Você me espera para morrer? Esta é a pergunta que está nas entrelinhas do pacto feito entre Ilana, personagem principal, e Aline, sua irmã gêmea, depois de assoprarem uma vela de mentira espetada em um bolo de barro. Muitos anos depois, cada vez mais sozinha e introspectiva, Ilana continua esperando o retorno da irmã que foi embora e nunca mais voltou.
Gostei muito, mas o livro me produziu uma série de reações e sentimentos: angústia, compreensão, pena, raiva, além de muitos por quês acerca da vida da personagem. Lana não fala nunca, esse é seu defeito. Ela precisa colocar as coisas pra fora pois mesmo que isso não evite os sofrimentos, pelo menos se dá um nome a eles. E quando se dá um nome, fica mais fácil de entender.
“As coisas que vivem dentro da gente precisam sair e tomar ar pra virar verdade.”
Um livro que nos faz refletir sobre diversos momentos de uma vida, desde a infância até se tornarem adultas, as gêmeas Ilana e Aline vivem nas suas jornadas ituações delicadas e que questionam seus pensamentos e sentimentos.
O livro tem temas como abuso, abandono, autodescoberta, suicídio, além da principal: família. Te devora, cativa e prende. Foi uma indicação feita por tantas vezes por aqui e fico feliz de finalmente ter lido. Concordo com todos os elogios, a forma que a Maria escreve explora a trajetória com muitas reflexões e profundidade.
Como o ser humano lida com tantas perdas irreparáveis? Lido em um dia de tanta fluídez em sua escrita, o livro te faz sentir muitas coisas conforme a leitura: angústia, raiva, empatia, tristeza e curiosidade. Os mesmos sentimentos que as gêmeas e, principalmente, Lana sente.
“Todo dia a gente acorda, passa o café, reclama do preço da carne, do calor, da chuva, compra saco de lixo, detergente, bolacha, e quando vê, vem uma desgraça e não dá mais pra beber café, comer carne, lavar louça, juntar o lixo, recolher roupa do varal antes da tempestade. Nem acordar.”
Essa é uma obra intensa e emocional que narra a vida de duas irmãs gêmeas, Ilana e Aline, e o pacto que elas fazem na infância, prometendo esperar uma pela outra até a morte. A história começa com a infância das irmãs, marcada por uma relação familiar difícil, onde a mãe é submissa e o pai é rude, criando um ambiente de falta de carinho e atenção. A promessa feita durante uma brincadeira de aniversário, onde Aline pede que Ilana a espere para morrer, estabelece o tom sombrio da narrativa. À medida que crescem, as irmãs enfrentam desafios na adolescência, e a única fonte de afeto para Ilana é a visita ao sítio dos tios, onde ela se sente acolhida. Aline, por outro lado, é descrita como uma alma livre, enquanto Ilana é mais reservada e introvertida. Quando Aline parte para a Alemanha aos 18 anos, prometendo voltar, Ilana se vê presa em uma espera angustiante, sem saber o que aconteceu com a irmã. A narrativa se aprofunda nas dificuldades que Ilana enfrenta sozinha, incluindo a gravidez inesperada e a luta para criar seu filho sem o apoio do pai. A solidão e o abandono se tornam temas centrais, à medida que Ilana continua a escrever cartas para Aline, expressando suas dores e anseios, enquanto lida com a ausência da irmã e a perda de seus tios, que também falecem, deixando-a ainda mais isolada. A dor do abandono se torna um tema central na vida de Ilana, que se vê consumida pela incerteza sobre o destino de sua irmã Aline e da filha que também se afasta. A autora retrata essa ausência de forma intensa, fazendo com que o leitor sinta a angústia e o desespero de Ilana. A narrativa é marcada por uma escrita crua e emocional, que explora a maternidade, a raiva e o abandono, levando o leitor a uma profunda reflexão sobre a dor da perda. A conexão emocional com a protagonista é tão forte que muitos leitores podem se sentir devastados ao longo da leitura. Apesar de sua intensidade, o livro é relativamente curto, permitindo que a leitura seja feita rapidamente, em uma semana, por exemplo. A falta de um desfecho satisfatório, que poderia oferecer um fechamento mais claro, é um ponto que gera desconforto, especialmente para aqueles que preferem finais felizes. No entanto, a profundidade da escrita e a capacidade de evocar emoções tornam a obra valiosa para quem aprecia histórias que abordam a realidade de forma visceral.
Leitura extremamente intensa, com sentimentos que, em geral, a gente nao quer sentir, mas acredito que essa era a intenção da autora, uma vez que esses eram os sentimentos da personagem. Ela nao estava feliz e as palavras refletiam isso, os fatos explicavam isso.... Até o penúltimo capítulo eu tinha certeza da nota 5 ⭐️, só que no último capítulo eu senti uma queda muito grande na historia... era preto e branco, parecia que a historia já tinha acabado e a conclusão só foi escrita por uma questão de estrutura... pensei sobre a perspectiva da personagem e vi que nao tinha como o ultimo capitulo ser diferente. Ele refletia a personagem naquele momento com exatidão. Aquele era o sentimento, aquelas eram as únicas atitudes fiéis ao que a personagem faria... Nao havia como ser diferente, a escrita fez jus a propria historia.
A nota é 5 ⭐️, mas isso de maneira nenhuma significa que é uma historia que vai te deixar feliz. É uma historia real e triste, e merece essa pontuação por fazer o que lhe é proposto com louvor.
É real, e por isso pode ser amado ou odiado. Conta uma vida sofrida, triste mas que vale a pena ser vivida e lembrada. Tudo é muito delicado, não há certo ou errado, não há o que fazer além de relembrar. Me compadeço pela dor da Ilana.
Nesse livro tudo é muito cru, sensível e sincero, se fosse a vida real de alguém eu acreditaria em cada letra, cada vírgula e cada detalhe, pois sei que no mundo existem milhares de Ilanas, sofrendo a perda de suas Marias, esperando suas Alines, guardando caixas de remédios, lembrando do tuc tuc tuc da madrugada.
mas é muito esforço pra não chegar a lugar algum. depois que terminei, em discussão do grupo Leia Mulheres da minha cidade, fiquei sabendo que a autora saiu escrevendo organicamente, sem fazer planos ou um roteiro pra o livro. então, isso é bastante perceptível.
fica super claro que ela não sabia pra onde tava indo, o que tava fazendo enquanto ia, ou mesmo se esperava chegar em algum lugar.
é bem pesado, tem muito sofrimento. algumas vezes fica repetitivo, porque temos a história contada por Ilana e outras partes por uma narradora externa, que acho que está ali como alguém em quem devemos confiar (sei lá, não entendi bem). aí algumas histórias são contadas duas vezes e não precisava.
é bem escrito, tem uma narrativa bem poética. mas peca em outros pontos. acho que ainda vale, afinal, é curto, mas teje atente. leia sabendo que é a história de uma mulher que vive muitas coisas dentro da cabeça dela e sofre demais, ave maria. assim é a vida das mulheres, mas, caramba, precisa disso tudo toda vez? aff dá uma agonia no juízo.
"Por que eu não percebi, Line? Que era meu tanto de alegria nesta vida, por que eu ficava esperando mais, esperando arranjar um marido, uma viagem, uma casa nova, por que a gente está sempre esperando a vida ser melhor?"
Acho que esse foi um dos livros mais tristes que eu já li, e lindo também.
É uma leitura rápida, mas ainda assim muito profunda. Nos faz refletir sobre a necessidade de se impor, antes que sejamos engolidos pelas palavras não ditas. O livro trata de assuntos delicados como abuso e suicídio, que podem ser temas de gatilho.
o livro foi bem mais diferente do que imaginei, mas me prendeu da mesma forma.
diversas partes foram doloridas e inúmeras vezes pensei comigo mesma em como queria que a vida de ilana fosse mais simples, menos carregada de dor. que as verdades dela, não tivessem a corroído, mas a libertado.
Que leitura linda. Forte, profunda, real. Uma narrativa dividida em duas partes, que vai e volta no tempo, mas que você não se perde. A autora consegue fazer você refletir sobre temas extremamente pesados, sentir as angustias das personagens, todas as dores. Você consegue se sentir imersa na história e na vivência daquela familia tao humilde, e tem um choque de realidade ao ver como existem de fato paralelos tao distantes. Eu indico demais esse livro, ele me provocou, me atormentou, me questionou. Ele foi intenso, mas lindo de se ler.