Jump to ratings and reviews
Rate this book

Compendio para desenterrar nubes

Rate this book
Quizás la lluvia sea la estrategia con la que una nube logra enterrarse en el suelo, pero ¿qué tiene que suceder para que ésta se mueva? ¿Y luego qué le sucede a la tierra? La literatura de Mia Couto hace visibles los hilos que organizan al universo. Pocos escritores pueden tocar así la palabra. Esta obra es un conjunto de veinte relatos, de cotidianidad mozambicana y universal, donde Couto hace que la imaginación ebulla, mete a la humanidad entera, y defiende diferencias, ritmos y las formas del habla. Si la perplejidad fuera un animal, cobraría vida después de esta lectura. En Compendio para desenterrar nubes, Couto demuestra una vez más su prosa poética e imaginación prodigiosa.

116 pages, Kindle Edition

Published February 24, 2025

22 people are currently reading
152 people want to read

About the author

Mia Couto

110 books1,379 followers
Journalist and a biologist, his works in Portuguese have been published in more than 22 countries and have been widely translated. Couto was born António Emílio Leite Couto.
He won the 2014 Neustadt International Prize for Literature and the 2013 Camões Prize for Literature, one of the most prestigious international awards honoring the work of Portuguese language writers (created in 1989 by Portugal and Brazil).

An international jury at the Zimbabwe International Book Fair called his first novel, Terra Sonâmbula (Sleepwalking Land), "one of the best 12 African books of the 20th century."

In April 2007, he became the first African author to win the prestigious Latin Union Award of Romanic Languages, which has been awarded annually in Italy since 1990.

Stylistically, his writing is heavily influenced by magical realism, a style popular in modern Latin American literature, and his use of language is inventive and reminiscent of Guimarães Rosa.

Português)
Filho de portugueses que emigraram para Moçambique nos meados do século XX, Mia nasceu e foi escolarizado na Beira. Com catorze anos de idade, teve alguns poemas publicados no jornal Notícias da Beira e três anos depois, em 1971, mudou-se para a cidade capital de Lourenço Marques (agora Maputo).
Iniciou os estudos universitários em medicina, mas abandonou esta área no princípio do terceiro ano, passando a exercer a profissão de jornalista depois do 25 de Abril de 1974. Trabalhou na Tribuna até à destruição das suas instalações em Setembro de 1975, por colonos que se opunham à independência. Foi nomeado diretor da Agência de Informação de Moçambique (AIM) e formou ligações de correspondentes entre as províncias moçambicanas durante o tempo da guerra de libertação. A seguir trabalhou como diretor da revista Tempo até 1981 e continuou a carreira no jornal Notícias até 1985.
Em 1983 publicou o seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho, que inclui poemas contra a propaganda marxista militante. Dois anos depois demitiu-se da posição de diretor para continuar os estudos universitários na área de biologia.

Além de ser considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, é o escritor moçambicano mais traduzido. Em muitas das suas obras, Mia Couto tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, publicado em 1992, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbabué.

Na sua carreira, foi também acumulando distinções, como os prémios Vergílio Ferreira (1999, pelo conjunto da obra), Mário António/Fundação Gulbenkian (2001), União Latina de Literaturas Românicas (2007) ou Eduardo Lourenço (2012). Ganhou em 2013 o Prémio Camões, o mais importante prémio para autores de língua portuguesa.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
98 (35%)
4 stars
132 (47%)
3 stars
43 (15%)
2 stars
4 (1%)
1 star
1 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 33 reviews
Profile Image for Rita.
906 reviews185 followers
February 3, 2025
4,5 ⭐️

Mia Couto é um dos mais conhecidos escritores moçambicanos, reconhecido pelo seu estilo único, que combina o realismo mágico, a oralidade africana e uma forma única de "brincar" com a língua portuguesa. Compêndio para Desenterrar Nuvens reúne 22 contos que foram publicados mensalmente na revista Visão.
Todos os contos são de qualidade, uns melhores do que outros, mas todos com a excelência a que o autor já nos habituou.

A carta sem correio

No meu bairro todos têm a mesma carreira. Empresários é o que todos somos lá no bairro e nenhum de nós tem empresa. Empresários por conta imprópria.(..) A nossa oficina é parecida com a vida. Por fora, engana. Por dentro, mente.

Viúvas vizinhas

— As mulheres querem tanto ser boas esposas que se tornam ninguém.
(…)
— Sou dessas mulheres que enviúvam antes de o marido morrer. Vamos ficando viúvas de nós mesmas. Por essa outra vida que perdemos, ninguém nos dá os pêsames.


O regresso a casa

A esposa que entendesse: não era aceitável que, com agilidade surgida do nada, ela se desviasse dos socos e se esquivasse dos pontapés. Primeiro, porque naquele inesperado desvio o agressor arriscava desequilibrar-se e até se aleijar. (…) E, por fim, havia a triste insensibilidade de Matilde, que não entendia o quanto um marido sofre por ter de castigar a esposa. Sofre tanto que não suporta a acrescida humilhação do fracasso.

O vendilhão do tempo

porque contar os anos não traz boa sorte para ninguém. Dizem os antigos: deixemos o tempo sossegado para que ele possa dormir dentro de cada pessoa.

O culto dos pesarosos

— E a ti, Osório? O que te receitaram?
(…)
— Tens cara de andar nos ansiolíticos...
(…)
— Nada. Não estou a tomar nada.
Olharam-me estupefactos. Nada?
— É que estou bem — justifiquei-me.
— Como assim? — quiseram saber.
— Durmo bem, amo e sou amado — e já meio a medo confessei: — Meus amigos, sou uma pessoa feliz.
— Feliz? — perguntaram em coro.
— Peço desculpa — murmurei. — É mais forte do que eu.
(…)
— Quer dizer, sou feliz, mas atenção: lá vou tendo as minhas angústias. Uma noite destas, por exemplo...
Não me deixaram terminar a frase. O mais velho dos amigos segurou-me no braço. O tom da sua voz era amigável, mas os dedos estavam crispados na minha carne.
— Tens de compreender, Osório. Essa tua postura deixa-nos a todos muito... — e procurou o termo certo — ... muito desconfortáveis.
— Eu sei, eu sei — admiti com sinceridade. — Estou a tentar mudar. Ando a pensar...
— Não é pensar, Osório, é agir! — sentenciou o mais velho. — Ser feliz num tempo destes é politicamente incorreto.
Naquele momento pensei: «vou ser cancelado deste clube dos sonhadores mortiços». E passou por mim uma estranha mistura de comiseração e alívio.


Sem teto

O que se passa com a política faz lembrar o estado do teto da sua casa. A política ficou embolorecida enquanto espera por reparação estrutural. Desloca-se apenas em cadeira de rodas. Quem a empurra pelo esburacado passeio público é o mercado. E o mercado é uma criatura enganadora: ao longe, ofusca-nos o seu artificioso fulgor; mais perto, todos percebem que sofre de cegueira. Quem lhe paga os falsos brilhantes são os dinheiros públicos.

Submissa desobediência

— O meu corpo deixou de gostar de mim — disse ela, babando-se nas minhas costas. — Mas não culpes o teu pai, filha: as saídas dele, à noite, estão autorizadas por mim. O teu pai vai-me buscar no corpo de outras mulheres.

(…)

pesa muito carregar uma alma vazia.

O nome do pai

A importância de um homem mede-se pela poeira que levanta. Naquele momento, o meu pai era o rei dos reis. Era pena que ele só reinasse quando estava ausente.

(…)

Não fomos ao funeral porque a minha primeira mãe estava enferma. E ela mesmo, meses depois, desistiu-se (é assim que dizemos na nossa aldeia). Semeámo-la junto à árvore da família.

O eterno retorno

Envelhecer dá tanto trabalho que acabamos por ficar velhos.

(…)

— Não tens que ter medo — disse Dorandina — Quando os filhos nascem voltam a nascer todos os que nos antecederam.


O descrucificado

Às vezes penso que, desde há milénios, estamos todos, no mundo inteiro, abrindo a mesma estrada. Quando a percorremos acreditamos que não nos basta. Mas não é caminho que nos falta. O que nos falta é a viagem.

Lição de caligrafia

Começo por confessar um segredo: a escrita é um rio. As vogais são água. As consoantes são pedras. A escrita é um rio antigo, que se inunda de gente. E o alfabeto é um barco. A maioria das pessoas nunca viajou nesse barco.
Repara, filha: o espaço entre as letras é um pestanejar. O espaço entre as palavras é um suspiro. E o parágrafo é um degrau. A escrita é uma escada de pernas para o ar: descemos quando queremos voar, subimos para nos tornarmos pequenos.
Agora já podes ver como as linhas do caderno são fios onde estendes panos a secar. Cada palavra é uma peça de roupa às avessas: ao vestir-nos o corpo, despe-nos a alma.
Outra confidência: a caligrafia é uma lição de humildade. Não pode haver vaidade no alfabeto. A letra que, nesta frase, é maiúscula, na frase seguinte, já desceu do pedestal. Somos como as letras: o tamanho que temos depende dos outros que, junto connosco, costuram as frases.
Mais um conselho: não é com a perfeição do desenho que te deves ocupar. Esse desenho será sempre imperfeito se não despertar a gente que mora dentro de ti. Se não escutares essas vozes é melhor rasgares a folha. Não se escreve nada se não estiver ninguém dentro do papel.
Depois do teu primeiro dia de escola, quis saber como tinha sido a tua estreia como aluna:
— Tivemos aula de clarigrafia — murmuraste sem erguer os olhos do caderno.
— Essa palavra não existe, minha filha — avisei.

A verdade é que, errando, disseste o que é correto: a caligrafia nos clarifica.

(...)

Nas palavras do avô, a guerra é um cemitério escavado num país sem chão.

O bosque

A conversa entre os dois era como a casa: sem poeira, mas cheia de paredes.

Profile Image for Rute Durão.
202 reviews12 followers
December 10, 2024
Enquanto houver um livro de Mia Couto na estante, há esperança de acabar bem o dia.
Livro de contos que giram em torno de si mesmos, com as histórias e.os temas que este autor me habituou e encantou. Um encanto, sim, fico encantada.
Profile Image for Romi.
53 reviews4 followers
December 25, 2025
⭐️⭐️⭐️Este libro de Mia Couto es un maravilloso compendio de relatos breves. Un conjunto de historias, todas ellas interesantes, se presentan de una forma muy simple que habilita a una lectura ligera, pero al mismo tiempo cargadas de significado.

El libro tiene pasajes maravillosos que reflexionan sobre la cultura, la identidad local, la violencia hacia las mujeres, la memoria y el olvido, el pasado y el presente, las características de las sociedades contemporáneas, entre varios tópicos muy atractivos.

La extensión de los relatos y del libro me pareció excelente.

Una lectura amena y altamente recomendable.🌟🌟
Profile Image for Marta Clemente.
751 reviews19 followers
August 5, 2024
Este "Compêndio para Desenterrar Nuvens" reúne uma série de contos de Mia Couto que foram publicados na revista Visão. São contos curtinhos muito bonitos! Excelente leitura!
Profile Image for Clarinha.
30 reviews4 followers
September 15, 2025
Escrita absolutamente extraordinária e uma capacidade incrível de escrever um mundo em quatro ou cinco páginas. Só não percebi a necessidade de ridicularizar os pronomes neutros, ainda por cima em cenários que nunca aconteceriam 😭😭?
Profile Image for Joana Santos.
30 reviews
Read
October 30, 2023
❝(…) o pai resolveu revelar o seu passado, sabendo que o passado de um pai é meio futuro do filho.❞

❝Aqueles encontros eram a nossa ilha, o território em que nos embriagávamos das nossas memórias. Quando o presente é vazio todo o passado se torna glorioso.❞

❝Às vezes penso que, desde há milénios, estamos todos, no mundo inteiro, abrindo a mesma estrada. Quando a percorremos acreditamos que não nos basta. Mas não é caminho que nos falta. O que nos falta é a viagem.❞

❝Outra confidência: a caligrafia é uma lição de humildade. Não pode haver vaidade no alfabeto. A letra que, nesta frase, é maiúscula, na frase seguinte, já desceu do pedestal. Somos como as letras: o tamanho que temos depende dos outros que, junto connosco, costuram as frases.❞

❝Nas palavras do avô, a guerra é um cemitério escavado num país sem chão.❞

❝A conversa entre os dois era como a casa: sem poeira, mas cheia de paredes.❞
Profile Image for Samuel’s Chapter.
26 reviews11 followers
May 23, 2024
Para quem não sabe o que ler. Este livro fala de tudo o que é vida! Aproveitem!
Profile Image for Carolina António.
32 reviews2 followers
July 19, 2024
Muito bom, especialmente para quem gosta de ler coisas soltas como eu. Histórias pequenas, mas escritas de forma a dizer tanto.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Catarina.
20 reviews5 followers
February 28, 2024
Em primeiro lugar, devo dizer que este compêndio satisfez a minha intermitente vontade de viver vidas distintas e conhecer pessoas diferentes em pouco tempo.

Até agora e do que conheço de escrita contemporânea, considero que Mia Couto é transcendental na sua capacidade de “alegoriar” a narrativa e fá-lo de maneira tão sublime que é impossível ficar indiferente ao seu lirismo.

Gostei especialmente que os remates de muitos dos contos sejam como reviravoltas ao estilo “black mirror” e que a sua brutalidade nos tópicos que toca inspira ao leitor a consciência de temas importantes como, por exemplo e o que notei mais comum, a dicotomia entre o tradicional e o avanço tecnológico.
Profile Image for Leonor Cohen.
29 reviews
June 20, 2024
“Repara, filha: o espaço entre as letras é um pestanejar. O espaço entre as palavras é um suspiro. E o parágrafo é um degrau. A escrita é uma escada de pernas para o ar: descemos quando queremos voar, subimos para nos tornarmos pequenos.”

Gostei do livro, vivi muitas vidas.
Profile Image for Santiago Alarcon T..
97 reviews12 followers
January 24, 2025
Compendio para desenterrar nubes del escritor mozambiqueño Mia Couto cuenta con tres o cuatros cuentos hermosos y ejecutados perfectamente, que solo por ellos vale la pena comprar el libro. Los cuentos son en general bastante cortos, igualmente el libro no pasa de las 120 páginas, contando con historias que mezclan escenas de la vida cotidiana con el fantastico. En ese sentido, Couto logra eso con el cierre de sus cuentos donde una frase nos hace repensar todo lo leido. Aprecio, sin duda, la precisión poetica de Couto que nos deja líneas maravillosas: "Usamos las palabras como usamos la ropa: para vestirnos" en el cuento La carta sin correo o "La vida, la vida es la que cura las heridas de vivir".

A pesar de todo, un libro es también su edición y un libro traducido es igualmente su traductor. He debido quitarle dos estrellas, por los constantes y repetidos errores que contiene esta primera edición en español. Tildes olvidadas, mayúsculas omitidas, oraciones no traducidas y dobles espacios son tristemente la norma en esta edición.
Profile Image for Alexandra.
40 reviews2 followers
May 3, 2025
«Em casa de pobre até o tempo escasseia.»

«A vizinha fazia o luto, tal como fizera o viver: sem que ninguém se apercebesse de que existia.»

«Quando o presente é vazio todo o passado se torna glorioso.»

«Sentado na varanda, a minha ocupação era pastorear o tempo.»

«Diz-se que a verdadeira sepultura é o esquecimento.»

«Olhei o caminho e vi uma única sombra e pensei que aquela viagem costurava o nosso tão rasgado mundo.»

« “As mulheres sabem de feridas e consolos que nos escapam”, pensei. No instante seguinte, tive dúvidas se não havia ali uma inventada razão que protege os homens dos deveres da tristeza. Ponderei a minha decisão e optei por ficar, mesmo sem saber que utilidade teria a minha presença. Por vezes, a melhor ajuda é sermos inúteis.»

«Não reparou logo na altura, mas era o único que sorria entre todos os presentes. E pensou que, nos dias de hoje, a boa disposição é uma espécie de deselegância.»
Profile Image for Sofia de Castro Sousa.
201 reviews39 followers
May 16, 2025
✍️ 3,5

Para além da sua escrita mineral, uma das coisas que mais me agrada em Mia Couto são os títulos que escolhe para os seus livros.
“Compêndio para desenterrar nuvens” poderá aludir a uma jornada de auto conhecimento : trazer à luz as “nuvens” que cada pessoa traz dentro de si.
Este pequeno livro é composto por vinte e quatro pequenos contos e cada um deles encerra uma reflexão, o que torna a experiência de leitura ainda mais rica.
Profile Image for Maria Teresa.
7 reviews2 followers
December 12, 2023
“Por entre os mesmos atalhos, caminhámos os três, Marcelino apoiando-se nos nossos ombros.
Olhei o caminho e vi uma única sombra e pensei que aquela viagem costurava o nosso tão rasgado mundo. Quem tem a mesma sombra, tem o mesmo Deus.”
16 reviews
Read
November 26, 2023
Uma delícia, um verdadeiro bálsamo para a alma. Eu, que não aprecio particularmente narrativas curtas, fiquei presa a cada um dos contos, enredada nesta prosa poética, de uma imaginação prodigiosa. Rendida a Mia Couto.
Profile Image for Graciosa Reis.
538 reviews52 followers
October 28, 2024
Em 𝒄𝒐𝒎𝒑ê𝒏𝒅𝒊𝒐 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒆𝒔𝒆𝒏𝒕𝒆𝒓𝒓𝒂𝒓 𝒏𝒖𝒗𝒆𝒏𝒔, Mia Couto presenteia-nos com vinte e dois contos que testemunham fragmentos de vida de uma realidade moçambicana actual. Estas estórias entretecem o real e o imaginário, exploram cenários de um quotidiano difícil onde, ainda prevalece a guerra, a miséria, a violência, o analfabetismo.
“A vizinha fazia o luto, tal como fizera o viver: sem que ninguém se apercebesse de que existia.
Sabia-se dela quando, para além das paredes, escutávamos o marido que a espancava e nunca ninguém no bairro se deu ao incómodo de intervir. (…) Acudir, seria, além disso, um imperdoável desrespeito para com o dono da casa.” (p. 23)
Ao longo do livro e nos diversos textos, o autor de forma irónica relata factos e denuncia situações de violência, de alcoolismo, de “raivas milenares”, de “vozes subversivas”, de maleitas próprias da velhice, de “modernices” como as redes sociais e as tecnologias. Denota-se a preocupação do autor com a sociedade, com a guerra, com as pessoas que ainda se encontram enraizadas numa cultura “de um país sem chão”.

Mia Couto usa um estilo poético que lhe é bem particular, contudo, nestes textos distancia-se dos usuais neologismos, que tanto aprecio, e apropria-se de alguns provérbios ( “Mais vale ter o tempo como doença do que o futuro como inimigo”) e do uso da oralidade tão característica das estórias africanas.

“Nessa noite, ninguém dormiu na aldeia, as pestanas palpitando como descontrolados ponteiros de um enlouquecido relógio.” (p. 35). É com imagens deliciosas como esta que
Mia Couto convida o leitor a mergulhar nas emoções de um povo sofredor, apesar da sua riqueza cultural. Recomendo muito.
Profile Image for Mar Gasca Madrigal.
131 reviews7 followers
March 8, 2025
“La escritura es un intento por ordenar el caos”.

La vida y la muerte transitan por este libro de forma contundente y revalorizada, acentuándose en la prosa tan delicada y fina de este escritor surafricano.

La relación que guardan los habitantes de Mozambique con la naturaleza, con sus tradiciones y con sus antepasados es palpable, siendo todos estos elementos quienes los conforma y no al revés. Una de las características de la escritura del autor a la facilidad con que mezcla elementos fantásticos en sus relato y la contundencia de los mismos que casi siempre tienen un final inesperado y sorpresivo. Así mismo, en muchos relatos habla sobre la situación de la mujer, enfatizando el medio hostil en el que le tocó nacer. Uno de los relatos que más bello y profundo me pareció fue Lecciones de Caligrafía.

Gracias a este libro, investigue y aprendí que en Mozambique hablan portugués y que hasta 1975 fueron colonia de dicho país Europeo.

Algo que me incomodó bastante fue la gran cantidad de errores que tiene esta edición. Ojalá tengan más cuidado en las posteriores.

Recomendación musical: Moussa Koita disco Ayé
28 reviews
December 11, 2023
"Começo por confessar um segredo: a escrita é um rio. As vogais são água. As consoantes são pedras. A escrita é um rio antigo, que se inunda de gente. E o alfabeto é um barco. A maioria das pessoas nunca viajou nesse barco. (...) As margens do papel, uma esquerda e outra à direita, desunem os inseparáveis lados do pensamento. (...) Rasgamos as palavras pelo vinco das sílabas para que caibam na folha" (Lição de caligrafia).
Profile Image for Michelle.
24 reviews
January 5, 2025
This was my first foray into Mia Couto's writing and I must say I am delighted. His style is breezy, and the breadth of themes, characters and cultures across these short stories is a solid display of his range. My favourites are:
- Víuvas vizinhas
- O culto dos pesarosos
- A pasta do vizinho
- O nome do pai
- Lição de caligrafia
- A cicatriz
- Os números mortos
- A roupa morta
- Objectos voadores bem identificados
- A próxima visita
- O bosque
Profile Image for Patricia Santos.
71 reviews1 follower
May 22, 2025
A beleza de uma escrita viva e camaleónica de Mia Couto num conjunto de contos bonitos e muitos deles com finais inusitados e que de duplos significados. Uma porta aberta para a cultura popular moçambicana com a morte, a família, as tradições, a velhice, o papel da mulher entre os temas dos vários contos. Ler Mia Couto é sempre garantia de bons momentos.
Profile Image for Rose.
11 reviews
January 16, 2024
Pequenas histórias que te fazem viajar no tempo de uma época imaginária, ou seria realmente vivida?!!
Uma realidade? Ou um conto?
Resiliência e muito amor! ✨

Uma leitura suave, calma para dias difíceis.
444 reviews2 followers
April 23, 2024
Um conjunto de contos, escritos na revista Visão, são compilados e reeditados netlste livro.
Contos breves, mas sublimemente escritos, um apurar de sentidos para além da visão.
Histórias mais ou menos reais, onde a humanidade cabe um pouco em todas elas.
Profile Image for Paulo Teixeira.
917 reviews14 followers
August 3, 2024
(PT) Um conjunto de contos escritos por Mia Couto e publicados na revista Visão, agora reunidos neste pequeno livro. Essencialmente, estes pequenos exercícios de imaginação onde as imagens e a imaginação... nem sempre coincidem.
Profile Image for Javier.
459 reviews11 followers
September 1, 2024
Conjunto de relatos que te hablan de la vida sin arabescos. Unos socarrones, otros tristes e inquietantes, que te llegan al corazón, en otros crítica social, otros poesía pura.
Muy recomendable.
Cinco estrelas
Profile Image for Cláudia.
35 reviews
December 8, 2023
Sinto-me sempre em casa quando leio Mia Couto. É único e inigualável.
Displaying 1 - 30 of 33 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.