Esta Breve História de Portugal, agora na sua 11ª edição revista e atualizada, destina-se a todos aqueles a quem, não sendo especialistas, interessa conhecer a história portuguesa nas suas grandes linhas. O autor privilegiou os conceitos gerais e a in
ANTÓNIO HENRIQUE DE OLIVEIRA MARQUES nasceu no Estoril, a 23 de Agosto de 1933. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas e doutorou-se em História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi Assistente daquela Faculdade e, de 1965 a 1970, Professor em diversas universidades norte-americanas. Em Novembro de 1974, foi nomeado director da Biblioteca Nacional, cargo que deixou de exercer um ano mais tarde. Em Julho de 1976, foi nomeado professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa e, em Novembro de 1977, Presidente da Comissão Instaladora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da mesma Universidade, funções que desempenhou durante três anos. Posteriormente, exerceu durante vários anos o cargo de Presidente do Conselho Científico da referida instituição. Foi condecorado, pela Presidência da República, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 1997.
O número total das suas obras de tomo ultrapassa os 60 volumes. A colaboração com artigos, em revistas, dicionários e enciclopédias, ultrapassa o milhar. Proferiu numerosas conferências em universidades da Europa, Estados Unidos, Brasil e Argentina, sendo hoje considerado um dos grandes especialistas em História da Idade Média Portuguesa, como mostra a sua notável produção, de onde se salientam as seguintes obras: Hansa e Portugal na Idade Média (1959), Introdução histórica da agricultura em Portugal (1968), A sociedade medieval portuguesa (1964), Ensaios de história medieval portuguesa (1965), Novos ensaios de história medieval portuguesa (1988), Portugal na crise dos séculos XIV e XV (1987) e colaboração abundante no Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão. Deixou também uma obra vasta e fundamental sobre a República e a Maçonaria, de que destacamos: A primeira República Portuguesa (1972), A I República Portuguesa: alguns aspectos estruturais (1980), Guia de história da 1.ª República (1981), Ensaios de história da I República (1988), A Maçonaria portuguesa e o Estado Novo (1974), Dicionário de Maçonaria portuguesa (1986), História da Maçonaria em Portugal (1990-), Ensaios de Maçonaria, bem como diversas obras sobre Afonso Costa.
"A Europa tinha falta de ouro.Por todo o continente diminuía a produção aurífera desde meados do século XIV,enquanto as compras ao Oriente aumentaram (...).Ora sabia-se muito bem no Ocidente que existia ouro algures em África,a sul do Sara visto que as caravanas árabes ou dominadas pelos Árabes o traziam para o mundo muçulmano.(...)Na verdade,nenhuma nação da Europa Ocidental se encontrava mais perto das jazidas auríferas do que a portuguesa":
Finalmente, chega ao fim uma epopeia apenas equiparada à de Vasco da Gama quando descobriu o caminho para a Índia em... não me lembro.
Comprei este livro algures em 2021 a achar que seria interessante relembrar a história que tinha aprendido na escola e, talvez, aprender ainda umas coisas extra. Li o primeiro capítulo logo nesse ano mas eventualmente fiquei aborrecido e ficou a ganhar pó na estante.
Até 2024, quando se me assola uma vontade súbita de aprender sobre a história de Portugal e decidi voltar a pegar neste livro. Tinha acabado de ler os "Irmãos Karamazov" uns meses antes, encontrava-me (temporariamente) desempregado, era verão, ia passar dias inteiros na praia sem nada para fazer. Era a altura perfeita para voltar a pegar neste livro.
E, de facto, cheguei a cerca de 80% do livro. Até que o voltei a pousar e nunca mais lhe peguei. Mas, farto de ter esta capa todos os dias a assombrar-me no Goodreads, decidi por um ponto final nesta história.
A verdade é que a experiência de ler este livro é bastante contraditória. Por um lado, o tópico é extremamente interessante (para mim); mas por outro é um livro factual de história. A escrita é pesada e tal e qual o que se espera de um livro de história; mas ao mesmo tempo, sempre que pegava nele, lia 100 páginas de uma só vez. Aprende-se, de facto, muitas coisas que não são ensinadas nas aulas; mas ao mesmo tempo, a forma como o livro está estruturado e escrito faz com que seja fácil esquecer tudo o que se leu.
O meu principal problema com este livro é, na verdade, a estrutura. São 730 páginas, com 15 capítulos, e cada capítulo percorre cerca de 70-100 anos de história. O problema é que 1/3 de cada capítulo é dedicado aos factos históricos, que são contados de forma bastante resumida e, consequentemente, fácil de ler, com os outros 2/3 dedicados a uma análise sócio-económico-cultural do período em questão. Estes 2/3, no entanto, eram tão detalhados que chegam a haver parágrafos inteiros onde são listados, com números certos e de forma exaustiva, os quilómetros de via férrea e estradas construídas nesse século, os produtos importados e exportados pelos Açores e pela Madeira, os alunos inscritos nas escolas de Moçambique e Angola, as margens de lucro das companhias no Brasil, etc, etc.
Para piorar, esta análise (desnecessariamente detalhada) é feita, muitas vezes, fora de ordem cronológica, pelo que o leitor tem de se recordar dos factos históricos relatados no primeiro 1/3 do capítulo e ligá-los com o que está a ser contado agora e ter tudo na cabeça para perceber o que é que leva ao quê e porquê. Estas análises e contextos podiam ter sido interessantes se tivessem sido incluídas de uma forma muito mais resumida no decorrer dos factos, de forma a que fosse explicado o porquê de algo ter acontecido logo, e não apenas 50 páginas mais à frente quando já não sabemos quem era o Rei ou a Rainha da altura.
A escrita do autor até chega a ser acessível, ainda que por vezes pontuada com estrangeiros um pouco out of place, especialmente num livro sobre a história de Portugal. São dedicadas demasiadas páginas a números desnecessários e a uma descrição exaustiva da economia ou das classes sociais, sendo muitas outras áreas (como por ex a cultura e a ciência) relegadas para um ou dois parágrafos hiper-resumidos no fim de cada capítulo.
No geral, sinto que foi um bom livro para recordar alguns factos históricos e ganhar algum contexto extra, mas deve haver algures um livro que consegue cumprir com muito mais sucesso o que o título deste propõe.
Assumindo-se sem rodeios como "História para as massas" e evitando o aborrecimento dos factos, esta obra consegue construir magistralmente uma narrativa cronologicamente unificada e ao mesmo tempo excitante a partir de quase 900 anos de civilização portuguesa com os mais variados períodos e características. Através de uma análise profunda e imparcial da política, sociedade, economia e influências externas, percebemos como Portugal, na sua extensão territorial variável, no seu mosaico humano heterogêneo e na sua diversa elite governativa, se transformou numa das nações basilares da Humanidade.
O autor no entanto deveria não ter caído na tentação de querer também incluir os movimentos artísticos pois acaba por não fazer justiça aos mesmos (um parágrafo não chega para Fernando Pessoa) e a dúbia qualidade dos mapas presentes no final de cada capítulo deixa também algum desapontamento.
Breve História de Portugal: MARQUES, A. H. de Oliveira
Breve História de Portugal. 8. ed. Lisboa: Editorial Presença, 2012. Início 13|06
Breve História de Portugal, de A. H. de Oliveira Marques, é uma obra clássica que oferece uma síntese abrangente e acessível da história portuguesa, desde as origens pré-históricas até o século XX. O livro combina rigor acadêmico com uma narrativa clara, abordando os principais períodos, eventos, figuras e transformações políticas, sociais, econômicas e culturais do país. Destaca-se por contextualizar a história de Portugal no cenário europeu e global, explorando momentos como a formação do reino, os Descobrimentos, a crise dinástica, a Restauração, o liberalismo e a modernização. Ideal para leitores que buscam uma introdução sólida e concisa da história do nosso País.
Livro mais indicado para aprofundar o conhecimento sobre o tema do que propriamente uma introdução sobre o tema para as massas. Exige algum conhecimento mínimo para conseguir acompanhar a narrativa. Pouco estruturado (saltos cronológicos sem grande explicação, capítulos demasiado longos e com poucos pontos de referência), até confuso para quem tem pouco contexto de base sobre cada época em questão. Ainda assim, consegues capturar 900 anos de história da nação com bastante detalhe (mais seria difícil num livro de 700 páginas)