Neste livro que percorre realidades extremas de um país desigual, o economista Pedro Fernando Nery traça um panorama esclarecedor e solidamente embasado que ajuda a entender nossas desigualdades e seu reflexo no crescimento econômico.
Do distrito paulistano de Pinheiros, o lugar com o mais alto índice de desenvolvimento, à amazonense Ipixuna, a cidade com pior colocação; passando por onde se vive menos e também por onde se vive mais; pela unidade mais rica da Federação e pelo estado mais pobre; pela cidade com mais aposentados e a que mais recebeu o auxílio emergencial durante a pandemia da covid-19. Cada ponto desse roteiro serve de pano de fundo e mote para se discutir pautas econômicas, sociais e políticas importantes -- como as reformas tributária, administrativa e previdenciária --, bem como um conjunto de propostas para mudar o Brasil. No percurso, o autor apresenta novos e referendados ângulos sobre questões como crescimento e reestruturação das cidades, imigração, biodiversidade, investimento na infância e na educação, programas de transferência de renda e tributação do patrimônio. Criativo e didático, Extremos é uma leitura imprescindível para o debate e a ação.
Nery inspirou-se em Extreme Economies: Survival, Failure, Future – Lessons from the World’s Limits, tentando visitar os extremos do Brasil em algumas métricas de desenvolvimento e usar as histórias para introduzir uma agenda de políticas públicas que poderiam resolver tais desigualdades. Eu preferiria que as prescrições ficassem para outro livro e que este aproveitasse a ótima ideia para trazer mais do contexto que levou as regiões cobertas a se situarem nesses extremos.
"Extremos" é um livro muito bom para entender como a tributação no Brasil mantém desigualdades socioeconômicas. Aprendi bastante sobre impostos, políticas de distribuição de renda e aquilo que se deve levar em conta quando falamos em rever medidas econômicas.
A obra perde alguns pontos comigo pelo formato. Apesar da ideia de extremos estar sólida, acho que os locais que o autor escolheu para retratá-los poderiam ser melhor explorados. Além disso, a decisão por focar em possíveis soluções para os problemas, mas sem passar pelas raízes se cada um me incomodou. Isso para não falar na ausência de críticas ao sistema capitalista que possibilita todas as discrepâncias...
Apesar disso, acho que vale muito a pena fazer essa leitura! Sem dúvidas, me trouxe um olhar crítico para economia.
Um baita livro pra quem quer ter um debate multidisciplinar sobre a realidade do Brasil. Bem escrito e técnico na medida certa. Me reconectei com a minha graduação que não era revisitada há uns 10 anos
Uma aula sensacional sobre o Brasil e seus problemas. Nery junta histórias humanas cativantes, conceitos econômicos muito importantes (mas pouco compreendidos por leigos), e soluções para eles, muitas delas já em discussão no congresso. O livro fala sobre taxação de grandes fortunas, imposto de renda regressivo, cotas, supersalários, previdência, urbanismo, entre outros. Quase todos tópicos em alta no debate público atual são abordados, de maneira clara e descomplicada. O principal objetivo do livro, como o autor deixa claro, é entender o tamanho da desigualdade no Brasil. A principal importância disso, a meu ver, não é causar espanto ou comoção no leitor (o que sem dúvidas causa, já que somos levados a entender o abismo colossal que há entre cidades do interior do Amazonas e do Maranhão com São Paulo, por exemplo), mas mostrar que isso só será resolvido com muitos redesenhos de políticas públicas e com perda significativa de privilégios por setores ricos historicamente beneficiados pelo Estado. Recomendo demais.
O livro é muito interessante. Além de mostrar as causas da desigualdade econômica no Brasil, retratando lugares que representam esses extremos como Ipixuna no Amazonas - o lugar menos desenvolvido, com menos de 50 empregos com carteira assinada, também apresenta soluções para reduzir essa desigualdade, algumas bastante polêmicas como a reforma da previdência e a verticalização, e outras quase unânimes, como a reforma tributária e um auxílio financeiro aos mais pobres. Um ponto que merece destaque é que o autor cita iniciativas no Legislativo e Executivo, bem como os autores destas propostas, que podem ajudar no combate a desigualdade.
Certamente o livro mais importante que li em 2024. quisera que todo brasileiro o lesse , principalmente aqueles que não entendem a economia e pensam que entendem a realidade do país. entender economia é essencial para se entender política , e para se aprender a votar direito .
Nery explora com clareza e embasado por inúmeros dados o quão complexa é a desigualdade em diversos aspectos no nosso país. Excelente livro para entender a(s) realidade(s) e como as politicas públicas tem um papel fundamental na mudança da sociedade.
Um verdadeiro livro de terror. Escancara o tamanho da estupidez fiscal que permeia o país, que concede privilégios e benefícios as classes privilegiadas, especialmente ao 1% mais rico do país - especialmente com benesses tributárias e planejamentos urbanísticos ao funcionalismo público e ao topo do mercado privado - enquanto as classes menos privilegiadas sofrem com falta de esgoto e água tratada. Ler esse livro nos dá a tristeza de perceber que é nada mais do que um livro de fantasia, posto que as ótimas reflexões e propostas levadas ao autor nunca serão postas em prática, pois ferem prerrogativas de quem decidem e impõem as regras desse país.
Extremos é uma fascinante viagem a pontos centrais da nossa sociedade desigual. Nery nos conduz com elegância pelas diferentes cidades brasileiras e temas econômicos inclusos sem perder uma voz implicada em sua história e privilégios pessoais de servidor federal.
Existem muito mais coisas que eu adorei no livro - que pode servir de pontapé para alguns temas bastante polêmicos como reforma da previdência, reforma tributária e benefícios assistenciais - do que discordâncias em sentido estrito. Ainda assim, pontos que fui divergindo ceticamente foram, primeiro, a importância cabal que o autor dá às cidades urbanizadas: seu argumento da densidade urbana sobre o fortalecimento dos espaços rurais e mais afastados pelo argumento de sustentabilidade não se sustentam ao se pensar na forma que se vive nas megalópoles - a imagem de Hong Kong com seus prédios populares e quartos em que pessoas dormem empilhadas em espécie de camas-prateleiras ou o completo caos paulista de pessoas nas ruas mais centrais junto da criminalidade e drogadição flagrante - não me parece uma condição digna ou sequer promovedora de bem-estar social. Também fiquei sem entender como a especulação imobiliária, consagrada por reservar imóveis a camadas de classe média e alta - mesmo que até sua venda, mantenha-os vazios - ou então utilizar-se de aluguéis caríssimos para o bolso do povo em cidades grandes poderia ser uma salvadora para equalizar desigualdades que culminam na formação de favelas e periferias sem a infra-estrutura estatal.
Neste particular ano de leituras sociológicas sobre o fenômeno da desigualdade, tenho sentido que cada autor que me cativa é como um amigo que vou fazendo, uma voz que me acompanha; Pedro Nery, com sua bela obra, não é nenhuma exceção. Para um psicólogo de esquerda, tecla que tenho batido entre amigos e nas redes, estar a par dessa imensa contradição social e política que é o Brasil e encontrar em nós uma voz para pensar nosso lugar cívico é menos uma vocação e mais um compromisso com a sociedade brasileira. As desigualdades precisam voltar ao centro das discussões da academia e do nosso exercício assistencial, menos através de acrobacias técnicas dos saberes psicológicos distanciadas da realidade bruta e sim mais ancoradas aos dados concretos no chão das ciências econômicas, sociais e jurídicas. Os profissionais que forem se apropriando desses saberes outros terão uma voz capaz de dialogar cada vez mais com diferentes segmentos da arena política e amparar opiniões mais bem fundamentadas e implicadas com o bem comum.
Não posso dizer que me surpreendi com a qualidade do texto, porque já conheço outras obras do Pedro, e sei que seria ótimo. Mas me surpreendi por não ser um texto técnico, cheio de análises econométricas, e sim uma grande revisão de ótimas literaturas, com reflexões muito profundas sobre diversos temas. Um baita presente pra aquele tio bolsonarista que adora arrotar falácias superficiais sobre temas como bolsa família, entre outros. Uma pena que energúmenos não leem.
Traça muito bem os problemas de desigualdade atuais (e futuros) do Brasil. Em particular, chama muito atenção:
- A pobreza no interior do Amazonas - O baixo gasto do governo com as camadas mais pobres, em comparação com as mais ricas - Iniciativas interessantes apresentadas por senadores e deputados - O provável impacto da reforma da previdência em possibilitar o auxílio Brasil na pandemia
Muito bom, explora com simplicidade temas econômicos vitais para entender o Brasil. Esse livro deveria ser bibliografia do ensino médio, com certeza ajudaria a formar um senso crítico importante para a transformação da sociedade.
Leitura excelente! O grande diferencial na minha opinião é a apresentação de argumentos a respeito da desigualdade no Brasil que podem ser bastante “contenciosos”, como o próprio autor define, sem cair nos extremos de esquerda ou direita. Abriu minha mente para muitas questões e é recheado de referências a estudos, PLs e até tweets (rs).