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Neca: Romance em bajubá

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As histórias sexuais de uma profissional do amor são o fio condutor de uma jornada cômica, sensual e carnal pelo erotismo e pela literatura.

Neste livro inteiramente escrito na língua das bichas, uma travesti reencontra um antigo amor, anos mais jovem, que está começando a trabalhar nas ruas. Enquanto entrelaça conselhos e lembranças, ela rememora suas aventuras como prostituta no Brasil e na Europa; fala sobre o que descobriu e conheceu sendo puta; recorda o que desejava ser e sonha com o que poderia ter sido.
Na época em que namoravam, a jovem debutante estudava Letras, o que motiva a protagonista a falar de literatura como parte de sua história juntas. Numa prosa vulcânica, passa em revista obras e autores centrais do cânone, aplicando também sua memória e sua inventividade para ver a literatura com olhos de quem aprendeu tudo na rua, como se aprende o bajubá.
Publicado pela primeira vez na antologia A resistência dos vaga-lumes (2019), o icônico monólogo é agora reeditado em versão expandida. Romance de estreia de Amara Moira, Neca é hilário, escatológico e único em sua sofisticação literária — uma obra valiosa na forma e no conteúdo, atrevida o bastante para abarcar com eloquência a profusão da realidade.

120 pages, Paperback

Published October 8, 2024

18 people are currently reading
316 people want to read

About the author

Amara Moira

12 books84 followers
Amara Moira é travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp e autora dos livros "E se eu fosse puta" (n-1 edições, 2023) e "Neca: romance em bajubá" (Companhia das Letras, 2024). Além disso, ela traduziu o livro de contos "Chuva dourada sobre mim" (Diadorim editora, 2024), da travesti argentina Naty Menstrual, e foi coordenadora do Museu da Diversidade Sexual em São Paulo, onde atualmente reside.

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Community Reviews

5 stars
84 (35%)
4 stars
95 (40%)
3 stars
47 (19%)
2 stars
7 (2%)
1 star
4 (1%)
Displaying 1 - 30 of 52 reviews
Profile Image for Eric Novello.
Author 67 books567 followers
Read
September 20, 2024
1. Ri um monte,
2. A protagonista/narradora é puro deboche. Ótima pessoa e não vale nada ao mesmo tempo,
3. Não é um livro de trama, é mais um fluxo de pensamento emendando um caso atrás do outro,
4. O projeto linguístico do uso de bajubá/pajubá vale por si. Dez de dez,
5. A mistura de idiomas que a Amara traz pro balaio, melhor ainda,
6. Sobre os casos, alguns são uma experiência intensa, é bom avisar,
7. Tipo, intensa mêixmo. Então leia antes de emprestar pra sua avó.

Segue um trecho mais light:

"Só um parênteses: palavra engraçada essa, mulherão. A musa faz o diabo, mil e uma operações, pra no final o elogio tascar um masculino nela... deusa me livre, parece ou não sina de travesti? E as cis, quanto mais pintam e bordam na mesa de cirurgia, mais o povo fica achando que, na verdade, elas são cis coisíssima nenhuma, não, são é travesti. Vrá! O medo que elas têm disso, eu morro. O mundo não gira, ele capota. Risco que se corre, cherri. Selavi."
Profile Image for Alec Costa.
351 reviews1,627 followers
October 26, 2024
simplesmente uma das experiências literárias mais incríveis que eu já tive. eu já acompanhava parte do trabalho da Amara através das redes sociais, mas nunca tinha pego algo dela pra ler, de fato, e, nossa, que experiência TRANSCENDENTAL!!!

o pajubá faz mt parte do meu dia a dia, tendo em vista q eu uso/falo o dialeto com mt frequência. ver uma trava publicando um livro escrito inteiramente dessa forma no maior grupo editorial da América Latina é simplesmente surreal. amo vários trechos dessa obra e mal posso esperar pra ter meu livro físico pra reler e marcar tudinho!!!

eu não ~li com os olhos, pq ouvi a versão em audiolivro disponível no Audible. o fato d ser narrado pela própria autora fez a minha experiência ir pra casa do caralho, mlq, pq parecia q eu tava ouvindo uma amiga me contando as fofocas enquanto treinava na academia!!!!!!!!

recomendo demais essa leitura, de verdade, e tô toda me coçando pra reler/ouvir tudo d novo
Profile Image for João.
224 reviews46 followers
August 2, 2025
Aí a ht chegou no atraque tirando a poc que estava fazendo um banheirão lá com uma cacura, e eu como, né Sashay away, fiz a egípcia. Saí de lá correndo antes que rolasse o bagé. Ainda catei um bilú. Auge!
Profile Image for Daniel KML.
116 reviews31 followers
November 4, 2024
Ao começar a ler o livro de Amara tive o mesmo estranhamento hilário de quando li Ulysses pela primeira vez, e isso é um baita elogio.
Neca traz uma das vozes mais estimulantes que pude ler recentemente na literatura contemporânea brasileira - recomendo!
Profile Image for gabi ✦.
117 reviews
May 25, 2025
uma leitura muito diferente (e ousada) em diversos aspectos, mas que infelizmente não me prendeu com exceção de alguns momentos específicos :( apesar de não ter sido um favorito, quero muito ler e ver mais de amara moira no futuro, ela é transgressora
Profile Image for Andre Aguiar.
474 reviews114 followers
Read
November 12, 2024
mas é como dizem, se a bicha não nasceu mulher, ela vira, ela vira do avesso, mas vira... sem contar que se nascer ela não nasceu, pelo menos morrer por ser mulher ela vai.
Profile Image for Vitor Hugo.
28 reviews5 followers
August 30, 2025
Li esse para o clube notas e foi muito divertido e também bastante proveitosa. primeiro contato com uma obra que tem a bajubá uma linguagem cifrada.
Acredito se eu não estivesse acompanhado a minha leitura com o audiolivro seria bem mais difícil de entender ou acompanhar a narração, mas narrado pela própria autora ( não consigo vê ninguém melhor para narrar) ela consegue fazer tudo ficar bem mais claro, e só de seguir lendo já consegue ter contexto e entendimento da obra.

Foi uma experiência maravilhosa a única coisa que senti um pouco incomodado mas que nem de longe fez desgostar da obra. na verdade me fez ter outra dinâmica.
Profile Image for ju motter.
124 reviews17 followers
July 8, 2025
Não é meu tipo de leitura, definitivamente. Me cansei rápido. Mas tenho a certeza de que seria ótimo de assistir num monólogo em cima de um palco (como já disse meu amigo por aqui). Tem algo de muito genial em ler um texto desse tamanho em bajubá publicado pela Companhia das Letras. O final é belíssimo!
Profile Image for M. J. .
158 reviews6 followers
August 14, 2025
Sim, Neca, o livro com a cena de um homem dando à luz a uma boneca pelo ânus, também foi o livro que me fez começar a ler Guimarães Rosa.
Profile Image for Amanda Letícia.
120 reviews13 followers
June 12, 2025
é admirável como o livro tem uma oralidade na escrita, como se escutasse Simona falando comigo.
Profile Image for Sofia Bahia.
170 reviews1 follower
August 27, 2025
ainda não to pronta pra escrever uma resenha que faça jus! mas é muito (muito) foda
Profile Image for Andressa Paranhos.
19 reviews
May 24, 2025
muitooooo interessante o livro ser escrito em pajubá, não senti dificuldade em ler…
APESAR de sentir falta de uns capítulos para dar uma respirada - uma separada nas histórias

durante a leitura minha cabeça ficou com a musica tcheca tocando sem parar and i think that’s beautiful (daria 3,7)
Profile Image for Isabela.
109 reviews2 followers
December 14, 2025
um livro de se ler num fôlego só, ouvindo a nítida voz da protagonista. uma experiência muito legal de decifrar o significado das expressões, achei o máximo.
Profile Image for Fayne.
265 reviews14 followers
September 1, 2025
“Mas é como dizem, se a bicha não nasceu mulher, ela vira do avesso, mas vira… sem contar que se nascer ela não nasceu, pelo menos morrer por ser mulher ela vai. E aí como se não bastasse, ainda matam ela outra vez botando no túmulo, ela de terno e o nome de ocó.”

Essa foi a leitura de Agosto do Notas Transversas, o clube da Gabi. Eu li pelo físico e ouvi pela Audible e isso foi fundamental para o meu aproveitamento da leitura. Narrado pela própria Amara Moira, nós acompanhamos a nossa protagonista (que não vou nomear porque a história que ela mesma conta sobre o seu nome é muito boa), uma travesti trabalhadora do sexo, em uma conversa com outra personagem que está iniciando na profissão.

Essa conversa é um grande fluxo de consciência, a personagem envereda pra todos os assuntos que a gente possa imaginar, tudo isso no dialeto bajubá, muito utilizado entre as travestis. Eu já conhecia alguns termos, mas foi uma grande aula para mim, uma aula super engraçada. Apesar do humor, a protagonista não se preocupa em tentar enfeitar a sua história e nos apresenta uma vida que não foi e não é fácil.

O trabalho de narração do audiobook é impecável, eu não precisei nem aumentar a velocidade porque realmente é como se eu estivesse ouvindo uma conversa. Tudo é muito bem feito, saber as pronúncias e entonações eleva toda a experiência da narrativa.
Profile Image for Victor Schlude.
28 reviews5 followers
December 30, 2024
De maneira geral, o livro é interessantíssimo, brincando com visões estereotipadas e controversas sobre gênero ao longo da exploração de histórias nada óbvias. Gostei bastante das brincadeiras com os clássicos brasileiros e seus autores, que reflete bastante do que Amara vem discutindo e propondo em sua crítica literária. A maior parte do livro funciona bastante, mas o ritmo de monólogo perde sua potência e coesão interna em diferentes pontos da narrativa. A linguagem travesti nem sempre se sustenta da mesma forma, variando em uso, mas provoca bons estranhamentos, especialmente na primeira parte do romance. Vale bastante a leitura e queria que muita gente ao meu redor lesse e se sentisse provocada pelas personagens, suas opiniões sem filtro e as várias necas sem pudor.
Profile Image for Guilherme Soares Zanella.
157 reviews2 followers
March 31, 2025
É na simplicidade desse fluxo de consciência com ritmo impecável que nasce uma inventividade muito interessante e particular. Um encontro entre duas personagens, duas diferentes gerações, onde as histórias se articulam através das vivências e do bajubá. Na boca da nossa protagonista e narradora, vivências múltiplas das pessoas marginalizadas, que nem por isso deixam de viver momentos de triunfo e esperteza, não caindo em momento algum em um tom melancólico e vitimista. Um livro verdadeiramente fascinante, que trata de sexualidade e relações humanas sem qualquer medo de manifestar opiniões polêmicas muito bem justificadas pelas personas estabelecidas. Experiência bem única mesmo e uma leitura que indicaria a todas as pessoas.
Profile Image for gab.
115 reviews7 followers
June 7, 2025
[3,5] acho que ele se beneficiaria de uma divisão leve entre parte 1 e parte 2. mas muito divertido e recomendo!
Profile Image for Maria Fernanda Gama.
273 reviews14 followers
July 25, 2025
Um livro que é um grande acontecimento! Vontade de sentar com Simona e conversar horas e horas mas meio que o livro já é um pouco essa experiência...
Profile Image for Maria Imperatriz.
116 reviews
December 11, 2024
Neca é uma das opções de janeiro/25 em um dos clubes de leitura que participo, mas queimei a largada, porque estava sem livro para ler no kindle e também porque um dos contos que mais gostei no livro “o dia escuro” foi da Amara Moira, autora de Neca, então resolvi compra-lo.
Não sabia muito o que esperar quando comecei a ler (adoro isso), e gente, que espetáculo!
A protagonista é uma travesti e sua narração é feita em bajubá (ou pajubá), linguagem utilizada por travestis (e pela comunidade LGBT+) que decorre de uma fusão de termos da língua portuguesa com o nagô e iorubá, e que representa uma forma de resistência, de existência e de pertencimento desse grupo que é tão marginalizado e violentado um no Brasil.
No início estranhei um pouco e pensei que talvez não conseguisse entender a trama, mas não demorou muito para perceber a riqueza e a grandiosidade da obra. Sério, é sensacional!
Tem humor, tem deboche, tem horror, tem dor, tem amor, tem medo, tem coragem. Tem o Brasil que o Brasil finge que não conhece. É um deleite.
Terminei o livro emocionada pensando o quão maravilhoso, importante e corajoso é mostrar um pedacinho da vida (e da linguagem) de uma travesti num país que mais mata travestis.
Amara Moira, que lindeza. Obrigada!

“Sempre que vem o medo, aquele medão de me tremer as pernas, io solita na madrugada, fico fazendo carinho na cicatriz lembrando tudo o que eu sobrevivi. Viver é trópo perigoso. Mas é como dizem, se a bicha não nasceu mulher, ela vira, ela vira do avesso, mas vira… sem contar que se nascer ela não nasceu, pelo menos morrer por ser mulher ela vai.”
Profile Image for peri.
7 reviews
October 19, 2024
"[...] Sempre que vem o medo, aquele medão de me tremer as pernas, io solita na madrugada, fico fazendo carinho na cicatriz lembrando tudo o que eu sobrevivi. Viver é trópo perigoso."

Em 2021, quando as primeiras páginas de Neca, ainda bem mati, foram publicadas pela O Sexo da Palavra, já era possível imaginar o acontecimento que seria sua versão final. Nesse ano, Neca, já odara, é ainda mais provocativo e subversivo. Seguindo a proposta de "Grande Sertão: Veredas" (um monólogo não linear, um interlocutor oculto no texto e uma série de causos), Amara desloca a interlocução no sertão roseano para outras veredas, não mais aquelas do norte de Minas mas as de becos e esquinas de grandes centros urbanos. A narradora troca o aviso de "nonada" pelo choque de "passada!".

A oralidade, o iorubá, a mistura de línguas românticas e uma amplidão de neologismos, marcam uma prosa em pajubá que desnorteia o leitor alheio ao universo travesti, tão perto mas tão distante. Não há glossários e explicações, porém, como dito por Simona: "Só ficar aqui por um tempo e cê já vai catando". De fato, pouco a pouco o leitor se familiariza, ou ao menos tem a impressão que isso ocorre, e a prosa fica cada vez mais gostosa (e escatológica).

Destaca-se também a ausência de um puritanismo e de um tom exageradamente educativo que contamina a literatura brasileira contemporânea. Em "Neca", os clássicos da literatura brasileira não são apresentados com a mesma formalidade e chatice escolar. A bocuda da Máry Cona de Andrade, a enrustida da Fernanda People ou a CDzinha de Azevedo são inclusive mais interessantes aqui do que quando são apresentadas em contextos heteronormativamente acadêmicos. A língua, a cultura e as referências de Simona são callejeras, é uma mescla de causos, apertos, violências e reflexões sobre a trópo peligrosidade que é viver em tal contexto.

A partir da experimentação linguística, subversão de clássicos e uma narrativa marcada por experiências coletivas comuns no espaço da prostituição, Amara Moira provoca quem tem que ser provocado e constrói uma novela que definitivamente já entra nos edís da literatura brasileira.
Profile Image for Silvia Gerin.
37 reviews
April 2, 2025
É uma obra escrita em pajubá, a linguagem da comunidade travesti, que narra as experiências de uma travesti prostituta no Brasil e na Europa. A protagonista compartilha suas histórias de amor e aventuras sexuais, entrelaçando reflexões sobre literatura e vida nas ruas. O romance é descrito como hilário, escatológico e sofisticado, oferecendo uma perspectiva única e valiosa. Ler “Neca” foi um desafio. Um livro que me causou alguns desconfortos, além do monte de palavras que não conheço. É uma leitura que põe o leitor dentro da realidade da vida de uma travesti. Amara Moira fez isso com talento. Ela escreveu com humor, sabedoria e profundidade. Usou a ironia para provocar, e de forma muito inteligente disse tudo o que todo mundo sabe, mas que a hipocrisia social finge que não existe. “Neca” é literatura e literatura está aí pra isso, pra fazer a mente se movimentar.
Profile Image for Decifra-Me Ou Devoro-te .
2 reviews
December 28, 2025
O livro apresenta um ótimo trabalho com a forma na escrita e um conteúdo atrativo, cativante, curioso e surpreendente. Uma eterna mistura de sensibilidade — todos aqueles tópicos sentimentais, que provocam tristeza, alegria, revolta, reflexão e que demonstram um cuidado — com o sensível — no sentido de tudo aquilo visto como tabu, obsceno, repulsivo e consequentemente transcendente.
A utilização do Pajubá na escrita para aproximar a escrita da narrativa com a fala da Simona, personagem-narradora, é, além de uma escolha estética interessantíssima, uma
escolha política que busca evidenciar ainda mais as características estigmatizadas da personagem, ela sabe essa língua por ser uma travesti que presta serviços sexuais, por estar em um ambiente que esse modo de falar é comum, escrever o texto todo utilizando-se dessas características linguísticas é um apelo para que vozes como as de Simona, vozes trans e travestis sejam ouvidas, um apelo pelo reconhecimento e atenção às experiências vividas por figuras femininas, marginalizadas e que prestam serviços estigmatizados.
Não poderia concordar mais com a construção da personagem da Simona, ela é lúcida das violências que sofre por ser o que é e trabalhar com o que trabalha, ao mesmo tempo que tem falas politicamente incorretas, falas que atacam — de certo modo — membros da própria comunidade lgbt, mas faz isso exatamente por falta de oportunidade de participar das discussões como a utilização de pronome neutro — afinal ela mesmo afirma que pra travesti pronome neutro é o feminino — ou o tamanho da sigla da comunidade — em que ela fala que BS já basta — o fato dela não poder estar nesse ambiente, participando dessas discussões como eu — um rapaz trans não-binário que está na universidade e cresceu com acesso a internet— posso, por exemplo, ou até mesmo a própria Amara, escritora do livro, pode participar, aprender, desconstruir, repensar, questionar, influência muito na postura dela. Simona não teve essa oportunidade do mesmo jeito que uma parcela mais privilegiada da comunidade teve, por isso não é de se estranhar alguns comentários ácidos que ela faz sobre outras travestis, mulheres num geral e até mesmo os que fazem parte de grupos que ela não pertence, como os gays. Simona é uma mulher mais velha, que aprendeu tudo que sabe na informalidade, na rua, teve que aprender a se defender desde cedo, não pode participar amplamente em discussões específicas. Perceba que em momento algum eu falo que a personagem é problemática ou possua algum grave desvio de caráter! Digo que ela é objetivamente humana. Também não acredito que pessoas que tiveram mais oportunidades de participar de discussões sobre a comunidade sejam melhores de algum modo, quero apenas salientar que somos — TODOS — frutos do meio em que vivemos, vivemos em uma sociedade machista, homofóbica, racista, transfobica, entre outros diversos preconceitos enraizados profundamente na estrutura social e fomentados pelo capitalismo, e todos que vivem nesse meio irão reproduzir certos preceitos e falas infelizes em determinadas situações. Gosto dessa complexidade em torno da personagem, do jeito que ela se porta, fala, se expressa, podemos também interpretar alguns preconceitos dela como frutos de um policiamento menor, ela está falando com uma amiga, uma confidente, em um ambiente não tão monitorado. Numa conversa casual é bem comum deixar passar algum comentário mais ácido do que você falaria em um ambiente mais monitorado. Por fim, acho interessante a forma que o trabalho dela é descrito como qualquer outro: Fundamental para o funcionamento da sociedade, com partes agradáveis e desagradáveis, que trazem prazer e desprazes, tal qual todo trabalho que existe. Uma ótima leitura, pretendo ler novamente esse livro!
Profile Image for Julia Espindola.
24 reviews
October 14, 2025
Eu tinha pensado uma coisa quando comecei a ler e achei que tava viajando mas aí ouvi um podcast com a Amara e ela mesma que falou: isso aqui é James Joyce Ulysses se fosse em bajubá (e de um tamanho decente e muito mais engraçado e com carisma).
Tem livros que é pra gente não entender. E não por presunção ou megalomania dos autores, é pelo prazer do leitor de se colocar nesse mistério. O que você não entende você vai pegando e o que você não pega você só segue.
Na verdade eu já conhecia a Amara sem lembrar hehehehe eu li Ginecosmastos dela e (se vc voltar na minha resenha) eu falei que foi um dos que mais gostei. Aqui eu senti uma reflexo desse texto e fui procurar.
Nem tem o que falar, na verdade. É um texto que faz você rir e rir alto, se chocar e principalmente só ir seguindo. O Pokémon evoluído do fluxo de consciência. Bagaceira porque a vida é bagaceira. Eu estou apaixonada e quero ler mais ❤️ espero que um dia, de fato, venha um livrão do tamanho de Ulysses de Amara Moira.
Profile Image for Tom Lucitor.
154 reviews1 follower
March 28, 2025
Incrível, ter um livro todo falado em pajuba é sensacional, o livro todo se dá como uma conversa informal de rua entre uma travesti, e você, leitor, onde ela fala sobre a infância, os abusos, a descoberta da sexualidade, a vida de prostituição, os fetiches bizarros dos clientes, e ainda "fantasia" ou será que não? Sobre vários autores brasileiros clássicos serem gays no armário, tudo com muito humor e leveza, mesmo nos temos mais pesados, e ainda trazendo a seriedade quando precisa, um livro impecável de bem escrito.
Profile Image for Guilherme Eisfeld.
303 reviews4 followers
April 7, 2025
Comecei a leitura curioso e com receio de não entender a linguagem, mas que bela surpresa. Dinâmico, veloz, a narradora nos pega pela mão, conversa com quem lê, e não poupa os detalhes. O livro é engraçado, tem cenas asquerosas, brinca com o cânone, mas ao final já estava um pouco cansado, e continuei porque era curto. Não entendi por completo, mas de forma alguma fui atrapalhado. Fiquei pensando como seria a tradução para outros idiomas, e senti falta de algum enredo. Espero que surjam mais livros em bajubá, pajubá, jenessepá.
Profile Image for Yuri Deliberalli.
40 reviews
January 29, 2025
O antigo amor da protagonista é, na realidade, o leitor, que Amara Moira transforma em vetor confessional das suas bem-humoradas experiências de vida, desde a formação como travesti aos mais inusitados (e por vezes bizarros) encontros sexuais. O bajubá é a fonte de uma prosa de abrangência, próxima de um relato oral, e fascinante pelos mistérios e significados ocultos aos leigos, em que a leitura é uma constante descoberta.
Profile Image for Sibelle Lobo.
11 reviews3 followers
August 25, 2025
Consegui ouvir um audiobook inteiro pela primeira vez na vida acompanhando o livro físico e nem parecia que estava lendo. A experiência de ouvir a narração da Amara é de estar ouvindo um áudio de uma amiga. Esse livro é um registro literário incrível! O pajubá vai fluindo num ritmo tão único e os termos que eu não conhecia no início da narrativa foram fazendo sentido super rápido, porque você realmente fica imerso na narração.
Profile Image for Gerlan Menegusse.
62 reviews
December 30, 2024
Na página 91 eu ri horrores kkkkkkk e a cena do parto hahahahahahahah cara que livro sensacional, bem escrito e fora da curva! Diferente de qualquer leitura. Ele engata na quinta e vai em um único capítulo até a página 119 com diversos relatos de vida. Parece que está em diálogo com uma novinha que está começando na noite. Puro suco do caos! Entretenimento da melhor qualidade.
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