existir é uma tarefa aflitiva às vezes, porque há um exagero de coisas no mundo disponíveis para compreender e experimentar, mas a condição humana impõe limites muito claros ao seu acesso. “eu quero a árvore que existe” é uma coletânea de cinco ensaios que representam diferentes facetas dessa ânsia de descobrir e desfrutar da realidade.cada escrito é uma reflexão que poderiam ter surgido numa madrugada silenciosa sob a luz das estrelas ou numa barulhenta mesa de bar. em tom poético e dialogal, são discutidos temas como o desconforto diante da efemeridade da vida, o papel do trabalho na busca pelo contentamento, o antagonismo entre a ciência e a poesia, o surgimento dos desejos e das paixões e a mudança de perspectiva que ocorre entre a infância, a adolescência e a vida adulta.é um livro que fala de “estrelas e de árvores, de riachos gelados que correm no passado, de muros brancos cobertos de tinta, de adolescência e de araras azuis, de trens sonolentos às cinco da manhã, de deuses e truques de mágica”, e tantas outras coisas que emolduram a aventura aberrante que é estar vivo.“a realidade é o que é, pouco importa pra ela como eu a veja... mas importa pra mim como eu a vejo. sou eu, e somente eu, a única pessoa capaz de vigiar o impacto do mundo real sobre a minha própria existência. posso me postar diante da árvore a admirá-la enquanto ela existe, ou posso me postar diante dela com pesar pela falta que ela me fará amanhã. ninguém pode decidir por mim qual dos dois cenários se concretizará, só eu, e nem sempre tomo a decisão certa. peco, peco e peco novamente. mas não me constranjo, porque aceito minha irremediável natureza de pecadora, e porque os seres humanos riem, tomam sorvete de caramelo salgado e criam filhos, e porque as amoreiras crescem e medem o tempo com seu caule, e porque às vezes eu olho pro céu de madrugada e não vejo nada além de estrelas que existem. e sobretudo porque, no breve instante em que as observo cintilando em silêncio, sem nada me perguntar, todos os meus pecados são perdoados.”
tenho tanto pra falar desse livro que não sei nem como falar. obrigada pelo abraço que vc me deu em cada uma das 201 páginas, larinha. vc apareceu do nada numa sugestão do instagram e gosto de pensar que, naquele momento, encontrei um tesouro 🧡
“a vida já é, em si, uma experiência suficientemente dura e desprovida de propósito intrínseco. sem a crença na magia, o que me restaria?”
“como é admirável e intrinsecamente instigante ter a humilde chance de existir na realidade que nos envolve. como é fantástico e intimamente raro ter a excitante oportunidade de sentir tudo que somos capazes de sentir enquanto seres humanos.”
Não sou falante nativo de português. Encontrei sobre a autora no Instagram e decidi dar uma oportunidade para praticar a língua lendo o seu livro, também porque o seu reel chamou a minha atenção. A suas letras com certeza superaram a minhas expectativas e tocaram muitas vezes meu interesse, minha curiosidade e até o meu coração. Parabéns para Larinha ❤️