Herculano, um viúvo moralista, inicia uma relação conturbada e repleta de sentimentos antagônicos com a prostituta Geni. Opondo-se a toda sua família, casa-se com Geni, e ela acaba se envolvendo com o filho do marido. Essa traição gera ainda outros incidentes, culminando na dissolução familiar.
Nelson Falcão Rodrigues (August 23, 1912 – December 21, 1980) was a Brazilian playwright, journalist and novelist. In 1943, he helped usher in a new era in Brazilian theater with his play Vestido de Noiva (The Wedding Dress), considered revolutionary for the complex exploration of its characters' psychology and its use of colloquial dialog. He went on to write many other seminal plays and today is widely regarded as Brazil's greatest playwright.
Nelson Rodrigues was born on August 23, 1912 in Recife, the capital of the Brazilian state of Pernambuco, to Mario Rodrigues, a journalist, and his wife, Maria Esther Falcão. In 1916, the family moved to Rio de Janeiro after Mario ran into trouble for criticizing a powerful local politician. In Rio, Mario rose through the ranks of one of the city's major newspaper and, in 1925, launched his own newspaper, a sensationalist daily. By fourteen Nelson was covering the police beat for his father; by fifteen he had dropped out of school; and by sixteen he was writing his own column. The family's economic situation improved steadily, allowing them to move from lower-middle class Zona Norte to what was then the exclusive neighborhood of Copacabana.
In less than two years the family's fortunes would be reversed spectacularly. In 1929, older brother Roberto, a talented graphic artist, was shot and killed at the newspaper offices by a society lady who objected to the salacious coverage of her divorce. Devastated by his son's death, Mario Rodrigues died a few months later of a stroke, and shortly after that the family newspaper was closed by military forces supporting the Revolution of 1930, which the newspaper had fiercely opposed in its editorials. The ensuing years were dark ones for the Rodrigues family, and Nelson and his brothers were forced to seek work at rival newspapers for low wages. To make matters worse, in 1934 Nelson was diagnosed with tuberculosis, a disease that plagued him, on an off, for the next ten years.
During this time Rodrigues held various jobs including comic strip editor, sports columnists and opera critic. In 1941, he wrote his first play A Mulher Sem Pecado (The Woman Without Sin), to mixed reviews. His following play, Vestido de Noiva (The Wedding Dress), was hailed as a watershed in Brazilian theater and is considered among his masterpieces. It began a fruitful collaboration with Polish émigré director Zbigniew Ziembinski, who is reported to have said on reading The Wedding Dress, "I am unaware of anything in world theater today that resembles this." In the play, set while the female chief character is hit by a car in the street and undergoes surgery, the stage is divided in three planes: one for real life action happening around the character, another for her memories, a third for her dying hallucinations. As the three planes overlap, actual reality melds with memory and delusion[1].
Rodrigues's next play, 1946 Álbum de família (Family Album)- the chronicle of a semi-mythical family living outside society and mired in incest, rape and murder - was so controversial that it was censored and only allowed to be staged 21 years later.
In all, Rodrigues wrote 17 full-length plays. They include Toda Nudez Será Castigada (All Nudity Shall Be Punished), Dorotéia, and Beijo no Asfalto (The Asphalt Kiss, or , better, The Kiss on Asphalt[2]), all considered classics of the Brazilian stage. His plays are frequently divided in three groups: Psychological, mythical and Carioca tragedies. In his Carioca tragedies Rodrigues explored the lives of Rio’s lower-middle class, a population never deemed worthy of the stage before Rodrigues. From the beginning his plays shocked audiences and attracted the attention of censors.
In spite of his success as a playwright, Rodrigues never dedicated himself exclusively to theater. In the 1950s, besides writing the hugely successful column A Vida Como Ela É (Life As It Is), he also wrote soap operas, movie scripts, a
É o homem, sempre o homem, Herculano. Não há, nunca houve o canalha integral, o pulha absoluto. O sujeito mais degradado tem a salvação em si, lá dentro.
Livro bem intenso e com um viés bem pessimista. Não sou muito fã de teatro como gênero textual, mas a leitura foi super fluida e bem envolvente. Conseguiu despertar minha curiosidade pra ler outras obras de Nelson Rodrigues.
Essa peça tem muitos bons momentos onde Nelson escancara alguns dos desejos secretos e diversas hipocrisias da nossa sociedade (uma tia que dá banho no sobrinho quase adulto?). Ao mesmo tempo, o enredo parece confuso com personagens que têm mais de uma motivação. Um exemplo disso é o filho: o que e quem ele realmente queria? Quem ele era de verdade? O comportamento dele faz sentido ou é completamente desproporcional?
Se o objetivo da peça era instruir e revelar verdades escondidas (e não só chocar e abordar assuntos proibidos), devia ter sido uma tese mais certeira. Mas eu adoro o tópico e a premissa.
Há de se frisar também que Geni é livre no começo da história mas depois que conhece os homens principais, se torna “obediente” a pelo menos um deles em todos os momentos e é usada como um fantoche, inclusive com eles ditando o que ela tem que falar. Esse retrato de uma manipulação tão fácil de uma mulher me incomodou.
essa peça tem tias carolas q, no fundo, são "taradas"; um viúvo obcecado por sexo; um menino reprimido q chifra o próprio pai; uma prostituta q ama e é amada por metade dos personagens. a peça da família brasileira
passei a leitura toda achando o vilão similar ao iago de otelo (do shakespeare). um vilãozão que faz o mal pelo mal através de esquemas elaborados de vingança sexual. fiquei feliz vi que um estudioso fez justamente essa comparação no posfácio.
Existem certos autores que moldam o inconsciente de uma nação por meio de observações pessoais. Lendo esta obra, me pergunto o quanto Nelson Rodrigues influenciou a forma como nós lidamos com relacionamentos hoje em dia. É quase inevitável relacionar as obras teatrais de Nelson com os roteiros de novelas que viajaram o mundo e discutiram o Brasil para os brasileiros. Não tenho dúvida de que a forma como as novelas lidavam com traição, romance, amantes e familiares tem muito mais dedo do senhor Nelson Rodrigues do que apenas uma análise sociológica do Brasil. Digo isso pois o absurdo da vida, as dores dramáticas que carregamos no dia a dia e a forma como a gente ri do navio que afunda com todo mundo dentro me remetem ao olhar de Rodrigues.
Todos os personagens se afundam em uma tragédia pessoal, como se fosse o incesto de Édipo, a ira de Medeia ou o assassinato de Brutus. Mas, no fim, quem vê ri. E, ao mesmo tempo que ri, sofre. Não consigo explicar muito bem. Mas sinto que Toda Nudez Será Castigada é o exemplo perfeito da cultura em que as tragédias são mentiras, piadas ou o problema de alguém que não sou eu. Eu sei que parece que carrego um tom ácido ao escrever isso, mas não estou criticando. Afinal, eu sofro desse quadro clínico como todo brasileiro e não sei se mudar isso é “o melhor para o mundo” ou qualquer baboseira moralista. No fim, tudo é moralismo barato, e apenas lidar com a verdade — seja rindo ou chorando — nos trará alguma coisa.
Trechos legais:
Herculano Se tirarem do homem a vida eterna, ele cai de quatro, imediatamente.
Médico Então eu sou um quadrúpede.
Padre Meu filho, não tenha pressa de perdoar. A misericórdia também corrompe.
Nelson Rodrigues maquina una tragedia que se desenvuelve en una espiral de perversiones y críticas acidas al carácter de ciertos arquetipos sociales. Siguiendo una narrativa que entrelaza imágenes del presentes con luces del pasado, el punto es que como espectadores descubramos el destino de los personas parte por parte.
En su premisa ya se exponen elementos dispuestos a generar controversia y para impresionar a cualquiera, se trata de la cruda historia de amor entre un viudo reciente y una prostituta, cuyo cuestionamiento romántico es el moral, aunque esto no es lo único que se satiriza entre los diálogos y las desafortunadas situaciones.
Cada personaje en esta obra demuestra detalladamente el tratamiento que tiene el autor de sus representaciones humanas, prácticamente ninguno de estos tiene un papel pasivo ni muestra sus ideas con parcialidad, a excepción de un par de figuras que fungen como consejeros secundarios, aquellos que ocupan el centro tienen bien encarnadas sus convicciones.
Aunque la pieza tenga por lo general connotaciones oscuras son estas mismas que elevan su discurso, lo dañino que resultan tanto la prudencia como el libertinaje puestos al extremo, en donde cada polo condena y ataca al otro, la falta que se manifiesta aquí es recurrente en el espectro de personajes, no reconcilian su conciencia con su pasión, son tan egoístas como orgullosos.
"Sólo el sinvergüenza necesita una ideología que lo justifique y lo absuelva".
O que eu achei de mais interessante na peça foi o retrato de uma série de hipocrisias muito comuns e facilmente reconheciveis. O perfil psicológico da Geni e do Herculano merecem destaque, na minha opinião. O de Geni se descataca por representar uma pessoa confusa e manipuladora, mesmo que às vezes não pareça ser intencional. A atração dela por gente vunerável também faz parte desse perfil psicológico interessante. Herculano já é um hipócrita meio pressionado à atender certas expectativas mas querendo viver algo bem diferente, assim acaba entrando em conflito com o que acha que quer, e o que realmente quer.
De resto, a trama é interessante e o plot do terceiro ato é muito bom. Mas não espere esse choque de realidade, tapa na cara de preconceitos, criticas sociais à frente do seu tempo bem século XXI, etc. O preconceito da obra não tem tom critico, ele está lá porque ela foi escrita em 1965. Todo personagem aqui é odiavel, e o único que não apresenta preconceito nenhum é o maior fdp possível. Então essa ideia de que o Nelson fez uma critica escrachando os preconceitos da sociedade, é de um anacronismo gigante
Minha resenha crítica e profissional: terapia. Terapia nela, terapia nele, terapia nele também, terapia pra todo mundo. Menos pras tias, essas acho que só um exorcismo bem feito e olhe lá. Em um tom mais sério, decidi ler a peça porque estava acompanhando a adaptação em quadrinhos do Leandro Assis e fiquei muito curiosa sobre como seguia a história. Chega a um nível de loucura que é difícil levar a sério, mas acho que isso faz parte da intenção: é uma hipérbole que denuncia a realidade não tão distante. O nível de repressão, a observação que isso gera, a hipocrisia e a corrupção moral da nossa sociedade é vista e posta em cheio nos personagens de Nelson Rodrigues. Incômodo de ler, difícil de interpretar, mas interessante. Não acho que seja um texto para todo mundo, mas não me arrependi de ter lido.
meu primeiro nelson rodrigues, talvez por isso a nota “baixa”. comecei a ler sem nenhuma sinopse, um tiro no escuro. depois de me aventurar lendo hilda hirst achei que nada escrachado poderia me surpreender — e por partes, estava certa.
definitivamente algo diferente. raramente — pra não dizer nunca — leio peças; depois do estranhamento inicial com o formato, consegue me inserir mais na história. uma coisa que percebi, talvez pelo formato ou pela própria história, foi uma dificuldade de me conectar com os personagens. a não ser por Geni, todos me pareceram meio superficiais, sem motivações ou intenções.
como uma peça curta foi fácil terminar numa sentada — piada não intencional — mas não sei se vai ser algo que vai me marcar a longo prazo ou não. a única coisa que sei é que meu amor por literatura escrachada e explícita continua.
Toda vez que leio uma peça de Nelson Rodrigues, ela se torna minha favorita.
Em Toda Nudez Será Castigada, o Anjo Pornográfico expõe novamente a classe média brasileira - essa mesma que se despe ao seu bel prazer e se cobre ao notar o olhar alheio.
Por sua palavras, vemos os famosos flagelos de tal grupo na década de setenta com a homossexualidade reprimida, a inveja pusilânime, a castidade obscena. Herculano é o protagonista que ao se ver viúvo perde sua proteção social, é cortejado e alicidado pelo pecado-nosso-de-cada-dia.
Toda sua família é representação de algo que parece uma das peças do moralismo clássico - do irmão lascivo Serginho às três tias, nunca são denomimadas, que parecem uma paródia das Parcas ao preverem o destino da família na mãos de Geni, a prostituta, que com seu "nudes" tenta todos os machos da família.
Rapaz, que viagem... É uma peça muito pesada, tanto nos acontecimentos quanto na linguagem. Uma espadada na hipocrisia da fina sociedade moralista e tradicional. E pensar que isso foi publicado em 1965 é de explodir a mente. Imagino quão disruptivo não deve ter sido assistir a esta peça na época.
Li o livro para o bate-papo do Grupo de Quinta. Talvez conversando com a turma eu tenha outros olhos para a obra. Não é ruim, mas o estilo de Nelson Rodrigues não é muito o meu perfil... É bom. Mas não me despertou nada...
Sempre li contos do Nelson Rodrigues e suas historias sobre A vida e Como ela é, então não deveria me surpreender com as reviravoltas e suas "alfinetadas" na sociedade carioca, ou mesmo brasileira, mas mesmo assim me surpreendi. Uma familia extremamente moralista, extremamente catolica, e puritana de um lado, e do outro uma personagem só, a prostituta Geni, se opondo veemente a tudo e todos. Patrício também é um contraponto, mas ele faz parte da família, age mais como afronta, odeia fazer parte daquele lar, quer se mostrar melhor que a família "certinha", Geni apenas é. Mesmo sendo uma tragédia, confesso que ri em diversas partes, Geni transmite essa sua alegria, esse seu jeito desbocado em todas as suas cenas, até mesmo quando está ali tentando prever sua morte. Herculano tenta de todas as formas se manter no meio termo, tenta purificar a prostituta, transformá-la em algo "aceitável" para que ela possa viver no seu mundo. Aparecem Serginho, um porre de personagem em praticamente todas as suas falas, e as tias, as virgens solteironas que orgulham-se em terem trocado a luxúria do casamento pela criação do sobrinho. Enfim, esses personagens tão comuns naquela época, e digo até mesmo hoje em dia, constituem essa tragédia carioca, quase grega, tão divertida, e que surpreende a cada ato. Confesso que a tacada do ato final, foi surpreendentemente chocante. Espero me divertir com as proximas peças de Nelson, o tanto quanto me diverti com essa.
Não sei se era para ser uma peça de teatro engraçada, mas que eu morri de rir imaginando as atuações, ah sim. O final da história me lembra muito o filme Closer. Ninguém é o que parece ser. Muito, muito bom mesmo!