Šta se događa kada se stvari koje ljudi upotrebljavaju pobune protiv svojih korisnika? Kako je jedan car pokušao da izoluje smrt? Kakva je sudbina vozača, praktično zarobljenih u svojim kolima? Zašto strada poslednji kentaur koji je vekovima lutao šumama, bežeći od ljudi?
Ispitujući vlastite izražajne mogućnosti, Saramago se najpre okušao u kratkim formama – pripovetkama, kratkim pričama, parabolama... Sabrane u dve zbirke parabola Priče s ovog i s onog sveta i Putnikov prtljag, jednu zbirku pripovedaka Tobožnji predmet i novelu Priča o nepoznatom ostrvu, njegove pripovesti svedoče o sporim ali sigurnim koracima kojima se pisac približavao svojoj pravoj vokaciji – romanu. U ovoj knjizi njegovih izabranih priča čitalac će naći ne samo mnoštvo ideja koje će pisca zaokupljati čitavog života, već i sve osnovne odlike jednog neponovljivog književnog rukopisa, toliko drugačijeg da ga je nemoguće oponašati.
„Velikan evropske književnosti iznosi nam u pričama svoj osoben pogled na raspad društvenih vrednosti, otuđenje i političku represiju, nudeći svoj odgovor na takve pojave: kada sve propadne, dobra metafora je najbolja alternativa.“ Morning Star
„Ovde se majstor pera ogleda u kraćim, inventivnim proznim formama, i ishod je impresivan i lucidan. Saramagov dar i u pričama se neosporno ispoljio kao i u njegovim romanima.“ Publishers Weekly
José de Sousa Saramago (16 November 1922 – 18 June 2010) was a Portuguese novelist and recipient of the 1998 Nobel Prize in Literature, for his "parables sustained by imagination, compassion and irony [with which he] continually enables us once again to apprehend an elusory reality." His works, some of which have been seen as allegories, commonly present subversive perspectives on historic events, emphasizing the theopoetic. In 2003 Harold Bloom described Saramago as "the most gifted novelist alive in the world today."
Deste Mundo e do Outro is a collection of some of the most important Nobel Prize chronicles, written for the newspaper A Capital between 1968 and 1969.
"Oggi mi è venuta così lettore. Abbi pazienza e volta pagina"
E' un'idea d'infinito che mi sorprende leggendo queste cronache. Infinito perché sono parole, pensieri, immagini che si diramano lasciando dei varchi, dei passaggi che possono essere e non essere.
Saramago prende spunto dal tutto e dal niente.
Mi sembra quasi di vederlo: chino sul tavolo ad afferrare un pensiero che la notte precedente lo ha tormentato, oppure, al contrario, un'idea che all'improvviso lo ha colto mentre si radeva davanti allo specchio.
Ho in testa queste immagini domestiche perchè questi scritti sono aperture ad un'intimità che la costruzione di un romanzo non potrebbe permettersi.
Un ricordo, una riflessione sull'esistenza, una persona cara, una scena a cui assiste per caso. Il tutto e il niente che generano il pensiero.
Considero questo testo un prezioso regalo che Saramago ha lasciato all'umanità.
Por incrível que pareça, nunca tinha lido este livro! Conhecia algumas das crónicas, mas nunca as tinha lido num volume que as reúne num livro só! Que experiência!!! Há crónicas que são geniais!! Falarei desta riquíssima leitura um dia destes!
Interesantna zbirka. Kao i obično, pojedine priče su mi više legle, ali sveobuhvatno čista četvorka. Zanimljivo mi je bilo posmatrati kako se njegov stil uklapa u ovakvu formu. Izdvojila bih priču o nestajućim predmetima, bez obzira na to što mi je sam kraj priče snizio utisak.
Crónicas que Saramago publicou em 68 e 69. O Homem chegava à Lua e o Nobel Português começava a fabricar o seu estilo de escrita, que começa a despontar nestas crónicas.
São textos completamente atuais que falam sobre coisas pequenas e coisas grandes, que focam a humanidade (e a falta dela) e que nos deixam sempre a refletir. O Saramago tem este poder de nos fazer olhar para dentro.
Uh, baš imam podijeljeno mišljenje što se tiče ove knjige. Prvi dio, valjda te priče s onog svijeta, jesu neobične ali nisu do kraja razvijene. Znam da je loose end dobar "fazon", ali mi je uvijek predstavljao prerano odustajanje od ideje. Drugi dio, priče s ovog svijeta, jesu opisi ovoga i onoga, a posljednja priča o kralju i čovjeku koji traži barku liči na priču neiskusnog pisca. Saramago mi ne odgovara onoliko koliko sam možda i očekivala, pod utiscima silnih pohvala na njegov račun.
Um livro de crónicas publicado pela primeira vez em 1971, os temas são tão diversos como as crónicas o podem ser. Falar de tudo e de nada. Falar de Marte e marcianos e perceber que gostava de Bradbury, falar de sorrisos, do verão, de palavras , de humanidade e de desumanidade. Algumas crónicas são lindas, intimistas, lêem os nossos pensamentos, falam conosco. Outras são mais secas, impessoais ou talvez menos alinhadas comigo. Gostei particularmente porque não provocou angústia, medo. Acho que só mostrou , talvez, o seu desencanto, mais uma vez com a humanidade, ou pelo menos assim eu o entendo. Mostra uma cultura invejável em literatura, e talvez até mais que a cultura o conhecimento. O seu gosto pela ficção científica encantou-me. Li este livro porque queria ler algo de Saramago no ano do seu centenário, o título surgiu no seguimento de um bailado baseado na sua obra a que assisti antes do verão. Este é o 3 livro que leio de Saramago, um infantil e o ensaio sobre a cegueira que me marcou profundamente, acho que já tenho o distanciamento suficiente para dizer que gostei, mas que contínuo a achar terrível o seu desencanto pela humanidade para ter conseguido imaginar um livro assim. A parte menos boa é que eu não imagino, só não fico surpreendida, aliás já nada me surpreende, só me vai esvaziando cada vez mais. Em ano de centenário li um livro de Saramago, assisti a um bailado, precisamente com este título, deste mundo e do outro, CNB coreografia Olga Roriz, vi uma exposição inspirada na sua obra no MNAC, e vi o filme Homem Duplicado Acho que só seria o pleno se tivesse lido a obra toda.... Mas quero manter durante mais algum tempo o pouco encantamento que ainda me resta.
"Aceitemos que estamos sozinhos. Aceitemo-lo sem desespero. Neste lado da galáxia, num insignificante sistema solar, eis a nossa pátria. Povoam-na três biliões de pessoas, outros satélites vivos que talvez não possam subsistir fora dela. Aceitemos então que estamos sozinhos, e, a partir daí, façamos a nova descoberta de que estamos acompanhados - uns pelos outros. Quando pusermos os olhos no céu estrelado, com a furiosa vontade de lá chegar, mesmo que seja para encontrar o que não é para nós, mesmo que tenhamos de resignar-nos à humilde certeza de que, em muitos casos, uma vida não bastará para fazer a viagem - quando pusermos os olhos no céu, repito, não esqueçamos que os pés assentam na terra e que é sobre a terra que o destino do homem (esse nó misterioso que queremos desatar) tem de cumprir-se. Por uma simples questão de humanidade."
Que escrita excelente! Foi mesmo um gosto ler estas crónicas de José Saramago! E o que são de actuais, mesmo sendo escritas há mais de 50 anos! Extraordinário!
Uma coletânea de crónicas publicada num vespertino de Lisboa, nos finais dos anos 60. Apesar de algumas estarem datadas, outras há que são verdadeiras obras de arte, demonstrando todo o génio do Nobel português. Momentos de poesia, frases inesquecíveis ou evocações e ambientes sublimes, espalham a mestria da escrita de Saramago. Muito bom.
Questo libro raccoglie una serie di brevi cronache che Saramago scrisse ai suoi esordi per dei giornali di Lisbona. Gli argomenti trattati sono i più disparati e le cronache sono molto diverse: alcune mi sono risultate incomprensibili, altre sono delle vere e proprie perle.
Lo stile di queste cronache è molto diverso da quello dei romanzi più famosi (ci sono anche le virgole!!!), ma si nota già la straordinaria capacità dello scrittore lusitano di scandagliare l'animo dei suoi protagonisti e costruire situazioni fantastiche anche a partire dagli spunti più ordinari.
Quando Saramago scrive muove parole importanti, con sapienza e modestia, e realizza costruzioni che spesso lasciano una piccola sincope nel respiro del lettore. Qui c'è in aggiunta il privilegio dello sguardo minore, quotidiano, fin quasi banale: poi questo orefice delle parole abbandona distrattamente gioielli di poesia come fosse la cosa più semplice e naturale del mondo.
A younger Saramago, who thinks a lot about various topics of everyday life (and not only), in a rather peculiar way as always accustomed us. Even though it's a completely different book from what I'm used to read from him (chronicles written between 1968-1969), it surprised me a lot. My favorite chronicles were Letter to Josefa, my grandmother and A blue to Mars. Carta para Josefa, minha avó e Um azul para Marte
Opcenito bas i nisam ljubitelj kratkih priča i novela pa me se ni ova knjiga nije baš dojmila. Izdvojila bih priče “Most”, “Moj djed, također” i “Pismo Josefi”.
"Ora, a vida é feita de pequenas e minúsculas tarefas. Escrever é uma delas. Do ponto de vista de Sírio, nem sequer a viagem da Terra à Lua tem assim tanta importância. Mas por uma palavra adiante da outra, aqui na superfície da Terra, e em particular neste desvão do planeta, é um ato muito importante."
"A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver."
Algo a que não estou habituada quando vejo pintado o nome José Saramago na capa, mas que me encantou. Entre as crónicas aqui apresentadas aponto Carta para Josefa, minha avó; Coração e Lua; Noite de Verão como particularmente surpreendentes.
Вишеслојно и маштовито штиво које вуче читаоца да размишља, открива и креира позадинске приче, тако да двеста страница постаје триста. Стил је богат али ненаметан, хумор је присутан али сакривен, све је таман! Замерка за лекторски кадар који стоји иза овог издања, очигледним пропустима нарушили су хармоничност једне светске величине у причама.
Gostei bastante da maioria das crónicas, publicadas no já nos idos anos de 1968-69. Realço duas, "O Cego do Harmónio" e "Salta, cobarde!", por realçarem os defeitos da humanidade, e "Um Azul para Marte" pela originalidade.
Temos 60 crónicas publicadas em 1968 e 69 no jornal A Capital. Não podemos esquecer que nesta época tudo era dito com meias palavras, nas entrelinhas “E eu, rapazinho que vivia apertado na pele que lhe coubera, lançava o bafo às vidraças e traçava desenhos incompreensíveis, com a vaga inquietação de quem adivinha que há nas coisas sentidos ocultos que só ocultamente podem ser entendidos.” (p. 32).
Saramago, a certa altura, numa crónica intitulada Viagens na minha terra, revisita à obra de Almeida Garrett, apresenta a seguinte questão: “Crónicas, que são? Pretextos, ou testemunhos? São o que podem ser.” (p. 50).
Considero que estes textos são precisamente testemunhos, reflexões, uns mais irónicos que outros, do autor sobre pessoas importantes da sua vida (avô e avó maternos), sobre escritores que o marcaram, sobre aspectos da sua infância (a casa onde viveu), factos do dia-a-dia (cidade, amola-tesouras, praia, férias, etc), acontecimentos importantes (a ida à lua). Os textos estão tão bem escritos que alguns são autênticos contos. Ele próprio refere “Amigos, esta história é verdadeira. Todas as minhas histórias são verdadeiras, só que às vezes me foge a mão e meto na trama seca da verdade um leve fio colorido que tem nome fantasia, imaginação ou visão dupla.” (p. 59.)
Outro aspecto que me agradou bastante é a cumplicidade estabelecida entre autor e leitor, há uma constante interpelação ao leitor “perdoará o leitor que eu me deixe escorregar pelo declive das utopias” (p. 77); “Dê-me a sua mão, leitor. Sente-se aqui, a meu lado, e escute a história simples do coração dos homens.” (p. 109); “Deu-me para aqui hoje, leitor. Tenha paciência e vire a página.” (p. 129); e por aí adiante. São múltiplos os exemplos e dou por mim a sorrir, pois adoro esta cumplicidade é como se eu fosse personagem dos textos de Saramago e isso é um tremendo privilégio.
(PT) As crónicas de José Saramago no jornal "A Capital", entre 1968 e 1969.
As crónicas de Saramago, que deram este título, mostram as estórias que conta sobre as coisas do mundo à sua, sejam elas em Lisboa, ou no resto do mundo, não deixando de ir para além do planeta Terra, num tempo onde a ameaça nuclear era permanente.
Ao lê-las, pensamos num homem de meia-idade, algo pessimista sobre a natureza - mas por vezes, surpreendia-se com a capacidade do ser humano de empatia e redenção - mas em quase todas elas, estas crónicas contam coisas do dia a dia ou factos que passaram para a história, deixando a sua marca nele, o cronista.
O Saramago jornalista, muito comum nos anos 60 e 70 - é uma das suas faces, que deixara ao longo da sua vida. Este é o seu primeiro livro de crónicas, e nesta coleção, mostra-se um pouco. Mais do que um testemunho, é algo que o acompanhará nos anos a seguir, e que culminará nos "Cadernos", mais de 20 anos depois, um dos pilares da sua carreira. O Saramago jornalista e cronista, embora mais modesto, merece também ser conhecido.
Um livro bastante diferente daquilo que é o típico Saramago. Ao ser um conjunto de crónicas, tem uma leitura bastante fácil, tocando em várias temas distintos. "Era esta história que eu tinha para contar. Aí a tem, leitor. Faça dela o que quiser. Neste planeta Terra, que os homens habitam, há horas de felicidade, sorrisos, amor, alguma beleza, flores para todos os gostos. E há os monstros. Não se distinguem de nós, que o não somos. Têm um lar, família, amigos, uma vida normal. São civilizados. Mas lá vem um dia que gritam: «Salta, cobarde!» Não mataram com as mãos. Disseram apenas: «Salta, cobarde!» Depois vão jantar, dormem em boa paz, defendidos pela lei e defensores dela. E beijam os filhos. Adeus, Jürgen. Que desgostos seriam os teus, não sei. Mas que desgosto maior que este de viver no meio de uma humanidade assim?"
"Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras. (...) Há também o silêncio. O silêncio, por definição, é o que não se ouve. O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. Caem sob ele as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e as más. O trigo e o joio. Mas só o trigo dá pão."
[O livro estava à disposição num alojamento em que fiquei. Foi uma surpresa muito feliz. :) ]
Gostei muito de ler este livro de crónicas do Saramago, publicadas em 1968-1969. Voltar atrás no tempo e pensar, por um lado, “como é que isto passou na censura?”; e por outro, o quão interessante é posicionarmo-nos numa época tão distante, em que o homem ainda não tinha pisado a Lua, e ao mesmo tempo o quão incrível (e por vezes revoltante) é tudo ser ainda tão incrivelmente actual.