Este livro reutiliza o ISBN 9789899080317, presente nos restantes livros desta coleção.
É frequente dizer-se que o consulado de Marcello Caetano, de Setembro de 1968 a Abril de 1974, foi marcado por dois tempos, um allegroprimaveril, prenhe de expectativas e optimismo, e um adagiooutonal, carregado de desilusões e de sombras. A expressão «Primavera marcelista» foi, de resto, cunhada e amplamente utilizada para caracterizar os primeiros tempos de Caetano, que uma idosa de província, depois de ser cumprimentada por ele numa das suas incursões pelo país, terá dito, expressivamente, «este Salazar é mais simpático do que o outro!». Afirmação que, na sua ingénua sabedoria, acabava por resumir o drama de Marcello, pois, reconhecendo a sua maior simpatia, acabava por revelar que, no imaginário do país, do povo e das elites, era tal a marca e a carga de Salazar que o nome deste se confundia com a própria ideia de governo da nação.