Num edifício do bairro La Latina, no centro de Madrid, confluem as vidas de três mulheres. O pequeno apartamento interior do quarto andar é a casa de Oliva, que se encontra aprisionada num relacionamento perigoso e abusivo. No terceiro andar, luminoso, Damaris passa os dias a cuidar dos filhos dos patrões. Todas as noites, contudo, volta para a sua própria casa, atravessando o rio que divide social e economicamente a capital espanhola. Damaris aterrou em Espanha em busca de um futuro melhor, depois de um terramoto na Colômbia ter devastado a sua vida. Idêntica é a história de Horía, que chegou a Madrid em busca de uma existência mais benévola. Marroquina, Horía chegou primeiro à cidade de Huelva, para trabalhar na apanha da fruta. Agora, vive na pequena casa do porteiro, no mesmo prédio onde habita Oliva e onde trabalha Damaris.
Três Mulheres na Cidade pulsa com a vida de Oliva, Damaris e Horía, vida em que o presente é um cerco tão doloroso como o passado. Com uma voz literária terna, mas acutilante, Lara Moreno mapeia um território íntimo e um território político-social, compondo o retrato de uma grande capital europeia a partir das histórias de quem a habita. Um retrato quase sempre invisível e cheio de feridas, que transforma este livro num reduto de coragem e compaixão.
Lara Moreno was born in 1978 in Seville and raised in Huelva. She lives in Madrid, where she works as an editor and teaches writing. She has published two collections of short fiction, as well as several books of poetry. She was awarded the FNAC New Talent Award upon the publication of her first novel, Por si se va la luz (Lumen, 2013), which was followed in 2016 by Wolfskin (Lumen). She is currently writing her third novel, entitled La ciudad, to be published by Lumen.
Que me perdoe a querida Rosa Montero, mas, pela amostra, Lara Moreno não tem “uma voz bela e poderosa” nem nada que se pareça. “Três Mulheres na Cidade” é claramente ficção comercial disfarçada de publicação da Alfaguara, mais próxima de Sara Mesa e Elena Medel do que dos excelentes autores que esta editora tem no seu catálogo.
E então os olhos adentraram-se profundamente, até onde não há nada, porque não pode haver nada num primeiro contacto visual, por mais demolidor que seja. Geada para o disfarce: plástico copolimerizado, folha de alumínio, dióxido de titânio, oxicloreto de bismuto e tantos outros materiais tóxicos que refletem a luz, mesmo a meio da noite, até formarem cores.
Assumo por completo a culpa pela má experiência que foram as 100 e tal páginas deste livro, dada a minha mania de não ler sinopses até ao fim, para não saber demasiado. Li apenas que era uma história de três mulheres no mesmo prédio numa “narrativa de encontros e desencontros com os seus desejos e as suas conquistas” e pareceu-me interessante. A verdade é que grande parte do livro se centra numa relação de violência doméstica, e eu simplesmente não tenho saúde para estes dramas. Antes de avançar com as críticas, quero deixar bem claro que, numa relação violenta, acredito piamente que a culpa é sempre do agressor e nunca da agredida (alterar o género dos termos, dependendo dos intervenientes) e que só para quem está de fora é que é fácil sair dela. Tendo dito isto, não percebo mesmo o que faz esta Oliva de trinta e tal anos, divorciada, com uma filha do primeiro casamento, independente financeiramente, com este moreno bonitão, um matarruano irascível e malcriado, a não ser o facto de gostar que lhe grunham um “olá” à chegada a casa e lhe metam logo a mão nas cuecas enquanto pica a cebola.
Um psicólogo diagnosticara-lhe há meses imaturidade e fixação no amor romântico.
Há, portanto, explicação médica para o facto de esta mulher se portar como uma adolescente cega de luxúria, mas não para aquilo que para mim fez transbordar o copo, a forma fria e insensível como trata uma amiga de longa data, Teresa, que de forma subtil lhe indica o livro de Elizabeth Smart, “Junto à Grand Central Station Sentei-me e Chorei”, um dos mais doentios que já li. Quando Teresa lhe diz que se quis matar por um desgosto amoroso, enquanto a filha de Oliva vê televisão, esta fica melindrada por a amiga ter aquele tipo de conversa perto da menina e solta um “foda-se” que, claro, vindo de uma mãe já não tem mal nenhum. Este livro faz-me sentir moralista, e eu não gosto desta sensação, por isso, passa a outro e não ao mesmo.
Mas até as lobas sabem quando não têm outro remédio senão serem cordeiros.
Quanto às duas outras mulheres que acompanhamos em simultâneo, só tenho a dizer que Lara Moreno leu Leila Slïmani e nota-se.
P.S.- Se alguma alma caridosa na posse do original ou de mais alguns neurónios que eu me puder explicar como é que dois homens e uma mulher “estreitam laços” no WC de um café, sendo que um homem e a mulher conversam enquanto o segundo homem trabalha (a expressão é “trabalha” e ele não é canalizador), agradecia. Nunca se é velha de mais para aprender, dizem.
Cuando empecé a leer esta historia no me gustó nada cómo estaba escrita. Las hojas llenas de ideas, palabras, letras, pensamientos, descripciones sin un espacio, un párrafo nuevo, o un descanso me resultaban sobrecogedoras. Hasta que me he dado cuenta que no era solo el tipo de narración lo que generaba esa sensación, sino las diferentes historias que se narran durante el libro. Es la primera vez que leo a Lara Moreno, y me gustaría saber más adelante si realmente esta sensación de presión, desasosiego y vorágine es su manera de escribir o simplemente la mejor manera en la que se podían relatar y transcribir las historias de Horía, Oliva y Damaris. Ya fuera del estilo de la autora para narrar, también cabe destacar la evolución de la historia y de los personajes. Como las situaciones de cada una de las protagonistas te sitúa en su perspectiva del prisma como si estuvieras viendo a tus vecinos al cruzar la acera y pudieras descubrir qué se ve por la ventana del bajo, el tercero y el cuarto, además de adivinar qué es lo que motiva a esas personas, que se esconde detrás de ellas y qué es lo que ha llevado a personas, en principio tan distintas, a sentimientos tan similares.
Palavras precisas, frases curtas, capítulos breves, que fazem deste um romance vibrante, pungente e cinematográfico. Até o título é exato. Três mulheres na cidade. As personagens são a história e a cidade de Madrid não é apenas cenário. Um edifício antigo num ambiente cosmopolita, onde o bairrismo e espírito de comunidade se perdeu e a violência tomou lugar, a começar no apartamento de Oliva, que vive uma relação tóxica. Damaris é emigrante como Horia. Sobrevivente. "Quem consegue esquecer a tristeza que a terra traz quando se abre sob os pés de uma cidade? "
Um romance chocante por tocar o leitor com relatos tão íntimos e viscerais que a Lara parece captar e transmitir com naturalidade. Estas três mulheres são companhias próximas que se vão impondo à vez e dificilmente se esquecem.
Una novela que te atrapa de inicio a fin, a través de las vivencias de 3 personas, se irá hilando una historia fascinante, pero muy dura. Fácil de leer por su prosa, pero a vez difícil debido a la realidad que te transmite, casi como si las vivencias de los personajes fueran las tuyas.
Magnífica novela que desde el arranque te atrapa entre sus páginas y no te libera hasta que llegas al final. Lectura rápida, profunda y de actualidad. Una prosa y una narración tan realista que llegas a empatizar e incluso odiar a algunos personajes como si sus historias te estuvieran pasando a ti.
Guau....la manera de describir sentimientos de Lara Moreno, es imposible no ponerse en la piel de las 3 protagonistas de la novela
Tres mujeres conviven en un edificio en La Latina...Damaris huyó de Colombia buscando un sustento económico para su familia, Oliva empieza a ser consciente de estar metida en una relación tóxica con un hombre que la maltrata psicológicamente, Horia llegó de Marruecos buscando un futuro mejor, y ahora trabaja en la portería del edificio después de pasar penurias en un campo de fresas de Huelva
Tres mujeres valientes enfrentándose con un par de ovarios a momentos complicados en sus vidas...Muy, muy recomendable
é uma realidade e isso é das partes mais assustadoras deste livro. a escrita é tão boa, as descrições e diálogos são tão realistas que toda esta leitura foi feita muitas vezes quase sem respirar.
são os detalhes tão pormenorizados que até custa continuar, mas a escrita de Lara Moreno envolve o leitor desde o primeiro capítulo, então é impossível abandonar estas mulheres e as suas vidas.
Oliva, Damaris e Hória são as vozes de muitas mulheres por este mundo fora, muitas até podem estar mais perto do que pensamos.
mulheres vítimas de uma relação abusiva, controladora, doentia e revoltante. mulheres que saem do seu país, à procura de uma vida melhor, mas que se deparam com tudo diferente do que foi prometido.
é um livro contemporâneo, que acompanha o leitor até à altura da pandemia, com um breve vislumbre de como este momento irá moldar a vida destas mulheres.
estas três vidas, anónimas entre si, partilham paredes do mesmo prédio e ainda que praticamente sem contacto, há algo que as une.
senti que a história de Oliva foi a que teve mais protagonismo e foi difícil ler certas passagens, colocar-me no seu lugar, ter empatia, em vez de apontar o dedo e julgar automaticamente.. creio que a exploração de uma relação tóxica e abusiva foi tremendamente bem conseguida e ainda hoje penso nesta mulher..
fiquei rendida a Lara Moreno, que escrita poderosa!
Terminei esta leitura e precisei de tempo e espaço para conseguir falar sobre ela. Arrebatou-me!
Um enredo a três vozes, ou melhor, a três corações. Este livro é uma trança de sucessivos acontecimentos, que acabam por culminar numa partilha de espaço físico: as três mulheres e um prédio, em Madrid.
A primeira mecha da trança é iniciada por Oliva, personagem vítima de uma violência silenciosa. Silenciosa para o seu consciente porque é bastante audível para o exterior. O pântano adensa-se ao ponto de tornar impossível esquecer a dinâmica sufocante entre Oliva e Max, o seu parasita.
Damaris é a segunda mecha, a segunda protagonista que nos faz viajar da Colombia até Madrid, que nos abala, tal como o sismo que abalou a sua vida. É empregada doméstica de nome de profissão, mas em boa verdade é um fantasma peculiar. Se desempenha as suas “obrigações” , não se vê. Se algo afeta a órbita do quotidiano de uma família de posição privilegiada, já é notada, notada a sua ausência. Uma transparência sufocante e opressora. Uma sensação de cimento no corpo que a obriga a permanecer numa casa que não a sua. Uma anulação da sua individualidade.
A terceira mecha é Horía que procura a oportunidade de conseguir alcançar o sustento da sua família, viajando de Marrocos até Espanha, para a apanha da fruta. Todas as suas dificuldades e todas as suas circunstancias remetem-nos para a essência daquilo que somos e do que somos capazes enquanto seres humanos.
Não pretendo discorrer muito mais sobre as personagens, mas não deixo de fazer o reparo de que a leitura, apesar de dura e difícil devido aos temas abordados, não deixa de ser fluída e rápida. Teve tanto de voracidade como de intensidade. Vivi mergulhada nestas páginas durante todo o tempo e tendo terminado há dois dias, ainda não deixei de lá estar, naquele prédio, a sentir uma enorme necessidade de lhes dar a mão: às três. E é isso que a leitura nos traz.
Os livros contemporâneos trazem-me vozes atuais, das circunstâncias do agora, sei que estas mulheres me rodeiam. Apenas mudam o nome, o rosto, a sua nacionalidade… mas elas existem ao meu redor. Ao nosso redor, feitas de tragédias mas também de sonhos.
"a violência, quando soa, atravessa as paredes, os tetos, os pisos. Ela sempre pensou, desde criança, que a violência tem som, foi ao chegar a Espanha, ao viver entre famílias que não eram a sua, que se deu conta de que às vezes a violência pode ser bastante silenciosa." 💭
A história de três mulheres, passada no mesmo prédio, vítimas da violência e do abuso que existem em qualquer sociedade patriarcal. Senti uma angústia e um sufoco constantes durante esta leitura, e apesar da escrita leve, pelos temas tratados não é um livro fácil de ler.
No entanto, terminei a sentir que faltava qualquer coisa, queria mais, apesar de compreender que o final abrupto está relacionado com o que acontece no final do livro (e mesmo com a própria história).
Oliva, Damaris e Hória são três mulheres a viver na cidade de Madrid. Madrid não é só o pano de fundo, mas faz parte desta história e da vida destas personagens. Nunca fui a Madrid, mas senti-me transportada para a cidade com as palavras da autora.
Infelizmente, como na maior parte das grandes cidades, o espírito de comunidade já não existe, as pessoas já não cuidam umas das outras, fechando-se antes na sua própria bolha. Há indiferença, um certo egoísmo talvez, uma violência silenciosa, apesar de todos os gritos e de todos os abusos. Estas são três histórias de abuso, três histórias de desespero.
Oliva sofre de violência doméstica, enquanto Damaris e Horía são emigrantes, duas mulheres, duas mães que tiveram de deixar os filhos e a família à procura de uma vida melhor. Mas que vida é esta quando apenas se sobrevive?
A história de três mulheres que, infelizmente, ainda é a história de muitas mulheres. Em Portugal, em Espanha, por esse mundo fora as mulheres sofrem de violência doméstica, são invisíveis, têm valor para a sociedade apenas no papel de mãe e de força braçal.
O desalento e o desânimo destas três mulheres são o desalento e o desânimo do leitor que, através da escrita de Lara Moreno, consegue sentir na pele a vida destas personagens.
4,5⭐️ O título diz tudo: é a história de três mulheres no mesmo espaço físico – um prédio no bairro La Latina, em Madrid. Três histórias de desconhecidas, histórias que acabam por estar ligadas de forma muito bem conseguida, na minha opinião, através das vivências no prédio onde vivem e onde se cruzam. Três mulheres aparentemente com pouco em comum, mas mais semelhantes do que se imagina. Mulheres que lidam com diferentes tipos de violência, de solidão, de amargura. Realidades diferentes e semelhantes que se cruzam nos contrastes de uma grande cidade. A escrita de Lara Moreno é contundente: as palavras são certeiras, aproximam-nos das personagens. Direta, sem adornos, a leitura flui… senti-me a passear pelas ruas de Madrid, a entrar no prédio e a cruzar-me com estas mulheres que podiam viver na porta ao lado. A autora consegue descrever as histórias, os sentimentos, as dúvidas e as angústias destas mulheres sem cair em lugares-comuns. No entanto, senti que o olhar da autora se centrou demasiado na história de Oliva. Gostei da forma clara como a relação abusiva de Oliva com Max é relatada - a manipulação, os jogos, os sentimentos de culpa, o reconhecimento de que não é uma relação saudável, a dependência... A autora descreve muito bem uma situação de violência psicológica ( nunca há violência física). Não é um livro fácil. É angustiante e sufocante, porque retrata tão bem a realidade: além da violência e da exclusão, o livro também fala da falta de espírito de comunidade, da indiferença. Três histórias tão verosímeis que me deixaram com uma sensação de desassossego.
"Três Mulheres na Cidade" de Lara Moreno é um livro que me cativou desde o início. A narrativa envolvente e as personagens complexas transportaram-me para o coração de Madrid, onde pude acompanhar as histórias de vida de Oliva, Damaris e Horia.
Cada personagem enfrenta os seus próprios desafios e dilemas, e a autora tece uma trama rica em emoções que nos faz sentir empatia e compaixão por cada uma delas. Oliva, Damaris e Horia são mulheres fortes e resilientes que lutam por seus sonhos e pelo que acreditam. Apesar das dificuldades, elas nunca desistem e servem como exemplos inspiradores para o leitor.
A escrita da autora consegue captar com muito bem as nuances das emoções humanas. Também faz um excelente trabalho em retratar a realidade social de Madrid, com seus contrastes e desigualdades.
O final do livro é emocionante e inesperado, e deixou-me com reflexões profundas sobre a vida, as relações humanas e a importância da perseverança.
É uma leitura que recomendo vivamente a todos que apreciam uma boa história, personagens marcantes e uma escrita de qualidade. É um livro que me tocou bastante.
"Esa mañana marcó sus siguientes años. Había huido de su propia casa y luego había intentado entender. En este acto peliagudo, el de intentar justificar la violencia, erró como solo se yerra desde la ingenuidad de quien se cree a salvo de lo mediocre".
Hay libros que me pregunto cómo es posible haber tardado tanto en leer. Ni siquiera tenía referencias de La ciudad. Lo vi de soslayo en una librería hace un año. No me llamó la atención. Desde entonces me lo he cruzado hasta en tres ocasiones y, a la cuarta, decidí que definitivamente ese libro se venía a casa conmigo.
La ciudad es la cartografía de un espacio que a veces es amable y otras hostil. Ese espacio es una relación, un trabajo, una portería. Es la ciudad, Madrid, que a veces te envuelve entre sus calles llenas de magia y otras te agrede con su clasismo, su productividad exacerbada hasta volverse casi inhabitable. Eso mismo ocurre con las tres mujeres de esta novela, atravesadas por diferentes formas de violencia que hace que sus vidas sean inhabitables.
La prosa de Lara Moreno es lírica, armoniosa, pero certera y afilada. Las palabras intuyen, aproximan, lo que las carga de fuerza narrativa, de contundencia. A pesar de no tener diálogos, la lectura fluye, te desliza por las vidas de nuestras protagonistas, complejas, laberínticas, agobiantes.
Realidades diferentes y semejantes que componen ese mapa de contrastes que es La ciudad.
A veces falta el aire. Tantas veces en la vida en la que nos falta el aire sin saber, sin darnos cuenta de que hubo un momento hace tiempo en el que dejamos de respirar, un instante en el que comenzamos a guardar el oxígeno con sigilo y miedo, tanto miedo, para cuando nos haga falta, para cuando estemos al borde del desmayo.
Así es la prosa de Lara Moreno, obsesiva, punzante, precisa, reivindicativa, robándote el oxígeno, dejándote extenuada para que no sientas que estás leyendo la vida de estas tres mujeres y de toda una cuidad, para que sientas que las estás viviendo y que qué fácil es quedarse sin oxígeno si una se detiene a pensarlo.
Había leído algunos de sus poemas, pero nunca su prosa. Me acerqué a conocerla en la Feria del Libro de Madrid, donde me encontré con Sara Mesa y descubrí que tenemos amigos, conocidos comunes. Comencé su ciudad en un tren bala camino de Kyoto. Tres veces tuve que leer el primer capítulo para comprender el golpe, el nacimiento del animal, del monstruo, de la bestia. Esa puerta de no retorno que a veces cruzamos porque creemos estar escapando cuando solo --en cambio-- solo estamos volviendo al umbral.
Mi segundo acierto de lo que llevo de mes. Conmovedora.
Es la cuarta vez que empiezo a escribir ésta reseña porque ningún comienzo me parece digno. Porque tengo un nudo en el estómago. Tres vidas anónimas, tres historias que se suceden en la puerta de al lado, tres mujeres que luchan por conseguir un futuro mejor, por conseguir un futuro. Directa, sin adornos, con frases contundentes, con conversaciones que no vienen precedidas por un guión, Lara consigue meterte de lleno en la vida de las protagonistas, consigue llevarte de la mano por Madrid, por sus gentes, con una escritura muy particular que a mi me ha enganchado desde el primer momento. Es una novela urbana, es una novela actual, real, salpicada de los problemas que nos rodean, que rodean a la gente que nos rodea. No es bonita, porque la vida no es bonita, pero sí es necesaria. Personalmente, ha hecho que baje a los infiernos, me ha hecho volver a mi pasado y he sentido que escribía lo que llegué a sentir como si fuera ella la que estuvo allí. No es fácil conseguir ésto y no es fácil remover sentimientos juntando unas cuantas palabras.
¿Saben esos libros que van calando hondo poco a poco y que terminan dejándote una sensación como de haber estado inmersa realmente en los acontecimientos que se narran? Pues esta novela es un claro ejemplo de ello.
Con una prosa maravillosa y cuidada, Lara nos traslada al centro de Madrid a través de las vivencias de tres mujeres muy distintas pero que en el fondo comparten el soportar una ardua existencia plagada de sombras y batallas que librar. Oliva está inmersa en una relación tóxica que la ahoga cada día más, la vida de Damaris transcurre cuidando a dos gemelos, regresando a casa siempre de noche y Horía ha llegado desde Marruecos para trabajar como temporera con la esperanza de garantizar el futuro de su hijo. El nexo de estas tres mujeres es un edificio en el barrio de La Latina.
Me ha encantado esta novela, no solo por su calidad y sensibilidad narrativa, sino por la crudeza de las tres historias. Me ha parecido un libro muy contemporáneo, muy real, que nos presenta una serie de situaciones que lamentablemente atraviesan cientos de personas, y en esta ocasión la autora les ha dado voz a través de estos tres personajes.
Leer “la ciudad” es sentirte impotente ante las circunstancias que van rodeando a estas mujeres y al mismo tiempo, deleitarte con una obra que reboza maestría en el manejo de las palabras y el ritmo.
Una novela recomendadísima y una autora que seguiré de cerca
Que dificil expresar en una reseña todo lo que me ha hecho sentir esta novela; no solo por como se va desarrollando la trama, sino por su forma narrativa, continúa, fluida, carente aparentemente de diálogos porque están inmersos en los párrafos y logra que no haya descanso, tampoco se requiere, la invitación es a seguir hasta el final, a descubrir que pasa en la vida de tres mujeres que en un momento determinado confluyen en una misma ciudad, Madrid
No es una historia, son tres, son muchas, las de tantas mujeres atrapadas en las vueltas de la vida, en destinos no esperados, en experiencias no soñadas, en deseos que no llegan o que se van postergando. Una prosa que va atrapando, relatando sin medias tintas escenarios turbulentos, emotivos, sobrecogedores; las vidas de puertas adentro, esas que muchas veces se disfrazan una vez cruzado el umbral de la puerta para que nadie note las carencias, los maltratos, la nostalgia de lo perdido, el miedo.
Una novela que remueve sentimientos, recuerdos, excava en el pasado, en el drama de la emigración, de trabajos precarios, de la violencia de género, de la pérdida y la soledad. Dura, sensible, humana
Una lectura realista y dura que nos hace mirar de frente y sentir de cerca la crudeza de tres vidas ajenas.
La novela está contextualizada en mayor medida en Madrid y narra las historias de tres mujeres completamente diferentes, pero con un lazo en común: todas ellas sufren un tipo u otro de violencia o de abuso. Así, nos encontramos con Oliva, una chica de origen español que sufre malos tratos y abusos por parte de su pareja. En esta situación muchas podríamos pensar: déjalo y vive una vida digna en la que seas tú quien la dirija; sin embargo, ella no es capaz de hacerlo, pues Max sabe cómo tenerla en su mano a través de halagos y falsas promesas. Por otra parte, encontramos la historia de Horía, una mujer que deja su país en busca de un futuro mejor en España. No obstante, pronto comprobará que la vida no es tan sencilla en nuestro país, pues es víctima de abusos, vive en condiciones infrahumanas y trabaja durante jornadas que exceden claramente los límites de la legalidad. Por si todo esto fuera poco, Horía vive con la preocupación constante por el hijo que dejó en su país y que le prometió que cruzaría el mar Mediterráneo hasta llegar a España. Por último, otra de las mujeres protagonistas de la novela es Dámaris, una chica colombiana que se dedica a cuidar a los dos hijos de una familia española. En un principio podríamos pensar que su situación es similar a la de muchas otras personas (y seguro que lo es), pero Dámaris tiene que hacer frente a miedos como la pérdida del alojamiento o el sufrir una enfermedad, y todo ello alejada de su familia que le dé calor.
La novela no tiene una trama que te atrape y que te haga que no puedas dejar de leerla (o al menos para mí no la ha tenido). Nos aproxima a vidas probablemente opuestas a las nuestras y nos hace conscientes de las dificultades y penurias que atraviesan muchas personas en nuestro país, aunque aparentemente tengan vidas similares a las de la mayor parte de sus iguales, pero no tienen un ritmo atrapante.
El texto se divide en capítulos generalmente cortos y no numerados. En cuanto a la prosa de la autora, me ha resultado sumamente peculiar, pues nunca había leído un texto similar. Así, incluye diálogos en mitad del texto sin ninguna marca que indique que nos adentramos en ellos ni, en muchas ocasiones, quien tiene la palabra. Esto ha hecho que la lectura se ralentizara algo y que resultase algo más complejo.
La portada es sencilla, pero tiene la fuerza suficiente para reflejar lo que nos encontramos en su interior: las historias de mujeres que en muchas ocasiones pierden su rostro y quedan a la sombra de la sociedad.
En definitiva, se trata de un texto que rompe los esquemas de las novelas al uso para hacernos partícipes de tres historias que no nos dejarán indiferentes.
Recomendado por unha boa amiga, resultou ser toda unha sorpresa. A autora narra a historia de tres mulleres unidas pola vecindade e, sobre todo, polas distintas situacións de violencia que sofren. Aí radica para mín a grandeza desta escritora á que non coñecía, na capacidade de describir os pensamentos, sentimentos, dúbidas e medos das protagonistas sen cair en frases feitas ou lugares comúns. En especial, o maltrato psicolóxico dunha delas, resu lta tan real que chegas a sentirte abafada con ela nesa relación tóxica. Sen dúbida, unha autora á quen seguirlle a pista.
In Madrid Oliva, who has separated from her daughter’s father, enters an abusive relationship. Damaris, the nanny of 2 twin boys, sons of Oliva’s neighbour, is in Spain to earn money in order to provide for her kids. And downstairs in a small flat there is a concierge, Hória, a silent woman who went to Spain to earn money to support her family in Marocco but has her world turned upside down.
I was touched by the lives of these women and wanted to reach out.
Qué barbaridad, cuánta crudeza. Queda un rastro de desolación después de la lectura, cierta congoja, no se puede parar de leer con los ojos horrorizados y un vacío en la tripa. Una historia de esa violencia soterrada hacia las mujeres, luz de gas, explotación, abuso, racismo, soledad y también, al final, la búsqueda del amor propio, muchas veces enterrado debajo de siglos de normalización del maltrato.
Esta novela nos lleva a conocer la historia de varias personas, en principio sin conexión aparente, que irán relatando de una manera muy peculiar su día a día. Los pensamientos, diálogos, descripciones y argumento están relatados de la misma manera, sin guiones, sin poca separación, dando una sensación de estar viviendo más de cerca todo lo que se va desarrollando.
Este tipo de narración me ha parecido muy original y la escritura de la autora es verdaderamente extraordinaria. Sin embargo, para mí el problema de la novela es el argumento, o más bien, el sentimiento alrededor del argumento. No hay lugar a la esperanza o a la felicidad. Es una sucesión de desgracias, malas noticias, malas personas, mala suerte... La sensación que se me quedaba después de leer cada capitulo del libro es de tristeza y no es lo que busco al leer un libro.
Como he dicho, la pluma de la autora es maravillosa pero no es un libro que recomendaría o sugeriría leer debido a la fuerte negatividad y desasosiego que genera su lectura.
Vaya bajona. Que no es que prometa otra cosa, pero 💔
Esta es una novela sobre tres mujeres que se cruzan a menudo sin terminar de interseccionar. Es desoladora hasta el final; la autora combina muy bien contenido y forma para expresar constante agonía, desesperación, encerramiento, estrés. Aunque entiendo qué recursos emplea para ello y cuándo y por qué, al cabo se me hacían repetitivos y obvios. El estilo no es de mis favoritos (por ejemplo, hay muchos pasajes apresurados a conciencia para ilustrar la ansiedad de las protagonistas).
En cuanto a la historia, los capítulos de Oliva me parecieron más desarrollados y numerosos (esto puede ser una impresión mía, no los he contado) que los de Damaris y Horía y, aunque de nuevo comprendo que resulten redundantes porque así es el bucle de maltrato en que ella se encuentra, me acababa cansando (me aburría a ratos, eso ya a nivel personal). Pero bueno, un libro importante y realista y desesperanzador a más no poder, y encima al final engancha con la pandemia y mira, suficiente.
... Gosto de Livros assim, sem início nem final, são um episódio em que também participamos, andamos por ali, na conversa com a Olivia e a Hória, a partilhar as dores da Damaris, sempre com uma náusea na garganta, e no fim, no fim a Vida segue, nas ruelas de Madrid e na insana loucura dos meus dias... Boas leituras 📙 📚 📙 📖 5 🌟 🌟🌟🌟🌟
Quizás la forma en la que está escrito no me atrajo al comienzo, la falta de diálogos a mí me resultó chocante. Pero ir adentrabdome en la vida de las tres mujerese ha encantado. La ciudad esconde tantas historias entre sus muros....confieso que la última parte me tenía muy, muy enganchada.