Correr livres pelo Saleiro, caçando rolinhas caatinga adentro, um na companhia do outro, era tudo o que importava para Darian e Matias. Até que, com o surgimento de uma santa, anunciada por uma visão do novo padre do vilarejo, o povoado é transformado no tormento dos dois rapazes. Juntos, eles escondem um segredo capaz de lentamente levá-los à loucura.
O vilarejo torna-se o império da santa — e do padre que a canonizou —, e a fé ofuscante e odiosa passa a perseguir aqueles que não a seguem. Darian e Matias, alvos fáceis do absurdo, encontram refúgio, talvez, um no outro. Mas, quando o insuportável passa a ser a única coisa que existe, uma decisão é tomada, e suas consequências são devastadoras.
Em Seca, bebe sangue a terra, Patrick Torres segue enaltecendo as histórias que a caatinga tem para contar, numa narrativa que caminha por fanatismo, culpa e vingança.
Gostei do livro, foi uma boa leitura, mas senti ao longo da história que em algumas partes estava me sentindo incomodado. E era por causa da escrita.
Não é uma escrita difícil, mas uma escrita bastante floreada, poética e às vezes me soou meio petulante, como se o autor quisesse exibir que sabe escrever difícil.
Posso estar totalmente errado, mas foi o sentimento que tive. é o primeiro livro que leio dele mas acho que essa, de fato, é a escrita que ele oferece nas suas obras.
Nos momentos de diálogos, o autor conseguia dar um tom normal à escrita. Sobre a história, o fanatismo religioso é uma merda, né?
Patrick fala com musicalidade; sua escrita não é diferente. Do primeiro livro pra esse, ela se torna mais complexa, com períodos mais longos e um aprofundamento maior de personagens - mas sem perder a musicalidade tão própria dele.
Nesse livro temos a história de Darian e Matias, dois garotos que crescem juntos na caatinga e consolidam, um no outro, suas principais fontes de afeto. O vínculo inquestionável entre eles é posto em cheque por uma tragédia que afunda toda a sua cidade em anos de negacionismo, alimentado pela desesperança de um povo que se apega a qualquer sinal de prosperidade.
Acompanhamos, assim, como que três trajetórias que se complementam e se entrelaçam: Darian, afundado em culpa e ressentimento, que vai embora buscando uma vida melhor pra si e para Matias longe das memórias ruins e do autoflagelo; Matias, afundado em culpa e ressentimento, que remói sua história em meio ao abandono e à solidão; e da própria cidade, cuja história, boa vontade e esforço é explorada por um dito líder religioso sob a inventada figura de uma Santa.
Difícil quando os conflitos surgem e você não consegue facilmente tomar lados. São personagens complexos, bons e maus, com qualidades e defeitos, angustiados e frustrados cada um de sua forma. Ao mesmo tempo que se revolta com um, também se dói por ele, enquanto se ressente e se compadece do outro. As melhores histórias são criadas assim.
A minha parte favorita é a cidade, com seu fanatismo religioso construído em cima de uma farsa; uma história tão real quanto revoltante.
O clímax para as três acontece simultaneamente, e esse momento é catártico. O final me surpreendeu - positivamente, já que sempre espero do Patrick uma mão pesada para a tragédia. Recomendo pra todo mundo que quer conhecer um bom autor nacional, um livro curto, impactante e que fica na cabeça por muito tempo.
Eu terminei esse livro e sinceramente ainda não sei exatamente como me sinto. É forte, é poético, é o sertão Nordestino…
— Darian e Matias só queriam saber de caçar rolinhas na caatinga, na companhia um do outro, até que após um acidente tudo muda. Chegou um novo padre no vilarejo e este veio com a visão de uma santa, agora tudo tornou-se império dessa tal fé fanática e odiosa.
❝Quando o infortúnio escancara o umbral amargo do viver e faz morada no coração de qualquer peito-casa, do rico ao pobre, do bem-aventurado ao azarado, não há viga, pilar, parede ou tijolo que são respeitados: tudo muda. A desgraça, caro leitor, ela é facínora.❞ —
É incrível e perceptível o quanto a escrita do Patrick Torres evoluiu, e olhe que já achei ela fenomenal ao ler O Cozer das Pedras, o Roer dos Ossos. O modo como ele é capaz de nos contar tragédias e dramas em uma forma poética é absurdo.
Este livro se inicia com uma cena bem forte já em seu primeiro capítulo e ao final do terceiro a pedrada é certeira, literalmente. Todo o seu decorrer é cheio de emoções, sentimentos quase que incapazes de serem contidos. Darian e Matias conseguem nos fazer sentir o mesmo que eles, afinal somos testemunha de todos os ocorridos.
O desenvolvimento da história é muito bom, são 204 páginas em que ficamos totalmente presos e angustiados, pois além de nos perguntarmos onde a tragédia do começo vai dar, também nos questionamos como que ps rapazes vão lidar com seus sentimentos.
Seca, Bebe Sangue a Terra é aquele livro que vai atingir o leitor fortemente. Eu marquei diversos trechos dele e com certeza irei fazer propaganda usando esses trechos.
difícil, pois um livro com muito potencial. a escrita do Patrick é mt única, sem dúvida não é fácil escrever do jeito que ele escreve. ele achava as palavras certas de uma forma poética e eloquente. entretanto, eu gostei mais do início do livro, ali nos primeiros capítulos que despertaram a curiosidade, do que o final que só estava torcendo para acabar logo. acho que esperava mais, mais romance, mais suspense.... mas é uma leitura boa, difícil se não é acostumado com literatura, mas é sim um livro bem feito e gostei muito da representatividade da caatinga!!
Só não dou cinco entrelas porque o início do livro não me pegou muito, mas depois devorei ele. Acho que muito por me acostumar mais com a forma que o Patrick escreve e narra as coisas, diferentes dos livros contemporáneos brasileiras. A história vai se tornando mais complexa e mais dinâmica, você é convidado a sentir a raiva, a indignação o alívio que os personagens. No final das contas, é uma história de uma busca por um bode espiatório
Mais um ótimo livro do Patrick Torres. Dessa vez, o autor provoca o leitor durante a literatura e quebra a narrativa para te questionar sobre o que está acontecendo.