De ídolo das multidões a persona non grata pela Igreja e pelo Estado, essa é a história do álbum que, para o bem e para o mal, mudou para sempre o status da carreira de Odair José. Lançado em 1977, O Filho de José e Maria foi um disco incompreendido em sua época, afastando fãs e atraindo a ira dos católicos e da ditadura militar. Nada disso foi à "controverso" é pouco para definir o impacto da obra. No pouco usual formato de ópera-rock, suas 10 faixas contam a história da libertação pessoal de um jovem de 33 anos, pobre e sexualmente ambíguo, em meio a uma vida de excessos e sofrimento. As alusões à história de Jesus eram explícitas e inequívocas, do título a várias das imagens presentes nas letras. Neste novo volume da coleção Sound + Vision, o jornalista Leonardo Vinhas conta as histórias por trás do álbum, desfazendo mitos e analisando cada uma das faixas. Como bônus, apresenta as canções que por uma razão ou outra não entraram no trabalho final, expandindo assim a compreensão desse clássico maldito da música brasileira. Ilustrações de André Ducci e prefácio de Márcio Sno.
Chocado que o disco abordado no livro tenha a minha idade e eu nunca tenha passado perto de ouvir. Antes tarde do que nunca, ouvir durante a leitura é uma pequena bênção. O artista "brega" demais pro público 'intelectual" lança um disco intelectual demais pro público brega, é amaldiçoado pela sociedade brasileira cristã conservadora e quase 50 anos depois tudo ainda faz um enorme sentido. Obrigado, Vinhas, por contar essa história pra gente.