Neste livro, Adélia reúne 38 poemas, em que traduz, pela linguagem poética, lembranças de infância, o desejo de desfrutar o presente e dúvidas quanto ao futuro. 'Miserere' aprofunda o sentimento místico e religioso presente na obra da autora. A poetisa mineira traz à sua obra um misto de fé, esperança, busca por piedade, força e sensibilidade.
Adélia Luzia Prado Freitas, is a Brazilian writer and poet. Started writing at the age of 40 which is relatively late in life for a poet. Although much of her outlook is religious, deeply Catholic, her works are often about the body. Adélia Prado's poems were translated into English by Ellen Watson and published in a book entitled, The Alphabet in the Park. (Wesleyan University Press, 1990).
O livro parece nos conduzir a uma viagem entre o sagrado e o profano, entre os prazeres da carne e do espírito. Afinal, há algo de religioso na nostalgia quando ela é traduzida em palavras, mas é a materialidade das mãos, dos dedos e traços herdados que nos apontam para a vida em si.
Adélia Prado não é necessariamente minha poetisa preferida, mas, sendo de Minas Gerais, passa a ser. Ou, ao menos, ocupa um grande espaço na galeria do meu coração. O primeiro poema que escutei de Adélia foi por Milton Nascimento, também mineiro (no meu coração), que, assim como Adélia, exalta Minas — e isso, por si só, já é mais que suficiente!
Adélia sempre traz um *melange* de sagrado e profano. E, em *Miserere*, que é uma arte sacra, não foi diferente. Minas tem muito disso: dessa mistura, do que é sacro, do “vai e fica com Deus”, santos, igrejas, procissões, mas também folia, carne e paixões. Há qualquer coisa sempre muito espiritual nos mineiros. Há qualquer coisa de conexão com o divino, mas também com o mundano.
Do que mais gosto nas obras de Adélia, além do fato de ela ser a poesia viva existente em 2025, são as referências a Minas Gerais: a mesa posta, as conversas de janela, elementos simples que ganham profundidade em seus sonetos, prosas e versos. E, de certa forma, também sua religiosidade, que é intrínseca, mas igualmente alimento da alma, como as paixões.