Jump to ratings and reviews
Rate this book

Viagem

Rate this book
Viagem reafirma o compromisso de Graciliano com a justiça social sem negociar sua liberdade literária. Um relato imprescindível de uma época de fortes paixões políticas e ideológicas feito por um dos maiores escritores da Literatura Brasileira.

256 pages, Paperback

First published January 1, 1976

1 person is currently reading
52 people want to read

About the author

Graciliano Ramos

132 books411 followers
Graciliano Ramos was widely considered one of the most important Brazilian authors of the 20th century. He was a seminal voice in the literary "regionalism" movement.
As a child Ramos lived in many cities of Northeastern Brazil, stricken by poverty and severe weather conditions (droughts). After high-school, Graciliano went to Rio de Janeiro where he worked as a journalist. In 1915 he traveled to Palmeira dos Indios, state of Alagoas, to live with his father and in 1927 he was elected mayor.
In 1933 he published his first book, Caetés. A few years later he was jailed by the Getúlio Vargas government, on a charge that was never made clear. His experiences in jail would become a unique personal deposition, Memórias do Cárcere.
Graciliano died in 1953, at the age of 60. His "dry" style of writing and the conflict between the id and the world are the significant marks of his works.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
6 (13%)
4 stars
19 (42%)
3 stars
14 (31%)
2 stars
5 (11%)
1 star
1 (2%)
Displaying 1 - 9 of 9 reviews
Profile Image for Ana.
148 reviews
May 6, 2025
É um relato de viagem, na década de 50, para a Tchecoslováquia, URSS e Geórgia.
O que mais me chocou, além do acesso à educação e saúde gratuitos, o preço do aluguel em Moscou ficava entre 3% a 5% do salário das pessoas, não podia passar disso. Pra quem eu vendo minha alma pra pagar apenas 3% do meu salário em aluguel hoje em dia?
Profile Image for Reh.
22 reviews14 followers
August 18, 2019
Engraçado como esse livro de Graciliano (pelo menos no Brasil) é pouco conhecido e fica à sombra dos outros livros do autor. Em seu diário de viagem, Graciliano expõe de maneira ironica e às vezes até mesmo divertida as hipocrisias de uma visão ocidental do que foi a URSS. As tentativas do autor de manter uma visão neutra permeiam todo o livro, e, como sempre, Graciliano luta contra seus preconceitos e tenta alcançar uma visão imparcial, mas que ele sabe não ser imparcial.
O que mais gostei no livro foi o fato (nada surpreendente) de o autor procurar a essência daquele regime nas pessoas, nos indivíduos, e não nas coisas, nas construções. Sua viagem tem a ver com entrar em contato com o humano, com outros seres humanos, entender a cultura a partir das pessoas em si.
Apesar de não defender completamente o socialismo que ali se instaurava, acho deliciosas as passagens em que Graciliano dá "alfinetadas" nos prepotentes ocidentais que se consideram melhores em seu capitalismo bárbaro: "Um ofício não é superior a outro - e os homens tendem a uniformizar-se. Essa ideia choca o nosso individualismo pequeno-burguês: achamos vantagem nas discrepâncias, receamos tornar-nos rebanho. E nem vemos que somos um rebanho heterogêneo, medíocre, dócil ao propietário. Queremos guardar o privilégio imbecil de não nos assemelharmos ao vizinho. Enfraquecendo-nos, julgamo-nos fortes. Realmente, somos bestas" (p.135).
Profile Image for Tiago.
240 reviews19 followers
April 5, 2023
O último livro escrito por Graciliano e publicado postumamente. É uma literatura de viagem em formato de diário sobre uma viagem a União Soviética em 1952 para assistir as comemorações do 1 de Maio. Graciliano já começa em grande estilo: "Em abril de 1952 embrenhei-me numa aventura singular: fui a Moscou e a outros lugares medonhos situados além da cortina de ferro exposta com vigor pela civilização cristã e ocidental. Nunca imaginei que tal coisa pudesse acontecer a um homem sedentário, resignado ao ônibus e ao bonde quando o movimento era indispensável."

A viagem foi organizada pela Voks (uma espécie de escritório para relações exteriores focado na área cultural) e foram junto com Graciliano outros expoentes da cultura brasileira simpáticos ao socialismo/comunismo (Jorge Amado, Arnaldo Estrêla entre outros), além de políticos como Sinval Palmeira. A viagem começa pela Tchecoslováquia (Praga e arredores) e logo chega a União Soviética. Graciliano visita Moscou, Leningrado, dá uma passada rápida pela Ucrânia a caminho da Geórgia e no Cáucaso visita várias cidades na Geórgia e na Abkhazia.

Apesar da simpatia aberta que tinha ao regime soviético, o relato de Graciliano é bastante honesto. Ele menciona no texto: "Sinto-me no dever de narrar a possíveis leitores o que vi além dessas portas, sem pretender de nenhum modo cantar loas ao Governo Soviético. Pretendo ser objetivo, não derramar-me em elogios, não insinuar que, em trinta e cinco anos, a revolução de outubro haja criado um paraíso, com as melhores navalhas de barba, as melhores fechaduras e o melhor mata-borrão."

Graciliano se mostra incomodado com certos 'tiques' dos seus anfitriões, nomeadamente, a regurgitação de números e estatísticas para propagandear o regime. A grandisidade dos eventos (tanto de tamanho quanto de duração) também cansou Graciliano. O desfile militar interminável do 1 de Maio é o principal exemplo que ele relata. Por outro lado, ele se mostra muito bem impressionado com o sistema educacional soviético e com o hábito de leitura dos alunos nas escolas que visita.

Da mesma forma que John Steinbeck em "Um Diário Russo", Graciliano ficou bem impressionado com a Geórgia e seus habitantes. Lá ele visita 'resorts' de férias dos trabalhadores e também conhece os kolkhozes, uma espécie de cooperativa agrícola e fica impressionado com a beleza da mulher caucasiana.

O livro termina de forma meio apressada com um relato 'telegráfico' dos últimos dias de viagem. Mesmo não sendo tão bom quanto o livro de Steinbeck, para quem gosta de relato de viagem é uma leitura bem interessante. Nota: 3,5/5
Profile Image for Henrique Fendrich.
1,021 reviews26 followers
January 15, 2024
Em meados de 1952, pouco antes de morrer, Graciliano Ramos fez uma viagem à antiga União Soviética, mais precisamente à Rússia e à Geórgia. E fez a viagem à convite do Partido Comunista Brasileiro, do qual fazia parte, embora manifestasse certa independência de pensamento. Assim é que as crônicas que escreveu a respeito dessa visita, reunidas postumamente sob o título de “Viagem” (Record, 2008), não constituem uma propaganda laudatória do sistema de governo daqueles países. Graciliano já havia saído do Brasil pensando em escapar das doses de morfina aplicáveis ao estrangeiro. E, embora simpatizasse com muita coisa do que via, não deixou de causar embaraço com as dúvidas e questionamentos que fazia diante dos discursos oficiais que ouvia.

Na URSS, Graciliano mostrava interesse, sobretudo, pelo pensamento das figuras anônimas. Por vezes flanava sozinho pela cidade, experimentando a curiosa sensação de ter se tornado surdo, vagando a procura de algum personagem de Tolstoi. O escritor, no entanto, também faz relatos pormenorizados dos lugares que visita, citando eventos e datas na medida em que permeia o texto com impressões pessoais de notável senso de humor. E Graciliano teve mesmo experiências singulares por lá, como a de observar Stálin durante um evento de comemoração dos trabalhadores. Também viu o corpo de Lênin, embora achasse muito curiosa aquele tipo de peregrinação.

Na verdade, Graciliano tinha dificuldade em aceitar o culto à personalidade em terras soviéticas, julgando ser algo impossível para os latinos. Mas não foram estas as maiores diferenças que o escritor encontrou em relação ao seu próprio país. O incrível índice de leitura dos trabalhadores da Geórgia, onde regurgitavam teatros e multiplicavam-se escolas, por exemplo, o fez lembrar-se dos analfabetos brasileiros.

Havia na época a ideia de que quem fosse para os países da cortina de ferro seria contaminado pelo vírus do socialismo. Ao encontrar uma realidade social que, sob vários aspectos, se mostrava superior à existente no Brasil, Graciliano observou com ironia: “Se respirarmos isso aqui acabaremos doentes, julgaremos razoável uma cidade isenta de mendigos e prostitutas”. E à medida que reflete sobre nossas tão prezadas individualidades, o escritor pondera:

“Embora vivamos do nosso trabalho, fomos criados na reverência aos tipos hábeis que vivem do trabalho dos outros. E admiramos haverem-se apagado aqui as divergências (…). Achamos vantagem nas discrepâncias, receamos tornar-nos rebanho. E nem vemos que somos um rebanho heterogêneo, medíocre, dócil ao proprietário. Queremos guardar o privilégio imbecil de não nos assemelharmos ao vizinho. Enfraquecendo-nos, julgamo-nos fortes. Realmente, somos bestas”.

Por outro lado, também Graciliano e os brasileiros que o acompanhavam chamavam a atenção de moradores locais, pasmados por não serem eles os selvagens que supunham. O curioso é que, mesmo com meios diversos, hábitos diversos, divergências constrangedoras, sociedades antagônicas, separados por distâncias imensas, externas e internas, aqueles soviéticos se avizinhavam de criaturas tão diversas como elas. Um incidente que tocou particularmente a Graciliano foi a da menininha que se aproximou dele e, com curiosidade, pegou o seu caderno de anotações, desejosa de entender e se comunicar.

Apesar dessas aproximações, Graciliano achava que a sua própria literatura de nada serviria em países como aqueles. Considerava que, ali, seus textos não passavam de coisas miúdas, casos vagos de uma região quase deserta. Igualmente, não conseguiria ler os livros da Geórgia que lhe entregavam.

É engraçado que, tendo a oportunidade constatar in loco tudo aquilo que se dizia respeito do socialismo na Rússia, descobrindo coisas que não imaginava, como o “repouso forçado”, Graciliano não tenha conseguido convencer muitas das pessoas que ficaram no Brasil. Ao contrário, teve que ouvir delas que tudo o que considerou digno de elogios durante a sua viagem foi o resultado de uma complicada encenação com objetivos propagandísticos. E então, essas pessoas, que nunca haviam estado na URSS, pacientemente passaram a explicar a Graciliano como era a URSS de verdade. Com isso mostraram não apenas duvidar da capacidade de discernimento do escritor, mas também evidenciaram a sua idealização de um mundo sem contradições, em que o certo e o errado são facilmente distinguíveis. E isto, infelizmente, sobrevive à Guerra Fria.
Profile Image for Marcelo Tempes.
136 reviews
January 14, 2018
No contexto da obra de Graciliano esta não é de grande relevância. Trata-se de um relato de sua viagem para a União Soviética. Um grupo de artistas brasileiros, entre estes Graciliano e Jorge Amado, é convidado - e bancado - pela Rússia Stalinista dos anos 50 para conhecer o agregado dos países "do futuro". O passeio causa fortes impressões positivas no autor, principalmente em sua considerável passagem pela Georgia. Vê-se ele em colônias de férias para os trabalhadores de chão de fábrica, em escolas organizadas e modernas, entre pessoas polidas e inteligentes, cercado de trabalhadores braçais intelectuais. Para ele é como uma espiadela no futuro, um vislumbre da humanidade em seu ápice.

O autor rebate em poucos parágrafos, no decorrer do próprio livro, a tese de que esta Rússia funcional e humana era apenas uma faixada para um regime sanguinário. Ele argumenta que seria um esforço faraônico, irreal em sua visão, passar por todos esse trabalho para convencer alguns convidados especiais. Sabemos hoje da complexidade dos artifícios utilizados pela União Soviética para enganar sua população e o resto do mundo. Mas, mesmo que tudo que Graciliano viu não passasse da mais nua realidade Soviética, aquele pequeno pedaço de paraíso, sabemos, estava boiando sobre um incessante e líquido genocídio.

"Realmente não compreendemos, homens do Ocidente, o apoio incondicional ao dirigente político; seria ridículo tributarmos veneração a um presidente da república na América do Sul. Não temos em geral nenhum respeito a esses indivíduos. Pelo contrário: a massa experimenta prazer em atacá-los, os jornais da oposição encarniçam-se em apontar-lhes as mazelas, reais ou imaginárias. O amor a um poder, na verdade bem precário, faz que essas criaturas se resignem a tomar diariamente um banho de lama. Verdades e calúnias confundem-se. Hoje em cima, embaixo amanhã, preso a interesses inconfessáveis, obrigado a mendigar o voto, alargando-se em promessas num instante esquecidas, o homem público é um ser mesquinho. Habituamo-nos a julgá-lo trapaceiro e venal; as suas palavras em tempo de eleição, ocas e abundantes, são para nós desgraçadas mentiras."
Profile Image for mare.
18 reviews
March 2, 2025
"Homem dos trópicos, arriscava-me a andar entre esquimós."

Essa leitura foi muito interessante... no Brasil, já amamos Graciliano por sua visão espinhosa sobre uma realidade árida, mas ter, em paralelo, essa viagem feita à URSS em seus olhos é algo sem comparativos. Com esse relato de viajante, é possível entender o socialismo e a União Soviética com um olhar real e interno, bem mais palpável. O autor descreve comportamentos, rotinas, estilo de vida... imerso em uma língua estrangeira incompreensível, ele ainda foi capaz de ser cativado pelo que era visto, e esse é um grande comparativo ao capitalismo: onde tudo é somente dito.
"Os estrangeiros que aqui chegam voltam infeccionados; não resistimos aos venenos sutis espalhados no ar e nas conversas; as sólidas vantagens da liberdade evaporam-se diante desta singular escravidão."
Profile Image for Bernardo Candal.
20 reviews
March 7, 2022
Livro excelente dos relatos de Graciliano na URSS. Os relatos são de cair o queixo, um estado de bem estar social, de cultura, inclusive dos trabalhadores chão de fábrica que fariam nossos doutores corarem. Ao lado do relato de Cortázar sobre a Nicarágua sandinista, mostra bem como o socialismo, mesmo com todos os problemas, proporciona um mundo melhor pra maioria.
Profile Image for Carla Luis.
172 reviews2 followers
January 6, 2025
Não sei muito sobre o tema, mas foi um livro interessante.
Uma viagem de um escritor brasileiro a várias zonas da ex URSS, imediatamente no pós guerra.
Descrições simples e pouco ambiciosas, que valem pelo conteúdo. Um livro interessante e curioso.
Profile Image for Daniel Chambel.
6 reviews
December 5, 2024
Uma leitura oportuna e que ajuda a compreender melhor a falência e queda do modelo comunista na ex-URSS.
Displaying 1 - 9 of 9 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.