos conquistam-me a 110%. Este tem o bónus de também ser muito dedicado às mães e ao conceito de família. E... meu Deus, que livro! O capítulo que dá origem ao título desta obra é o meu preferido, mas o do nascimento, em que os dois irmãos se abraçam num misto de felicidade e arrependimento, é qualquer coisa, é especial e único. Viajámos até à Madeira dos anos 80 e conhecemos uma família muito especial que se supera constantemente. Vale cada página e cada palavra.

[Paulo Teixeira · Rating 5 out of 5]

Esta é a história de dois irmãos, passada na ilha da Madeira, e a necessidade de cuidar de alguém. Um romance fraternal, passada ao longo de 20 anos, onde o mais velho jurou proteger o seu irmão mais novo de todos os males do mundo. E no meio disto tudo, uma linguagem original, onde se contam personagens, situações, onde se vivem e imaginam coisas, boas e más. Como em tudo na vida. E onde, mesmo as coisas pecaminosas são feitas... sem pecado. Apenas com amor fraternal.

Sem querer ser spoiler, andei o tempo todo ansioso. Primeiro, em ter nas minhas mãos. Depois, em lê-lo avidamente, até chegar ao final. Não sei afirmar se foi a linguagem, a história, a prosa poética que percorre este livro, mas... Ele encantou-me. Não direi que é uma experiência religiosa, mas enche-nos de ternura.

Como lemos isto na perspetiva de Pouquinho, topa-se que ele é crente, logo, a linguagem é muito baseada na Bíblia, e ele a interpreta à sua maneira. Mas entre eles, como já afirmei, não há maldade, mesmo quando o irmão pede o impensável, um "pecado mortal", digamos assim. E ao longo do livro, subentendido na linguagem e nas situações apresentadas, existe rede de segurança e cumplicidade dos vizinhos, e ali, eles conseguem os proteger dos males do exterior... até os da lei.

O final acaba por ser... vá lá, justo. Com um plot twist aqui e ali, mas no final, não deixas de gostar do que lês e sair a pensar que isto é mais uma obra-prima da literatura.

[Rúben Santos · Rating 5 out of 5]

4.8 ⭐️

[Maluquinha dos livros · Rating 5 out of 5]

“… não sabemos nada e estaremos sempre sem saber. A única ciência que nos assiste é a de preferirmos amar.”
Uma escrita inconfundível e tão bem pensada… cada palavra foi escolhida propositadamente, as frases são estruturadas de forma única.
Senti este livro como uma homenagem. Homenagem ao amor incondicional, seja de uma mãe por um filho, seja de um irmão. O amor que é tão grande numa família que tem tão pouco. É uma homenagem à diferença, porque Pouquinho nasceu diferente e desde logo foi tão amado. É uma homenagem à resiliência, aos valores da família, à amizade, ao sentimento de comunidade… É um livro cheio de amor!
Uma história tão bem construída, tão bem contada, que me fez parar, ler novamente, refletir… e sentir! Gostei tanto e deixou-me com tanto… está escrito, marcado, sublinhado e cheio de anotações. Voltarei a ele mais vezes, tenho a certeza!

[Inês Honório · Rating 4 out of 5]

O enredo desta história é muito simples mas transborda amor. A escrita é sublime apesar de exigir concentração para não se perder a importância das coisas. A escolha das palavras e a articulação das frases são incomuns e reli várias partes só para saborear este uso exímio da língua portuguesa.

[Luis Jordao · Rating 5 out of 5]

Depois d’O Meu Irmão do Afonso Reis Cabral comecei o novo do Valter Hugo Mãe sem saber o tema do livro.
Curiosamente, mais uma narrativa sobre dois irmãos.
A história de um amor fraterno e incondicional que decorre na Ilha da Madeira. Não no corrupio citadino do Funchal e seus arrabaldes mas na pobre, recôndita e quase inacessível Madeira dos anos 80, longe de tudo e de todos.
Uma família que vive à beira do precipício, em todos os sentidos.
A mesma família que vê nascer Pouquinho, o filho por quem ninguém dava muita vida e que chegou “abreviado de suas origens sem possibilidade de deixar semente”.
Nada disso interessa ao leal irmão Felicíssimo que promete protegê-lo para sempre. De tudo e de todos.
A história em si é uma ode à humanidade, à resiliência de uma família perante todas as adversidades de uma vida sempre em plano inclinado na qual o amor é o que equilibra os pratos de uma balança injusta que teima em não estabilizar.
Se o conteúdo é belo e delicado, a forma é absolutamente extraordinária. O vocabulário, as palavras e seus significados, a construção das frases são algo de único e superlativo.
Ao acabar a primeira parte (o livro tem três) li um outro livro de modo a fazer com que este durasse mais tempo. No dia seguinte, quando o acabei, o impulso imediato foi voltar ao inicio. Não o fiz, porque há mais livros para ler mas irei revisitá-lo por certo.
Numa altura em que estalou a polémica por um prémio literário no Japão ter sido atribuído a uma “escritora” que confessou ter escrito a obra com uma ajuda chamada Chat GPT, é um alivio ler uma obra que jamais poderia ser escrita por uma máquina.
Tive a sorte de ter lido grandes livros neste ano que ainda agora começou mas este destaca-se de um modo que poucos conseguem.
Obrigatório.

[Joana Monteiro · Rating 5 out of 5]

muito bonito, nunca tinha lido nada dele e adorei a forma como escreve. as relações entre as pessoas, as descrições, tudo muito emotivo. estou curiosa para ler outros livros deste autor :)

[Marta Clemente · Rating 4 out of 5]

Gostei deste livrinho do VHM. Do amor que evoca. O amor de mãe, que o autor compara ao amor de Deus, e o amor entre os irmãos Pouquinho e Felissicimo. Um amor enternecedor!
E a escrita? Tão poética e tão bonita!
Foi uma leitura muito saborosa!

[Gabriel Franklin · Rating 5 out of 5]

"Quando a tristeza é sem fim, certamente só a lonjura pode almejar a ilusão de uma trégua."

[inês · Rating 5 out of 5]

lindo lindo lindo. a escrita é maravilhosa e deu-me uma nova perspetiva muito bonita sobre o amor.

[Sofia Garcia · Rating 5 out of 5]

“Os irmãos, haviam-me explicado, são uma companhia para sempre, para depois da morte de todos os mais velhos. Quando eu houver de ser velho também, quando tudo se houver de tornar desconhecido, meu irmão perdura. Por meu sangue e por afeto.”

[Alexandra · Rating 5 out of 5]

Muito bem escrito, com vários momentos de pura poesia. Lindo!

[Catarina Quitério · Rating 4 out of 5]

estou feliz por ter escolhido este livro

[Bruno Rocha · Rating 4 out of 5]

“Eu, sem ter por onde ir, o mais que fazia era silenciar-me progressivamente, assistir resignado ao tempo do mundo, aprender a beber um pouco de aguardente, mais por ser um gesto triste do que por gostar. Afeiçoava-me à decadência tradicional.”

Este livro relembrou-me de que é na escuridão que experimentamos a verdadeira amplitude das nossas emoções.

[António Abecasis · Rating 4 out of 5]

Ler Valter Hugo Mãe é agradecer a cada palavra a beleza da língua portuguesa. É pensar que ler Valter Hugo Mãe traduzido deve ter um terço do sabor. É deixar a história para segundo plano, porque a arte tomou o primeiro... E às vezes isso é demasiado óbvio neste livro... Em alguns momentos, senti aquilo que sinto com o Mia Couto também (escritor que também adoro): escrevem tão bem e são tão mestres, que se esquecem que estão a contar uma história no meio das suas piruetas vocabulares. Digo isto, porque sei que este livro não é para toda a gente. Se este género de exercício estético te irritar, este livro não é para ti. É preciso gostar de poesia para gostar deste livro.

O Valter tem uma forma directa de chegar ao meu coração, não sei como é que ele faz aquilo, mas o tipo desarma-me por completo. Demora-se muito a ler este livro. Não por ser grande, mas porque as frases pedem "fica aqui". Este livro, como todos os que já li do Valter, faz bem ao coração. O Valter é urgente neste mundo.

[Sónia Pinto · Rating 4 out of 5]

Os livros de VHM são inconfundíveis, pq tem uma voz única. Toda a beleza e emoção que coloca em cada frase para contar a sua história arrebatam-me.
Este livro é maravilhoso, mas tiro-lhe uma décima apenas porque A máquina de fazer espanhóis tem um lugar especial no meu ❤.