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138 pages, Kindle Edition
First published January 1, 1955
nessa viagem que eu fazia,
sem saber desde o Sertão,
meu próprio enterro eu seguia (...)
- Morte e vida severina.
João Cabral de Melo Neto, o autor desta coletânea de poemas, por intermédio deste livro demostrou o quão visual poemas podem ser. A "arte de ver" torna a experiencia bem única, fator de certa forma condizente com a teoria sociológica da Semiótica de Bourdieu, a qual versa sobre a possibilidade de explanação de fenômenos culturais através de um sistema de significação, sígnico. *cito nesta resenha apenas com objetivo de lembrar, por isso não creio que haja necessidade de explicar mais adentro como ela se encaixa em quais contextos etc.
Ademais, Morte e Vida Severina tem um fator sociocultural bem interessante para a fundamentação do poema. Nele, Severino foge à seca seguindo o curso do rio até Recife. Nesse contexto, a narrativa cria uma atmosfera extremamente imersiva e diversa, tanto por sua escrita, que ao longo do poema muda-se, quanto pelo conteúdo narrativo em si, enquanto o personagem transeunte se depara com as diferentes regiões brasileiras.
Outrossim, são quatro "sub-livros" reunidos nessa coletânea. Curiosamente, um deles é "O Rio", no qual a narração é feita pelo próprio rio-corrente de maneira criativa. Em especial, também, há a "Fábula de Joan Barbosa" que se passa em Barcelona, narra sobre as regiões catalãs e algumas de suas plantações.
Por fim, reitero a definição da poesia feito pelo autor e afirmo que ela se encaixa perfeitamente com o conteúdo do livro:"uma exploração da verbalização de impressões visuais e das possibilidades de justaposição das dinâmicas a elas subjacentes."