Publicado originalmente no início dos anos 1970, este livro traz a visão lúcida de Celso Furtado sobre os limites ecológicos do processo de desenvolvimento econômico global.
Para o economista, a meta de levar as nações “subdesenvolvidas” ao patamar de afluência e bem-estar dos países “desenvolvidos”, com base na ampla extração e no uso de recursos não renováveis, é mais mito que meta, pois não é sustentável. Afinal, esse estilo de desenvolvimento exerce uma pressão tão grande sobre o planeta que ou ocasionará uma catástrofe ecológica generalizada ou então agravará o quadro de exclusão social nas nações ditas subdesenvolvidas, impedindo um contingente ainda maior da população de acessar os frutos do suposto desenvolvimento.
O livro faz uma crítica contundente da relação de dependência estabelecida entre países centrais e periféricos na lógica do sistema capitalista; tensiona as noções vigentes de desenvolvimento e modernização; situa o Brasil no panorama econômico global; e fornece uma análise criteriosa da emergência da era dos oligopólios.
Oitavo ocupante da Cadeira 11 , eleito em 7 de agosto de 1997, em sucessão a Darcy Ribeiro e recebido pelo Acadêmico Eduardo Portella em 31 de outubro de 1997.
Filho de Maurício de Medeiros Furtado, de família de magistrados, e de Maria Alice Monteiro Furtado, de família de proprietários de terra. Foi casado com a jornalista Rosa Freire d`Aguiar.
Estudos secundários no Liceu Paraibano, em João Pessoa, e no Ginásio Pernambucano, no Recife. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1944), Doutor em Economia (1948) pela Universidade de Paris (Sorbonne). Estudos de pós-graduação na Universidade de Cambridge, Inglaterra (1957), sendo Fellow do King`s College. Participou da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. Técnico de Administração do Governo Brasileiro (1944-45). Economista da Fundação Getúlio Vargas (1948-49);
Como Diretor da Divisão de Desenvolvimento da CEPAL (1949-57), contribuiu de forma decisiva, ao lado do economista argentino Raúl Prebish, para a formulação do enfoque estruturalista da realidade socioeconômica da América Latina;
Diretor do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE) (1958-59);
No Governo de Juscelino Kubitschek, elaborou o Plano de Desenvolvimento do Nordeste, que deu lugar à criação da SUDENE, órgão que dirigiu por cinco anos (1959-64);
No Governo João Goulart, foi o primeiro titular do Ministério do Planejamento (1962-63); Com o golpe militar de 1964, teve seus direitos políticos cassados por dez anos, dedicando-se então à pesquisa e ao ensino da Economia do Desenvolvimento e da Economia da América Latina em diversas universidades como as de Yale (EUA, 1964-65), Sorbonne (França, 1965-85), American University (EUA, 1972), Cambridge (“Cátedra Simon Bolívar”- Inglaterra, 1973-74), Columbia (EUA, 1976-77);
Com a redemocratização, foi embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Européia (1985-86), em Bruxelas, e Ministro da Cultura do Governo Sarney (1986-88), quando elaborou a primeira legislação de incentivos fiscais e fez a defesa da identidade cultural brasileira.
Quando você começa a se perder na teoria, nada melhor que um choque de realidade. Poréns: a leitura é um pouco pesada e penso que faltou um pouco de coerência do autor quando afirma logo no começo da dificuldade de se traçar um cenário de longo prazo dada a escassez de conhecimento e de dados para traçar cenários de longo prazo para a economia, sendo que para questão ambiental ele afirma com todas as letras que haverá um colapso.
O mito do desenvolvimento econômico do Celso Furtado foi uma das minhas leituras para um seminário que precisava apresentar sobre a teoria da dependência do autor e devo dizer que foi uma das melhores leituras que já fiz da faculdade até agora! Cada vez mais reforço minha vontade de fazer meu TCC falando de desenvolvimento econômico brasileira e ligando isso com o tema de desindustrialização no nosso país. Celso Fustado é muito sóbrio na maneira que ele visualiza as relações de dependência dos países periféricos em relação aos países cêntricos. Tô louca para ler muito mais do Furtado :)
Algumas citações que ajudaram no seminário eu adorei desenvolver com os meus amigos da faculdade:
“Que acontecerá se o desenvolvimento econômico, para qual estão sendo mobilizados todos os povos da terra, chega efetivamente a concretizar-se, isto é, se as atuais formas de vida dos povos ricos chegam efetivamente a universalizar-se? A resposta a essa pergunta é clara, sem ambiguidades: se tal acontecesse, a pressão sobre os recursos não-renováveis e a poluição do meio ambiente seriam de tal ordem (ou, alternativamente, o custo do controle da poluição seria tão elevado) que o sistema econômico mundial entraria necessariamente em colapso.” pg 17
“Parece inegável que a periferia terá crescente importância nessa evolução, não só porque os países cêntricos serão cada vez mais dependentes de recursos naturais não-reprodutíveis por ela fornecidos, mas também porque as grandes empresas encontrarão na exploração de sua mão-de-obra barata um dos principais pontos de apoio para firmar-se no conjunto do sistema.” pg 59
“[...] o estilo de vida criado pelo capitalismo industrial sempre será o privilégio de uma minoria. O custo, em termos de depredação do mundo físico, desse estilo de vida é de tal forma elevado que toda tentativa de generalizá-lo levaria inexoravelmente ao colapso de toda uma civilização, pondo em risco as possibilidades de sobrevivência da espécie humana. Temos assim a prova definitiva de que o desenvolvimento econômico - a idéia de que os povos pobres podem algum dia desfrutar das formas de vida dos atuais povos ricos - é simplesmente irrealizável. Sabemos agora de forma irrefutável que as economias da periferia nunca serão desenvolvidas, no sentido de similares às economias que formam o atual centro capitalista.” pg 74
“O comportamento dos grupos que se apropriam do excedente, condicionado que é pela situação de dependência cultural em que se encontram, tende a agravar as desigualdades sociais, em função do avanço na acumulação. Assim, a reprodução das formas sociais, que identificamos com o subdesenvolvimento, está ligada a formas de comportamento condicionados pela dependência.” pg 82
“Toda economia subdesenvolvida é necessariamente dependente, pois o subdesenvolvimento é uma criação da situação de dependência. Mas nem sempre a dependência criou as formações sociais sem as quais é difícil caracterizar um país como subdesenvolvido. Mais ainda: a transição do subdesenvolvimento para o desenvolvimento é dificilmente concebível, no quadro da dependência.” pg 87
“O fenômeno da dependência se manifesta inicialmente sob a forma da imposição externa de padrões de consumo que somente podem ser mantidos mediante a geração de um excedente criado no comércio exterior. É a rápida diversificação desse setor do consumo que transforma a dependência em algo dificilmente reversível.” pg 87
também li esse pra faculdade e estou encantada com o celso furtado. já tinha lido alguns ensaios dele, mas nada muito concreto, essa foi minha primeira interação sólida com ele e amei. a teoria que ele traz no livro é muito interessante e contrasta bastante com as teorias que estudo dentro da minhas disciplinas. abriu minha mente.