Um escritor à procura do significado do passado e da literatura.
"Em janeiro de 1998, eu tinha trinta anos, era pobre e um escritor falhado."
Tomás Franco mudou-se para a cidade há 10 anos para escrever e fugir de uma infância lacerada por uma tragédia, mas também para perseguir a história do seu avô, Pierre Lacroix, um escritor outrora premiado, fugido de França durante a Segunda Guerra, e do qual ninguém quer falar.
No entanto, nada corre como esperado, e tudo o que encontra são noites que passam como clarões, camas geladas, a agonia do silêncio e da solidão, empregos precários. Até que conhece Leonor, uma rapariga envolta em mistério que lhe muda o destino.
No Porto, França, Florida, ou Marrocos, Tomás Franco persegue a literatura proibida e indecente, os passos dos escritores imortais, enquanto caminha sobre a ténue linha que separa as personagens dos livros das reais. O amor impossível e visceral, a paixão como doença, apartamentos assombrados trancados para sempre, a aparição de uma figura do passado, as diferentes versões de nós próprios, a finitude da vida.
“Muitas vezes penso no que teria acontecido se nunca tivesse ligado a Leonor.”
Miguel d’Alte is a Portuguese writer, born in 1990 in Porto, the city where he lives and writes. He holds a Master’s degree in Finance from the University of Porto and worked in the financial sector for nearly a decade before fully committing himself to literature. He has lived in the Czech Republic, France, Angola and Luxembourg — experiences that have shaped both his worldview and his writing. Alongside literature, his passions include travel, history and rock ’n’ roll. He has two dogs, Buk and Lolita. He studied fiction writing and screenwriting. His main literary influences include Charles Bukowski, Michel Houellebecq and João Tordo, and, within the thriller genre, Joël Dicker and Nordic crime fiction. In September 2022, he published his debut novel, "O Lento Esquecimento de Ser", set in Paris during May 1968. In October 2023, he released "Os Crimes do Verão de 1985", an acclaimed thriller centered on a cold case, marked by a claustrophobic atmosphere, which is set to be adapted for the big screen. His third book, the novel "A Origem dos dias", was published in September 2024 and was named by Jornal de Letras as one of the best novels of the year. In November 2025, he published his fourth book, "Todas as Famílias Felizes", a crime novel about the disappearance of a twelve-year-old child in Porto.
Miguel d'Alte é um escritor português. Nasceu em 1990, no Porto, onde reside. Mestre em Finanças, formou-se na Universidade do Porto e trabalhou na área financeira durante cerca de uma década. Viveu na República Checa, França, Angola e Luxemburgo. Persegue as suas grandes paixões: a literatura e a escrita, mas também viajar, a história, o rock 'n' roll. Tem dois cães, Buk e Lolita. Estudou escrita de ficção e guionismo. Elege como suas principais influências Charles Bukowski, Michel Houellebecq e João Tordo, e, no género thriller, Joël Dicker e os policiais nórdicos. Em setembro de 2022, publicou o seu primeiro livro, "O Lento Esquecimento de Ser", um romance ambientado em Paris durante o Maio de 1968, e, em outubro de 2023, "Os Crimes do Verão de 1985", um aclamado thriller sobre um caso arquivado, de ambiente claustrofóbico, e que será brevemente adaptado ao grande ecrã. O seu terceiro livro, o romance "A Origem dos Dias", foi publicado em setembro de 2024 e considerado no Jornal de Letras como um dos melhores romances do ano. Em novembro de 2025, publicou o seu quarto livro, "Todas as Famílias Felizes", um romance policial sobre o desaparecimento de uma criança de 12 anos, no Porto.
Miguel D’Alte, com as suas frases reflexivas e personagens a roçar o sublime, faz dos seus livros, que se devoram num fôlego, lugares de mistério e encanto. A Origem dos Dias confirma o seu talento e afirma-o como uma das vozes mais sonantes da literatura portuguesa contemporânea.
Um livro imperdível e um nome a manter debaixo de olho.
Não é melancolia, nem nostalgia. É angústia, que nos é empurrada garganta abaixo em forma de literatura. Terminei o livro com um daqueles nós na garganta que nos deixa a olhar no vazio algum tempo. E não era vontade chorar (que o Deus da Literatura nos livre de finais assim). Era ânsia de gritar. Bravo, bravo 👏🏼
"Dizem que o nosso destino está há muito escrito e que tudo o que fazemos para o evitar é, na verdade, o que nos leva até ele. ...Porém, a verdade é que aqueles dias não foram fáceis, estava perdido há muito tempo, o caminho era insidioso, nebuloso, tremia de medo na cama à noite; olhava para o passado e não acreditava que fosse real, eu não podia ser aquele rapaz que me lembrava da minha infância, nada do que fugia podia ter mesmo acontecido. "
Com apenas 18 anos Tomás Franco troca a sua aldeia Freixo de Numão pela cidade do Porto. Tomás quer ser escritor como o seu avô Pierre Lacroix, um escritor francês considerado antisemita e "maldito" que fugiu em 1944 em plena ocupação nazi. Mas não é só o desejo de ser escritor que provoca esta mudança de cidade, Tomás quer fugir de uma tragédia que marcou a sua família no dia do seu 13° aniversário e que o faz crescer sem amor e protecção dos pais, uma dor tão avassaladora que o acompanha pela vida fora. A vida na Invicta não é fácil para Tomás, a vida de escritor nem sempre é como idealizamos, por vezes é difícil e Tomás vai cair nas malhas do álcool, da vida boémia e arranjar empregos precários para conseguir sobreviver. Um dos objectivos de Tomás é tentar descobrir a verdade sobre o seu avô : Será que o avô extremoso e amigo era o mesmo escritor antisemita e execrável de que falam? Neste A Origem dos Dias, Miguel D'Alte confirma o que eu percebi quando acabei o seu primeiro romance, O Lento Esquecimento de Ser, estamos perante um grande escritor, um dos melhores da sua geração. O Miguel tem o dom da palavra (sim, estou a repetir-me!), escreve de uma maneira soberba, cria personagens complexas e riquíssimas com as quais nos identificamos porque a vida real tem esta complexidade: não é tudo um mar de rosas. A vida de um escritor nem sempre é fácil, tem que lutar para ser publicado e lido e pelo caminho vai encontrar muitos obstáculos mas principalmente encontra a solidão e os seus fantasmas como Tomás encontrou.
"O escritor escreve, cria e faz sonhar. Mas também tem o poder de rasgar o leitor em mil pedaços. "
Ler este livro é vestir a pele de um escritor à procura de si próprio, mas também é, pelo ritmo frenético e angustiante, querer ficar nu e esperar que, dessa forma, nos seja mais fácil continuar. O amor, a solidão, a evasão através do álcool e das drogas, a certeza de que a Literatura, quando consumida compulsivamente, se confunde com a nossa existência, A Origem dos Dias é uma obra taciturna com rasgos de luz em forma de mulheres, segredos revelados e o reencontro com uma história familiar esclarecida. Um livro para saborear com calma, empatia e sem medos de se ficar triste: o Miguel D’ Alte convive bem com a sua tristeza, e faz dela Arte. Sorte a nossa.
O Miguel torna-se aqui uma das vozes a seguir, uma das vozes da literatura contemporânea. Curioso dizer quando ele não é muito de voz, mas é tudo em palavras. Ele tem o dom da escrita e este é só mais uma prova. Uma leitura melancólica, em que fica connosco e sentimos tudo o que o autor pretende. Vivemos toda esta aventura com Tomás, mas também com Miguel. E nunca a tristeza teve um sabor tão doce. Tendo aqui, oficialmente, uma leitora fiel a tudo o que vier.
“Não é um livro para se ler de ânimo leve, já que o protagonista é um homem bastante perturbado, que acaba a depender do álcool e das drogas porque, a certa altura, não vê mais caminho por onde ir. Mesmo não me identificando com este narrador, consegui compreendê-lo e embarcar com ele nesta aventura depressiva.”
Começar um livro já com a convicção de que vou gostar é um privilégio que serve a 2 ou 3 autores. O Miguel D'alte é um deles. Com um estilo que nos apresentou em "O lento esquecimento de ser", mas uma evolução para uma voz que é só sua, "A origem dos dias" é sublime. Com pouco - um homem, um passado, uma máquina de escrever e muito álcool e tabaco - fez uma história que me levou a viajar a vários lugares. É um livro solitário, como o seu protagonista, e o sentimento ao terminar é de desassossego. Desejo o maior sucesso ao Miguel, ele trabalha para isso e merece-o. Não gosto de apostar, mas gosto de acreditar que esta obra terá o reconhecimento que lhe é devido.
O Miguel é um escritor talentoso. Seja qual for o género literário que decida escrever eu vou querer ler os seus livros. Ainda me recordo quando li o seu primeiro livro “O lento esquecimento de ser” e fiquei surpreendido com a qualidade da sua escrita numa obra de estreia. Seguiu-se o segundo livro “Os crimes do verão de 1985” a comprovar a sua versatilidade num género thriller (registo que mais gosto) e neste romance confirma-se uma vez mais a sua voz literária.
“A origem dos dias” é um livro melancólico que nos transporta para vários lugares (Lyon um dia destes espero visitar-te) através do Tomás Franco, um homem que tenta lidar com o seu passado familiar em busca das suas origens e de uma explicação para o desespero que sente e não passa.
Ao longo do livro iremos assistir a uma investigação literária, parte que mais gostei durante a minha experiência de leitura. Senti-me tão envolvido que não conseguia parar de ler até descobrir o desenlace final.
Gostei bastante!
“Os livros nascem da solidão e do que nos dói, do que vivemos, das emoções que experienciamos.”
Que dizer deste livro... Adorei! Li os livros anteriores do Miguel D'Alte, e já tinha ficado rendida à sua escrita. Este é o meu livro preferido de todos! Retrata muito bem a solidão, o sentir-se negligenciado e abandonado por aqueles que nos rodeiam e que são a nossa referência - a família . "Tudo o que procuramos não existe." Para mim esta frase diz tudo! É descrita a viagem do protagonista, desde a infância até à idade adulta, acompanhado pelos seus fantasmas, medos, traumas, vivências, perdas e solidão, na busca da verdade e de um lugar de pertença. Cruza-se com várias personagens, que lhe mostram que, apesar de tudo parecer perdido e confuso, há sempre alguém disposto a estar ao seu lado, a acreditar e a mostrar que se pode encontrar a felicidade! Tinha muito mais a dizer... Sem dúvida... Mas o melhor é mesmo lerem! Não se vão arrepender! 🤗
Há espaços que encerram em si o tempo. Casas que são testemunhas silenciosas de afectos e abraços, de solidão e tristeza, de um quase-morrer colado à pele desde há muito tempo.
Há casas que são ancoradouros de tudo aquilo que desgasta: as noites sem dormir, as garrafas vazias, os cigarros fumados, a névoa de cinza por todo o lado, cinza nas roupas, cinza nas palavras, cinza na boca que as diz. Cinza como nuvens, como neblina, como nevoeiro que há-de trazer a prometida redenção, a alma que irá salvar outra alma do derradeiro.
Mas porque falo eu desta casa?
Porque esta casa é também ela personagem e merece atenção. Tanta atenção como o seu único habitante, Tomás, escritor falhado, farrapo humano, alma vagabunda vagueando pelas noites de um Porto triste, tão triste como só ele sabe ser.
É sobre a tristeza que se torna lugar. É sobre os gritos afogados com mais um copo, com mais um cigarro, com mais uma linha. É sobre tentar matar a dor. Mas ela renasce, está sempre à espreita, velando o sono de Tomás, dando-lhe a mão à revelia, espiando cada passo, expiando cada tentativa vã de recomeçar. A dor. E a casa, ainda que vazia, palco contínuo do desastre iminente, da procura por verdades que prometem salvar vidas, do pé suspenso na beira do abismo.
A Origem dos Dias é isto. A busca (por quê? porquê?). A perda. A tristeza. A dor (outra vez?). O legado que não pedimos. O peso de um nome. E as palavras, sempre as palavras, para sempre as palavras. O tentar dizer o não-dito e o tentar encontrar um vazio maior que tape o nosso próprio vazio. E o tentar encontrar na vida dos que foram respostas para a nossa condição de almas condenadas à nascença. E o tentar encontrar na culpa do outro a nossa redenção. E o tentar manter o corpo à superfície, apesar do peso dos dias. E o tentar. E o tentar. E o tentar. Esse movimento repetido numa estória (história?) que está sempre a começar. E depois de chegar ao início, o que fica? O que fica.
Que escrita bonita a do Miguel. Gostei muito deste livro, sobretudo a parte final 😊 Um escritor que promete, e estarei aqui para continuar as restantes obras. Que orgulho em ser um escritor português 😊
A escrita do Miguel é interessante, mas gostava de que o livro tivesse sido mais polido em alguns momentos e não tivesse resvalado tanto para o clichê do escritor falhado alcoólico que fuma uma quantidade considerável de tabaco.
Este foi o terceiro livro que li do Miguel, e o primeiro que me levou ás lágrimas na sequência final desta história brilhante.
Li este livro envolto em angústia e melancolia, quase entorpecido, tomado pelo mesmo impulso do nosso protagonista. A busca insaciável pela verdade, que ao longo do livro nos consome e transforma.
É um livro fabuloso, com uma escrita irrepreensível, num tom muito lírico e autoral. Já o disse e volto a dizer as vezes que forem necessárias: O Miguel vai ser para muitos (já o é para mim) uma das mais importantes vozes da literatura portuguesa contemporânea.
Os livros do Miguel levam-me sempre em jornadas tristes (mas ainda assim maravilhosas), que convidam à reflexão sobre variadíssimos temas. Neste caso os mais importantes sendo, o da verdade, o do amor, e principalmente o de ser um ser humano, rodeado de perigos dúvidas que nos assolam incessantemente.
Muitos parabéns por mais um livro sublime, Miguel. Que nos continues a deliciar com as tuas histórias por muitos mais anos.
Um livro que queremos consumir rápido e ao mesmo tempo fazer com que dure só mais um bocadinho.
E é sempre ingrato avaliarmos um livro de alguém que conhecemos tão bem e de quem gostamos, seja porque somos sempre mais exigentes com as pessoas que nos são mais próximas, mas também porque qualquer coisa que possamos dizer irá sempre ser vista com desconfiança, será essa avaliação totalmente imparcial? Talvez não seja, ou então talvez sim, e eu tenha só muita sorte por me ter calhado ser uma Zelda.
Depois de uma tragédia ter abalado a sua família e mudado o rumo da sua infância, Tomás Franco abandonou Freixo de Numão, deixando para trás uma mãe depressiva e um pai rude. Instalou-se num pequeno apartamento no Porto, onde acreditava poder vir a tornar-se escritor, tal como era o seu avô, o misterioso Pierre Lacroix. Mas os seus planos cairam por terra quando, dez anos depois dessa decisão, estava afundado em álcool, tabaco e dívidas, num caminho de autodestruição e decadência que o afastava do sucesso que planeara. Contudo, Leonor surge na sua vida como uma luz de esperança e inspiração. Na mesma altura, o velho Cerejeira dá-lhe emprego num antigo alfarrabista onde, perdido, ainda existe um exemplar do livro escrito pelo seu avô. Renasce assim a vontade de desenterrar o passado e de investigar as suas origens, levando-o até Lyon, Paris, Marrocos e Flórida.
Um livro sobre abandono, sobre relações falhadas e paixões doentias, sobre os fantasmas do passado que assombram gerações, sobre a angústia de um escritor perante a folha em branco e coincidências pre-destinadas.
Foi o primeiro livro que li do Miguel D'Alte e gostei muito da escrita, da história e da forma como descreve os lugares por onde Tomás vai passando.
Livro excelente, que se resume pelas palavras do próprio autor: "Li durante as quatro horas seguintes, até o terminar. No fim, fechei-o devagar, como quando custa separarmo-nos das personagens, o que era um elogio ao livro, os melhores são os que causam dor ao terminar. Era um romance sobre a vida e a perda. Tinha uma linguagem cuidada, o ritmo era rápido, os capítulos curtos, impactantes, viscerais de certo modo."
Estou muito surpreendido pela escrita deste jovem Miguel D'Alte. Revela uma maturidade e clareza que pensei estar reservado para outras idades. Na minha opinião tem o potencial para ser um dos maiores escritores portugueses das próximas décadas. Vou ler os restantes livros publicados e verificar a extensão do seu génio, na certeza que este foi um dos melhores romances que li de um escritor português.
Mas porque é que toda a gente bebe tantooooo neste livro?! Um livro sobre a solidão, "aquela que nasce connosco" e levamos pela vida e sobre a romantização da ideia do escritor decadente, com uma vida de vício! Uma história sobre amores fugazes mas intensos e poder do passado sobre o nosso futuro. Uma ode à literatura!
"A Origem dos Dias", é uma obra literária que mergulha profundamente nas intricadas relações humanas e no enigma do tempo, através de uma narrativa cativante e reflexiva. 📖✨
Terminei este livro com uma música na cabeça: "enquanto houver estrada pra andar, a gente vai continuar".
A verdade é que, para mim, esta é a música ideal para o protagonista desta narrativa, o Tomás.
Não sabia o que esperar com a leitura deste livro. Tinha ouvido boas críticas, mas não tinha investigado a fundo do que se tratava. Honestamente? Ainda bem que assim foi.
Fui constantemente surpreendida pela escrita magistral do Miguel, da constante agonia da personagem e da força que esta conseguiu sempre encontrar para continuar. Apesar da espiral depressiva, do álcool e das drogas, ele conseguiu sempre dar mais um passo, e outro, e outro, em direção ao seu sonho, à sua catarse, à sua cura.
Senti que foi um bom livro para a fase de vida em que encontro. Apesar de ter o Porto como ambiente-casa, explora o impacto da emigração, as dificuldades que se vivem e o desespero por encontrar uma luz guia.
Há também o amor. Intenso, por várias mulheres. Paternal, pelo Senhor Cerejeira e pelo António. Eterno, pela escrita.
Tomás Franco, é um personagem difícil. Sinto que muita gente vai olhar para ele e desprezá-lo -- um escritor falhado, com dependências e uma necessidade doentia de amor. No entanto, sinto que ele é muito mais do que isso. É perseverança, obstinação e esperança. Porque, apesar de todo o negativismo que o atira para baixo, ele procura sempre encontrar uma saída.
A obsessão pela história do avô, Pierre Lacroix, é um escape da sua vida. Ele precisa de obter respostas sobre este escritor premiado (que se refugiou em Portugal após fugir da França durante a Segunda Guerra) para identificar que algo de bom lhe corre no sangue. Que tem a veia de escritor, tal como o seu avô. Que tem a capacidade de superar tudo, tal como seu avô. Mesmo que o mundo decida contar outra história durante muitos anos.
Ao longo do livro, vivemos com Tomás muitas noites insones, solidão e empregos precários. Sentimos que será melhor ao conhecer Leonor, para no fim sermos levados às lagrimas pelo seu desfecho.
Esta leitura é uma experiência sensorial, que nos faz refletir sobre o impacto das memórias.
Este livro apanhou-me desprevenida. Começa com um certo desencanto, com o peso da solidão e da desilusão, mas vai crescendo por dentro para uma leitura que não se esquece.
Um escritor falhado, um avô desaparecido, uma mulher que muda tudo, um vazio enorme. Denso, melancólico, cru e poético. Deixou-me triste muitas vezes mas também cheia de vontade de sublinhar quase tudo.
É impossível não sentir empatia pelo personagem principal, Tomás. Perdido entre o que quer ser e o que nunca foi, entre os fantasmas do passado e o amor que lhe escapa pelos dedos. Vive em constante fuga, dos outros, do passado, de si próprio, do silêncio que o vai consumindo, da sua verdadeiramente identidade, das suas origens. É uma personagem profundamente humana, cheia de contradições e verdades.
Sobre a busca pelo passado, e pela verdade, também sobre a tentativa de dar sentido ao presente. Quem é que não quer perceber de onde vem e qual a sua verdadeira origem?
Sobre a solidão, sobre o amor, sobre a dor. Sobre a literatura, como tentativa de explicar o inexplicável. Sobre memórias e ausências. Sobre a vida, sem filtros.
Gosto muito da escrita do Miguel, é intensa, cheia de emoção, cheia de frases que apetece ler e reler, muito autêntica. Gostei muito deste livro ❤️
A Origem dos Dias é a terceira obra do autor Miguel D'Alte e nela temos como protagonista Tomás Franco. Ao mesmo tempo que tenta escrever um livro, quer conhecer mais da vida e obra do seu falecido avô, o escritor Pierre Lacroix.
É também o terceiro livro que leio do autor. O Miguel está aos poucos a criar a sua própria voz, com personagens complexas e uma escrita cativante, rica em detalhes.
Os pontos mais fortes do livro estão na forma como a história se desenvolve sem pressas e na profundidade filosófica que o autor imprime.
O menos interessante para mim e que me custou foi os saltos temporais da primeira parte do livro, que por vezes eram confusos. Não gostei da personagem Mariel e acho mesmo que não acrescentou nada à história.
A Origem dos Dias é uma excelente leitura para quem gosta de uma boa dose de reflexão sobre a solidão e as relações. Recomendo a quem prefira ler sobre personagens marcantes. Não é um livro para ler de uma assentada, mas sim para saborear aos poucos.
Miguel D’Alte está no bom caminho para ser tornar num dos melhores escritores da sua geração, parabéns!
Todos nós leitores temos livros que queremos chegar ao fim para ver como acaba mas também ao mesmo tempo não queremos que acabe e continuarmos envolvidos na história. Este é um livro desses. Um livro que nos prende e que nos leva aos lugares onde o Tomás Franco vai, que conseguimos sentir a sua amargura e a sua solidão. Tomás foi uma criança negligenciada derivado a uma tragédia familiar e só o que queria era fugir do lugar onde nasceu e ser escritor como o seu avô. E isso tudo levou-o a um mundo de solidão, álcool mas também ao amor. " O escritor escreve, cria e faz sonhar. Mas também tem o poder de rasgar o leitor em mil pedaços " Recomendo vivamente a leitura deste livro.
"No livro, a vida está sempre ligada à perda, o protagonista desafia a sua história envolto numa melancolia pesada, num mar de incoerência. questiona tudo o que viu até esse momento. Mas, quando ontem terminei percebi que era mais do que isso. É sobre a solidão mas uma solidão que nasce connosco, que sentimos quando partimos porque não conseguimos ficar, temos de partir, mas é isso que nós levará à ruína, no fim"
Tomás Franco mudou-se para o Porto , saindo da aldeia onde durante a sua infância aconteceu uma tragédia que marcou a família para sempre. O sonho dele é ser escritor como o seu avô Pierre do qual pouco sabe do seu passado, um assunto tabu para os Franco. Entre a tentativa de escrever um romance que lhe traga fama e muita bebida nas noites de boémia, conhece Leonor que lhe vai transformar a vida. Saltando de emprego em emprego e cada vez mais mergulhado no álcool e numa solidão decadente, Tomás nunca perde o sonho de ser escritor ao mesmo tempo que vai descobrindo quem foi realmente o seu avô.
Com uma escrita em prosa e envolvente o Miguel aborda temas como a paixão a solidão e a complexidade das relações humanas, criando uma escrita densa e empolgante, que me fez ficar viciado no livro até ao fim. Gostei muito também das várias referências a escritores como, Herberto Hélder, Bukowski, John Fante entre outros... Este é o terceiro livro que leio dele e é neste registo que o acho muito bom, para mim um dos melhores da sua geração. Leiam vale muito a pena...
“A origem dos dias” é daqueles livros raros. Miguel D’Alte escreve com uma mestria literária difícil de encontrar, cada frase é pensada, cada imagem parece carregar o peso da memória e do tempo. Há uma musicalidade subtil, uma densidade emocional que nos obriga a ler devagar, quase com respeito.A narrativa é profunda e humana, mas nunca pretensiosa. Mistura sensibilidade e brutalidade em doses certas, construindo um universo onde as pequenas coisas ganham um significado quase sagrado. Li de forma compulsiva e, ao mesmo tempo, com pena de chegar ao fim. É um daqueles livros que nos lembram porque gostamos de literatura.
Se "O Lento Esquecimento de Ser" e "Os Crimes do Verão de 1985", seus dois primeiros livros, revelaram o potencial de Miguel d'Alte, "A Origem dos Dias" consagra o seu talento literário.
Os dois primeiros são bastante diferentes no enredo e no "estilo". O primeiro, mais introspectivo - e revelando, talvez, mais do íntimo do autor. O segundo, mais no estilo de thriller policial, conseguindo manter o leitor em suspense até ao final.
Mantém a mesma escrita, directa e crua, com frases curtas. Os discursos directo e indirecto dos personagens, que se entrelaçam. As alternâncias temporais, que já tinhamos visto, especialmente no seu segundo livro.
A história é excelente, e mostra uma elevada imaginação.
A Origem dos Dias, junta a qualidade dos dois e faz um pouco a súmula das qualidades que o autor tinha revelado nos suas duas anteriores obras. Não por acaso, o autor revela, na nota final, que levou cerca de nove anos a escrever este livro e como levou este projecto literário.
Aguardo com curiosidade onde nos levará o seu próximo livro.
"Por fim, fechei o livro devagar, como se fosse um bem precioso. Pousei-o no lugar. Ler amaciava a solidão em que vivia, retocava as feridas que ardiam invisíveis na pele e não só."
Estes escritos emaranhados de solidão e melancolia, invadidos em cada página pela "erva daninha" dos sentimentos - a tristeza - são uma verdadeira ode à Literatura. Sempre a um passo do abismo, vamos conhecendo os mais profundos estados de alma de Tomás Lacroix Franco. Nas suas páginas podemos encontrar várias referências a personagens literárias icónicas, que os bons amantes da literatura reconhecerão. Recomendo
Um romance diferente de todos os que já li, foi uma viagem de emoções. Neste livro encontramos temas como o vício do alcool, dependência emocional, nostalgia e traumas de abandono
Sei que vou ficar com esta história na cabeça por muitos meses por isso dou-lhe 5 estrelas. Adoro a escrita do Miguel, requer muita atenção ao ler, mas é envolvente pela curiosidade que nos deixa no final de cada capítulo.