Este livro é interessante em diversos pontos: mostra-nos quem foi Cazuza, como homem e como artista, e em duas versões – a de sua mãe e a do próprio, na muito curiosa compilação de escritos final; mostra-nos a faceta de uma mãe que amou o seu filho ao ponto de ampliar esse sentimento até quase ao insuportável, e mostra-nos por dentro os primeiros e terríveis tempos do aparecimento da Sida (AIDS). Fiquei a conhecer muito melhor quem foi Cazuza, principalmente na sua vida artística, onde eu o julgava um cantor, mas onde afinal ele foi essencialmente um poeta da canção. Cazuza se se pode definir numa palavra, o que é sempre difícil, foi um excessivo, em tudo o que fez e em todos os aspectos (positivos e negativos) da sua vida. Um livro que é uma homenagem, mas acima de tudo um testemunho, não só da vida de um artista que ganhou o “culto” pela brevidade da sua vida, mas mais que tudo, o testemunho de uma época brasileira, centrada no ambiente da música, mas não só. Não será uma obra prima, nem a autora o pretenderia, mas lê-se sem enfado e com bastante interesse.
Um belíssimo relato da mãe de Cazuza, Lucinha Araújo. O livro traz depoimentos também de seu pai e de amigos próximos, traçando um relato dos bastidores de toda a loucura de Cazuza, de sua infância aos últimos momentos de vida. As declarações do próprio Cazuza ao final do livro também são um ponto alto. Recomendo fortemente!
Bom... Esse livro é sobre um dos meus cantores favoritos do rock brasileiro, Cazuza. Cazuza era um menino que tinha a alma poética e ao mesmo tempo o senso de humor debochado, em todas as suas composições, até às mais românticas tinha alguma crítica por trás. Ele viveu perigosamente, não teve medo de se arriscar, agiu de forma agressiva, muitas vezes também tomou decisões que talvez também não foram as melhores, mas ele também ensinou muito sobre não se preocupar com o que as pessoas pensam, numa época em que todos tinham preconceito e medo de quem tinha HIV ele foi muito corajoso em pronunciar que tinha a doença e continuou trabalhando e se dedicando para a musica mesmo doente. Sua mãe, que escreveu o livro em sua homenagem, estudou em um colégio de freiras, então na infância de Cazuza ela era rígida em questão de notas, mas na adolescência acabou por ser liberal demais e Cazuza acabou por fazer muitas besteiras e agir às vezes de forma agressiva. O que mais achei bonito nesse livro foi que mesmo depois da morte de seu filho e de todo o sofrimento que ela passara, ela ainda teve forças para continuar e criou uma ONG chamada "Sociedade Viva Cazuza" A organização teve como foco principal a assistência social e o cuidado de crianças e jovens soropositivos (infectados pelo vírus do HIV) com o emprego de recursos destinados à promoção de assistência à saúde, educação e lazer.
Quem era Cazuza? Um cara cheio de privilégios, que adorava mordomia.
Neste livro, pude conhecer mais um pouco do artista, a maioria das coisas eu já sabia pelo filme e por notícias e reportagens dele na televisão, no livro é mais detalhado a relação com os pais.
Chorei nas primeiras páginas. Por mais que a gente saiba da morte do Cazuza, a narração crua e detalhada da Lucinha impacta fortemente.
O que se segue é descrição de uma vida que muitos de nós não chegaremos perto. Em alguns momentos, a narração que separava os artistas da "gente comum", a relação de coisas dadas e gastas como se fossem besteira, os excessos, o convívio social e o gasto desregrado, chegaram a incomodar. Mas aí chegamos no ponto: Seria Cazuza o que foi sem toda a liberdade que teve? Cazuza, sonhador, passeou brevemente por esse plano como uma criança rebelde que fez o que quis. É uma liberdade rara e que, com certeza, espanta a nós, caretas por convicção ou necessidade, que faz parte do cerne de muitos artistas e que tosa a criatividade de tantos outros artistas.
Gostei da construção do livro, o roteiro que foi seguido. Aos 70% do livro me vi perguntando, com Cazuza pertinho de morrer, o que teria a mais pra escrever pós morte de Cazuza. E a grata surpresa de ver Cazuza vivendo pós sua morte, seja na Instituição Viva Cazuza, seja nas suas declarações.
Há anos querendo ler esse livro, o devorei em três noites! Um relato emocionante de uma mãe apaixonada por seu filho, um cara irreverente e à frente do seu tempo. Além do relato pessoal, um relato sobre o rock nacional dos anos 80 e sobre os primeiros e assustadores anos da Aids. Super recomendo!!! 👍
Livro perfeito sem sombra de dúvidas, saber novas curiosidades sobre um dos homens que marcou minha vida no modo de ser, pensar e agir foi algo incrível. Ainda mais incrível porque ganhei esse livro de presente de uma pessoa que eu amo muito, então foi um enorme presente e uma honra poder ter lido essa obra. E assim como cazuza cantava, eu sou extremamente exagero e adoro o meu amor inventado.
"Homem que é homem volta atrás mas não se arrepende de nada."
Impossível não se emocionar e se debulhar em lágrimas já nas primeiras páginas desse livro tão especial e feito de maneira tão delicada.
"Você me ama ao cubo, eu te amo quadrado."
Pra minha vergonha nunca fui de ouvir MPB, cresci ouvindo artistas estrangeiros e tinha orgulho de encher a minha boca pra falar que não conhecia música brasileira nenhuma — apesar de conhecer algumas sim, mas mesmo assim forçava estranheza, antipatia, tudo por pura pirraça. Só depois que cheguei aos 20 e poucos anos, comecei a prestar atenção nas letras dos artistas brasileiros e dar bola para o vasto repertório precioso que temos na nossa MPB.
Cazuza foi um desses artistas que entrou no meu radar, mas não ao ponto de eu sentir curiosidade sobre a pessoa por detrás, abaixo, acima, de lado, ou que for, que escrevia essas canções tão profundas. Mas essa semana, bem do nada, decidi que leria algum livro sobre ele após ouvir uma participante de um reality (ahãm, você tá certo em pensar em exatamente nesse reality e nessa participante), citar um trecho da música dele. Sei lá, me deu alguma neura e decidi que leria algo sobre ele, com ele, o que fosse. Só queria saber mais sobre o artista. Dito e feito: peguei Só as mães são felizes (mas não sem antes querer trapacear pra chegar na linha de chegada e ter colocado aos mãos em Cazuza - Segredos de Liquidificador; é claro que não prestou, no meio do caminho decidi que teria que ler a história dele do começo e fui atrás de Só as mães são felizes).
Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, teve todo o cuidado e respeito aos fãs e até mesmo ao seu próprio filho, a contar absolutamente tudo, sem esconder nada — mostrando uma vulnerabilidade na sua força e caráter de não deixar nada de fora: suas falhas, as falhas dele; seus defeitos, os defeitos dele; o quão amorosa e intensa era toda a família. Uma biografia nua e crua, e muito necessária para se entender quem foi o gênio das lâmpadas musicais daquela época.
A força e coragem dessa mãe (e desse pai) é impressionante, mas a do Cazuza?! Meu Deus, esse menino (e sim, agora na minha concepção ele será um eterno menino, garoto... cazuza!) foi tudo! Corajoso, forte, admirável diante uma doença que matava naquela época. Brilhante e iluminado até o fim. Cazuza, parece, que foi um refresco em meio a um redemoinho que é o mundo. Um menino espetacular, único, especial assim como os pais o chamavam.
Viveu intensamente e segue vivo através de sua arte. Esse sim soube viver. Valorizou a vida ao máximo. Sublime. Genial. A cada página que eu lia, mais um sentimento de encantação e raiva cresciam dentro de mim — encantamento pelo menino que adorava viver e raiva pelo menino que estava fadado a ir muito cedo para alguma aventura desconhecida e não iria mais poder alegrar a vida de familiares, fãs, da sociedade.
Mesmo que o livro tenha me feito chorar bastante, também me causou gostosas risadas, o que acredito que foi uma experiência que todo mundo que conviveu com ele passou bastante. Recomendo muitíssimo a leitura pra quem é fã ou não — eu não era, mas agora sou —, te dá um insight gigante sobre como funcionava as coisas na década de 70, 80... até mesmo de 50. Felizmente, hoje pessoas com AIDS conseguem levar uma vida normal e viverem até os 80 anos, diferente da época de Cazuza — o que é uma tremenda pena, pois imagine: o que hoje Cazuza estaria aprontando nesse novo mundo tecnológico e com ciência avançada?!
Termino a resenha com o poema (só um trecho) que o Cazuza escreveu pra sua avó paterna, aos 17 anos, e só após 23 anos do poema escrito, sua mãe Lucinha teve acesso a ele e portanto, pediu que Frejat fizesse um arranjo para que o ex-namorado e amigo até o fim de Cazuza, Ney, interpretasse (e ele o faz lindamente, recomendo que ouçam a canção):
Hoje eu acordei com medo, mas não chorei Nem reclamei abrigo Do escuro, eu via um infinito sem presente Passado ou futuro Senti um abraço forte, já não era medo Era uma coisa sua que ficou em mim De repente, a gente vê que perdeu Ou está perdendo alguma coisa Morna e ingênua Que vai ficando no caminho Que é escuro e frio, mas também bonito Porque é iluminado Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás
Incrível livro, incrível vida que esse gênio levou, todas as palmas para Cazuza e sua família que foram até o fim (e além) com ele.
PS: Revista VEJA e Est. de SP deveriam ter saído de circulação faz muito tempo. Uma nojeira ler o que eles fizeram com Cazuza no seu momento mais frágil. Como a imprensa brasileira é cruel e por muitas vezes, sem caráter algum.
"Seu destino é o de abrir novos caminhos, de ser ponta-de-lança, de procurar as novas soluções, novas possibilidades. Por isso, tua natureza é meio revoltada contra tudo o que é demasiadamente estabelecido e preso a valores do passado."
Que leitura especial!! Esse livro é um grande relato de Lucinha, mãe de Cazuza, que vai de antes dos avós de Cazuza se conhecerem, até a vida após a morte dele, o que nos dá um contexto muito maior da vida do poeta, e conseguimos entender mais a personalidade dele. Eu já vi tantas entrevistas do Cazuza ou da mãe dele, e mesmo assim fiquei chocada com tantas coisas que esse livro conta que não tem em nenhum outro lugar, é realmente uma imersão na vida de nosso querido poeta pelos olhos da pessoa que ele mais amava nessa vida. Que Cazuza era uma pessoa complexa, disso todos nós sabemos. Lendo o livro, ele me intrigou mais ainda, esse desprendimento do julgamento das pessoas, da opinião alheia. Ele não gostava que tivessem apenas as partes boas dele, não gostava que a mãe só guardasse os jornais em que falassem bem dele, não gostava que todos gostassem dele, e isso me faz questionar muito. Muitas coisas que ele fazia era revoltante sim, ainda mais pensando no lado dos pais, mas ele tinha o seu lado carinhoso, seu lado amoroso que conquistava a todos, não é atoa que ele era e é tão querido até hoje. Nunca teremos outro Cazuza 🤍⭐️
Livro muito bem escrito, que intercala várias imagens da vida de Cazuza durante a leitura. Um biografia escrita pela própria mãe, Lucinha, que acaba fazendo também uma pequena autobiografia.
Conhecemos um Cazuza com suas qualidades e defeitos, em alguns momentos o relato nos faz ficar com uma certa raiva do rapaz e suas birras, sua "porraloquisse", sua ingratidão com relação à mãe. Mas a própria autora nos faz recordar que em sua fase rebelde, era uma rebeldia de quem estava se despedindo da vida e sabia que não lhe restava muito pela frente.
É também uma leitura sobre o começo da AIDS nos anos 80, a desconhecida e assassina doença até então praticamente desconhecida e que lugar nenhum do mundo sabia como tratá-la.
Tal qual o câncer, a doença mata lentamente, destrói o corpo e a mente da pessoa. Na década de 80, entre o diagnóstico de infecção por HIV e o fim da vida era algo em torno de 3 ou 4 anos, diferente de hoje em que tratamentos antivirais podem dar uma vida quase que normal para o portador do vírus.
Uma leitura que emociona, que nos mostra a genialidade de Cazuza, que mais de 30 anos depois de sua morte ainda nos faz sentir saudades, nos faz imaginar o que mais ele poderia ter criado se não tivesse nos deixado tão cedo.
“Só as mães são felizes” não é somente sobre Cazuza, é também sobre Lucinha Araújo — mãe, guardiã e testemunha. A narrativa mistura o olhar da mãe com memórias do próprio Cazuza e relatos de quem esteve por perto. O resultado é um retrato humano e imperfeito de um artista que foi excesso, urgência, poesia e contradição. Humano!
Entre ternuras e confrontos, o livro expõe a intensidade de uma vida que queimou rápido e forte. Ao mesmo tempo, revela a força de uma mãe que precisou aprender a amar sem salvar, e depois, sobreviver à perda.
É um documento emocional. Uma travessia entre amor, rebeldia, música e despedidas.
É um livro forte, íntimo e necessário para quem admira Cazuza, mas tem momentos em que a narrativa se dispersa ou se repete. Ainda assim, o valor afetivo e histórico compensa e muito.
tem essa coisa que me atrai para o cazuza que é inexplicável, acho o cara uma figura genial e por vezes, muitas vezes, insuportável. digo que não gosto de poetas e nem poesia, mas minto; cazuza é um dos maiores poetas de todos os tempos, acho que me decepciono com a maioria das poesias porque não encontro nelas o que cazuza entregava facilmente nas suas obras. a tristeza de sua morte é incessável por dois motivos: cazuza merecia a vida e merecia viver mais o outro motivo, é a tristeza de não saber o que mais ele teria para falar sobre a vida. sua mãe, uma mulher incrível, narra seu filho de um jeito cru, real e o livro passa como se fosse uma conversa frente a frente.
Pra mim, Cazuza sempre foi essa figura com uma aura inexplicavelmente marcante e autêntica. Seja como artista, poeta ou pessoa em si, ele tinha tal fator que o fazia único. Neste livro, acompanha-se a vida de Caju na perspectiva de Lucinha, algo que é muito interessante e tem um sentimento avassalador. Toda a forma que a personalidade dele se construiu, suas inspirações, a luta contra a maldita Aids…Enfim, um grande livro. Feito para fãs e admiradores, principalmente. Viva Cazuza!
A história do Cazuza é interessante por si só, não tinha como ser ruim. A Lucinha conseguiu passar uma perspectiva muito bonita e honesta sobre o filho, só senti falta de mais perspectivas, mais depoimentos de amigos dele, ficou focado demais nela, mas enfim, aí sou eu esperando que o livro seja algo que ele não é.
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Para mim, um leitor leigo que conhece a música do Cazuza mais não muito da sua história (além da sua morte causada por AIDS), foi interessante, mesmo que fosse mais sobre a sua mãe e sua perspectiva do que Cazuza próprio.
Amei conhecer melhor as histórias de cazuza e sentir o imenso amor que a Lucinha tem por ele!! A gente consegue sentir o amor em cada página escrita. Ótimo livro que eu devorei em 2 dias.
Simplesmente uma leitura que me agarrou e só me largou no fim. Relatos realmente emocionantes e chocantes da passagem de Cazuza, melhor dizendo, do verdadeiro Agenor, que tive o prazer de conhecer. Sobretudo, na visão de sua mãe, Lucinha, que não poupou palavras para nos contar como foi, na altura, o seu quotidiano como filha, mulher, esposa e mãe de um Exagerado. E como esse Exagerado, a fez mudar como pessoa. Contribuindo assim, para uma causa nobre, que palpita nos dias de hoje. Aprendi com este livro que embora certas atitudes de nossos pais irem de encontro com as nossas, num certo momento, provocando, deste modo, divergências. Devemos compreender que não existe um manual de instruções para educar uma criança durante o seu crescimento, o que torna tudo muito subjectivo. Importando, de facto, a intenção dos nossos pais. Recomendo vivamente!
Quem não sabe quem foi Cazuza está perdendo poesia em sua vida.
Um dos melhores compositores do Rock Nacional, ainda é referência com suas letras que variavam do apelo emocional à crítica política.
Dito isso, o livro é um poema de amor de uma mãe para seu filho.
Lucinha Araujo era obviamente uma mãe coruja, quase incapaz de ver o quanto o cantor era mimado, egoísta e inconsequente. Isso se traduz na crítica que ela faz às pessoas que ela julgava terem prejudicado seu filho - certa ou não - e na cegueira pela maior parte dos atos de Cazuza. E nós perdoamos tudo, porque como mãe, ela pode.
Eu gostei bastante. Da uma ideia de como é difícil compreender a sensibilidade dos artistas, principalmente para os parentes e amigos que sofrem com as inconstâncias desse gênios da cultura.