O que chama a atenção em Os anões , de Veronica Stigger, é o que podemos chamar de certa propensão ao originário, que fica patente já no título de uma das três seções em que o volume se divide, Pré-histórias – as outras duas são Histórias e Histórias da arte . As Pré-histórias falam de um mundo primitivo que, no entanto, coincide integralmente com o nosso mundo presente. Estamos diante de seres que parecem ainda não ter aprendido as lições mais elementares de sobrevivência, como nos curtíssimos “Caça” e “Colheita”; ou perante criaturas que executam estranhos rituais, como no enigmático “Caverna”.
Veronica Stigger é uma escritora, jornalista, professora e crítica de arte brasileira.
Formou-se em Jornalismo, mas deixou as redações para dedicar-se à pesquisa universitária. É doutora em teoria e crítica da arte pela Universidade de São Paulo, com estudo sobre as relações entre arte, mito e rito na modernidade.
Desde 2001 vive em São Paulo com o poeta, ensaísta e crítico Eduardo Sterzi. O trágico e outras comédias, seu livro de estréia, foi publicado primeiramente em Portugal, em 2003, pela editora Angelus Novus. Em abril de 2004 foi lançado em versão brasileira pela 7Letras. Em 2007 lançou pela Editora Cosac Naify o livro Gran Cabaret Demenzial,1 tendo participado da V Festa Literária Internacional de Parati (FLIP), ao lado de Cecília Giannetti e Fabrício Corsaletti, entre outros. Em 2010, lançou, pela mesma editora, "Os anões", que mistura textos de gêneros variados, e montou em novembro sua própria exposição "Pré-Histórias, 2", com cartazes afixados nos tapumes da obra do SESC 24 de Maio da cidade de São Paulo.
Uma coletânea de textos absurdos, uma falta de sentido danada, uma criatividade incrível que representa aquilo que está dentro de nós: o grotesco, o sublime e o vazio. Nos distancia, mas ao mesmo tempo nos traz para bem perto daquilo que somos.
Um casal de anões fura a fila na confeitaria e sofre um espancamento coletivo.
A violência começa como sempre começa: inocente e justificada. A iniciativa de um justiceiro estimula os outros. Só um empurrãozinho pra ver se eles se tocam, só um murrinho pra ver se eles aprendem, só um pontapezinho pra ver se eles não esquecem. Em pouco tempo, ninguém lembra mais o que catalisou a violência, que ganha vida própria e se reproduz sozinha. No final, não há sequer o remorso. Por que alguém se arrependeria ou sentiria vergonha de fazer o que todo mundo estava fazendo?
A edição do SESI-SP traz uma coletânea de contos, mas o que dá nome ao livro é o meu favorito. Me deixou pensativa, o que quase sempre é boa notícia.
Verônica tem uma maneira muito peculiar de narrar o absurdo. As situações mais estapafúrdias, brutais, chocantes se tornam palatáveis e corriqueiras pela maneira simples e natural com que ela tece sua literatura de choque - um empreendimento muito tentado na literatura contemporânea, mas que muitas vezes acaba raso, gratuito, barato. Com a Verônica não. Ela sabe fazer. Sabe desconcertar com fluidez, escandalizar com calma, desprezar com impacto. Não deve ser a leitura mais fácil, muita gente não vai gostar. Mas eu gosto bastante.
Os anões, Veronica Stigger - Não conhecia a Autora, não conhecia a obra... me apaixonei na primeira frase de agressão! ahahha Um livro de contos cheios de agressão, violência, sarcasmo, e tudo de uma forma simples, rápida e sem remorsos! Adorei a recomendação! Alunos realmente mudam minha vida!
No começo eu gargalhei, depois eu só achei engraçado, mais tarde fiquei preocupado com minha própria perversão, mas cedi ao transe e ao passeio psicopata que o livro nos leva. Sociedade espetáculo, apatia, violência, indiferença, esse livro é fenomenal.
rindo muito que a diva tirou o contemporaneo pra merda de jeitos tao engraçados. eu gosto do inespecifico, mas "subverter" ele pra acabar no riso é ainda mais divertido!