Vencedor da 9ª edição do Prêmio Kindle de Literatura, a obra traz uma pequeno-burguesa, um jovem médico anestesista, um garoto de programa e um general torturador da ditadura militar como o núcleo central de uma história de amor improvável, que se passa no último ano do século XX e tem pontos de tensão e paroxismo comparados aos do próprio mar, um dos elementos onipresentes da trama.
“Sentir é uma soma, nunca é um fato isolado. Na vida de toda pessoa é sempre resultado de uma confluência. Hormônios, cheiros, desejo e necessidade. Química. No caso dele, não é apenas ele. É a cidade, o mar, a Avenida à noite. O cheiro do mangue que a cidade soterrou. O barulho incessante da avenida fazendo calar o silêncio violento repleto de sexo de Patrício. O silêncio de minha mãe. A voz açucarada do general Rabelo. O silêncio cheio de raiva de Marinete. Você poderia me matar que ninguém saberia – eu digo. Você poderia me matar que ninguém saberia – ele diz.”
“O autor constrói um mundo vivo, com uma linguagem rica, desafiadora e lírica.” Maurício Mello JR/ Programa Leitura
“Raramente se encontra no Brasil um escritor com tanta obsessão e certeza.” Raimundo Carrero
“Belo, perspicaz, inspirado, e de uma melancolia ácida.” João Silvério Trevisan
“Um livro rico, surpreendente e muito raro nos dias de hoje. Nos enche de reflexões sobre o ser humano e seus caminhos que parecem filmados sempre na penumbra. Vale cada página.” Sonia Zaghetto
A narrativa é muito bem construída em discurso indireto livre. As personagens principais (Laura e o garoto de programa) se fundem em uma só, sendo mesmo possível a interpretação de que ele sequer existe. Ela, recebe mesada de seu tio corrupto. Ele, prostitui-se. Essa fusão fica ainda mais explícita através do estilo usado pelo autor. Frequentemente fica difícil entender quem está falando o que, e algumas vezes isso não importa. Ao final das contas, eles tem um modo de viver bastante semelhante ainda que distantes devido a cor de suas peles, sua posição social e às contingências que fizeram com que cada um tivesse esse destino. Laura em diversas ocasiões refere a si mesma como uma "vagabunda", e o seu relacionamento com seu namorado é muito parecido com o que ocorre entre um cliente e um(a) profissional do sexo. Um relacionamento que acontece em motéis, em meio a drogas e com cada vez menos diálogo, até o encontro seguinte... Em um sentido mais amplo, as citações de Laura (talvez um pouco hipócritas) de autores Marxistas parece fazer referência à alienação em que ela vive. Vive da corrupção do tio com medo apenas de uma eventual punição, além de ser terrivelmente consumista. O livro parece ser simples, talvez por isso que tenha algumas más avaliações. Não é para ser lido levianamente, e esperando somente uma história linear. Recomendo releitura e respeito pela obra, pois ela merece!
This entire review has been hidden because of spoilers.
achei interessante a maneira como foi escrito, fluido e ondulante, parece mesmo acompanhar o ritmo do mar. achei poético.
é um livro curto mas com muita profundidade.
a vida da Laura nos faz refletir, e até comparar com a de seu amigo. no fim, apesar da diferença socioecômica, ambos viviam a mesma vida de prostituição, cada um com seu simulacro, à procura “da palavra mágica que dará sentido à vida”.
me prendi na narrativa, gosto de discurso indireto livre e ele foi magicamente utilizado aqui, e devorei o livro em um dia.
é gostoso ler um autor que vive no mesmo tempo e país que você, que traz questionamentos e reflexões sempre atuais, mesmo que (às vezes) disfarçadamente.
“às vezes, um gesto salva uma pessoa. às vezes, uma frase salva um livro.”
O Ano do Nirvana é sobre o instante raro em que duas existências, gastas pelo cansaço e pela repetição, se encontram e criam um refúgio contra a aspereza do mundo. Laura, perdida entre a burocracia vazia de uma repartição pública e um relacionamento que já não lhe cabe, busca um oxigênio que não encontra em lugar algum. À beira da praia, nas sextas-feiras que viram rito de sobrevivência, ela partilha confidências com um amigo que vende o próprio corpo, mas preserva a lucidez, e uma inesperada ternura, diante da crueldade cotidiana. O romance se instala nesse território de contrastes: corrupção e delicadeza, violência e respiro, solidão e encontro. É nesse intervalo frágil, onde quase nada floresce, que Walther Moreira Santos insinua a potência transformadora de um vínculo improvável.
Logo nas primeiras páginas, somos levados a acompanhar Laura em um movimento de desencaixe silencioso: nada nela explode, mas tudo desmorona por dentro. A solidão que a acompanha não tem formato grandioso; é quase doméstica, ordinária, aquela que se arrasta nos corredores de um trabalho adquirido não pelo mérito, mas pelo favor político de um tio senador envolvido em esquemas de corrupção. A vida que deveria oferecer estabilidade e conforto se converte, lentamente, em prisão. Laura convive com pessoas, participa de uma rotina previsível, mantém um namoro “adequado” com Patrício, mas sua existência se esvazia de sentido como quem assiste a um filme pelo qual já não tem interesse. A solidão surge, assim, não como uma ausência de gente, mas como ausência de pertencimento. É um tipo de exílio íntimo: estar presente sem estar inteira, ser vista sem ser verdadeiramente encontrada.
Essa solidão encontra um eco inesperado quando Laura passa a frequentar a praia onde mora, região de prostituição masculina, não por voyeurismo ou rebeldia, mas porque ali, paradoxalmente, sente-se mais viva. A praia se torna o espaço do desabafo, o lugar onde o mar, com sua vastidão indiferente, parece entender o que ela ainda não consegue formular. É ali que ela encontra o amigo, alguém à margem da sociedade, distante do mundo confortável de Laura, mas igualmente marcado por uma sensação de fracasso e desencontro. Juntos, conversam sobre os desvios da vida, sobre as escolhas que os conduziram àquele ponto, sobre o medo do futuro e a estranha nostalgia de um tempo que talvez jamais tenha sido feliz de verdade. O vínculo entre os dois nasce sem alarde, quase tímido, como se fosse preciso cuidado para não assustar o único afeto genuíno que pulsa no livro. E, no entanto, esse laço é o que impede que ambos sucumbam ao esgotamento emocional que os consome.
O cenário onde essa relação se desenrola é uma cidade de praia sem nome, e a decisão do autor de não localizá-la no mapa é crucial para a atmosfera da narrativa. A ausência de um espaço geográfico explícito transforma a cidade em símbolo, quase um personagem. É uma praia que poderia ser muitas, reconhecível pela combinação de turismo, violência, desigualdade e uma espécie de cansaço urbano que impregna até o vento. As descrições transbordam uma melancolia úmida, como se nada ali se fixasse: nem afeto, nem promessa, nem futuro. Se a praia costuma ser, para muitos, metáfora de liberdade, descanso ou renovação, aqui ela surge como fronteira entre aquilo que aprisiona e aquilo que poderia libertar, mas nunca libera por completo. O mar, com sua imensidão, parece oferecer uma rota de fuga; a cidade, com sua dureza, lembra que nem sempre é possível partir. Essa geografia imprecisa amplifica a ideia de não pertencimento: é como se Laura e seu amigo estivessem presos em um lugar que não os reconhece, e que, por ser sem nome, reforça o anonimato de suas dores.
Laura, apesar de viver rodeada de privilégios, é apresentada como alguém sufocada pelo excesso de suposto conforto. O romance ronda em volta dela e das suas questões.
Nssa vida organizada demais, previsível demais, sem risco e sem verdade, corrói seu desejo de continuar. Há algo de profundamente humano nesse incômodo: a sensação de que ter tudo “certo” pode ser uma forma sutil de infelicidade. As pequenas concessões diárias, o conformismo que vai se infiltrando nas frestas da rotina, a resignação diante do que já não faz sentido: tudo isso vai transformando Laura em espectadora da própria vida. O romance levanta, assim, uma questão incômoda: o que acontece quando ninguém espera que sejamos infelizes porque, aparentemente, nada nos falta? A miséria emocional, diferentemente da material, é invisível; e essa invisibilidade só torna o vazio mais cruel.
A linguagem escolhida por Walther Moreira Santos intensifica essa experiência de dissolução. A escrita é fluida, ondulante, por vezes fragmentada, como se acompanhasse o ritmo do mar que permeia o livro. As frases parecem vir em ondas: algumas suaves, quase sussurradas; outras mais abruptas, como uma corrente que arrasta. Essa escolha estilística não é estética apenas, ela encarna o estado emocional dos personagens. Nada é absolutamente linear, nenhuma reflexão se fecha por completo, porque a vida deles também não se fecha. As ideias voltam, recuam, reaparecem com outra tonalidade, como ressaca da memória. O silêncio e o não dito se tornam tão importantes quanto o que é narrado. A narrativa não entrega um arco dramático cheio de acontecimentos, mas um mergulho sensorial em atmosferas e estados internos de Laura. É, portanto, um romance que se sente mais do que se “acompanha”, e sua força está menos na trama e mais na textura emocional que deixa na pele do leitor.
Essa qualidade sensorial é, em parte, consequência de ser uma obra publicada independentementee. Há liberdade formal, coragem de não seguir fórmulas de mercado, recusa do didatismo e uma confiança admirável na inteligência sensível do leitor. O Ano do Nirvana não tenta ser universal pelo enredo; é universal pela experiência humana que toca: a solidão, o cansaço, a busca por algo que faça sentido quando a vida parece reduzida ao mínimo. A independência do texto permite que o autor explore nuances, pausas, fragmentos, respirações que talvez editoras comerciais tentassem aparar em nome da “dinâmica”. E, no entanto, é precisamente essa recusa ao formato pré-fabricado que faz do livro uma leitura memorável. Ele se move como uma conversa íntima, como um segredo dito ao pé do ouvido, como um pensamento que se tem diante do mar ao fim de um dia difícil.
Não surpreende, então, que tenha vencido o Prêmio Kindle de Literatura 2025. O reconhecimento não vem pelo tamanho da obra, nem pela complexidade estrutural, mas pela honestidade estética e emocional. O livro sabe o que quer ser e o que não quer ser. Ele acolhe o leitor que já experimentou o desconforto de viver uma vida aparentemente correta, mas sentida como errada por dentro. Aquele que conhece a estranha solidariedade de encontrar luz em lugares improváveis. É o tipo de romance que ecoa porque encontra o que está disperso dentro de nós.
Ao finalizar a leitura, fica a sensação de ter acompanhado algo pequeno e, ao mesmo tempo, imenso. Pequeno no recorte da narrativa e imenso naquilo que esses encontros revelam sobre quem somos quando ninguém nos vê. O Ano do Nirvana deixa uma marca discreta. Talvez o seu nirvana particular seja a promessa de que uma fresta de paz, por menor que seja, pode ser suficiente para atravessar a noite.
O Ano do Nirvana de Walther Moreira Santos. Rio de Janeiro: José Olympio; Porto Alegre: Tag, 2025. 144p. Leitura de Novembro.
Que livro ruim, não entendi como esse livro ganhou o prêmio Kindle de literatura, o pix deve ter sido grande, porque além do texto ter uma estrutura de poesia que não se justifica em nenhum momento, a narrativa é chata, sem sentido, mostra uma personagem solitária que quer a todo momento se mostrar profunda, mas é apenas solitária e extremamente fútil, sofrendo por ter milhões na conta e ser corrupta, coitada, muito sofredora, o único personagem que poderia ser interessante, o gigolô, sequer tem nome, e termina o livro sumindo, (ou morreu ou arrumou o que fazer) porque serviu apenas para ouvir os desabafos vazios, de uma protagonista vazia. O livro ainda começa com o "mistério" da Marinete ter descoberto algo, pra no final ela existir de verdade, todo esse livro é uma completa pataquada sem sentido que tenta ser profunda, e olha que o autor escureceu um livro que eu gosto muito, "o piloto", mas com esse aqui, puts, que decepção, nunca vou recuperar o tempo que perdi nessa bomba, até o livro da cadeirada do Pablo Marçal tem mais propósito que isso.
Não sei nem o que dizer. Não gostei, mas não odiei, provavelmente vou me esquecer rápido da história. Acompanhamos nossa protagonista, Laura, uma mulher estagnada, quase sempre apática, que “trabalha” em uma “repartição” enquanto recebe uma mesada de um tio senador picareta que a usa como laranja. Acompanhamos seus encontros com um garoto de programa, em uma relação de amizade improvável e paixão platônica, e com um vizinho general do exército ligado à ditadura. E, pontualmente, uma cena ou outra, com seu namorado, Patrício, anestesista e drogadicto.
Senti que o livro se encheu de informações que não levam a lugar nenhum - como a existência de Patrício, por exemplo, que é dispensável e só serve pra reforçar a apatia da protagonista, já bem descrita para nós. As conversas com o garoto de programa pareciam discursos politizados de jovens que acabaram de entrar no grêmio/DCE da sua faculdade e estão começando a se politizar, chegando num ponto em que pincela vários comentários sobre várias questões socioculturais e políticas que passam reto em direção a outras.
Essa questão das conversas “politizadas” entre os dois soam ainda menos naturais (até um pouquinho absurdas) se percebermos as diferenças sociais entre eles: a protagonista é sobrinha de senador, rica, com sobrenome alemão, descrita como branca e bonita; enquanto o garoto de programa, que nem nome tem, é descrito como um homem negro e gay (ou bissexual, não fica claro, mas isso não é um problema especificamente). Talvez eu esteja problematizando demais por ficar incomodada com o único personagem descrito como negro ser garoto de programa sem nome? Talvez, mas não deixa de ser um estereótipo triste e não deixa de tornar as discussões entre os dois mais inverossímeis.
Gosto do diálogo entremeado ao texto, da estrutura mais desorganizada, e de fato achei a escrita mais poética e bonita, mas a narrativa achei sem lé nem cré e os problemas acima foram difíceis de ignorar. Poderia dizer que tenho problemas com histórias curtas (essa é uma novela), mas já li novelas boas que discutiram questões relevantes com um mínimo de profundidade e sem cair em estereótipos ou no blasé, então não sei se é esse o problema.
Não sem nem quem indicou esse livro pra eu ter colocado ele no meu Kindle unlimited, porque não conheço ninguém que leu, mas fica aí - não recomendo, mas é curta então vai te gastar pouco tempo.
Laura é uma infeliz jovem, médica anestesista mas que não exerce a profissão, parente de um influente senador. Ele arranjou para ela um emprego público em que sua única ocupação é fazer nada em troca de um alto rendimento que ela recebe por servir de “laranja” para o político. Com seu namorado ela tem uma relação sexualmente intensa mas vazia em todos os outros aspectos. Além disso ela é descaradamente “stalkeada” por seu vizinho, um general aposentado com fama de entusiasta e saudosista da ditadura militar brasileira. Laura busca uma válvula de escape dessa existência sem estímulos se entregando a um consumismo obsessivo que a angustia ainda mais. O único momento em que ela se sente realmente viva é quando ela, à beira da praia que é próxima ao seu apartamento, se encontra com um garoto de programa que ela conheceu meio por acaso. Em suas longas conversas eles trocam experiências, tergiversam sobre questões existenciais, filosóficas e comportamentais e acima de tudo elucubram acerca dos fatores que os levaram às suas respectivas situações. No entanto, de forma sub-reptícia e maligna, forças sombrias se interconectam contra o aparente idílio de Laura junto a seu amigo. “O ano do Nirvana” é um breve mas intenso romance de autoria do pernambucano Walter Moreira Sales, nascido em Vitória de Santo Antão em 1979, escritor premiado com mais de quarenta obras publicadas além de ilustrador de talento. Com este livro o escritor venceu em 2024 o nono prêmio Kindle de Literatura. A narrativa é objetiva, os dramas e dilemas da personagem Laura realmente nos cativam e a leitura é fluida mas ao mesmo tempo nos põe para pensar acerca das relações humanas e no quanto elas podem ser deturpadas por questões políticas e ideológicas e por preconceitos de classe. Ótima pedida.
Indicação Semanal = “O Ano do Nirvana" 🖋 PUBLICAÇÃO DE = WALTHER MOREIRA SANTOS 📃 PÁGINAS = 98 Avaliação: 5.0 ⭐
Vê-se uma obra com devidas referências ao derradeiro ano do século XX, como reflexos audíveis, visíveis numa sociedade que reverberou o ápice da insegurança na democracia ou nas suas reverberações de governo. O Brasil sob consequências de um longo período de opressão que impulsionou o acréscimo de uma vilania já percebida: A da desigualdade social. Nessa publicação é dado o romance improvável que envolve uma jovem burguesa, um segundo marginalizado nas próprias condições, preso ao ciclo das ironias irradiadas.
As discussões e referências bibliográficas colocadas sob os diálogos ao longo do livro são excepcionais, uma imersão surreal ao campo das ciências sociais, mesmo para os leigos. Pois cabe uma profunda e próxima visualização das mazelas vividas pelas sociedades, na paráfrase dos seus porquês sem resoluções como permanências. A sua densidade não equivale ao público juvenil, mas solidifica o limbo vislumbrado na casa dos 20 para os 30 anos, quase como Comum Manual sobre o nada pelo refluxo do “Fim” sem desilusão (…)
O Ano do Nirvana é uma das novelas finalistas do 9º Prêmio Kindle de Literatura (2024-2025). Uma novela interessante... Curta, simples, muito bem escrita. Poética e real.
A burguesa que tem um namorado chamado Patrício; que é cortejada por seu vizinho do apê de cima, o general Rabelo, que deve ser 60+; que tem um amigo com quem conversa todas as sextas-feiras no banco do calçadão em frente ao seu prédio... Esse amigo que ela tanto ama, com quem ela conversa sobre coisas aleatórias e bonitas, poéticas. Ela que trabalha na Repartição por indicação do seu tio senador - que a usa como laranja -, mas que apenas finge trabalhar, e é bem observada por Marinete.
Uma novela curta que poderia ser muito bem aproveitada, caso se tornasse um romance. Muito interessante!
"Tenho vontade de que a vida seja cinematográfica. A vida podia fazer algum sentido, pelo menos de vez em quando. Antigamente a gente queria ser feliz a qualquer preço. Hoje a gente deseja não ser vítima da violência, do estupro, da separação, da perda, da dor, do desemprego... O que aconteceu com todo mundo? Ficamos humildes. Ficamos. Queremos o prazer eterno, o nirvana, mas a gente se contenta simplesmente em não ser assaltada ou assassinada nesta que é uma das mais violentas cidades do mundo." (Página 60)
Que livro estranho. Não sei se me faltou sensibilidade ou se simplesmente não é o tipo de leitura que me prende. Pareceu uma escrita meio experimental.
A história é curta — por isso insisti até o fim —, mas, se fosse mais longa, eu provavelmente teria abandonado.
Apesar de a relação entre os dois personagens principais até despertar alguma curiosidade, a narrativa em si me pareceu arrastada e sem ritmo. Faltou fluidez, faltaram ganchos. Em vários momentos, parecia que as palavras estavam apenas sendo jogadas na página, sem muita preocupação em envolver o leitor.
curto, poético, me deixou confusa mas ao mesmo tempo muito interessada por essa parte minúscula de uma vida alheia. o estilo da escrita combina com a velocidade e caos em que tudo acontece — ou, na verdade, não acontece. um livro em que nada realmente acontece, mas te fala de coisas que aconteceram.
Acho que todo mundo que está aqui conheceu o livro pq foi brinde do clube de leitura TAG. Achei legal pq leva pra muitos lugares um livro nacional ganhador do prêmio Kindle. Nenhum de nós estaria aqui provavelmente se não fôssemos leitores do clube. Então acho que o papel foi cumprido, pq o princípio do clube é trazer pra gente autores novos e que não iríamos ter acesso sozinhos.
mulher branca usa homem negro fodido para desabafar sobre a vida milionária que tem. tentou ser mais poético do que realmente foi. mas, como é curtinho e veio de brinde na Tag, não foi de todo ruim