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Quarenta dias

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Quarenta dias no deserto, quarenta anos. É o que diz (ou escreve) Alice, a narradora de 'Quarenta dias', romance de Maria Valéria Rezende, ao anotar num caderno escolar pautado, com a imagem da boneca Barbie na capa, seu mergulho gradual em dias de desespero, perdida numa periferia empobrecida que ela não conhece, à procura de um rapaz que ela não sabe ao certo se existe. Alice é uma professora aposentada, que mantinha uma vida pacata em João Pessoa até ser obrigada pela filha a deixar tudo para trás e se mudar para Porto Alegre. Mas uma reviravolta familiar a deixa abandonada à própria sorte, numa cidade que lhe é estranha, e impossibilitada de voltar ao antigo lar. Ao saber que Cícero Araújo, filho de uma conhecida da Paraíba, desapareceu em algum lugar dali, ela se lança numa busca frenética, que a levará às raias da insanidade. 'Eu não contava mais horas nem dias', escreve Alice em 'Quarenta dias', um relato emocionante e profundo. 'Guiavam-me o amanhecer e o entardecer, a chuva, o frio, o sol, a fome que se resolvia com qualquer coisa, não mais de dez reais por dia (...)'. Onde andaria o filho de Socorro? A que bando estranho se havia juntado, em que praça ficara esquecido?

248 pages, Paperback

First published March 1, 2014

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About the author

Maria Valéria Rezende

44 books56 followers
Maria Valéria Rezende nasceu em 1942, em Santos (SP), onde morou até os 18 anos. Em 1965 entrou para a Congregação de Nossa Senhora - Cônegas de Santo Agostinho. Sempre se dedicou à educação popular, primeiro na periferia de São Paulo e, a partir de 1972, no Nordeste. Viveu no meio rural de Pernambuco e da Paraíba e, desde 1986, mora em João Pessoa. Já esteve em Angola, Cuba, França e Timor, entre outros países, convidada a falar sobre seus projetos sociais. Maria Valéria estreou na ficção em 2001, com o livro de contos Vasto mundo. Depois, escreveu livros infanto-juvenis e o elogiado romance O Voo da guará vermelha. A autora, que costura referências das culturas erudita e popular, “é uma revelação em nossas letras”, como disse Frei Betto.

A experiência de Maria Valéria com a dor do analfabetismo e também com a educação de jovens e adultos foi o mote para O voo da guará vermelho. “Uma personagem se apaixona por aprender a ler e a outra descobre um sentido para sua vida, ensinando”. A autora constrói no livro o encontro de Irene, uma nordestina que vira prostituta em São Paulo, com Rosálio, um servente pedreiro. Dona de uma escrita inventiva e conhecedora da realidade de “Rosálios” e “Irenes”, Maria Valéria fez uma obra poética e forte, que dispensa trivialidades.

Nos contos de Vasto mundo, seu primeiro livro, Maria Valéria apresenta “causos” do povo nordestino, em que trata de amores e dores, da geografia local e da crença fácil no que transcende o explicável. A autora também escreve para crianças e jovens, tanto poemas quanto histórias ficcionais, em que aborda temas como o medo, a lealdade e as relações sociais, sempre com humor e criatividade.

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Community Reviews

5 stars
140 (23%)
4 stars
233 (39%)
3 stars
144 (24%)
2 stars
55 (9%)
1 star
19 (3%)
Displaying 1 - 30 of 75 reviews
Profile Image for Alysson Oliveira.
385 reviews47 followers
November 10, 2014
Quarenta Dias, de Maria Valéria Rezende, me fez fazer uma coisa que um leitor consciente jamais deve fazer: deixar se seduzir por um narrador - narradora, no caso. Depois de poucas páginas eu estava completamente imerso nas palavras de Alice, e esquecia de me questionar se o que ela me contava era verdade. Isso, claro, porque a prosa da autora é certeira, precisa, sem excessos, mas também não é seca, A jornada da protagonista - uma paraibana que é obrigada a se mudar para Porto Alegre para ajudar à filha grávida - é um retrato do nosso presente, do ser da pós-modernidade, dividido, solitário em meio à multidão. A inserção se dá por meio de um consumismo discreto (livros e roupas usadas, comida) e laços de afeto. Esse romance é, no fundo, um estudo de personagem - muito bem meditado, muito concreto e possível e, ao mesmo tempo, iluminador sobre a condição humana. Fiquei interessado nos outros livros da escritora - e vou ler!
Profile Image for Arthur .
284 reviews67 followers
September 4, 2014
Adorei. (Gripado, com pouca empolgação pra escrever a babação de ovo que o livro merece.)

(Dei 5 estrelas, daí mudei pra 4 e aí percebi que a mudança era por conta do desÂnimo da gripe e voltei pra 5.)
Profile Image for Márcio.
678 reviews1 follower
November 22, 2023
Quarenta dias de Maria Valéria Rezende é uma pequena preciosidade.
Uma odisseia de uma Paraibana pelas ruas de Porto Alegre. Uma procura do outro que resulta em uma viagem de auto-descoberta. Uma conversa franca com a boneca Barbie. Uma aventura de Alice no país das desmaravilhas, onde ainda há espaço para algum calor humano.
São muitas as definições possíveis, e imenso é o prazer da leitura.
Profile Image for Luciana.
516 reviews160 followers
September 16, 2024
Ainda não li um livro da escritora que não tenha sido bom, sendo o caso desse também.

Contando uma história que aparentemente não tem muito atrativo, mas que aos poucos se desdobra em várias situações inusitadas e inesperadas que prende a atenção, esse é um romance sobre o que fazem conosco e o que fazemos em replica à mágoa e a sensação de se ter sido traído.

Quando Alice se propõe a narrar, como um diário em um simples caderno escolar da Barbie os seus dias de confusão em Porto Alegre, ela, assim como Valéria em Caderno proibido abre espaço para lidar com a insensibilidade do outro, com a compaixão inesperada e a capacidade de viver a cidade como se estivesse alheia a ela.

Sendo obrigada a se mudar para o sul do país, mediante uma chantagem-punição da filha, que transfere a responsabilidade para a mãe acerca de sua gravidez, a narradora inconformada, deslocada e sem noção de espaço, começa a viver de forma quase irreal, saindo pelo desconhecido em busca da pessoa que era quando era feliz antes da mudança.
Tendo casa, mas não tendo a ideia de lar, buscando por um desaparecido, é a própria protagonista que acaba por encontrar um pouco de si no caminho, seja dormindo na rua em um sofá abandonado, em um hospital, ou mesmo numa praça, tudo isso, nos levando ao encalço em um labirinto de ações e encontros que é a síntese da busca por uma identidade perdida.
Eu tive uma ótima leitura, o que sempre ocorre quando leio Maria Valéria Rezende.
Profile Image for Carolina.
82 reviews20 followers
October 24, 2017
A narrativa de Maria Valéria Rezende é fluida e envolvente. As brincadeiras com as gírias nordestinas e gaúchas são o ponto alto do livro. Gostei mais de “Vasto Mundo” e de sua narrativa toda encaixada, mas “Quarenta Dias” também é uma boa experiência.
Profile Image for Suellen Rubira.
954 reviews89 followers
April 28, 2024
Releitura em 2024
É engraçado retornar a esse livro e, agora morando em Porto Alegre, reconhecer muitos dos lugares pelos quais Alice transita. É uma busca por casa na cidade imensa que, de alguma forma, resgata Alice.



(2016)
Gostei desse formato diário terapêutico e o clima surreal envolvendo a narradora Alice. Praticamente obrigada a mudar-se para Porto Alegre porque a filha quer engravidar e precisa de alguém que cuide da criança, afinal sua carreira é muito atribulada, Alice é abandonada pela segunda vez, quando a filha e o genro vão para o exterior para estudar. Deslocada daquilo que conhecia por casa, para uma função que não lhe cave e que se concretizará apenas num futuro incerto, Alice rejeita a nova casa e parte para as ruas de Porto Alegre a fim de encontrar sua autonomia e suas raízes.
Profile Image for Alison.
115 reviews3 followers
July 15, 2017
Este livro me surpreendeu, realmente. Não sei se foi a linguagem, a narrativa, a história ou o fato de se passar entre a Paraíba e Porto Alegre- ou se tudo junto. Isso é o que chamo de romance contemporâneo, viu?
Profile Image for Helena Romera.
54 reviews16 followers
January 13, 2017
não sei se eu estou muito crítica ou se não estou sabendo mesmo escolher bons livros ultimamente. esse aqui tem bons momentos mas no geral achei bem chato
Profile Image for Laura Lícia.
103 reviews9 followers
May 30, 2017
Começou bem, mas depois..achei a história insossa... não resolveu nada, nem discutiu o que eu esperava...bleh ...
Profile Image for Carine.
72 reviews2 followers
November 10, 2019
Não prende na leitura. Achei chato e passei trabalho pra chegar ao final.
Profile Image for Clara.
79 reviews21 followers
May 31, 2020
bem parado, não acontece nada, não resolve nada. achei bem insosso
Profile Image for Rogerio Lopes.
819 reviews17 followers
December 10, 2024
Definitivamente eu tenho sérios problemas com livros que tentam manipular o leitor ou convencê-lo de sua relevância porque militam em prol de alguma causa. Em Quarenta Dias de Maria Valéria Rezende, temos um combo de tudo isso.
Não dá para dizer que seja um livro mal escrito, inegavelmente a autora consegue prender a atenção do leitor e desconfio que muitos não vão se incomodar com os pontos que me tiravam o tempo todo da narrativa. Para aqueles ávidos por “críticas sociais" temos aqui um prato cheio. É inegável que a autora consegue criar um retrato da vida nas ruas relativamente fidedigno, que aqui e ali exista uma crítica ao sistema e ao onipresente racismo estrutural.
Sob esse ponto de vista o livro é relativamente preciso, o problema são seus protagonistas. Norinha a filha da narradora é retratada com tintas que lembram a vilã de uma novela de gosto duvidoso. Suas decisões são absurdas, egoístas e profundamente burras, a autora pretende que acreditemos que dois doutorandos não vejam os problemas logísticos de suas escolhas.
Mas ok, relevemos a coisa se torna realmente impossível é com Alice, uma personagem extremamente mal escrita e inconsistente. Será crível que uma professora com uma longa carreira no ensino, que tenha tido a oportunidade de um intercâmbio na França (por mais breve que seja) seria tão ingênua a ponto de não saber o quão racistas os moradores de Porto Alegre poderiam ser?
A autora força um paralelo com a Alice de Carroll, mas se aquela é uma criança a nossa é quase avó, culta, falante de pelo menos duas línguas estrangeiras. No entanto, em diversos momentos Alice age como uma tola ingênua ou mesmo uma parva. O incidente envolvendo o “cacetinho” para uma falante de três idiomas é absurdo. Ah mas dirão ela está em choque, bem a narrativa não nos dá indícios para tal. Alice está magoada, com medo e irritada, agora desprovida de suas faculdades mentais não. Certo que entrar sozinha num alojamento de peões de obra não demonstre domínio da razão ou conhecimento das mazelas do feminino.
O grande problema do livro portanto é a falta de coerência e verossimilhança, para não dizer o maniqueísmo. Os personagens brancos são esnobes e racistas, já os “brasileirinhos”, os "de cor" são todos éticos, boas pessoas e sempre prontos a ajudar o próximo. A despeito da crítica social existente, a autora idealiza a vida dos moradores de rua e moradores de comunidades. Ao mesmo tempo em que demoniza os demais habitantes da cidade. Maria Rezende também abusa um bocado das facilitações.
O incidente envolvendo os dois médicos no hospital, (vão dizer que seria a ótica de uma “vítima”), é de um, para usar o termo correto, racismo e ressentimento exacerbados.Não existe racismo reverso, fato, mas racismo é racismo e quando são feitas aferições com base na cor da pele o nome é um só. E novamente são pensamentos que não condizem com a cultura da personagem. Alice deveria seria capaz de entender um momento de descontração em meio a uma rotina extenuante.
A autora parece ter dificuldade em construir suas personagens Rezende quer nos sugerir que Alice está em algum tipo de surto, mas fora o dizer que a partir do segundo dia de sua “fuga” perde a noção das coisas, apresenta o tempo todo uma lucidez e um pensamento lógico que não condizem com alguém fora de si. Uma pessoa em surto não tem preocupações sobre higiene corporal ou ganas de entrar em sebos e fazer anotações literárias.
Outro ponto que incomoda e muito é a escrita de Alice no caderno, suas conversas com a Barbie. O que poderia ser configurado como um relato confessional, a imagem da boneca como uma “amiga imaginária” que fornece suporte para a narradora contar sua aventura é quebrado o tempo todo quando a narradora se dirige desnecessariamente em inglês. A autora quer fazer uma marca de elitismo, configurar a boneca como a loira de corpo impossível e vazia num claro paralelo com as socialites que Alice inveja. Longe de demonstrar uma divisão de classes adequada a personagem exala um ressentimento não explicitado.
Rezende perde por outro lado uma grande oportunidade em nos mostrar a relação de Norinha com a família branca e endinheirada de seu esposo. Temos pequenos acenos, mas nada que nos permita entender a dinâmica. Até mesmo uma humanização da personagem demonstrando que seu egoísmo vem de um profundo sentimento de exclusão, não a autora prefere retratá-la como uma vilã vazia e sem alma.
Quarenta Dias de Maria Valéria Rezende é um livro com boas intenções, porém mal executadas, peca pela falta de coerência, maniqueísmo e que abusa da suspensão da descrença pelo leitor. Me parece um baita potencial desperdiçado com ou sem Prêmio Jabuti.
Profile Image for Iara Couto.
106 reviews19 followers
September 5, 2023
Quatro estrelas, quase cinco.

Esse livro me lembrou muito Caderno Proibido (um dos meus livros favoritos), mas com uma pegada mais atual. Só não foi 5 estrelas porque achei que, em algum momento, a autora se estendeu demais em sua peregrinação. Consigo entender as avaliações que falam que não resolve nada, mas acho que a proposta era essa mesmo, ser mais contemplativo e existencialista. Gostei!
Profile Image for Rodolfo Borges.
252 reviews3 followers
March 18, 2017
O livro começa muito bem na tensão mãe e filha, mas se perde junto com a narradora em busca de Cícero.
Profile Image for Luciana Betenson.
271 reviews2 followers
June 28, 2024
“Quarenta dias” conta a história de uma professora aposentada paraibana, que sai de João Pessoa e cai de paraquedas em Porto Alegre, para onde se muda de mala e cuia, pressionada pelas pessoas próximas a mudar de vida e ajudar a filha, que deseja engravidar. Adorei a linguagem, a narrativa, as piadas sutis e inteligentes, e me envolvi emocionalmente com a personagem principal que conta sua história, a Alice no país das não-maravilhas. É quase uma road trip - na verdade um hike - uma viagem a pé pelas ruas de Porto Alegre, onde ela passa quarenta dias descobrindo outros mundos e gente que parece diferente, mas que na verdade é próxima nas desventuras da vida. Uma história muito original, um caminho de descobertas interessante, gostei muito! Só senti falta de um final mais amarrado, mas nada que tire o valor do livro.
Profile Image for Fernanda.
Author 1 book11 followers
January 17, 2021
A paraibana Alice, professora aposentada, vive por 40 dias nas ruas de Porto Alegre, por razões tão (in)compreensíveis quanto as que levaram sua xará a perseguir o coelho. Sua interlocutora é a Barbie, da capa de um caderno, onde escreve a sua história, profundamente humana história. E o que a Maria Valéria Rezende faz com as palavras é das coisas mais bonitas que li nos últimos anos!
Profile Image for aninha.
39 reviews1 follower
May 9, 2025
não gostei. o ponto positivo pra mim foi a prosa da autora que é uma delícia de ler, mas fora isso, uma zona, sai do nada e vai parar em lugar nenhum.
Profile Image for Felipe Vieira.
784 reviews17 followers
July 25, 2022
3,5

Em Quarenta Dias acompanhamos a história de Alice que se muda a contra gosto de João Pessoa para Porto Alegre para ajudar a filha, Norinha, em uma futura maternidade. Maternidade sempre adiada por causa do futuro profissional da filha e seu marido.

Depois de um jantar em que a filha fala sobre viajar depois que a mãe se muda há uma reviravolta na história e Alice passa quarenta dias perambulando pela capital do Rio Grande do Sul como se fosse uma pessoa sem teto. À princípio ela busca por Cícero Araújo um paraibano que a mãe não tem contato há muito tempo e pede para Alice tentar encontrar e informá-la.

Durante as andanças de Alice vamos acompanhado as diferenças culturais existentes em nosso país. Não só pelo sotaque, mas também pelo comportamento e variações linguísticas, regionalismos. Muito dessas andanças se dá pelo fato de Alice se sentir perdida, sem lar e deslocada longe de sua terra. Lá ela se sentia acolhida, era alguém. Não estava vivendo em uma vida transitória. Aliás, essa vida transitória para ser permanente. Quando olhamos os relatos dos personagens que também vieram do Nordeste do país e se encontram com Alice ao longo de sua jornada em busca de Cícero. Esses personagens que mudaram, transitaram em busca de uma nova vida, que foram atrás de melhorar e crescer longe onde nasceram. Eles mudam, mas nem sempre se sentem acolhidos ou pertencentes em esse novo local. Além disso a saudade de tudo permanece.

Grande parte dessa falta de acolhimento é sentido pela xenofobia e racismo dos polacos e outros habitantes da cidade de Porto Alegre tem perante os nordestinos. Maria Valéria Rezende vai demonstrando isso de inúmeras formas, mas a principal é usando o termo “brasileirinho” para indicar que os nordestinos são diferentes e nem sempre bem-vindos. A branquitude e a xenofobia estão escancaradas. Há uma cena em que Alice tenta contratar uma empregada e uma mulher branca não aceita trabalhar para ela quando percebe de onde ela veio.

Rezende além de discutir sobre os movimentos transitórios dos nordestinos e suas andanças, também aborda a situação dos moradores de rua. O descaso, a união e como eles se viram para se manterem bem ali. Nós vamos descobrindo essas situações a partir dos relatos em que Alice escreve em um caderno da Barbie depois que volta para casa.

Eu acreditei que o livro seria sobre relações familiares, sobre mãe e filha. Mas a guinada da personagem mostrou que seria sobre muito mais. No entanto, fiquei um pouco decepcionado porque não há relatos sobre todos os dias e as poucas lembranças do passado que engrandeceriam a história ficam meio perdidas. O relato sobre o marido que sumiu na ditadura, os pais que morreram cedo. Além disso, o final é corrido porque Alice já se sente satisfeita com a transição, acolhida por Milena, a empregada que também é “brasileirinha” como ela.

Enfim, é um livro que surpreende com a mudança que toma, mas que infelizmente fica perdido com o final acelerado. Mas o enredo é envolvente. Acredito que valha a pena ler.
Profile Image for Marcela.
65 reviews
January 1, 2017
A personagem principal e narradora da história conquista rapidamente a simpatia do leitor. O ritmo e o linguajar criam uma empatia imediata. Gostei da primeira metade e por isso as três estrelas, que me divertiram o suficiente para fazer a leitura valer a pena. O desenrolar da história fica com um elo importante faltando e deixa a desejar.
Profile Image for Daniela Bach.
48 reviews6 followers
June 14, 2018
Achei o início curioso, fui instigada pela relação mãe-filha ali apresentada, e principalmente pela forma que a autora narra os fatos e suas emoções. Porém, achei a segunda parte do livro meio solta. Achei que ela se perde um pouco na busca pelo Cícero e larga o leitor junto.
Profile Image for Carolina Marchesin.
253 reviews2 followers
September 28, 2021
Uma história tocante sobre alguém que perde, ou melhor, que é afastada à força de sua vida pra exercer um papel social que não lhe cabe.
Profile Image for gab.
112 reviews
June 27, 2023
3.5 | o impulso de sair por ai vagando na rua e dormindo nuns bancos qualquer
Profile Image for Rodrigo de Oliveira.
27 reviews
April 9, 2021
"Quarenta Dias" é um exercício de prosa delicioso, duro e adorável ao mesmo tempo, num registro tão firme e maduro que as fragilidades do livro me espantam e me demovem às vezes. Os quarenta dias em questão, aqueles em que a paraibana Alice se lança a uma busca insana e simbólica até a raíz pelas ruas de Porto Alegre, demoram muito a chegar. O livro, como a personagem, parece titubear demais entre a libertação e a vergonha, e nisso ganhamos uma primeira barriga imensa onde vemos em detalhes maiores que os necessários não só o estado de espírito dessa professora aposentada, retirada de sua João Pessoa natal por uma filha indiferente, como a pragmática dessa mudança naquilo que ela tem de menos atraente (abundam as referências à Alice de Lewis Carroll e o xadrez do começo do livro não é tão difícil assim). É mesmo quando Alice se lança à rua, na quimera de encontrar o filho perdido de uma desconhecida, enquanto a sua própria filha permanece como uma sombra terrível e (no fim) irreconciliável, é que entramos com fôlego na narrativa. Os elementos estéticos que Maria Valéria Rezende emprega são sempre muito profundos, a voz de Alice é radical em sua unicidade, assim como as relações que ela estabelece na rua - onde, eventualmente, passa a morar. Dois recursos chamam atenção: primeiro, com efeitos diversos, as citações de livros que abrem cada capítulo, retirados da ficção, pedaços anotados por Alice na sua perambulação; o mais eficiente deles é a figura da Barbie, a boneca que estampa o caderno onde Alice escreve esse diário, usada como interlocutora pela protagonista, que tem por ela iguais doses de irmandade e desprezo profundo. De todo, a estrutura do livro acaba abreviando episódios incríveis da rua (o encontro com uma benfeitora que tem casa própria; a camaradagem com um argentino fugido da ditadura; até um menino que toma por filho, e que não toma nem mesmo um parágrafo, numa relação que poderia espelhar em muito aquela da filha desnaturada da vida real). Fosse menos diário e mais romance biográfico (porque esta é, enfim, uma professora de literatura), talvez o livro pudesse chegar mais fundo na dor dessa mãe abandonada que decide então abandonar em troca.

Um trecho memorável:

"Caminhei mais um pouco pela calçada, até uma parada de ônibus onde havia três ou quatro pessoas esperando, e perguntei, sem olhar nem me dirigir especialmente a nenhuma delas, se ali passava ônibus pra Vila Maria Degolada. Na Maria Degolada? Vai fazer o que lá, promessa? Vou procurar uma pessoa. Tem que pegar transporte do outro lado da avenida, ouvi, nem agradeci, enfezada, o que eu ia fazer não era da conta dela. Nem encarei a mulher que perguntou e respondeu, pra não saber se também me olhava de modo estranho. Veja como são as coisas, Barbie, agora acho que a estranheza estava era nos meus olhos, em mim, e eu a pespegava na cara dos outros, coitados, que não tinham nada a ver com o meu desmantelo. Segui até a esquina e atravessei na faixa. Outro ponto de ônibus, só uma mulher esperando e, fiquei aliviada, seria brasileirinha?, era negra, não era dali, não ia me olhar de modo estranho. Perguntei e recebi a resposta numa fala que me desmentia. Ela era dali, sim, e disse que o ônibus que já vinha parando no ponto ia pra os lados de lá, Esse dá pra ti, tu desce quando ele entrar na Bento e já vai ficar bem perto. Corre pra tu pegar esse aí que o próximo demora a chegar.

Corri, tropeçando, e me meti pela porta da frente, o carro arrancou com um solavanco, caí sentada no primeiro banco, felizmente vago, pra me dar conta, tarde demais, de que a roleta era atrás, sem ânimo pra me levantar e ir pagar a passagem. Toda a energia que eu tinha exibido atravessando a pé quilômetros daquela cidade pareceu escorrer pro chão pelos meus pés agora doloridos, deixando atrás de si um desânimo enorme. Pela primeira vez, desde que começou essa minha migração forçada, tive vontade de chorar e fiquei um bom tempo com a cara virada pra fora, fungando, querendo esconder as lágrimas, fingindo que olhava pela janela, vendo vagamente passarem avenidas e prédios que não me diziam nada, uns com essa cara de luxo padronizado que se espalha igualmente de Dubai a Xangai passando até pelo "edifício mais alto do Brasil", em João Pessoa, outros em construção ou abandonados, sei lá, com aspecto de ruína, tudo tão misturado que a gente fica sem saber se a cidade está nascendo ou morrendo, fui pensando à toa, até o vento da janela secar minhas lágrimas ou eu me lembrar das lágrimas da mãe de Cícero Araújo."

(Alfaguara/2014, p. 98-99)
Profile Image for Mariana.
367 reviews53 followers
December 1, 2020
https://www.instagram.com/p/CIQg_nZjKvE/

“Quarenta Dias” de Maria Valéria Rezende foi publicado no Brasil pela Editora Alfaguara ganhou o prêmio Jabuti em 2015.

Eu tinha um exemplar na estante há alguns anos esperando a “hora de leitura”. Quando recebi de cortesia a caixa do Clube Realejo e vi que era o livro do mês, percebi que o momento tinha chegado. Propus a leitura no Leia Mulheres Jundiaí as participantes adoraram a ideia, fiz um sorteio do meu livro extra e nos aventuramos pelas ruas de Porto Alegre junto com Alice em busca de Cícero.

No início, leitor é jogado em um turbilhão de sentimentos angustiantes, pensamentos ansiosos, em frases que ficam pela metade e na urgência da protagonista em externar sua experiência dos últimos 40 dias.

A forma como a protagonista de Quarenta Dias parte em busca de Cícero, curiosa, destemida e em uma jornada de autodescoberta não é mera coincidência de sua homônima que entrou na toca do coelho branco e encontrou Wonderland, onde ela era uma estrangeira e as regras que ela conhecia já não se aplicavam ali.

A narrativa da autora é cativante e viciante, ao finalizar e refletir sobre a leitura o livro cresceu, durante o encontro ao ouvir outras mulheres compartilhares suas opiniões ele ganhou novas camadas e, agora ao escrever para vocês, ele não para crescer em mim.

Tudo nele me impressiona, desde a técnica de escrita, a escolha da ordem dos capítulos (olá final que não está no final), narrativa dentro da narrativa, nem todas as perguntas apresentam respostas claras, desenvolvimento dos personagens/enredo, crítica social (SABE!), perda de identidade com o envelhecimento, maternidade, etc…

Enfim, foi uma experiência incrível e com certeza entrou para a lista de favoritos.

Dica para quem chegou ao final do livro: releia as primeiras páginas 😉
Profile Image for Carol Kokumai.
57 reviews1 follower
January 18, 2018
Alice, uma professora aposentada da Paraíba, se sente sozinha e abandonada pela filha em Porto Alegre e, em busca de Cícero Araújo, decide peregrinar pela nova cidade e descobre uma vida e liberdade que nunca tinha imaginado.
Esse livro segue a escola Elena Ferrante de motivos para não ter filhos, tamanho é a falta de consideração de Norinha pela sua mãe. Apesar de não ser particularmente apegada a protagonista, tenho a todo momento uma certa aversão por toda a primeira parte da obra, que nos obriga a lembrar o quanto podemos nos sacrificar, contra a nossa vontade, e fazer o que querem nossos amores.
Alice não é exatamente uma personagem amável, ela se apieda tanto das crueldades dos conhecidos, da cidade estranha, mas dificilmente se levanta contra suas próprias injustiça, até o momento que decide fugir, escapar da sua realidade e se descobre nas ruas, conhecendo esobrevivendo em meio a essa nova comunidade. Nessa jornada ela conhece a cidade, novos amigos, novas generosidades e uma liberdade que nunca esperava.
Maria Valeria Rezende é uma escritora espetacular, transmite sinceramente o pensamento intercambiado de alguém que não tem objetivo além de fugir daquilo que a tornou tão pequena, que está disposta a não voltar, mas ainda entende a merda da situação que se encontra. Além de Alice, personagens como Lola e o Chapeleiro Maluco nos são queridos, mesmo com suas poucas histórias perdidas na mente da protagonista.
Talvez meu maior problema com a obra seja a Alice em especial, me senti justiçada quando a mendiga, cansada daquela situação de alguém que não pertencia aquele lugar, a expulsa seca e direta. Nos meus sonhos, eu espero que o desejo de Lola se realize e Alice volte para seus amigos, mas sem mentir sobre quem é.
Profile Image for Laura Hanauer.
60 reviews
October 8, 2025
em "quarenta dias" acompanhamos alice, uma professora aposentada da paraíba que decide começar a escrever um diário, por onde ela deságua todas as suas mágoas e reflexões. pressionada pela filha a se mudar para porto alegre, alice se vê perdida, caindo no buraco atrás de um coelho. obrigada a morar em um lugar onde ela não queria estar e tendo a vida controlada por uma filha que aparentemente se move através do egoísmo, alice encontra nas páginas de seu diário um refúgio e, na busca pelo filho de uma conhecida da paraíba, que desapareceu em porto alegre, um motivo para seguir em frente, mesmo sem saber até onde será levada. através do diário, alice nos conta sobre os quarenta dias que passou nas ruas de porto alegre, tentando encontrar alguma forma de paz de espírito, relatando todas as aventuras e descobertas que viveu. aqui fica nítida a noção de não pertencimento. alice não se sente pertencente a porto alegre; os moradores da cidade (brancos) não a vêem enquanto alguém que deveria estar ali, tanto através do racismo quanto da xenofobia. alice só encontra algum tipo de identificação e hospitalidade quando entra em contato com outras pessoas oriundas do nordeste, que vieram tentar a sorte no sul, o que acentua a saudade de tudo o que lhe era mais precioso e íntimo: sua casa, sua cidade, seu lugarzinho no mundo, onde ela se sentia bem e feliz. a escrita de maria valéria me conquistou logo nas primeiras páginas, sendo o tipo de escrita que só consigo encontrar em escritoras brasileiras. é de uma beleza e de um poder que me deixaram nas nuvens. me senti alice escrevendo em seu diário, me senti alice perambulando pelas ruas de porto alegre, tentando encontrar um sentido para tudo o que estava vivendo. é fascinante. sinceramente não vejo a hora de poder ler mais obras da autora, que certamente se tornou uma das minhas escritoras favoritas.

[insta @grifandolivros]
Profile Image for dri.
72 reviews
April 8, 2025
Um livro que tenta. O livro tenta ter uma crítica social, tenta ter um estilo de escrita, tenta ludibriar, manipular o leitor, mas falha de todas as maneiras.
Uma boa premissa desperdiçada em um lenga lenga de 189 páginas. Maria Tavares Rezende falha na tentativa de criar um ambiente racista, quando tudo o que ela faz é instiga o leitor a pensar é que de fato racismo reverso existe, todos os personagens brancos retratados no livro são racistas, todo olham torto pra ela e todos os personagens negros ou de “cor” são retratados como “brasileirinhos” tentando criar esse senso de irmandade. A autora simplesmente não faz ideia de como realmente o racismo estrutural toma forma no dia-a-dia e não se dá ao trabalho de pesquisa mais a fundo sobre o assunto.
Agora, fugindo da pauta racial do livro, a forma como a autora utiliza do inglês ao percorrer do texto quebra a narrativa, não trás coesão para o texto de maneira que, quando estamos imersos na narrativa um “Who knows” nos trás de volta para realidade, assim quebrando a imersão que foi criada nos parágrafos anteriores, e a sua insistência em falar sobre a silhueta da Barbie, que a boneca não come, que ela é oca, é um tanto curioso por que não traz nenhum acréscimo pra narrativa. A filha da personagem só é retratada nas primeiras páginas, o ponta pé inicial da história é completamente esquecido e nunca mais é retomado. Este é um livro sem meio e nem fim, ele não se sustenta em sua própria narrativa.
Profile Image for Rafaela.
43 reviews
February 15, 2021
Good morning, Barbie

"Quarenta dias" foi uma leitura divertida. Até a metade do livro eu realmente fiquei intrigada para conectar os acontecimentos, queria entender os motivos da mudança, do título, etc, e então, nossa querida Alice, a que definitivamente não está no país das maravilhas, começa a se abrir e expor todos os pesos que vieram com a idade e com sua incapacidade de resistir aos desejos da filha (achei a filha dela sem noção, onde já se viu, querer ter filho para os outros terem que cuidar). E nesse ínterim, Alice vai se prendendo e se impondo nas pequenas coisas, para sentir que ainda tem algum controle sobre a própria vida.
Como disse, até a metade eu estava adorando a leitura e já tinha decidido que daria 4 estrelas, porém, da metade para o final comecei a questionar minha decisão. O livro fica extremamente repetitivo, ou talvez eu tenha achado repetitivo porque ficava contando de dias que bastavam um ou dois capítulos para serem contados. E o final, ah... melhor não comentar muito, pois é um grande vazio, sem nenhuma emoção muito grande.
Optei por manter as 4 estrelas porque prefiro ver o livro como um diário em que o objetivo não é entreter e sim relatar o cotidiano.
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