"Ei, Madeleine, é óbvio que você é portuguesa, você até tem Pereira no apelido."
Constantemente trazida de volta às suas origens, o conhecimento de Madeleine sobre Portugal limita-se a Cristiano Ronaldo, piadas xenófobas sobre o Guesh e a língua, mesmo assim, algo que o seu pai lhe transmitiu. Mas este último, chegou a França aos doze anos, recusou-se a vida toda a falar do seu país natal e da sua infância sob a ditadura...
Como resultado, Madeleine mal sabe que Salazar era um ditador e não apenas um bruxo malvado em Harry Potter. Porém Madeleine sente uma necessidade profunda de se reconectar com suas raízes, e se seu pai não quiser ajudar, então ela terá de procurar respostas em outro lugar. Começando pelos muitos amigos, imigrantes portugueses, que têm.
Da região de Paris a Lisboa, Madeleine vai recolhendo as suas histórias de vida. Aos poucos, traça o fio da história de Portugal e, através dele, tenta conhecer mais sobre si mesma.
Madeleine Pereira vit et travaille à Angoulême (la ville de la BD !), quand elle n’est pas ailleurs. Diplômée de l’ESAL d’Épinal et de l’EESI d’Angoulême, elle crée des bandes dessinées lors de plusieurs résidences telles que la Maison des Auteurs d’Angoulême, le Zinc Grenadine à Épinal, jusqu’en Serbie, à Pancevo. En parallèle de la bande dessinée, elle continue de pratiquer la gravure aquatinte, qui est une autre de ses passions. Elle a réussi à se construire une sorte d’atelier chez elle, pas vraiment aux normes…
Uma obra que nos conta, através de amigos e da irmã do pai da autora, como era a vida dos portugueses antes do 25 de abril, as dificuldades que passavam e o que sofreram para conseguirem chegar a uma espécie de terra prometida - França.
Para alguns poderá não trazer nada de novo sobre esse período mas, para aqueles que não o viveram, será uma boa forma de conhecer um pouco da história do seu país. Com este livro, a autora conseguiu saber mais sobre a sua família e como o seu pai chegou a França. Também recuperou a relação perdida com a tia paterna e conheceu um pouco das suas origens.
PT Este livro faz-me lembrar bastante o "Portugal", do Cyril Pedrosa, mas tem claramente a sua própria energia e charme.
A semelhança está no tema central: ambas as protagonistas embarcam numa viagem para se reconectarem com as suas raízes portuguesas. Mas aqui, Madeleine Pereira — a própria autora — assume o papel principal na narrativa. Viaja, conversa com familiares e amigos do pai, e vai juntando peças da vida dele e do passado de Portugal.
Fala sobre a vida durante a ditadura, as guerras coloniais, a forma como a sociedade via as mulheres e o seu papel naquela época, as vagas de migração para França, entre outros temas. No meio de tudo isto, a única pessoa de quem não consegue obter muita informação é o próprio pai — e acabará por perceber porquê.
Adoro o traço dela: cru, um pouco caótico, quase juvenil. Assenta na perfeição à história, dando-lhe um toque de intimidade e honestidade.
É uma leitura belíssima para refletir sobre o passado e tirar algo dele.
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EN This book reminds me a lot of "Portugal" by Cyril Pedrosa, but it definitely has its own unique vibe and charm.
The similarity lies in the central theme: both protagonists embark on a journey to reconnect with their Portuguese roots. But here, Madeleine Pereira—the author herself—takes center stage as the main character. She travels, speaks with her father’s relatives and friends, and pieces together fragments of his life and Portugal’s past.
She touches on life under the dictatorship, the colonial wars, how society perceived women and their roles back then, and the migration waves to France. Yet, the one person she struggles to learn from is her own father—and eventually, she comes to understand why.
I love how her art feels raw, a bit messy, almost juvenile. It fits the story beautifully—adding a sense of intimacy and honesty.
This is a wonderful read to reflect on the past and take something from it.
Gros coup de coeur pour cet album! Tout comme l'autrice, mes deux parents ont quitté le Portugal sous le régime de Salazar, mais pas pour les mêmes raisons. Chacun d'eux a vécu des choses très différentes. Ce qui est le cas également des personnes que rencontre Madeleine Pereira dans sa recherche de ses origines et de l'histoire de sa famille. Elle va découvrir que la dictature peu connue de Salazar a fait bien plus de ravages qu'il n'y parait, endeuillant les familles, les séparant, les éparpillant avec en fond les guerres dans les colonies. Merci pour cet ouvrage qui donne un éclaircissement sur l'immigration portugaise et comprendre ce qu'ont pu vivre nos parents ou grands-parents (portugais) qui parlent peu de cette période sombre.
Fiquei desiludida, admito, esperava mais. Se calhar o problema é meu e não do livro! Ficámos sem saber na mesma a perspectiva da história do lado do pai, e não fiquei a simpatizar muito com o senhor só com o que sabemos. Interessantes as várias visões daquela época.
C’était touchant, une très jolie bande dessinée qui nous en dit plus sur nos origines et les horreurs de la dictature salazariste trop souvent oubliée.
Se os nossos pais são pessoas que não gostam de reviver o passado nem de contar histórias, vai ser muito difícil entender as nossas origens (e as deles). E pode ser ingrata a tarefa de os pôr a falar. Talvez seja por isso que eu senti que falta aqui algum desenvolvimento, porque o leitor não chega a conhecer a experiência pessoal do pai. Chegamos ao fim e falta alguma substância. Gosto bastante da forma como as personagens estão desenhadas, as falas e os diálogos parecem-me bastante reais (muito portugueses). O traço parece descuidado, mas as cores dão-lhe vida e passei a BD inteira deslumbrada. As paisagens e os planos abertos também são maravilhosos. Portugal, Pai, Abril (25), Liberdade, Emigração, Memória, Família, Salazar (Slytherin?).
Très très bel ouvrage. Clairement dans ma phase "les immigré•es portugais qui viennent en France dans les années 1960-1970", vaine tentative d'essayer de connaître l'histoire de mon paps qui n'est plus là pour me la raconter. Alors je pioche dans les histoires des autres. Ce roman graphique est beau et coloré et plein de vie. J'ai beaucoup aimé.
This ended up being a very emotional read for myself. The author being a french girl having difficulty to connect with her portuguese heritage despite having direct portuguese family or even speaking the language hit me right in the feels. Thanks for showing me and the world a part of the history of our people 🫶🏻🇵🇹
Je me suis tournée vers cet ouvrage, souhaitant en apprendre un peu plus sur mon pays d'origine, son histoire ainsi que le vécu de ses émigrés. Nous suivons Madeleine, fille issue d'un père portugais immigré en France. C'est à grâce à elle que nous avons accès aux différents témoignages, grâce aux discussions qu'elle provoque, parfois même malgré elle.
J'ai eu un peu de mal à rentrer dans l'histoire, n'étant pas des plus sensible, à priori, au style des illustrations. Néanmoins, page après page, le style était, pour moi, meilleur. Ce qui me permis de m'immerger un peu plus dans les histoires racontées.
Cela étant dit, j'ai apprécié la diversité des profils des émigrés mis en lumière et je trouve que cet ouvrage nous permet d'avoir une bonne entrée en matière sur la question du vécu des émigrés, ou non, portugais à diverses époques.
Mention spéciale pour le portrait de Joana qui est l'un de ceux qui m'a le plus marqué.
Inesperadamente maravilhoso. Gostei muito mais deste livro do que previa inicialmente. Seguimos Madeleine, uma rapariga que vive na França e pouco sabe sobre as suas raízes portuguesas. O pai dela deixou Portugal durante a ditadura e, sempre que pode, evita falar sobre o seu país. Madeleine é uma menina muito curiosa e usa este livro como desculpa para conhecer mais sobre a sua própria história. Foi uma viagem maravilhosa por uma das alturas mais negras de Portugal. Não é um tema dentro da minha área de conforto, mas foi fascinante e dei por mim a querer ler mais e mais testemunhos dos familiares e amigos da Madeleine. Um tema sem dúvida atual e que nos pode relembrar que algumas coisas que não queremos ou não deveríamos querer reviver.
Quin llibre tan perfecte!!!!! Un còmic autobiogràfic (si no m’equivoco) sobre una noia portuguesa que xerra amb tot de portuguesos que van haver de fugir durant la dictadura i fa un recull d’històries per explicar com de dura era la vida a Portugal en aquells anys, incloent-hi la història de la seva pròpia família, Els dibuixos son preciosos, molta sensibilitat i molt interessant tot el que s’aprèn llegint-lo
Borboleta é um livro que se lê com atenção, respeito e emoção. Através de memórias, testemunhos e fragmentos de vidas reais, Madeleine Pereira constrói uma obra profundamente humana sobre a experiência da emigração portuguesa antes do 25 de Abril — um tempo marcado pela pobreza, pela repressão e pelo desejo urgente de escapar a um destino imposto.
O livro dá-nos a conhecer esse período histórico através das vozes de amigos e, sobretudo, da tia paterna da autora, compondo um retrato íntimo de como era viver em Portugal sob a ditadura e do que significava partir rumo a uma espécie de terra prometida: França. Não como um sonho romântico, mas como uma necessidade de sobrevivência.
É verdade que, para quem conhece bem este período da história portuguesa, alguns dos relatos podem não trazer grandes novidades. Ainda assim, Borboleta cumpre algo fundamental: humaniza a História. Para quem não viveu esses anos, este livro é uma porta de entrada sensível e acessível para compreender as dificuldades, os sacrifícios e a coragem de uma geração inteira que partiu em busca de dignidade.
Mas esta obra vai muito além do retrato histórico. É também um livro sobre memória familiar, reconciliação e identidade. Ao escrever Borboleta, Madeleine Pereira não só aprofunda o conhecimento sobre o percurso do pai até França, como recupera uma relação perdida com a tia e reconstrói laços que o tempo e a distância tinham enfraquecido. Há aqui um gesto bonito de escuta, de aproximação e de reconhecimento das próprias raízes.
Borboleta fala-nos de partidas, mas também de regressos — emocionais, afetivos e simbólicos. De pessoas que tiveram de abandonar tudo, mas que carregaram consigo histórias que mereciam ser contadas.
Um livro necessário, delicado e honesto. Cinco estrelas, sem qualquer dúvida.
O retrato de uma época visto sem as ideias "feitas" de alguém que desde sempre ouviu as histórias do "antes do 25 de Abril". Um retrato mais isento, talvez por essa razão. Madeleine tenta arrancar ao seu pai a sua história de vida, na tentativa de perceber também um pouco a sua própria história (o porquê de a considerarem estrangeira na sua terra natal, a França). Nessa demanda, desvenda mais as diferentes histórias dos amigos ou familiares do pai, que de igual forma abandonaram o país que os ciu nascer, porque se tornara insustentável nele viver. Nada do que lemos aqui é novo para um português, mas tudo ganha uma nova "frescura" por nos ser apresentado por alguém "de fora", que consegue apresentar as coisas de uma perspectiva não sujeita aos "preconceitos" habituais a alguém que tenha vivido o século XX português. Uma abordagem bastante interessante, portanto, que vale a pena conhecer.
«(...) Em Borboleta, que combina (auto)biografia e ficção, Madeleine Pereira ilustra a repressão da ditadura, o medo dos jovens de serem chamados para a Guerra Colonial, e a vida e os costumes numa sociedade autoritária. Fala ainda do preconceito dos franceses pelos emigrantes.
Para recriar visualmente o que lhe foi contado, a autora recorreu a fotografias de família, a documentos do Museu do Aljube e a imagens de arquivo da RTP.
Desenhado a lápis de cor e a caneta preta, Borboleta é um livro muito bonito que retrata um pedaço de História da Diáspora portuguesa.»
Très mon style, à savoir récit qui va chercher dans les archives familiales, historiques et amicales une histoire tue par les parents. Perspectives de vie dans le Portugal salazariste. J'ai aussi trop trop aimé la palette de couleurs hyper fraîches.
uma novela gráfica bonita, desenhos brutais e uma escrita muito simples. se quiserem saber parte da história de Portugal, de maneira despretensiosa, leiam.
4/5 Borboleta a été mon premier livre de 2025 et ça ne m’a pas déçu. Une histoire assez simple mais quand même très captivante. Et les illustrations étaient exceptionnellement belles. Je ne savais pas beaucoup sur la dictature Portugaise et la révolution des œillets avant de lire ce livre donc je l’ai trouvé très informatif.
uma bela novidade da asa que cheira a abril. e este livro não é só para sentir, é para ler e é para recordar. passaram-se quase 51 anos desde o dia em que respirámos liberdade e a casa ano que passa vamos perdendo pessoas que viveram, sofreram e resistiram. é importante relembrar, é importante falar para que não se volte a repetir.
aquando da leitura lembrei-me do meu avô e do serviço militar obrigatório onde passou frio e perdeu os seus pais numa questão de semanas. pensei no meu avô que veio dos açores para o continente estudar e foi destacado para a guerra. lembrei-me da minha prima que ia, obrigada, buscar as malas da professora, atravessando o mato porque na altura não havia as estradas que há hoje. pensei no medo que ela teria em atravessar a floresta às escuras. pensei nesta criança (que teria no máximo dos máximos 10 anos) a percorrer estes caminhos. pensei na sofia, a mãe do meu namorado, que já nasceu em frança e no que poderia ter vindo a ser a vida deles. pensei em familiares meus que muitos anos antes estariam a fugir sem nunca pensar em voltar. pensei nos milhares de portugueses que foram à procura de algo melhor, com ou sem passaporte.
madeleine que pertencia a duas culturas e simultaneamente a nenhuma. madeleine que era “a pereira” em frança e “a francesa” em portugal. madaleine funciona como a ligação entre o seu passado familiar e o histórico, entre os amigos do pai e a história de portugal. ela era a peça do puzzle que faltava.
vemos como era a vida dos portugueses durante a ditadura, as dificuldades por que passavam, especialmente no norte de portugal. vemos a guerra, a violência, o álcool, o papel e a imagem das mulheres.
a última estória foi a que mais me tocou. ver e perceber o porquê que o pai sentia tanta dificuldade em abordar o assunto, o porquê deste tema ser um tabu naquela família e em tantas, o porquê de haver uma quebra dos laços familiares.
e o traço! muito diferente daquilo a que estamos habituados, lápis de cor, caótico, mas que assenta como uma luva na história 🤗