Marta tem 9 anos e uma dentição variável – pelo menos é o que nos garante. Detesta a escola mas cresce livre, no campo, por vezes feliz, outras, assombrada por personagens reais e imaginadas. As reais, em forma de adultos assustadores cujas existências não compreende, e as outras criadas por uma imaginação de quem cresce com muito tempo para pensar.
Numa narrativa ora terna, ora melancólica, ora carregada de humor, Rita Redshoes usa a própria infância para construir uma história com tanto de verdade como de ficção, lembrando em iguais medidas Tom Sawyer e O Meu Pé de Laranja Lima: a viagem de uma menina que se descobre enquanto tenta perceber o mundo.
Muito bonita esta história e muito bem contada, esventrando diversos assuntos tabus, mas muito importantes de se falar, com muito sentido de humor e simultaneamente uma ternura melancólica, a autora vai nos apresentando a história de uma menina especial de nove anos. Acompanhando o crescimento de Marta, o leitor vai conhecendo as suas dores, suas emoções e suas alegrias. Esta história remonta à infância da autora, mas também à do leitor de sua geração ( como é o meu caso). Não consegui parar de ler este livro porque identifiquei esta criança do livro com a criança que fui em tempos. Os comportamentos sociais da época estão tão bem retratados. As aventuras, os sonhos e as aspirações estão todas neste Crescer À Sombra.
Que bonito! Fui sentindo alegrias mas também muitos apertos ao longo dos capítulos. Adorei a voz que a autora usou para contar a história - a sensibilidade de uma escrita adulta que não esquece que estamos a passar pelos pensamentos de uma criança.
percebo que a narradora tem apenas 9/10 anos, mas a escrita é fraquíssima e a estrutura de todo o livro... I mean, existia um plano com início, meio e fim sequer?
não acho que o livro seja, de todo, para adultos, sinceramente. ou pode ser apenas o meu gosto pessoal.
Se procuram um livro para ler num dia ou num fim de semana, esta é uma ótima opção. A leitura é fácil e fluida, mas aborda temas sensíveis que, por serem narrados por uma criança de 9 anos, nos chegam sempre através de uma perspetiva inocente e muito honesta.
É uma história coming of age repleta de um humor ternurento, com uma protagonista que poderia muito bem ter sido eu em miúda. Identifiquei-me com várias particularidades da personalidade da Marta e com algumas das suas vivências, o que me fez sentir sempre muito próxima desta leitura.
“Sinto-me pequenina, tão indefesa sempre que me acontece uma contrariedade ou algo de novo. O mundo parece-me um monstro. O mundo é um monstro, talvez pior que um monstro. Eu, uma migalha, insignificante, macilenta, com olheiras profundas, uma criança perdida num infinito ameaçador.”
A Marta é uma menina sensível, insegura e solitária, que sofre bullying e sente que não encaixa na escola que frequenta. A ansiedade é também uma constante na sua vida. Encontra-se naquela fase intermédia entre a infância e a adolescência, em que o corpo começa a mudar e nem sempre é fácil lidar com essas transformações.
No fundo, este livro é sobre as dores de crescimento, as amizades, as relações familiares, em especial com os avós, sobre crescer numa aldeia e sobre encontrar o lugar e as pessoas certas que nos abrem os olhos para a felicidade e a compreensão.
Tenho apenas uma nota menos positiva relativamente à relação da Marta com a irmã. Será possível ter uma irmã tão execrável? 😅 Aqui senti que o ciúme foi levado um pouco ao extremo, mas interpreto isso como fruto da narração feita por uma criança de 9 anos, o que pode justificar algum exagero neste ponto.
No geral, gostei mais do que esperava. Muitas vezes, a beleza das histórias está na simplicidade e este é um desses casos. Não há nada de extraordinário nestas páginas, mas há vida, há infância, e isso é tudo. 🤍
Gostei muito, mais do que estava à espera. A narrativa relembrou-me muito dos meus próprios pensamentos em criança e gostei da estrutura de “episódios” de infância, porque as memórias que tenho do meu crescimento são muito assim, episódicas. Por momentos, voltei a habituar o meu próprio corpo em crescimento e fiquei povoada de inquietações que tinha nesses anos