Em meados de 2005, uma singular notícia era divulgada simultaneamente por veículos políticos altermundistas e pela mídia o clube italiano FC Internazionale, de Milão, estava se correspondendo, criando laços e enviando auxílios a indígenas do estado mexicano de Chiapas, organizados em torno do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). Dezenove anos depois deste episódio – e trinta após o levante de 1° de janeiro de 1994 –, Rostos cobertos, corações à futebol, autonomia e luta zapatista é um livro que reúne a rica produção textual zapatista dedicada ao futebol. Para além do intercâmbio com a Inter de Milão, encontramos em correspondências do Subcomandante Marcos endereçadas a Eduardo Galeano, relatos de partidas disputadas pelos zapatistas em localidades diversas, e uma profícua criação de personagens, narrativas poéticas e metáforas políticas que enredam o futebol à invenção de outros modos de existência. Organizado pelo historiador futebolístico Micael Zaramella, este é um livro que, desde as perspectivas zapatistas, nos permite oxigenar nossa imaginação política e investir na criação de outros futebóis e mundos possíveis.
aprender é tão bom. perceber que outros mundos são possíveis e que, por incrível que pareça - pois é crível -, e apesar dos pesares, dos domínios, do caminhar capitalista e dos muros que nos cercam, é possível sim. pois temos a capacidade de, coletivamente, criar frestas, feridas nestes muros e de firmar e reinvindicar nossa capacidade revolucionária de pensar e construir futuros no presente, não esquecendo o passado, muito pelo contrário, valorizando nossas lutas e resistências. autonomia, vida e comunidade. q prazer em conhecer sobre a luta zapatista, em ler estes comunicados, registros, histórias, e em conhecer outros futebóis, em conhecer outras formas de se viver na cidade, no campo, num mundo abaixo e à esquerda. e que singelo, bem humorado e esperto escreve o Sup Marcos/Galeano sobre figuras como Olivio, Calamidad, Gato-perro, Esperanza e outros, além das trocas de cartas e comunicações diretas com a sociedade civil. esperança e rebeldia para vivermos plenamente.
"Si alguien pregunta a quién le deben los zapatistas, las zapatistas, su existencia, su resistencia, su rebeldía, su libertad, dirá verdad quien responda: «A NADIE».
Porque así es como el colectivo anula la individualidad que suplanta e impone, simulando que representa y orienta.
Por eso les hemos dicho, familiares de la búsqueda de la verdad y la justicia, que cuando de su lado todos se vayan, quedaremos NADIE.
Una parte de ese NADIE, acaso la más pequeña, somos nosotras, nosotros, zapatistas. Pero hay más, mucho más.
NADIE es quien hace andar la rueda de la historia. Es NADIE quien trabaja la tierra, quien maneja las máquinas, quien construye, quien trabaja, quien lucha.