What do you think?
Rate this book
O que os psiquiatras não te contam
Desde o crescente aumento do índice de transtornos mentais pelo mundo, verificado sobretudo pós-pandemia de covid-19 e nas trends do TikTok (por exemplo, a moda dopamina e o chá revelação de transtorno psiquiátrico), tornou-se comum considerar depressão, ansiedade, pânico e outros sofrimentos psíquicos como doenças do cérebro e, por isso, passíveis de serem extirpadas exclusivamente com remédios. Neste livro, porém, a psiquiatra, psicoterapeuta e neurocientista Juliana Belo Diniz desmistifica essa ideia. Com um olhar abrangente a partir de suas três áreas de atuação, Diniz propõe uma psiquiatria humanizada, adensando a discussão em torno da saúde mental e ressaltando a importância das transformações sociais.
Ao mesclar história da psiquiatria com detalhes da própria experiência em consultório, ela nos guia em um mergulho nas primeiras descobertas clínicas do século 18, nas polêmicas do efeito placebo, passando pelos primórdios dos remédios antidepressivos e do boom da geração Prozac até emergir no cenário atual em que os psiquiatras são vistos como meros prescritores de remédios e cunhamos termos como brain rot em referência à deterioração mental frente à exposição excessiva a informações.
Sem maniqueísmos, a autora nos mostra a importância de combater o discurso hegemônico da ultraprodutividade, hipermedicalização e resiliência ao mesmo tempo que aponta alternativas para mudanças políticas, sociais e econômicas com efeitos nas questões mentais.
O que os psiquiatras não te contam é um livro enternecedor e esperançoso, que se opõe à visão de sofrimento humano como uma característica exclusivamente biológica e cerebral, defendendo que a ciência e a medicina podem se desenvolver a partir da escuta, empatia e cuidado.
Ao mesclar história da psiquiatria com detalhes da própria experiência em consultório, ela nos guia em um mergulho nas primeiras descobertas clínicas do século 18, nas polêmicas do efeito placebo, passando pelos primórdios dos remédios antidepressivos e do boom da geração Prozac até emergir no cenário atual em que os psiquiatras são vistos como meros prescritores de remédios e cunhamos termos como brain rot em referência à deterioração mental frente à exposição excessiva a informações.
Sem maniqueísmos, a autora nos mostra a importância de combater o discurso hegemônico da ultraprodutividade, hipermedicalização e resiliência ao mesmo tempo que aponta alternativas para mudanças políticas, sociais e econômicas com efeitos nas questões mentais.
O que os psiquiatras não te contam é um livro enternecedor e esperançoso, que se opõe à visão de sofrimento humano como uma característica exclusivamente biológica e cerebral, defendendo que a ciência e a medicina podem se desenvolver a partir da escuta, empatia e cuidado.
256 pages, Paperback
Published March 10, 2025
13 people are currently reading
112 people want to read
Ratings & Reviews
Friends & Following
Create a free account to discover what your friends think of this book!
Community Reviews
Displaying 1 - 6 of 6 reviews
July 21, 2025
Um instigante livro de histórias da psiquiatria e um manifesto pela humildade científica
Terminei agora o livro da Juliana Diniz, muito satisfeito com a leitura. Incialmente, o tom narrativo da escrita do primeiro capítulo, quando a autora se encontrava numa evento promovido pela indústria farmacêutica, me fez pensar que se trataria de um livro no estilo da Ana Claudia Quintana Arantes, com uma predominância de uma voz implicada que narra sua história com seu metier, objeto central do livro.
Mas Diniz coloca como personagens de “O que os psiquiatras não te contam” a própria invenção da psiquiatria, dos psicofármacos e das técnicas de última geração em neurociências e das psicoterapias. Em muitos momentos a condução narrativa me lembrou de ”Shrinks: the untold story of psychiatry” de Jeffrey Liberman, exceto que Diniz é muito mais humilde e bem equipada com sua prática de terapeuta para distinguir ideologias biologizantes reducionistas do grande enigma da origem e funcionamento dos transtornos mentais, coisa ausente no livro do psiquiatra americano. Somado a isso, ou melhor, costurado a essa trama, entendemos como os mitos do desequilíbrio químico e do cérebro como origem dos transtornos (um artigo excelente de Kendler “A history of the metaphorical brain in psychiatry”, 2025, vale ser lido após!) se popularizaram tanto entre os praticantes da psiquiatria como em campanhas de marketing, sem necessariamente condizerem com o estado atual da ciência. O ponto baixo da narrativa reside na explicação e exploração dos métodos de ressonância magnética do cérebro, métodos fascinantes mas, na leitura, por vezes demasiado complexos e pormenorizados para o leitor seja leigo ou apenas instruído em saúde mental.
Em suma: um livro extremamente necessário e importante dada a complexa formação de neurocientista, psicanalista e psiquiatra da autora, capaz de enlaçar todos os saberes de forma coerente ao leigo.
Terminei agora o livro da Juliana Diniz, muito satisfeito com a leitura. Incialmente, o tom narrativo da escrita do primeiro capítulo, quando a autora se encontrava numa evento promovido pela indústria farmacêutica, me fez pensar que se trataria de um livro no estilo da Ana Claudia Quintana Arantes, com uma predominância de uma voz implicada que narra sua história com seu metier, objeto central do livro.
Mas Diniz coloca como personagens de “O que os psiquiatras não te contam” a própria invenção da psiquiatria, dos psicofármacos e das técnicas de última geração em neurociências e das psicoterapias. Em muitos momentos a condução narrativa me lembrou de ”Shrinks: the untold story of psychiatry” de Jeffrey Liberman, exceto que Diniz é muito mais humilde e bem equipada com sua prática de terapeuta para distinguir ideologias biologizantes reducionistas do grande enigma da origem e funcionamento dos transtornos mentais, coisa ausente no livro do psiquiatra americano. Somado a isso, ou melhor, costurado a essa trama, entendemos como os mitos do desequilíbrio químico e do cérebro como origem dos transtornos (um artigo excelente de Kendler “A history of the metaphorical brain in psychiatry”, 2025, vale ser lido após!) se popularizaram tanto entre os praticantes da psiquiatria como em campanhas de marketing, sem necessariamente condizerem com o estado atual da ciência. O ponto baixo da narrativa reside na explicação e exploração dos métodos de ressonância magnética do cérebro, métodos fascinantes mas, na leitura, por vezes demasiado complexos e pormenorizados para o leitor seja leigo ou apenas instruído em saúde mental.
Em suma: um livro extremamente necessário e importante dada a complexa formação de neurocientista, psicanalista e psiquiatra da autora, capaz de enlaçar todos os saberes de forma coerente ao leigo.
August 19, 2025
10/10! 🤝🏻
December 3, 2025
Depois de ouvir tantas entrevistas e podcasts, ter uma aula com a Dra. Juliana na pós-graduação; FINALMENTE, li o livro que tanto deu o que falar na área das neurociências.
A dra. Juliana toca em um ponto frágil porque questiona e expõe as fragilidades do método cientifico e horrores do passado da psiquiatria. Sou uma profissional em inicio de carreira nas neurociências, saude mental e psiquiatria, mas mesmo nessa curta trajetória percebo a falácia e a dificuldade de explicar tudo por mecanismos puramente biológicos.
Como achar que em meio a desigualdades sociais, pressão socioeconômica, pressões de performance depressão e ansiedade se explicam SIMPLESMENTE por uma desregulação de neurotransmissores?
Não pretendo negar o avanço científico de entendimento do funcionamento do sistema nervoso central, nem o papel da psicofarmacologia; mas muito me agrada a visão crítica trazida pela autora.
Ademais, se te oferecem explicacoes simplistas demais para problemas complexos. Desconfie!
Não podemos e não devemos ignorar os determinantes sociais de saúde: desigualdade econômica, falta de moradia, saneamento básico e violências.
Por fim, me agrada também que é um livro para o publico leigo. Com explicações cientificas em linguagem acessível.
Muito tem se falado da importância de divulgação cientifica, não entre pares, mas para a sociedade, afim de evitarmos tantas fakes news e falácias propagadas por ai.
A dra. Juliana toca em um ponto frágil porque questiona e expõe as fragilidades do método cientifico e horrores do passado da psiquiatria. Sou uma profissional em inicio de carreira nas neurociências, saude mental e psiquiatria, mas mesmo nessa curta trajetória percebo a falácia e a dificuldade de explicar tudo por mecanismos puramente biológicos.
Como achar que em meio a desigualdades sociais, pressão socioeconômica, pressões de performance depressão e ansiedade se explicam SIMPLESMENTE por uma desregulação de neurotransmissores?
Não pretendo negar o avanço científico de entendimento do funcionamento do sistema nervoso central, nem o papel da psicofarmacologia; mas muito me agrada a visão crítica trazida pela autora.
Ademais, se te oferecem explicacoes simplistas demais para problemas complexos. Desconfie!
Não podemos e não devemos ignorar os determinantes sociais de saúde: desigualdade econômica, falta de moradia, saneamento básico e violências.
Por fim, me agrada também que é um livro para o publico leigo. Com explicações cientificas em linguagem acessível.
Muito tem se falado da importância de divulgação cientifica, não entre pares, mas para a sociedade, afim de evitarmos tantas fakes news e falácias propagadas por ai.
March 29, 2025
Gostei, achei bem interessante e acessível para os “não profissionais” do setor.
Porém na segunda parte me perdi completamente e tive que pular, não dava para entender.
Gostei muito do último capítulo sobre a importância do contexto social para entender algumas doenças psicológicas.
Porém na segunda parte me perdi completamente e tive que pular, não dava para entender.
Gostei muito do último capítulo sobre a importância do contexto social para entender algumas doenças psicológicas.
This entire review has been hidden because of spoilers.
March 28, 2025
O mundo fascinante e desafiador de um bom psiquiatra
August 18, 2025
Um resumo de fácil acesso à práticas de saúde mental para pessoas que não são profissionais da saúde. Porém é necessário desvestir preconceitos e abertura ao aprendizado.
Displaying 1 - 6 of 6 reviews