O tempo, implacável e constante, define a perceção do mundo, revelando tanto a beleza quanto a dor da existência. É a consciência da finitude que impulsiona cada ação. É no tempo que se ancoram as maiores virtudes do Homem; é no tempo que reside a Justiça, é no tempo que experimenta a Ciência; é ele , o tempo, que tece a condição humana. Nós vamos, ele fica, ele continua.
Neste ansiado livro, Pedro Freitas, o Poeta da Cidade, chegou sem tempo a perder, como todos nós. Aprendamos a saborear o que temos... antes que seja tarde demais.
POETA DA CIDADE é Pedro Freitas, um poeta, dizedor de poesia e produtor cultural de 26 anos. Iniciou o percurso artístico em 2014, no concurso da Fundação Calouste Gulbenkian «Dá Voz à Letra» e, desde então, afirmou-se como um dos declamadores mais ouvidos em Portugal. Nas redes sociais, onde junta mais de 220 mil seguidores, partilha leituras de poesia, sessões de debate, painéis de conversa, conferências e excertos dos seus espetáculos ao vivo.
Editou, de forma independente, em 2022, o seu primeiro livro de poesia — Ela, metafisicamente d’outro mundo —, que se tornou no título de poesia portuguesa mais vendido desse ano. Passa grande parte do ano em digressão nacional, com espetáculos que combinam poesia e música, atraindo centenas de espectadores às mais variadas salas de espetáculos.
O autor declama poesia na perfeição, aprecio muito. Porém, não gostei deste livro, não me fez sentir nada, bem ou mal, e é isso que procuro na poesia. Pode até ser uma obra-prima, sendo eu uma mera viajante de primeiras travessias neste estilo, quem sou eu na fila do pão. Não obstante, senti que tudo era forçado, com o intuito de impressionar (ainda que talvez inconscientemente) com fórmulas complexas, e muitas vezes a soar àqueles chavões tão comummente identificáveis na sociedade de hoje em dia. Pressinto que o autor tenha veia poética mas, incorretamente explorada, desagrada. Fiquei sem tempo. Todavia, não sem antes terminar com o único poema que gostei. O primeiro, ainda antes da cortina se abrir.
Na hora em que achares que te esqueci, atenta nos momentos de silêncio entre os ponteiros em que errante fui em busca de mim nas memórias que tenho tuas.
No dia 14 de Fevereiro de 2023 a minha avó morreu.
A pessoa mais pura, querida e sem nada para dar a não ser amor. Cresci com ela desde bebé. Foi ela quem me deu o primeiro banho. Foi com ela as primeiras brincadeiras. Fez de minha avó, mãe, pai e melhor amiga. Éramos inseparáveis.
O conceito do Tempo, tema central deste meu segundo livro, é um conceito sem uma explicação concreta porque tem vários significados semânticos dependendo daquilo que caracteriza. O Tempo religioso, por exemplo, é marcado pela plenitude e omnipotência, duas características que não podiam estar mais longe do Tempo "socialmente construído", aquele que gere as nossas relações enquanto sociedade e que nos diz se estamos atrasados para uma reunião ou jantar. E para além destas, temos ainda o Tempo orgânico, aquele a que nos referimos quando queremos falar da ordem das coisas na Natureza, o Tempo que rege as relações de tudo o que não é intelectualizável.
No dia 14 de Fevereiro de 2023 a minha avó morreu e eu apercebi-me de que teria de reaprender a viver em todas estas concepções do tempo. Mas desta vez sozinho. Sem ela para me dar a mão. Este livro é essa reaprendizagem. Ou tentativa.
Como voltar a ter fé? Como encarar o relógio que data as memórias que guardo tuas? Como deixar o sol voltar a banhar a minha cara? Serão lágrimas ou chuva? Passarão os dias da mesma forma? Como voltar a ser feliz... sem ti, avó?
Vim Sem Tempo foi para mim um murro no peito e um abraço ao mesmo tempo. Uma viagem entre tempos — passados, presentes e futuros — em que cada poema é uma cápsula de emoções.
Este livro brinca com as palavras e com os sentimentos, num jogo subentendido entre beleza e tristeza. Há dor, há memória, há nostalgia e acima de tudo, amor. E há uma figura que atravessa as páginas com uma ternura brutal: a avó. Este livro é, de muitas formas, uma carta de amor, de luta e de legado escrita para ela.
Os meus poemas favoritos? “Um pouco mais de poesia”, “É a hora” e “Lápide do presente”.
Há versos que ficam a ecoar muito depois de lermos. Como este: “Cheguei sem tempo ao lugar que já não existe. Até a memória das estrelas te esquecerá.”
Poeta da Cidade devia, honestamente, mudar o nome para Poeta do Universo porque este livro é maior do que geografias. Foi, com toda a justiça, distinguido como Melhor Livro de Poesia de 2024. E não podia estar mais de acordo.
A poesia que é escrita, é como algo que nos toca o coração. Poemas singulares, que por vezes utilizam o quotidiano e ,que através dele, se fazem especiais. Confesso que a mão com que foi escrito este livro me tocou o coração e abriu-o, novamente, para uma realidade da qual me mantenho cativa, a ausência de algo ou alguém. São variados poemas que falam da ausência, da busca de identidade através da perda de alguém ou mesmo através da poesia. Abordar o tempo não é fácil, pois ao abordar o mesmo, também nos escapa das mãos… mas este tempo de leitura é, sim, um agarrar o tempo pelas mãos e fazê-lo parar. Pará-lo e poder refletir sobre tudo! Aconselho vivamente a leitura deste novo livro! Encararmos o tempo e gastarmo-lo da melhor maneira, a leitura!
Deixo ainda espaço para um pequeno excerto do prefácio que não me deixou indiferente: “ […] é a dor, toda a dor, principalmente a que advém da interiorização da finitude, a força motriz que nos acorda todos os dias de manhã e nos faz batalhar uma guerra que sabemos à partida perdida contra um inimigo invisível, inaliável, incompreensível e inexplicável- o Tempo.”
A poesia é uma escrita sentida e única. Este livro encontra-se dividido em poemas recentes ao Passado, Presente e Futuro. Tocante e singular são os adjetivos que descrevem está leitura.
infelizmente este livro não foi para mim. reconheço que o autor tem imenso talento para a escrita e tem poemas muito bonitos, mas não consegui sentir uma ligação ao ponto de me conectar com o que estava a ler.
“A poesia não é algo que se leia em qualquer lugar ou a qualquer hora”.
Este livro é um exemplo disto. Li a primeira parte do livro em dias completamente normais e li a segunda e a terceira depois de perder alguém da minha família e, só nessas 2 últimas partes (“presente” e “futuro”), é que sinto que tive a verdadeira experiência de leitura que o livro pedia.
É um livro bastante reflexivo e que dá a entender serem pedaços da mente do autor. Fases pelas quais passou e que só quando escreveu num papel, se tornou mais fácil de as suportar.
É difícil avaliar um livro de poesia porque a poesia, mais ainda do que as outras formas de literatura, depende da perspectiva e vivências de cada um de nós. A minha nota não é 5, simplesmente porque criei expectativas em relação ao livro que não corresponderam à realidade. A minha experiência de leitura não foi linear e apenas se tornou aquilo que eu precisava na segunda vez que li. Tudo o que pensei dessa vez foi “hoje foi um dia de luto para mim, vou ler este livro com a expectativa de que o autor fale sobre o que é deixar alguém para trás ou ela nos deixar”. E falou e eu senti e foi incrível.
Li o primeiro livro do autor e tenho a dizer que este é muito diferente, ao início não estava à espera daquele rumo, no final, pensei, “uau, sem este livro o outro parece nem fazer tanto sentido, se calhar devem se complementar.” E, acima de tudo pensei: “Sinto que precisava de ler isto”.
O Homem vive perdas constantes — são como pedras lançadas ao rio do tempo. Mas a cada afundar, nasce uma nova corrente. O que se vai, abre espaço ao que pode vir. É nesse fluxo que surgem os caminhos invisíveis, onde a alma aprende a caminhar com leveza mesmo em terrenos de silêncio.
Nada é por acaso... Tropecei num post do Autor e da empatia nasceu uma nova leitora.
Para quem viveu a perda de uma Avó — sem igual, porque Elas são Únicas — na adolescência, posso apenas partilhar com o Autor e com todos os que lerem esta review que o amor verdadeiro transcende tempo e espaço. Vive nos gestos, nas memórias e em tudo aquilo que somos. Resta-nos, com humildade e gratidão, tentar ser o Seu melhor reflexo.
A poesia entregue de um forma tão bonita, e que aqueceu de certa forma o meu coração enquanto lia. Poesia é algo difícil de avaliar porque cada um tem a capacidade de a interpretar de diferentes formas e levar para diversos contextos, mas para mim e na fase de vida que me encontro vale estas 5 estrelas. Desde os 16 que leio poemas escritos pelo Pedro, mas este livro tocou-me de maneira diferente e depois de ouvir a apresentação, acho que comecei a olhar de outra maneira para os poemas e levo-o no coração para o resto da vida. Obrigada por manteres a poesia viva 🤍
4,25 ⭐️ Este foi o livro que eu precisava neste momento sem o saber. Eu já tinha amado o primeiro livro mas este tocou me ainda mais. Perder alguém é uma dor incomparável e o tempo, bem ele não pára só temos de aprender a viver com e sem ele.
Em Vida Sem Tempo, cada poema é um instante suspenso: palavras que não correm, apenas respiram. A leitura deixa no ar a sensação rara de que o tempo, por um momento, deixou de existir.
Houveram momentos ao longo deste livro que genuinamente achei que não saberia atribuir-lhe uma classificação. Não acho fácil avaliar coletâneas, mas de poesia ainda acho menos. Houveram automaticamente poemas que me tocaram de dentro para fora e outros que, honestamente falando, pouco me diziam. Andava a lê-lo há meses, parada nas primeiras trinta ou quarenta páginas, por alguma razão. De repente terminei ao alcançá-lo duas ou três vezes num dia. As lágrimas beiraram-me a vista um par de vezes e o ar falhou-me ali um bocadinho, mas, como antes referi, houveram alguns que não me disseram grande coisa. Acho que é um 4⭐ bonito e difícil.
alguns dos meus poemas favoritos: casa sem inquilinos; as lágrimas que chorei; em tudo o que faço há um pouco de ti; última carta; lençol de noite; armário de solidão