As palavras não são desse mundo

by Hugo von Hofmannsthal

Entre as correspondências que Hugo von Hofmannsthal guardou (1874-1929), as cartas trocadas na juventude com Edgar Karg (1872-1905) ocupam um lugar de destaque, tanto que próprio poeta chegou a pensar em publicar boa parte delas, em uma antologia que recolheria o melhor da sua produção juvenil. Ao mesmo tempo que o seu precoce talento é celebrado nos círculos literários, Hofmannsthal procura aqui aproximar à própria existência de "poeta" um amigo que, ocupado nos serviços da Marinha frequentemente muito distantes, não pode compartilhar com ele a mesma riqueza cultural. Não se tratava, porém, de fazer trabalho de baixa divulgação, mas, sim, de liberar a poesia da atmosfera artificiosa dos salões e das academias, colocando-a em relação à existência dos homens. Temas e problemas que desempenham um papel fundamental na sua obra e em boa parte da poesia moderna, são, aqui, enfrentados de maneira imediata, e são continuamente confrontados e relacionados às experiências cotidianas e aos afetos comuns. De um lado os primeiros passsos dados por Hofmannsthal no "caminho em direção à vida", na tentativa de romper, graças a essa amizade, o isolamento do artista. Do outro uma límpida, inédita perspectiva sobre a reflexão empreendida por Hofmannsthal sobre a literatura, sobre a sua relação com a vida, e em geral sobre a amizade e a formação do indivíduo. Um daqueles raros casos em literatura em que a expressão une felizmente imediatismo e profundidade.

81 pages, Kindle Edition

First published January 1, 1966

About the author

Austrian writer Hugo von Hofmannsthal established his reputation with lyric poems and a number of plays, including Yesterday (1891) and Death and the Fool (1893).

This Austrian novelist, librettist, poet, dramatist, narrator, and essayist flourished.

https://en.wikipedia.org/wiki/Hugo_vo...

Reviews

[Benedetta Mauri · Rating 5 out of 5]

Sarebbe da 8

[Ana Helena · Rating 5 out of 5]

Quanta delicadeza compartilhar as palavras - mesmo que sejam só isso, palavras - com alguém a quem se quer bem.

[Giovanne]

Agora entendo o porquê do grande entusiasmo do Stefan Zweig pela escrita do Hofmannsthal, que belas cartas encontradas nesse pequeno volume da editora Âyiné. É uma pena ser tão curtinho, queria me deleitar ainda mais nas palavras do Hofmannsthal. Vi que há poucas obras dele traduzidas para o português brasileiro, o que é uma tristeza.

O Zweig dizia o seguinte do Hofmannsthal:

"A figura do jovem Hofmannsthal é e permanece memorável enquanto um dos grandes milagres da perfeição precoce. Afora Keats e Rimbaud, não conheço na literatura universal, em idade tão jovem, nenhum outro exemplo de semelhante infalibilidade no domínio da língua, nem tal amplitude na fluência das ideias, nem tal arte de impregnar com substância poética mesmo a linha mais casual, como esse grandioso gênio, que já os dezesseis, dezessete anos anos gravou seu nome na língua alemã com versos imorredouros e uma prosa até hoje insuperada. Seu começo súbito e já em estado de perfeição constituiu um fenômeno que dificilmente se repete numa mesma geração. Por isso, a improbabilidade de seu surgimento foi admirada como um acontecimento quase sobrenatural por aqueles que primeiro tiveram notícia dele."

Há uma carta em específico me deixou maravilhado, transcrevo partes dela para que tenham noção da prosa cativante do Hofmannsthal.

Göding, 18 de junho de 1895

[...] O importante não é aprender coisas novas, mas refletir na própria interioridade e aprender a fazer algo a partir daquilo que já se possui. [...] A maior parte das pessoas não vive na vida, mas na aparência de vida, um tipo de álgebra onde tudo quer dizer alguma coisa, mas nada é de fato. Eu queria sentir o ser das coisas, estar em seu imerso no ser, no sentido real e profundo. O universo inteiro é repleto de sentido, seu significado está na sua forma. A amplitude das montanhas, a vastidão do mar, a escuridão da noite, o olhar dos cavalos, o modo como são feitas nossas mãos, o perfume dos cravos, a planície, as colinas e os vales, as dunas, os abismos, a paisagem vista a partir das montanhas, os declives, a sensação que se tem quanto se caminha em um dia muito quente sobre o piso frio de casa, quando se toma um sorvete, ou seja, em todas as inúmeras coisas da vida, em cada coisa, e, em cada uma delas de modo particular, exprimi-se algo que não é capaz de ser reproduzida pela palavra, mas que fala a nossa alma. O mundo inteiro é a comunicação de coisas incompreensíveis a nossa alma ou a comunicação da alma com ela mesma. [...] As palavras não são deste mundo, são de um mundo em si mesmo, um mundo completamente independente, como o mundo dos sons. Pode-se dizer aquilo que existe; pode-se musicar tudo aquilo que existe. Mas não pode dizer jamais completamente como existe. É por isso que a poesia, como a música, produz uma nostalgia estéril. Muita gente a ignora e acaba sucumbindo ao comunicar-se com a vida. Ela fala por si mesma. Fala através dos fenômenos. Há sempre um fenômeno, uma combinação de palavras, uma concatenação de notas que tocam nossa alma como se fosse a própria coisa. [...]

Obrigado Stefan Zweig por me apresentar este maravilhoso escritor. Espero ler mais coisas dele futuramente.

[Eduardo Souza · Rating 3 out of 5]

um livro fácil de ler, expressa muito do espírito do romantismo – sobretudo em oposição ao positivismo do século 19. a troca de cartas é muito emocionalmente honesta e tem passagens muito bonitas, que gostaria de ter lido nos meus vinte-e-poucos. nesse sentido, lembra um pouco as clássicas “cartas a um jovem poeta” de rilke (que, por sinal, até hoje, nunca tive coragem de reler). ainda assim, por ser uma leitura breve (li quase em um fôlego só), vale bastante!

[Daniela · Rating 3 out of 5]

*3,5 stars

[João · Rating 4 out of 5]

bonito bromance epistolar.

[Guilherme Rodrigues · Rating 4 out of 5]

Ótimo livro. A edição, porém, deixou a desejar com diversos erros tipográficos e um gramatical.

[antônia · Rating 4 out of 5]

olhando para o céu e pensando porque eu demorei 5 anos para terminar de ler esse livro

[Bobparr · Rating 5 out of 5]

Scrivere di Hofmannsthal non è difficile, perchè non si può che dire bene di un autore cosi' giovane, così limpido, così accurato. Ma non è neppure facile, poichè le corde dell'anima che tocca - con affondi inaspettati - risultano frastornate dalle riflessioni del poeta. Il testo è costituito da una raccolta di lettere che l'autore (diciottenne) e il guardiamarina Edgar Karg (ventenne) si sono scambiati nel corso di tre anni, dal 1892 al 1895. Passate le prime schermaglie di reciproca conoscenza, le lettere (comprese le risposte di Karg) si susseguono in un crescendo di confidenze, di riflessioni, di dubbi che scorrono dal più anziano al più giovane, che nel cercare risposte all'amico dà immagini mirabili del suo stesso sentire - nonchè un quadro, tra le righe, della cultura della Vienna di fine secolo. Libro che va lasciato riposare, e ripreso a momenti distanti. Mi ha ricordato - seppure lo scheletro e l'intenzione di quest'ultimo fossero differenti - il Diario di Jules Renard. Ma a differenza di Renard, che ho acquistato, il testo di Hofmannsthal mi è stato donato; e quando i doni superano le aspettative, sono ancora più belli.

[Giulietta · Rating 4 out of 5]

(...) La gran parte degli uomini non vivono nella vita, ma in una pura apparenza, in una sorta di algebra dove nulla è e tutto soltanto significa. Io vorrei sentire forte l'essere di tutte le cose, vorrei stare immerso nell'essere, nel vero e profondo significato delle cose. (...)

[Daniel]

"Je crois qu'il ne m'est encore jamais tombé du ciel, de facon imprevue, une joie pareille a ton amitie"