tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro? uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido? as enfermeiras estão proibidas de casar? as saias das raparigas são medidas à entrada da escola, pois não se podem ver os joelhos? não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?
Já nos esquecemos, mas, há 50 anos, feitos agora em Abril de 2024, tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo na boca em público, um acto exibicionista atentatório da moral, punido com coima e cabeça rapada. E para os namorados que, num banco de jardim, não tivessem as mãozinhas onde deviam, havia as seguintes multas:
1.º - Mão na mão: 2$50 2.º - Mão naquilo: 15$00 3.º - Aquilo na mão: 30$00 4.º - Aquilo naquilo: 50$00 5.º - Aquilo atrás daquilo: 100$00 6.º - Parágrafo único - com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado.
um livro de leitura obrigatória, especialmente no mês em que a nossa democracia completa 50 anos. o estado novo, como é dito no livro, é «um tempo que convém conhecer e recordar, porque, como dizia o filósofo espanhol George Santauqna: “os que esquecem o passado estão condenados a repeti-lo. e estamos proibidos de o repetir.”»
«os leitores nascidos em democracia poderão duvidar da realidade dos factos que aqui são narrados. e é maravilhoso que o façam. porque esse incrível tempo em que era indecoroso uma senhora traçar a perna ou usar calças, em que não se podia mostrar o umbigo à beira-mar, pedir dinheiro na rua sem ser para o Santo António, conduzir um táxi, entregar correio sem boné ou guiar em tronco nu parece ficção. quem viveu sempre em liberdade terá dificuldade em imaginar um país onde os filmes eram cortados aos bocadinhos para defender os bons costumes e se ia parar à cadeia para ouvir a BBC ou ler um determinado livro. foi um tempo caricato, mas sem graça.»
O livro “Antes do 25 de Abril era Proibido” demonstra o tipo de restrições que o povo português teve que lidar durante a ditadura, onde a palavra liberdade era desconhecida.
O livro relata em cada capítulo, as diversas proibições, alguns ridículos e outros impensáveis para nos dias atuais. Mostra o que os nossos pais, avós e tios tiveram que lidar com o fascismo e a única maneira de sentir uma pitada de liberdade…era passar a zona fronteiriça de Espanha. É um pequeno livro, é verdade, mas que me trouxe imensa sabedoria e dá que pensar o que seria de nós se não houvesse a dita revolução, no dia 25 de Abril de 1975… 🇵🇹🌹
“ Já imaginou viver num país onde:
* Tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro? * Uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido? * As enfermeiras estão proibidas de casar? * Não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer ou até dormitar num banco de jardim?
Já nos esquecemos, mas, há 50 anos, feitos agora em Abril de 2024, tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo na boca em público, um acto exibicionista atentatório da moral, punido com coima e cabeça rapada. “
Não podia deixar passar abril sem ler este livro, sem me relembrar do quanto somos sortudos por termos evitado aquele tempo (a maior parte de nós).
Este é, sem qualquer dúvida, um livro necessário, importante, educativo e essencial para todas as faixas etárias. Li alguns comentários a dizer que devia ser lido nas escolas — e concordo plenamente!
Fiquei completamente perplexo e surpreendido com algumas das coisas aqui referidas. Contei 32 proibições mencionadas ao longo do livro — algumas com mais exemplos e explicações do que outras — mas todas, sem exceção, injustificáveis.
Irei sempre recomendar este livro, para que nunca nos esqueçamos: “25 de Abril sempre. Fascismo nunca mais!”
review do livro 📖 Antes do 25 de Abril: era proibido de António Costa Santos Género: Informativo Goodreads rating: 4,29 ☆ ☆ ☆ ☆ My rating: sem rating Lido em: 🇵🇹 & 3 dias
o meu instagram é @whatsjoanareading 📖 * link na bio
🇵🇹 No livro "Antes do 25 de Abril: era proibido" de António Costa Santos, o autor descreve as profundezas de um passado repressivo que parece distante, mas que ecoa na nossa memória coletiva. Este livro apresenta a epóca da ditadura em Portugual e uma série de restrições absurdas que a sociedade portuguesa enfrentava há apenas meio século, desde a necessidade de uma licença estatal para usar um simples isqueiro até a proibição de enfermeiras se casarem... Para alguém que não viveu nesta epóca senti que foi importante ler sobre e ser confrontada com a realidade chocante de como a liberdade individual era tão perseguida.
A escrita é bastante simples (por vezes demasiado repetitiva) mas acompanhada com um constante toque de humor que ajuda a relativizar um tema que é tão denso. Recomendo a leitura deste livro que tem pouco mais de 200 páginas e onde somos instados a refletir sobre o caminho percorrido da democracia e a nos comprometermos com um futuro onde tais restrições sejam impensáveis.
Adorei este livro. Conta, de forma não tão pesada, as proibições de um tempo que espero nunca voltarmos a viver. Acho que é de leitura obrigatória, principalmente no ano em que fazemos 50 anos do 25 de abril, mais anos em liberdade do que em Ditadura. Não me vou esquecer tão cedo da célebre regra um tanto anedótica “No Reino Unido, há séculos que é proibido morrer no Parlamento”. E em Azeitão, “…é proibido empurrar pessoas para dentro de água ou afundá-las propositadamente”. Regras muito necessárias nos tempos que correm… 😭😭
É aproveitar enquanto nós é permitido ler destas obras ❤️ Uma obra 10/10, que muito faz falta a quem tem memória curta. E para quem como eu, felizmente não estava cá no antes 25 de abril e aprende umas coisas - é possível que fique boquiaberto com a estupidez das regras da antiguidade…
"Quem fosse esperar a namorada à saída das aulas tinha de andar para trás e para a frente a assobiar para o lado, esperando passar despercebido às porteiras dos liceus, que alertavam a polícia ao mais pequeno sinal de namorado à vista."
Bom, comecei a ler este livro no dia do 25 de abril, curiosa com algumas coisas absurdas que eram proibidas durante o "tempo da outra senhora", e acabei por gostar imenso deste livro. Eu apenas demorei imenso tempo a ler porque perdi a minha motivação toda para ler durante a última parte do 3º período, mas agora está a voltar. ~ Este livro é super interessante, e contado de uma maneira, com histórias e críticas que deixam o leitor curioso sobre como as pessoas antes viviam, e sensibiliza as pessoas para a estupidez que pode ser a ditadura, e o quão desnecessárias eram as proibições daquela época. ~ Acho que este livro devia ser de leitura obrigatória aqui em Portugal, para todos os cidadãos, especialmente aqueles que não estiveram presentes nesta época ou no 25 de abril aprenderem um pouco mais sobre a nossa história, de uma maneira definitivamente não enfadonha.
"O fruto não proibido deixa de ser tão apetecido."
Um livro que nos conta de forma humorística algumas das proibições bizarras em vigor durante o Estado Novo. Achei particularmente chocantes e horrorizantes as limitações nos direitos das mulheres na altura: uma mulher não poderia andar sozinha pela rua à noite sem ser levada para a esquadra e acusada de estar a atentar contra a moral e de tentar levar uma vida fácil, nem se poderia divorciar, e, mesmo que se separasse do seu marido e tivesse filhos com um segundo parceiro, estes ou teriam de ficar com o apelido do primeiro marido, ou ser registados oficialmente com a bizarra categoria de "filhos de mãe incógnita".
Os meus parabéns e agradecimentos ao autor por ter pegado num tema tão importante e tê-lo divulgado de foma tão apelativa. Foi genuinamente um livro prazeroso e engraçado de ler pela forma como estava escrito. É imperativo não esquecer o passado. A liberdade foi conquistada pelos que vieram antes de nós e é nossa responsabilidade mantê-la.
"A Carolina decidiu ir à praia com as amigas, foram de comboio. Para passar o tempo jogaram às cartas na viagem. Já na praia, comentaram os biquínis novos que cada uma tinha, beberam uma coca-cola. Enquanto as amigas foram ao mar, a Carolina ficou a ler "A Manhã Submersa" de Virgílio Ferreira. O namorado da Carolina entretanto chegou, trouxe-lhe umas calças que ela tinha pedido, deu-lhe um beijo e reclamou com o governo" (Catarina Maia, Mega Hits) Há 50 anos nada disto era possível, António Costa Santos escreve no livro estas proibições (e mais umas quantas) de uma forma detalhada e com algumas observações sarcásticas e cómicas que faz piada à leitura do livro. Recordar o passado para não repetir no presente, viva ao 25 de Abril !
Foi daqueles livros que entregou exatamente aquilo que prometeu. Muitas das proibições eu já tinha conhecimento, no entretanto, houve muitas outras que me surpreenderam não só pela negativa mas também pela parvoíce. Viveu-se tempos muito estranhos e parece que muitos os querem voltar a viver. Este livro deu-me também alguma esperança tendo em conta o período que vivemos, se na "altura da outra senhora" já havia tanta gente a fazer frente ao regime sem medo, quero acreditar que nos dias de hoje voltaria a haver essa força. Obrigada António Costa Santos por escrever de forma tão leve um tema tão pesado, e viva a liberdade!
Proibições que parecem anedóticas e que seriam impensáveis no resto da Europa - não Espanha, que essa ainda estava sob o jugo franquista... Dá uma pequena azia ao ler o quanto tudo era proibido, mesmo sem estar legislado. O que dói mais é ver que, ainda hoje, 24 anos depois da entrada no novo milénio, ainda temos algumas dessas proibições não escritas a pairar sobre as nossas cabeças... Coisas que parecem erradas quando não há nada de errado nisso, por exemplo, pisar a relva quando não há nenhum letreiro... Mas o povo lusitano gosta de proibir. E ainda hoje temos exemplos de proibições muito surreais, quiçà, reminiscências de um passado recente. É urgente ler e isso não pode ser proibido.
"Em 1971, também no 1º de Maio, manifestantes desfilaram em Lisboa, na rua das Portas de Santo Antão, em direcção ao Rossio, erguendo bandeiras vermelhas enroladas e gritando slogans contra a guerra colonial que o regime então travava em África. Quando a polícia apareceu, as bandeiras foram desfraldadas e eram do Benfica, cuja sede ficava na mesma rua, e as palavras de ordem dos manifestantes passaram para gritos de apoio ao clube."
Por momentos parece que estamos a ler uma obra de ficção, dadas as proibições descabidas que hoje nos parece fantasia por tomarmos garantida a nossa liberdade. É sem dúvida um livro de leitura obrigatória, para nos lembrarmos da constante fragilidade da nossa liberdade.
Um livro pra ler e reler ☺️ Toda a gente ouviu falar do 25 de Abril, toda a gente sabe o que se passou nesse dia, e claro damos essa parte historica na escola é certo. No entanto, há muitas coisas que não sabemos. E este livro é a prova disso. Explica muitas proibições que não fazia ideia que existiam na altura. Um ótimo livro para alargar o nosso conhecimento acerca da Revolução dos Cravos 🇵🇹
A liberdade é, por vezes, dada como garantida, "Antes do 25 de Abril" surge como um lembrete do seu valor. O livro faz-nos a refletir sobre os direitos que conquistámos e a importância de os defender.
Freedom is sometimes taken for granted and this book is a reminder of its value. The book makes us reflect on the rights we have won and the importance of defending them.
O livro é muito bom, com ironias o autor percorre por proibições do passado de uma maneira fácil de ler. Falar sobre algo importante e revoltante de uma maneira leve é uma habilidade que poucos possuem.
No final, entretanto, o autor compara a censura com a atual cultura do cancelamento. Com todos os problemas que a cultura do cancelamento possui, compará-la com a censura da ditadura pareceu-me um tanto quanto exagerado.
Já imaginaram viver numa sociedade em que o que é normal de hoje em dia, coisas simples e inocentes, fossem proibidas?
Imaginem por exemplo, livros que nós leitores estamos a habituados a ler, não serem editados e vendidos só porque podiam ter palavras ou ideias que eram consideradas ofensivas ou contrárias aos olhos da sociedade?
Havia muitas regras e restrições e o mais inacreditável é que essas proibições não eram leis, mas feitas só porque sim!
Muitas coisas não eram permitidas antes da revolução dos cravos, hoje já são, mas isso ainda provoca muita comichão às mentalidades retrógradas e preconceituosas. Porque a liberdade não é bem vista por todos, o que pode provocar julgamentos sobre o que se deve ou não fazer.
Ainda bem que atualmente não vivemos numa sociedade em que ao infringir certas regras tínhamos como consequência pagar uma multa ou até mesmo ir parar à prisão.
Sei que não nasci ou vivi essa época, mas estou muito grato por viver numa sociedade mais livre em que podemos ter o direito de dizer, pensar ou fazer aquilo que quisermos. E mesmo assim ainda há um longo caminho para percorrer.
Através de registos e dados históricos e também de publicidades de produtos que eram usados na época, o autor e jornalista dá nos uma visão de como era a sociedade antes do 25 de Abril. A escrita também se torna bastante informativa, não deixando ponto sem nó.
Este livro é uma máquina do tempo em que temos a oportunidade de viajar até aos tempos do Salazar e do Fascismo, por isso recomendo muito lerem este livro, principalmente os jovens que assim como eu ficam a saber mais sobre como funcionava a sociedade antes da revolução do 25 de Abril.
Apesar de hoje ser o "Dia da Liberdade", a liberdade deve ser celebrada todos os dias, porque é uma das coisas mais poderosas que existe.
Ao trabalhar numa instituição com jovens acolhidos e, com o que apelidamos cientificamente, em caminhos desviantes, das atividades que fiz com os mesmos foi, de no 25 de abril, os fazer investigar e decorar o setor onde estavam com as proibições do regime de Salazar por forma a consciencializar os jovens. As proibições são imensas e, apesar de as mesmas serem quase sempre badaladas, ao ler este livro dou conta de como existe um trabalho que nunca foi feito. Apesar de sabermos das diversas proibições generalistas dos beijos, de relações queer e da censura generalizada, parece faltar a consciencialização de como o povo português, ainda hoje, se deixa influenciar por estes anos. Quer por saberes populares que não são desmistificados com proibições que, na verdade, não existem, ao fim de 50 anos a cultura portuguesa continua refém deste regime. Urge não só falar do 25 de abril, mas de investir em produções cinematográficas, em histórias contemporâneas que levem às massas e a todas as esferas da população, o crescimento que a mesma ainda não atingiu. (Adorei o livro sendo que, para mim, pecou somente pela escrita, da qual nem sempre fui apreciador.)
Nesta obra, acedemos ao vasto leque de proibições que eram impostas à sociedade. Ou seja, as páginas baseiam-se nas restrições que antecederam a revolução, onde a realidade ditatorial era aplicada a cada esboço ou tentativa de individualidade.
A censura é, por si só, algo de lamentável. Algumas das medidas, outrora em vigor, poderiam até parecer irrisórias de tão descabidas. Por exemplo, era proibido sacudir à janela o que quer que fosse, era proibido andar com isqueiro na via pública, ou seja, era necessária uma licença do Estado para o uso do mesmo. Com isto, percebemos do quão surreal era a vida quotidiana. A opressão da mulher e os condicionamentos inerentes ao seu estatuto demonstram a injustiça e a ausência dos direitos básicos.
O facto do autor ser jornalista há largos anos, faz com que exista um poder de síntese em cada capítulo bastante aprazível. Uma escrita direta e eficiente que se complementa com arquivos históricos, notícias da época, publicidades de então, cartazes e fotografias.
Este livro é ilustrativo do esforço que foi necessário para entregar à liberdade a expressão que ela sempre deveria ter tido.
Mais do que nunca é preciso ler, instruir, aprender, conhecer a realidade de antes da revolução dos cravos, esse tempo estranho que eu não vivi e que me assusta cada vez mais. E acho este livro tão importante, tão adequado, tão bem escrito, tão intenso, que gostava que estivesse em casa de toda a gente.
A 𝗟𝗶𝗯𝗲𝗿𝗱𝗮𝗱𝗲 é ainda um bebé pequenino, que precisamos cuidar e alimentar, para que cresça forte e não deixe essas "viroses" carregadas de bolor darem cabo dela! E elas estão aí, impregnando o ar, a sair dos armários onde estavam escondidas, sem medo e sem vergonha.
Sabem o que é mais chocante, muitas destas proibições, não estavam escritas, não eram leis, foram crescendo de dia para dia, as pessoas vigiavam-se umas às outras, olhando para o vizinho e julgando, atentos ao cumprimento das regras, cheios de moral, com a mania da superioridade, em concluo com a igreja e os seus bons costumes. Guess what? Todos os dias vejo isto a acontecer ainda, mais subentendido talvez, mas infelizmente, ainda há muito caminho a percorrer!
Não nos podemos calar, não podemos deixar esquecer, não podemos deixar o fascismo passar!