Os contos reunidos neste livro resultam da primeira edição do Prémio Literário «O Prazer da Escrita», que premiou três mulheres com percursos e vivências diversas, portadoras de vozes literárias próprias e bastante distintas entre si. Sublime Querer versa temas tão díspares como o sobrenatural, a doença mental e a violência psicológica. Na verdade, três gatilhos para os temas universais da literatura e da vida: o amor, a traição, o ódio, o desejo, a vingança. Três contos nos quais os leitores se encontrarão ou a um conhecido. Caso tal não aconteça, poderá decidir, por sua conta e risco, transformar-se numa das extraordinárias personagens que percorrem o livro. Vida e arte a imitarem-se. Conseguirá o Poeta atingir o verso perfeito? Serão os outros uma realidade? Quem limita o bem e o mal? Arrisque e venha descobrir.
Que delícia de livro! Três contos, tão diferentes e tão maravilhosamente bem escritos. É difícil apontar um preferido. O conto da Paula, embala-nos com a sua prosa e faz-nos questionar de que é, afinal, feito um poeta. O conto da Cláudia mostra-nos diferentes perspectivas de personagens a quem chamamos "Outros", fazendo-nos questionar a nossa própria sanidade. E o conto da Laura, que nos prende, fazendo-nos crer saber o que aí em, e nos tira o chão com uma elegância brilhante. Parabéns a estas três autoras que muito mereceram este prémio e este reconhecimento pelo seu trabalho. E, também, um bem-haja à Analita Santos por tanto apoiar os autores portugueses, e à Visgarolho, por ter aceite o desafio desta edição. Estão todos de parabéns.
Um pacto Faustiano meio invertido, uma narrativa em mosaico acerca de pecados interligados e até inconscientes, e um retorcido calculismo deliciosamente perverso. São estas as três mui bem escritas narrativas que compõem este inesperado (em bom) livro, que em qualquer um dos três casos criam o desejo de saber o que se passa em seguida, mas que também funcionam muito bem devido a essa sede que deixam. O título do livro é acertadíssimo, porque na verdade, fala de desejo, de querer, e da forma como conscientemente sabemos dos perigos do querer a certos níveis, e como eles denunciam a nossa forma de ser, de pensar e agir enquanto seres humanos, especialmente nos lugares mais sombrios e menos optimistas, que têm uma riqueza conceptual imensa. Na primeira narrativa, a premissa da busca pela perfeição do verso em contaponto com a projecção de um amor quase "petrarquiano" ou camiliano, elucubra sobre o desejo como um animal de muitos tentáculos e nenhum deles inofensivo. Será a génese de um poeta uma certa danação necessária, o tal "amor verdadeiro que raramente é feliz"? Na segunda, o mosaico aparece disperso, mas quando as peças se começam a juntar, percebemos as influências, intencionais e outras, das acções alheias nos desejos próprios, e a destruição que o acto de querer pode trazer, pela própria natureza nem sempre razoável ou equilibrada da psique, quando mergulhada no sentido do desejo. O laço atado no fim gera aquele efeito nada fácil de compor uma narrativa desde a sua primeira frase, e o impacto que as "ameaças" dos actos afinal concretizaram. Na terceira, e talvez a minha preferida, a perversidade narcísica e autocentrada do desejo, habilmente misturada na "santidade" da busca pela maternidade, tem um efeito explosivo ao revelar até que ponto a crueldade pode estar aliada ao acto de desejar, e como a "auto-exculpação" do querer é, não raras vezes, a origem dos mais abjectos actos e algumas das melhores histórias. Em suma, um livro inesperado, mas cujas narrativas fazem pensar, sentir, e surpreendem com o seu intuito, falando do que se sente sem romatizar de forma delicodoce, e por isso mesmo, atingindo-nos com um realismo lírico e, por isso, bonito e eficaz. Altamente recomendável, e gerador de muitas conversas e discussões. Das melhores coisas que os livros trazem, na verdade.
Com medo de ser repetitiva, mas tenho que dizer de novo que TÃO BEM QUE SE ESCREVE EM PORTUGAL. Se ainda não consideraram este livro não sabem o que perdem. São três contos absolutamente incríveis, não consigo dizer que gostei mais de um do que do outro porque são três estórias magnificas e emocionantes, como tal diz na sinopse, Vida e arte a imitarem-se mas com temáticas diferentes e todos eles a convidar à reflexão, ao pensamento critico. É uma leitura que se faz de forma rápida porque nem damos conta que estamos compulsivamente a ler e a adorar cada palavra. Tenho que dar os parabéns às três autoras, tanto por terem vencido o prémio literário, como pela qualidade magnifica dos contos apresentados. Recomendo, não só a quem goste de contos mas a quem goste de boa literatura, desafiante e intemporal. @bibliotecamil_insta