Neste terceiro volume da serie GETÚLIO, Lira Neto visita o período entre a deposição do presidente por golpe militar, em outubro de 1945, e seu suicídio, em agosto de 1954, e nos revela como a história do Brasil se entrançou com a vida de Vargas, inclusive enquanto afastado do poder. Pelas páginas fartamente ilustradas com fotos e documentos, passarão personagens que vão de Samuel Wainer a Carlos Lacerda, de Gregorio Fortunato a Eisenhower, de Tancredo Neves a Nelson Rockfeller, em cuidadosa e saborosa reconstituição dos acontecimentos mais importantes dos anos finais do maior líder político do Brasil no século XX.
Lira Neto, jornalista, duas vezes vencedor do Prêmio Jabuti na categoria biografia, nasceu em Fortaleza em 1963. Radicado em São Paulo, escreveu, entre outros livros, Padre Cícero: Poder, Fé e Guerra no Sertão (Companhia das Letras, 2009); Maysa: Só numa Multidão de Amores (Globo, 2007), O Inimigo do Rei: Uma biografia de José de Alencar (Globo, 2006) e Castello: A Marcha para a Ditadura (Contexto, 2004).
Daria pra escrever muitos parágrafos sobre esse terceiro volume. Levei mais de 3 anos para terminar os 3. O que segurou meu avanço foi perceber como sabia pouco, na verdade nada (e ainda continuo não sabendo), sobre aqueles tempos no início do século XX. Não só em relação ao Brasil, mas ao Mundo todo.
Penso que o que os 3 volumes mais contribuíram, além é claro, de ter uma visão um pouco mais clara deste político, foi o tanto de coisas importantes e interessantes que aconteceram no Brasil durante a vida de Getúlio. Diversos livros foram lidos, e uma lista enorme está engatilhada, por influência do autor Lira Neto.
De cara já recomendo o livro sobre Assis Chateaubriand: , Chatô, o Rei do Brasil, Fernando Morais. Que figura complicada e genial! Estou quase terminando.
O terceiro volume de Lira Neto encerra brilhantemente a biografia de Getúlio Vargas. Amado, odiado, compreendido ou repudiado, o mito que saiu da vida para entrar na história foi alvo de um trabalho esmerado por parte de autor, que com sua escrita fluente e clara, prende a atenção aos fatos desde a primeira página do primeiro volume. Conhecer a história pregressa nos faz entender muito do que acontece nos dias atuais. E Lira Neto nos mostra Getúlio de forma imparcial, com base em fatos concretos e reais. Recomendo vivamente a leitura dos 3 volumes.
Lira Neto produziu uma biografia de Getúlio Vargas em três volumes cronologicamente divididos entre acontecimentos pré 1930, de 1930 até o exílio e de 1945 até o suicídio. Pareceu-me perfeita a escolha da divisão da Era Vargas nesses três períodos.
O trabalho é minucioso e fartamente documentado com todas as citações e fatos suportados pelas inúmeras fontes e cadernos de imagens apresentadas ao longo dos três volumes. Um trabalho de historiador como deve ser toda biografia.
No primeiro volume Lira Neto nos apresenta o desenvolvimento e a formação de Getúlio desde sua infância e adolescência na pequena São Borja, que nos ajuda a entender muitos de seus atos na vida adulta e política. É sempre muito importante que o biógrafo apresente não só a vida pública que conduziu o biografado a ser de interesse de seus concidadãos, como também a sua formação de personalidade, desde a infância. Nesse volume acompanhamos o despertar de Getúlio para a política, inicialmente no âmbito da conturbada política local, sob as asas de Borges de Medeiros, o líder político do PRR. Acompanhamos sua participação no movimento federalista gaúcho de 1923, seu crescimento como político local até alcançar expressão nacional no governo Washington Luis culminando com a sua participação como líder civil da revolução de 30, a partir de sua posição como presidente do Rio Grande do Sul.
O segundo volume se inicia com Getúlio Vargas como presidente do Governo Provisório instalado pela revolução de 30, passando por todas as crises políticas pelos quais se equilibrou no poder como fruto do seu maestral malabarismo político. Desfilam aos nossos olhos de leitor os constantes conflitos com o tenentismo, que exigiam uma governo ditatorial sem influência dos políticos, exatamente contra os quais se fizera a revolução, a crise da Guerra Paulista em 32, a Constituinte e a Constituição de 34, A lei de segurança editada para contornar os controles de poder que a nova Constituição estabelecera ao presidente, os problemas com o comunismo em 35, o integralismo, o Estado Novo e a constituição polaca em 37, os problemas com a 2ª Guerra Mundial, a agonia do Estado Novo e a finalmente a deposição e consequente exílio de Vargas.
O terceiro volume se inicia com Getúlio, em São Borja, no exílio. Nesta fase aumenta o papel de sua filha Alzira Vargas que já começara a trabalhar ao lado de Getúlio desde 1932. Muitas cartas entre pai e filha ilustram os acontecimentos e o pensamento de Vargas, nesta fase em que Getúlio fingia-se de morto, mas estava muito vivo esperando a oportunidade de emergir. Vemos o crescimento de sua candidatura presidencial para 1950 e as artimanhas de seu aliados nas escaramuças para levá-lo novamente ao Catete pelo voto, o que finalmente acontece. Dai chegamos aos problemas com a UDN e Carlos Lacerda, o assassinato do Major Vaz e a crise grave com o subsequente suicídio.
Uma obra magistral, que apesar de mais de 1.600 páginas, devorei em vinte dias.
Lira Neto como todo bom historiador não adota uma linha ou ideologia. Se vale da documentação e das fontes da época para fazer um relato dos acontecimentos. Não adotou nenhuma posição pró ou a favor Getúlio limitou-se, na medida do possível e das fontes a que teve acesso, a analisar os documentos e depoimentos da época. Não procurou analisar se Getúlio foi bom ou ruim de uma forma absoluta e sim registrar um momento histórico. Certamente, Getúlio teve ações boas e más e julgar todo o seu período no governo não é tarefa das mais fáceis e sempre devemos ter em mente que a leitura de uma biografia não indica aprovação ou condenação de atos do biografado, mas simplesmente uma intenção de conhecê-lo.
Este é o volume final da excelente biografia de Getúlio Vargas, de Lira Neto. Mesmo sendo um volume menos denso que os outros, seja pelo período mais curto, seja pela movimentação essencialmente nos bastidores por parte do biografado na maioria do período descrito, a qualidade da narrativa se mantém impecável: Lira Neto é um excelente contador de histórias, como já havia comprovado ainda no primeiro volume dessa biografia.
O livro começa com os movimentos de Getúlio depois de ser derrubado por uma conspiração encabeçada por vários dos militares que haviam sido o sustentáculo do Estado Novo. Narra-se a estrutura partidária da Terceira República brasileira e o papel de Getúlio no regime democrático recém-instalado: se é verdade que ele volta a ser um simples cidadão depois do golpe que o derruba, fica evidente que ele nunca de fato abandona suas pretensões políticas, apesar de afirmativas do contrário. Durante boa parte do período que se mantém longe dos holofotes, manobra intensamente para trabalhar sua imagem pública e minar o poder político de seus adversários, preparando sua volta ao poder por consagração popular. Vemos o biografado sendo eleito para a Constituinte, rodando o Brasil para promover aliados e sua campanha fulminante de volta ao Catete em 1950. O livro então narra as dificuldades do mandato de Getúlio, que tem que acomodar diversos interesses para viabilizar suas pautas no Congresso em meio a pressão crescente, seja pela deterioração econômica promovida pelo aumento da inflação e crescimento econômico anêmico, seja pela pressão de diversos segmentos sobre suas políticas e a próprio peso histórico que ele carrega. O livro também narra muito bem a dinâmica ideológica e administrativa dos principais partidos do período, as alianças e desavenças entre diversas figuras políticas e traz curtas biografias sobre eles, especialmente Adhemar de Barros.
Os capítulos que narram o atentado a Carlos Lacerda na rua Tonelero e as horas finais que precedem o suicídio de Vargas, em especial, são obras-primas da narrativa: talvez seja inevitável sentir alguma ponta de tristeza com um final desse tipo para um personagem que você acompanhou por 1.700 páginas, mas certamente a construção do texto por Lira Neto contribui de sobremaneira para isso. Como nos outros volumes, o autor se vale de farta documentação do próprio Getúlio, além de recorrer extensamente a bibliografia sobre o período para contextualizar o ambiente em que os eventos se desenrolaram.
Excelente! Lira Neto consegue com seu estilo jornalístico e investigativo, mostra objetivamente todas as facetas do grande e enigmático líder tão comentado na história de nosso país. O último volume da trilogia mostra os períodos finais da vida desse estadista criador da Petrobras, CLT, CSN, dentre tantas outras decisões importantes para a nação brasileira.
Livro sensacional e essencial, tanto pela escrita envolvente e fundamentada com muita pesquisa, quanto pela importância do Getúlio. Achei que o autor conseguiu se ater a fatos e documentos, sem expor muita opinião.
3.7⭐️. Acho que ficou um pouco abaixo dos dois volumes anteriores devido a escolha dos temas que escolheu para desenvolver Faltou descrever mais o impacto da morte de Getúlio na sociedade, na política e no país em geral e eu reduziria o trecho sobre o “guru” de Vargas.
É um livro muito bom, mesmo na parte em que cobre um período mais "monótono" (talvez mais pacato do que realmente monótono) da vida de Getúlio (o retiro após ser deposto). Essa parte fica interessante principalmente pelo retrato do momento histórico das eleições e de como aconteceu a vitória do Dutra. O relacionamento pai e filha com a Alzira Vargas é ainda mais interessante e engraçado de ler que no livro anterior. O livro mostra também curiosidades, como a do "paranormal" que fazia previsões e dava conselhos políticos a Alzira (que os repassava a Getúlio). Traz ainda o desenvolvimento da torrente de escândalos (o "mar de lama") que levou Getúlio a cometer suicídio, com os seus personagens (empresários, políticos...) e semelhanças claras com o presente brasileiro. Só senti muita falta, e por isso dou três estrelas, de uma cobertura maior do impacto da morte de Getúlio, com as reações de pessoas do cenário político, amigos próximos (não há no livro, se eu bem me lembro, como o Oswaldo Aranha, que pareceu um bom amigo de Getúlio, teria recebido/reagido à notícia), como foi a cobertura dos vários jornais (de novo, se eu bem me lembro, só há no livro o que o "Última Hora, do Wainer, publicou), que o autor se esmerou em fazer nos livros anteriores sobre vários acontecimentos. Enfim, fiquei com a sensação de que o livro simplesmente acabou quando o "personagem principal" fechou os olhos.
O ápice da excelente trilogia sobre Getúlio Vargas. É difícil de largar o livro nos últimos capítulos. No momento atual da política brasileira encontramos muita semelhança com o que ocorreu em 1954. Recomendação máxima.