Em A rainha Ginga, José Eduardo Agualusa traz a história de Ana de Sousa, a Ginga, poderosa governante que viveu na costa ocidental da África. José Eduardo Agualusa traz neste romance a história de Ana de Sousa, a Ginga, ou N’Zinga M’Bandi, extraordinária rainha africana, que viveu na região onde hoje se situa Angola. Senhora dos reinos de Dongo e Matamba, Ginga exerceu seu poder em uma região historicamente assolada por guerras e conflitos. Era reconhecida por sua inteligência, sua coragem e pela condução hábil e estratégica das relações políticas e diplomáticas. Criou laços com os holandeses, ao mesmo tempo em que comandava seus exércitos contra outros soberanos africanos e tropas luso-brasileiras. Este romance histórico, um dos mais aclamados do autor angolano, conduz o leitor aos meandros da relação entre Angola, Brasil e Portugal, repleta tanto de identificações quanto de conflitos irremediáveis. O narrador, um padre pernambucano, não só dá luz à vida de Ginga e de outros personagens históricos, mas também destaca o papel culturalmente significativo dessa mulher tão intensa e poderosa. “A Rainha Ginga é um romance de aventuras bem escrito e sem retóricas falsamente sofisticadas onde se misturam lendas, figuras históricas e reflexões intemporais precisamente sobre o tempo.” – Público
«José Eduardo Agualusa [Alves da Cunha] nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Estudou Silvicultura e Agronomia em Lisboa, Portugal. Os seus livros estão traduzidos em 25 idiomas.
Escreveu várias peças de teatro: "Geração W", "Aquela Mulher", "Chovem amores na Rua do Matador" e "A Caixa Preta", estas duas últimas juntamente com Mia Couto.
Beneficiou de três bolsas de criação literária: a primeira, concedida pelo Centro Nacional de Cultura em 1997 para escrever « Nação crioula », a segunda em 2000, concedida pela Fundação Oriente, que lhe permitiu visitar Goa durante 3 meses e na sequência da qual escreveu « Um estranho em Goa » e a terceira em 2001, concedida pela instituição alemã Deutscher Akademischer Austauschdienst. Graças a esta bolsa viveu um ano em Berlim, e foi lá que escreveu « O Ano em que Zumbi Tomou o Rio ». No início de 2009 a convite da Fundação Holandesa para a Literatura, passou dois meses em Amsterdam na Residência para Escritores, onde acabou de escrever o romance, « Barroco tropical ».
Escreve crónicas para o jornal brasileiro O Globo, a revista LER e o portal Rede Angola.
Realiza para a RDP África "A hora das Cigarras", um programa de música e textos africanos.
----- José Eduardo Agualusa (Alves da Cunha) is an Angolan journalist and writer born to white Portuguese settlers. A native of Huambo, Angola, he currently resides in both Lisbon and Luanda. He writes in Portuguese.
He has previously published collections of short stories, novels, a novella, and - in collaboration with fellow journalist Fernando Semedo and photographer Elza Rocha - a work of investigative reporting on the African community of Lisbon, Lisboa Africana (1993). He has also written Estação das Chuvas, a biographical novel about Lidia do Carmo Ferreira, the Angolan poet and historian who disappeared mysteriously in Luanda in 1992. His novel Nação Crioula (1997) was awarded the Grande Prémio Literário RTP. It tells the story of a secret love between the fictional Portuguese adventurer Carlos Fradique Mendes (a creation of the 19th century novelist Eça de Queiroz) and Ana Olímpia de Caminha, a former slave who became one of the wealthiest people in Angola. Um Estranho em Goa ("A stranger in Goa", 2000) was written on the occasion of a visit to Goa by the author.
Agualusa won the Independent Foreign Fiction Prize in 2007 for the English translation of his novel The Book of Chameleons, translated by Daniel Hahn. He is the first African writer to win the award since its inception in 1990. (wikipedia)
Mais um livro a provar que Agualusa nunca me desilude. Apesar da grande quantidade de informação histórica, a prosa é fluida e a leitura tornou-se muito mais rápida do que eu estava à espera. A história da rainha Ginga é fascinante, mas é sobretudo a forma como é contada, que torna o livro tão interessante.
Gostei desta história, contada por um padre cheio de dúvidas, que se vão acumulando, sobre a sua Igreja e sobre a forma de pensar dos europeus.
Gostei precisamente que a rainha Ginga e todos os outros personagens e acontecimentos me fossem apresentados através deste narrador, tornando a narrativa mais intensa e emotiva, mais rica porque temperada pelos seus pensamentos e sensações.
Gostei da experiência e seguramente que vou ler mais obras de Agualusa.
I enjoyed this story, told by a priest with growing doubts about his Church and the European way of thinking.
I specifically liked that the queen Ginga and all the other characters and events were presented to me through this narrator, making the narrative more intense and moving, richer due to the seasoning provided by his thoughts and feelings.
I appreciated the experience and I will certainly be reading more by Agualusa.
Quando estudava no secundário, aqui em Angola, estudei a História deste país que tem uma cultura tão vasta quanto a sua própria área. Não tinha noção do quão interessante podia ser a História de um povo que não tinha feito descobertas científicas mas sabia curar todas as maleitas, de um país que não tinha conhecimentos culturais ou intelectuais mas que entendia mais do espírito humano que aqueles que os tentaram conquistar.
Angola não foi conquistada, Angola foi descoberta por Europeus, mas ela já era habitada por tribos, sobas e reis.
O livro conta-nos, metade ficção, metade realidade, a história da Rainha Ginga: uma mulher que se tornou o símbolo do feminismo e da força espiritual feminina. A Rainha Ginga empunhava armas e também uma voz que fazia tremer a alma de um povo; era estratega "quanto o macho mais macho" e não se deixava abalar por nada. O personagem principal, um padre brasileiro, é enviado para o reino do Dongo para evangelizar e converter os "selvagens". Porém, mal sabe o que vai encontrar ao chegar lá. O que encontra é um povo bastante civilizado, hierarquicamente organizado e com uma Rainha como cabecilha que insiste em que a tratem como Rei. Ela não permite que a sua feminilidade amoleça o seu espírito de guerreira e isso vê-se na forma como o seu povo a trata.
Apesar de não me virar muito para temas onde as mulheres parecem levantar uma espécie de comoção em relação ao sexo oposto, admito que gostei muito da pungência e força de espírito da Rainha Ginga. É bom ver, numa época em que as mulheres eram maioritariamente vistas como seres inferiores, dolentes e sensíveis, aparecer uma mulher do outro lado do oceano que contradiz e desafia todas estas definições pejorativas e renega a qualquer tipo de inferioridade por causa do seu género.
Não tenho muito a dizer acerca do personagem principal pois ele parecia mais observador do que alguém activo ao longo do livro.
De maneira geral foi um livro que me agradou muito e deve estar incluído na lista de qualquer pessoa que se interesse por assuntos ligados a direitos de género, feminismo, emancipação social e política, etc.
1620. Francisco José da Santa Cruz è un giovane prete che sbarca nel Regno del Congo per entrare nella scuola gesuita. Dopo poco tempo, il governatore portoghese lo manda in Angola da Ginga sorella del re del Dongo, NGola Mbandi, per farle da segretario. Suo compito è quello di servire con la scienza di disegnare parole ma ben presto dovrà fare ben altro.
E’ un’epoca d’inaudite violenze e soprusi. Il colonialismo ma anche le dure leggi ancestrali mettono a dura prova le credenze di Francisco.
” Violenze, ingiustizie, iniquità a non finire, che a me sembrano ancora più turpi di quelle commesse dagli empi, poiché se quelli ignorano Dio, i cristiani sbagliano in nome Suo.”
Conosciuta col nome di Nzinga è ricordata per le capacità strategiche e di negoziazione con i colonialisti portoghesi ma anche per una forte personalità che non ammette le sottomissioni consuete alle donne.
” Una donna che non si piegava mai; che non aveva un padrone né Dio. Una donna che conosceva le arti della guerra, le sue trappole e dannazioni, e che nel dibattere con i suoi macota pensava meglio dello stratega migliore, poiché, oltre a saper ragionare come un uomo, aveva dalla sua anche l’astuzia perspicace di Eva. .”
Dalla guerra intestina per cui Ginga (che per manovra politica si battezzare assumendo il nome di Donna Ana de Sousa) diventa regina del Dongo, alla guerra inevitabile contro i portoghesi.
Due assi portanti di questo romanzo storico sono da un lato la religione, dall’altro la questione della schiavitù. Un contesto avventuroso in cui non mancano zingari, pirati ed una traversata dall’Africa al Brasile
Voto ★★★½
”Nei tempi antichi, aggiunse, gli africani guardavano il mare e quello che vedevano era la fine. Il mare era una parete, non una strada. Adesso, gli africani guardano il mare e vedono un sentiero aperto ai portoghesi, ma a loro interdetto. In futuro – mi assicurò – quello sarà un mare africano. La strada a partire dalla quale gli africani inventeranno il mondo.”
Este foi o primeiro livro que li do escritor angolano José Eduardo Agualusa e fez-me ficar com vontade de ler outras obras do autor.
A história desenrola-se durante o século XVII em Angola e no Brasil, um período conturbado da história de Portugal, primeiro, devido à ocupação filipina e posterior restauração da independência do nosso país, e em segundo, devido à perda de territórios no nordeste brasileiro e em Angola a favor dos holandeses.
O protagonista da história não me parece ser tanto a rainha Ginga, uma mulher africana muito poderosa, oriunda de um povo do interior do território angolano, que combateu os portugueses e outras tribos africanas, tendo-se aliado aos holandeses, mas antes o narrador, um padre português nascido e criado em Pernambuco (Brasil) que foi enviado pelo governador de Luanda para servir de secretário da rainha Ginga e auxiliar nas negociações com os portugueses, mas que após Portugal entrar em guerra com aquela soberana, continuou do lado da primeira, tendo deixado de ser padre e sido proscrito pelos portugueses.
As descrições da vida dos portugueses em Angola e no Brasil, da crueldade da Inquisição e do comércio de escravos entre aqueles dois territórios, do quotidiano das tribos no interior de Angola, das guerras sangrentas travadas entre as diversas tribos, entre Portugal e os povos angolanos e entre portugueses e holandeses, pelo controlo do Brasil e de Angola, estão muito bem conseguidas neste livro, o que permite ao leitor acompanhar com muito realismo e interesse o que se passa em cada momento, tal como se tratasse de um espectador que vivesse naquela época e naqueles lugares.
Gostei imenso das personagens e do relacionamento entre si se irem transformando à medida que os factos se iam sucedendo. Aliás, a este propósito, transcrevo uma passagem deste livro: "NASCEMOS, CRESCEMOS, FAZEMO-NOS ADULTOS e depois velhos. Não habitamos ao longo da vida um único corpo, e sim inúmeros, um diverso a cada instante. A essa corrente de corpos que uns aos outros se sucedem, e aos quais correspondem também diferentes pensamentos, diferentes maneiras de ser e de estar, poderíamos chamar universo - mas insistimos em chamar indivíduo. Grosso erro."
Mas mais interessante ainda, foi a diversidade étnica patente em toda a obra, que faz da humanidade uma mistura de povos e de culturas tão interessante e rica: europeus que se apaixonam e têm filhos de africanos e índios, judeus europeus que se tornam piratas muçulmanos e se casam com africanos, índios brasileiros com filhos de africanos. Enfim, uma diversidade étnica, cultural e religiosa que deveria tornar-nos a todos mais tolerantes.
"Molto tempo dopo, mentre mi facevo vecchio, compresi che l'amore impone una specie di cecità. Amiamo non la persona che i nostri occhi vedono, ma quella che cerca il nostro cuore. L'essere amato è, quasi sempre, un'invenzione indulgente di chi ama".
A minha curiosidade relativamente a esta personagem ficou (parcialmente) satisfeita. O mais recente romance de José Eduardo Agualusa, A Rainha Ginga, lança-nos sobre parte da odisseia de Dona Ana de Sousa (1583-1663), sob a batuta de um padre pernambucano em missão de evangelização.
Personagem à frente do seu tempo, dona de uma visão estratégica privilegiada, marco feminino em mundo de homens, Ana de Sousa é actriz central de uma época, pese embora demasiadas vezes esquecida no interior de um território que viria a ter o seu nome, em quimbundo, “Ngola” – esquecida tanto na nossa realidade, como na do romance, diga-se.
Agualusa guia-nos com mestria, exibe a sua investigação histórica, apesar de inicialmente exagerar na forma como a demonstra, e satisfaz um seu desejo antigo: fazer jus a tão importante marco da história angolana.
Talvez devido às elevadas expectativas que depositava em Agualusa e apesar de em grandes espaços satisfazer, acabou por não encher totalmente as minhas medidas. Desejava mais Ginga e menos padre pernambucano. Mais história e menos estórias.
”Para manter os escravos no seu devido lugar, ou seja, trabalhando, trabalhando, trabalhando, é necessário nunca lhes faltar com os três pês – pau, pão e pano. Escutei isto, muitas vezes, a senhores de engenho, feitores e até mesmo damas finas. Pela minha experiência, posso comprovar que aquilo que nunca falta é o primeiro pê, o pau, a pancada. A comida e a roupa faltam muitas vezes”
1620 - 1700 Francisco José da Santa Cruz è un gesuita di origine brasiliana che giovanissimo (circa 20 anni) viene inviato dal rappresentante in Angola del Re del Portogallo a fare da segretario a Ginga (personaggio realmente esistito) che, inseguito alla morte del fratello, diventerà regina di una vasta area del paese africano. Il vero protagonista è proprio Francisco che, in prima persona, ci racconta della sua vita; la regina Ginga la conosciamo indirettamente: non sappiamo mai con la certezza del narratore onnisciente quali siano i suoi pensieri e le sue emozioni. Rimane una figura distante, proprio come deve essere una regina. Il romanzo non si sofferma molto sui particolari ma riesce a ricreare l'atmosfera di un paese e delle sue genti: portoghesi, angolani, brasiliani, fiamminghi che hanno continui scambi culturali e commerciali ma non perdono occasione per farsi la guerra perché la posta in gioco (il predominio commerciale) è molto alta. Non avrei mai immaginato che tra Angola e Brasile ci fossero rapporti così stretti, ma del resto basta ragionarci per capire che invece è una naturale conseguenza del fatto che erano entrambe colonie portoghesi non molto distanti tra loro. Nella società che ci descrive l'autore non c'è quella separazione tra bianchi e neri che in genere caratterizza i rapporti interrazziali anche perché i continui incontri tra uomini e donne hanno dato vita a una molteplicità di colori che non è riconducibile semplicemente al bianco e al nero. Sono più forti le differenze di classe: ricchi e poveri rimangono segregati nei rispettivi mondi, cosa che non avviene per le differenze di colore della pelle.
Eduardo Agualusa criou uma obra que relata a vida da grande rainha Ginga, mas também de todo o povo africano e português. A África não faz só parte dos portugueses, mas do mundo. Há um pouco das suas cores quentes, da sua sensualidade e da sua comida em todo o lado. " A rainha Ginga" para além de conta a história desta rainha guerreira, também apresenta-nos um leque de personagens como o padre Francisco e o príncipe Ingo que nos mostram o sofrimento e o amor do povo africano. Ao longo do livro observamos a guerra travada entre a rainha guerreira e os portugueses. A escravatura também se encontra muito presente. Assim como a inquisição e os amores impossíveis. É difícil escolher um momento marcante da obra... É tão rica de histórias e acontecimentos! Contudo elegeria a história de amor entre Ingo e Anne, infelizmente não teve um final feliz... Mas não deixou de ser admirável a coragem desse negro. Que nunca deixou de lutar por África, e de acreditar que o seu amor era possível!
Sairá desiludido deste livro quem espere uma história da vida de Ginga - pouco mais é que uma personagem secundária na história de outra pessoa. Encontrará aqui, no entanto, um pedaço da História de Espanha, de Portugal, dos Países Baixos, de Angola e do Mundo.
É um livro cativante, que obriga a um virar de páginas constante. A escrita é fluída e agradável, de grande beleza em alguns momentos. É especialmente interessante a forma como desafia os pontos de vista tipicamente etnocentristas dos Historiadores europeus, que tendem a retratar os povos africanos como tribos bárbaras e pouco civilizadas; quando na realidade o que se encontram são sociedades altamente organizadas e hierárquicas, países de fronteiras bem definidas e estadistas que dariam inveja aos Europeus. Bárbaros? Certamente. Mas o que Agualusa mais evidencia com este romance, é que não são menos bárbaros os Portugueses, com os seus navios de escravos e as suas fogueiras inquisitórias.
O título enganou-me. A Rainha Ginga não é personagem principal e os africanos são co-inventores do mundo, juntamente com todos os povos que o habitaram e habitam, o resto é pretensão. A personagem principal é o padre brasileiro, com quem eu gostei de travar conhecimento, mas fiquei com vontade de conhecer melhor a Ginga, é uma personagem bastante interessante e pouco explorada nesta obra, se bem que todo o ambiente que envolve o padre é bastante expressivo e bem documentado. Outra personagem que tenho de salientar é a escrava Muxima, que mais tarde muda de nome e identidade, tornando-se bastante dona de si. Muito curiosa a forma como as mulheres assumem aqui o poder, talvez se possa dizer que as africanas inventaram o feminismo, a verdade é que muito antes das europeias e americanas, muitas sociedades africanas eram (e continuam ainda a ser) matriarcais.
Como aprendo sobre a história do Brasil e suas relações com a África em Agualusa! Ficção-histórica delicada, agradável, cheia de magia, viagens e verdades.
Aprender a cultura e história das pessoas trazidas à força para o Brasil como “peças” agrega uma carga descomunal de pessoalidade, individualidade e comunidade. Nos abre um horizonte inimaginável de riqueza cultural que nós é negada na escola e como vivência artística, histórica e referencial.
É o segundo livro do autor que leio e me apaixono pela narrativa, personagens, detalhes. Me faz perceber a imensidão que me falta saber e que assim seja para o todo sempre!
De leitura fácil e fluída. Denota uma pesquisa histórica intensa por parte do autor. Romance histórico sobre uma personagem real, notável, marcante, brilhante, carismática e invulgar: a Rainha Ginga. Toca, muito ao de leve, no horror e crueldade que existia quando o Tráfico de escravos era o negócio do dia!
Agualusa é, antes e mais que tudo, um bom contador de histórias que passa para os seus livros, num formato de quase conversa e sempre com um cheiro a romance de aventuras, uma visível paixão pela história de Angola. Apesar de não ser o melhor dos seus livros, li-o em dois dias, num fim de semana que me fez lembrar as leituras de há muitos anos atrás.
La scrittura di Agualusa è fluida, Ginga è un fiume in piena. (consigliato a chi è interessato all'Africa e alle donne forti, carismatiche e indipendenti)
Um ótimo (e curtinho) romance histórico sobre a lendária Rainha Ginga, governante africana do século XVII, escrito pelo grande José Eduardo Agualusa!
A Rainha Ginga - José Eduardo Agualusa | NITROLEITURAS #romancehistórico #literaturabrasileira #áfrica | 288 páginas | Lido de 09.06.17 a 11.06.17
SINOPSE
Este romance histórico narra a incrível e verdadeira história de dona Ana de Souza (1583-1663). Senhora de um reino poderoso nos vastos sertões da costa ocidental da África, dizimado e reconstruído vezes seguidas, ela exerceu seu poder com inteligência e originalidade. Astuta nas negociações políticas, a Rainha Ginga estabeleceu alianças diplomáticas com os holandeses, ao mesmo tempo em que comandava os seus exércitos contra outros reis africanos, e tropas luso-brasileiras. Ardilosa, vaidosa, adotou uma coleção de esposas (na realidade homens, vestidos como mulheres) e se casou várias vezes com chefes militares que desejava como aliados políticos. O renomado escritor José Eduardo Agualusa recupera a trajetória desta poderosa rainha, compondo uma história de amor, sexo e poder.
RESENHA
Um livro de leitura prazerosa, mas que, apesar do título e das narrativas, é mais focado nas aventuras e memórias de um padre pernambucano do que com a própria Rainha Ginga, que é vista pelo seu ponto de vista.
Gostei demais da pesquisa histórica sobre a fascinante rainha africana, principalmente pelos aspectos culturais de seu povo.
A prosa de Agualusa é elegante, e ele emula, em uma versão mais "light", o estilo de narrativa de memórias do século 18, quando esse tipo de livro era muito comum, apesar de bem mais "tijolão". Entretanto, em suas 288 páginas e por meio do discurso indireto do narrador, muitos eventos são contatos, criando um panorama interessante e revelador da costa ocidental da áfrica do século XVII.
As narrativas das guerras contra os holandeses, a ocupação feita por Maurício de Nassau, a cultura africana da região da atual angola, além das descrições das barbaridades da escravocracia portuguesa, e das monstruosidades cometidas pela da Inquisição no Brasil, tornam esse livro importante para quem queira compreender mais sobre as raízes brasileiras e do povo angolano.
Se "Rainha Ginga" for sinónimo de Angola, o que é perfeitamente justo, este romance histórico é irrepreensível. Mas eu vim cá parar pela genuína curiosidade por esta personagem, mulher que tomou conta do legado ambundo durante a construção de Angola, e que ao longo da sua vida acabou por ganhar o respeito daqueles que colonizaram o país e ficar para a história como exemplo de resistência, bravura, e diplomacia. Agualusa dá-nos muitas pistas fiáveis sobre quem foi esta rainha, mas ficou ainda muito por se contar sobre a grandeza desta mulher.
Correcto do ponto de vista histórico. Correcto do ponto de vista antropológico. É tudo autêntico… mesmo o que foi inventado. Lê-se de um só fôlego, gostei muito, recomendo. ¡¡¡ A LER !!!
La storia della regina angolana, presente anche nella raccolta di biografie Indomite: Storie di donne che fanno ciò che vogliono. Vol. 1, regala un caleidoscopio di prospettive su ciò che è stata la colonizzazione dell'Angola. Il punto di vista del giovane Padre Francisco, voce narrante del libro, cambia infatti col tempo, l'esperienza e la sempre maggiore conoscenza del popolo angolano. In qualche modo coloro che era inizialmente venuto a "salvare", convertire a ciò che crede la giusta dottrina della chiesa, finiscono per trasformarlo e renderlo qualcosa che la chiesa non era in grado di concepire: un buon prete, che prova orrore per le sofferenze e gli abusi, devoto all'amore e alla vita. La prosa di Agualusa è fluida, semplice ma non povera e apre un'interessante finestra sul '600 angolano, le sue lotte coi portoghesi, con gli altri territori africani, l'incontro coi fiamminghi, i ricchi commerci africani, tutto orchestrato e diretto dalla longeva e potente Nzinga.
Neste seu romance histórico, Agualusa relembra a época em que os holandeses cobiçavam Luanda, no momento em que se aperceberam das fraquezas de Portugal tomado pelos Filipes de Castela. Ficamos a conhecer a história de uma personagem real – Ana de Sousa N’Ninga M’Bandi, a célebre rainha Ginga (1583-1663) do Dongo e da Matabam (norte de Angola), uma importante chefe africana, cujo título real em quimbundo, “Ngola”, deu origem ao nome do país – Angola. A narração é conduzida pelo padre Francisco José de Santa Cruz, que terá sido designado como secretário de Ginga, viajando de Pernambuco para Angola. É através dele que vamos tendo acesso à história tão sui generis e polémica. Destaco como questões que me prenderam a atenção: a linguagem das tribos, a escravidão (encarada de forma controversa), a religião e os mitos que conduziam a vida destes povos. Gostei do livro, aliás gosto muito da escrita de Agualusa e este livro não constituiu uma exceção. Recomendo!
Libro en el que se cuentan las andanzas y tribulaciones del sacerdote pernambucano José Francisco de la Santa Cruz en las tierras del Congo, y también en el Brasil. Contado a través de la bella prosa de José Eduardo Agualusa (Angola, 1960). Una interesante perspectiva de las primeras relaciones entre africanos y europeos, utilizando un lenguaje propio del siglo XVII, liberado de sus excesos.
A primeira obra que leio deste autor angolano e gostei muito. Dá-nos uma perspectiva diferente da presença portuguesa em Angola (bem como noutras Colónias) e da insubmissão dos povos autóctones a Portugal, personificada na figura da Rainha Ginga (século XVII). Quando na escola aprendemos a História de Portugal e se fala dos Descobrimentos e da Diáspora portuguesa, das Colónias Portuguesas, fala-se sempre de "colonização pacífica", de uma miscigenação não só dos povos mas também das culturas. Houve realmente a miscigenação,mas o que aconteceu não foi de modo pacífico e houve lutas pela defesa dos territórios por parte dos reis de tribos africanas.
Devorei o livro essa semana, depois de ter assistido a um debate com o autor. Gostei bastante da história, do tanto de pesquisa que há e da riqueza de muitos personagens. Quanto à forma de narrar, há trechos lindíssimos, que evocam imagens vivas e nos jogam na cena, mas talvez eu esperasse algo que me chacoalhasse mais. Ocorre que a crueldade humana não chega a me surpreender, embora não me deixe indiferente. A transformação do narrador é rica, mas seus últimos percursos foram, me parece, pouco explorados... não sei, fiquei com a sensação de que o fôlego da narrativa se gastou antes do fim. Ainda assim a leitura flui e valeu cada minuto.
O autor faz-nos viajar no tempo e visualizar com os nossos olhos todo o intercâmbio humano e cultural no triângulo Portugal - Angola - Brasil nos séculos XVI e XVII. Descreve-nos a perspectiva africana e holandesa dos acontecimentos e ainda uma ideia bastante real dos malefícios da escravatura e da inquisição nas populações autóctones. Na minha opinião este livro é neste sentido, verdadeiramente único na literatura em língua portuguesa e por isso merece 5 estrelas. Parabéns ao autor, que é dos que mais admiro.
Um extraordinário relato sobre uma extraordinária rainha africana, que é sobretudo o retrato de uma época e de um lugar históricos. Agualusa tem, como já se sabe de incontáveis exemplos anteriores, mão e ouvido para a narrativa histórica. Esta história, narrada pelo próprio, de um padre apóstata que abjurou a religião e traiu a pátria confirma por completo essas qualidades do escritor.
Tanto o título como a capa levam-nos a pensar que a história se tratava sobre a própria rainha Ginga, enquanto que é mais centralizada na vida de outro personagem: o padre Francisco.
Desenrola-se de uma forma interessante e conta várias fases dos acontecimentos à volta deste personagem, em parte passados com a própria rainha-rei. Está muito bem escrito, tal como se esperaria do Agualusa.
Um belo passeio por um século antigo e outros territórios. A lembrar a perenidade das guerras, a vontade de conquista e as particularidades (e igualdades de cada povo). Com uma galeria de personagens fabulosos.
Es casi obligatorio leer una reseña antes de empezar la novela, porque el título promete una historia sobre la vida de la Reina Ginga y el contenido expone relatos de su secretario occidental, Francisco José da Santa Cruz; un sacerdote brasilero, designado consejero de Ginga por el Reino de Portugal, como un nexo diplomático con el Reino de Matamba.
El cura Francisco llega al Reino del Congo en 1620, posterior a la muerte del Rey Ginga Mbandi Ngola Kiluanji, padre de Ginga y de Ngola Mbandi.Tras la muerte del progenitor, el hermano menor de Ginga sube al trono, coronandose rey y a ella le son asignadas labores diplomáticas con la ciudad de Luanda, el fuerte portugués más cercano al pueblo Mbundú.
Tanto Ngola Mbandi, como Ginga tienen un primogénito, solo que el hijo de Ginga es mayor que su sobrino; según las leyes de Mbundú, tras la muerte del rey, sería el descendiente masculino de mayor edad quien llegaría al trono, por lo que no había esperanzas de ser rey para el hijo de Ngola Mbandi.
Temeroso a un complot, Ngola Mbandi manda a asesinar al hijo de Ginga, comunicandole a su hermana que su hijo murió engullido por un cocodrilo. Posteriormente, Ngola Mbandi padece de una enfermedad tropical y se retira a una isla para descansar, allí muere en circunstancias indeterminadas y Ginga envia a su sobrino a una batalla sin oportunidades de victoria.
En cuanto a ingo, el hijo de su hermana menor; lo envia como embajador a Brasil, en una misión encubierta, junto al padre Francisco, para una negociación con los holandeses o flamingos, con el propósito de expulsar a los portugueses de Luanda.
Ya sin descendientes hombres en su camino, se corona como reina y comienza a regir una resistencia contra los portugueses. Cabe resaltar que el marco histórico en el que se desarrolla la novela es real, al igual que los miembros de la familia real y algunos militares, marinos y diplomáticos portugueses.
Respecto al sacerdote Francisco, pese a ser el protagonista y, por tanto, el personaje que más evoluciona; es ficticio. Aún asi, su odisea entre Angola, Luanda y Brasil esta colmada de descripciones culturales y etnicas de época.
La historia es un constante viaje, lleno de misiones heróicas y victorias colaterales, relacionadas al objetivo principal, que era la independencia del pueblo Mbandi. Aunque en ningún momento aparecen los pensamientos de Ginga y ella se pierde en algunos apartes, esta claro que su imagen se convierte en leyenda tanto en Portugal como en Brasil.
No considero que Ginga sea un personaje queer, en el contexto de la novela de Angalusa; el narrador siempre enfatiza en la necesidad que tenía la reina de proyectar una figura de autoridad masculina, para evadir la tradición de su pueblo de ser gobernados por un hombre y generar una figura de poder digna de veneración.
Por eso seguía costumbres ceremoniales cumplidas por hombres ante situaciones importantes, como usar armadura de guerrero y presenciar las batallas; tal como lo haría cualquier rey.
Respecto a la costumbre poligama, era propia de su pueblo; incluso una mujer con un solo esposo podía tener relaciones sexuales con cualquiera, siempre que los hijos de esas uniones extramaritales fuesen siempre del esposo y nunca reclamados por su padre biológico.
Por esto, el acto de tener un harém, no era algo más que un privilegio de mujeres de la familia real, hidalgas y ricas. Ahora, ella vestía a sus esposos como mujeres porque su figura de poder no podía ser opacada por títulos atribuidos al matrimonio; por esto el marido de la reina no podría ser rey, pues el único rey era ella. Entonces, sus hombres serían mujeres y esto acabaría con este problema de representación.
Sin duda alguna fue una mujer con caracter certero y avasallador, porque era lo que su pueblo necesitaba en ese momento; estaba enfrentandose al comercio transnacional de esclavos africanos, ser laxa no era una opción. No pretendía acabar con este crimen, pretendía proteger a sus súbditos de la trata de personas, un objetivo ambicioso y visionario para la época.
El libro es snriquecedor, enseña mucho sobre la cosmovisión de pueblos originarios por donde pasa Francisco José da Santa Cruz; tiene apartes divertidos y despierta curiosidad sobre la historia de Ginga.
Sin embargo, no me agrada que se le haga propaganda al libro a través de la nacionalidad del autor, porque, si bien es cierto que nació en Angola, su padre es portugués y su madre brasilera y el autor estudió e hizo vida en Lisboa; entonces, no me entrega nada de la identidad Mbundú, del Reino del congo o de Angola. Quizás a eso se debe que el narrador sea brasilero y no angoleño.
PORTUGUÊS
Contexto: 🇦🇴🇷🇼🇧🇷 Autor: 🇦🇴 de origem 🇵🇹🇧🇷
É quase obrigatório ler uma resenha antes de iniciar o romance, pois o título promete uma história sobre a vida da Rainha Ginga e o conteúdo expõe crônicas do seu secretário ocidental, Francisco José da Santa Cruz; um padre brasileiro, nomeado conselheiro de Ginga pelo Reino de Portugal, como vínculo diplomático com o Reino de Matamba.
O padre Francisco chegou ao Reino do Congo em 1620, após a morte do Rei Ginga Mbandi Ngola Kiluanji, pai da Ginga e do Ngola Mbandi. Após morte do pai, o irmão mais novo da Ginga subiu ao trono, coroou-se rei e ela foi delegada às tarefas diplomáticas na cidade de Luanda, o forte português mais próximo do povo Mbundú.
Tanto Ngola Mbandi quanto a Ginga têm um primogênito, só que o filho da Ginga é mais velho que seu sobrinho; de acordo com as leis Mbundú, após a morte do rei, seria o descendente mais velho do sexo masculino quem subiria ao trono, portanto não havia esperança de ser rei para o filho de Ngola Mbandi.
Com medo de um complô, Ngola Mbandi ordena que o filho de Ginga seja assassinado, dizendo à irmã que seu filho foi engolido por um crocodilo. Posteriormente, Ngola Mbandi sofre de uma doença tropical e se retira a uma ilha para descansar, onde morre em circunstâncias indeterminadas. Depois, a Ginga envia ao seu sobrinho para uma batalha sem chance de vitória.
Quanto a Ingo, filho da irmã mais nova da Ginga; enviou-o como embaixador para o Brasil, em missão secreta, juntamente com o padre Francisco, com o objetivo de fazer negociação com os holandeses ou flamingos, para expulsar aos portugueses de Luanda.
Sem descendentes do sexo masculino no caminho, ela se coroou rainha e passou a governar uma resistência contra os portugueses. Refira-se que o cenário histórico em que o romance se passa não é 100% fição, tal como os membros da família real e alguns militares, marinheiros e diplomatas portugueses que, de fato, existiram.
Em relação ao padre Francisco, apesar de ser o protagonista e, portanto, o personagem que mais evoluiu; é fictício. Ainda assim, sua odisséia entre Angola e Brasil esta repleta de descrições culturais e étnicas da época.
A história é uma jornada constante, cheia de missões heróicas e vitórias colaterais, relacionadas ao objetivo principal, que era a independência do povo Mbandi. Embora em nenhum momento o pensamento da Ginga apareça e ela se perca em alguns trechos, é claro que sua imagem se torna uma lenda em Portugal e no Brasil.
Não considero a Ginga como uma personagem quee no contexto do romance de Angalusa; o narrador sempre enfatiza a necessidade da rainha em projetar uma figura de autoridade masculina, fugindo da tradição do seu povo de ser governado por um homem, criando uma figura de poder digna de veneração.
Por isso seguiu os costumes cerimoniais praticados por homens em situações importantes, como usar armadura de guerreiro e testemunhar as batalhas; assim como qualquer rei faria.
Quanto ao costume polígamo, era típico no seu povo; mesmo uma mulher com apenas um marido poderia ter relações sexuais com outro homen sem problema, desde que os filhos dessas uniões extraconjugais fossem sempre do marido e nunca reclamados pelos pais biológicos.
Por isso, o fato de ter um harém não era mais do que privilégio de mulheres da família real, nobres e ricas. Agora, ela vestia aos seus maridos como mulheres, porque sua figura de poder não podia ser ofuscada por títulos atribuídos ao casamento; por isso, o marido da rainha não podia ser um rei, pois o único rei era ela. Então seus homens seriam mulheres e isso acabaria com esse problema de representação.
Sem dúvida, ela era uma mulher de caráter preciso e avassalador, porque era isso o que seu povo precisava naquela época; ela estava lutando contra o comércio transnacional de escravos africanos, ser negligente não era uma opção. A Ginga não pretendia acabar com esse crime, queria proteger seus súditos do tráfico de pessoas, uma meta ambiciosa e visionária para a época.
O livro é enriquecedor, ensina muito sobre a visão de mundo dos povos por onde passa o padre Francisco José da Santa Cruz; tem sidebars engraçados e desperta curiosidade sobre a história dq Ginga.
No entanto, não gosto que o grande parte do marketing do livro seja através da nacionalidade do autor, porque, embora seja verdade que nasceu na Angola, o seu pai é português, a sua mãe brasileira e o autor estudou e viveu em Lisboa; então, ele não me dá nada da identidade Mbundú, do Reino do Congo ou da Angola. Talvez por isso o narrador seja brasileiro e não angolano.
This entire review has been hidden because of spoilers.