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Sangue raro
"Comecei a sentir a coisa estranha dentro de mim mais ou menos quando eu tinha dezesseis anos. Não sabia explicar o que era, faltavam palavras para entender e nomear, mas era algo que fervia, espalhando-se por debaixo da pele, pelos músculos, dentro dos ossos. Era feito leite derramado no cuscuz, buscando caminho entre os flocos, encharcando tudo, o gosto se alastrando por toda parte. Eram gavinhas, que se alinhavam entre os vasos sanguíneos. Borbulhava, pinicava, expandia. Parecia ruim, perigoso. Não falei para ninguém, tive medo. Naqueles dias, a gente tinha medo de tudo."
Caetano é morador do Morro da Conceição, Recife, e um "sangue-raro": uma pessoa com características únicas e especiais cujo sangue pode ser utilizado em rituais mágicos. O sangue dele tem a propriedade de localizar pessoas. Durante uma ditadura militar para "limpar" o país dos bruxos e dos sangues-raros, Caetano é encontrado depois de tentar fugir com seu único amigo, Paulinho, e sequestrado pelo governo.
O regime o transforma numa ferramenta para buscar inimigos políticos.
Após dez anos preso, ele finalmente consegue escapar, e terá de lidar com um mundo devastado pelo ódio e pela feitiçaria. O exército tomou conta do país e, depois de se munir de tudo o que precisava, largou a população à deriva. As cidades foram tomadas pelas águas, com a vegetação e a poluição destruindo tudo pelo caminho. Jorge, um bruxo assassino, deseja utilizar o sangue de Caetano para encontrar a filha perdida, uma sangue-raro poderosa que também foi capturada.
Agora, em liberdade e aliado a esse bruxo, Caetano precisa decidir o que se torturar pelas atrocidades cometidas com o seu sangue, ou se tornar o monstro que dizem que ele é e ir atrás das pessoas que fizeram esse caos.
Caetano é morador do Morro da Conceição, Recife, e um "sangue-raro": uma pessoa com características únicas e especiais cujo sangue pode ser utilizado em rituais mágicos. O sangue dele tem a propriedade de localizar pessoas. Durante uma ditadura militar para "limpar" o país dos bruxos e dos sangues-raros, Caetano é encontrado depois de tentar fugir com seu único amigo, Paulinho, e sequestrado pelo governo.
O regime o transforma numa ferramenta para buscar inimigos políticos.
Após dez anos preso, ele finalmente consegue escapar, e terá de lidar com um mundo devastado pelo ódio e pela feitiçaria. O exército tomou conta do país e, depois de se munir de tudo o que precisava, largou a população à deriva. As cidades foram tomadas pelas águas, com a vegetação e a poluição destruindo tudo pelo caminho. Jorge, um bruxo assassino, deseja utilizar o sangue de Caetano para encontrar a filha perdida, uma sangue-raro poderosa que também foi capturada.
Agora, em liberdade e aliado a esse bruxo, Caetano precisa decidir o que se torturar pelas atrocidades cometidas com o seu sangue, ou se tornar o monstro que dizem que ele é e ir atrás das pessoas que fizeram esse caos.
442 pages, Kindle Edition
First published April 17, 2025
4 people are currently reading
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Community Reviews
Displaying 1 - 10 of 10 reviews
July 24, 2025
4.5
simplesmente saboroso
(outra hora faço uma resenha sobre)
simplesmente saboroso
(outra hora faço uma resenha sobre)
Read
September 17, 2025Caetano é um sangue-raro, uma pessoa cujo sangue pode ser usado para fazer magia. Isso o torna alvo de bruxos que perseguem essas pessoas especiais para executar seus feitiços. Mas como tudo que é ruim pode piorar, Caetano precisa lidar também com um golpe militar arquitetado por Jorge, que finge caçar pessoas de sangue-raro por considerá-las aberrações assim como afirma a igreja, mas na verdade tem interesse no que um sangue como esse pode oferecer ao seu projeto de poder.
A mistura de fantasia urbana e horror serve para Lucas Santana refletir sobre como discursos religiosos, discursos autoritários militares e discursos heteronormativos familiares se entrelaçam para manter uma estrutura de poder que beneficia a uma parcela da população enquanto cobram um preço alto de quem é visto como minoria, como divergente. E sobre como essas pessoas divergentes parecem estar sempre sendo usadas dentro de estratégias políticas danosas, como se não fossem de fato pessoas.
Um exemplo: Os sangue-raros de Lucas são chamados de bicas, um xingamento que os objetifica e que tem eco em xingamentos ouvidos por pessoas gays. Ainda assim, Lucas consegue manter a metáfora do que é um "sangue raro" ampla o bastante para diferentes leitores poderem fazer diferentes projeções a partir de si.
Gosto que o livro parte de uma visão queer muito forte e não tem medo de se valer do erotismo, muito menos de misturá-lo com o elemento gore de um livro no qual o sangue é uma peça-chave. Só por se conceder essa liberdade o livro já vale sua existência. Algumas escolhas de Lucas deixariam o Clive Barker do início da carreira feliz, embora Barker tenha sido econômico nos elementos LGBTs ao escrever seus livros de sangue, por motivos pessoais.
Para além da lente aberta que nos apresenta o contexto político existe também o foco nos pensamentos de Caetano, um menino criado para se odiar. Acompanhar a trama de Sangue Raro é acompanhar Caetano aprendendo a reconhecer seus próprios desejos e parar de se culpabilizar por senti-los. Aprender a limpar todo o ódio e julgamento que recebemos ao longo da vida e entender que errado é aquele que bosteja ódio é uma fonte de poder muito grande no mundo real, e Lucas traz isso para a ficção também.
No fim, é esse movimento interno de Caetano, mais do que qualquer coisa, que amarra a trama de Sangue Raro e prepara o livro para possíveis continuações. Quem começa como um bica que se odeia por ser quem é, acaba descobrindo ser capaz de muito mais.
Embaixo, segue um trecho do capítulo 2:
"Comecei a sentir a coisa estranha dentro de mim mais ou menos quando eu tinha dezesseis anos. Não sabia explicar o que era, faltavam palavras para entender e nomear, mas era algo que fervia, espalhando-se por debaixo da pele, pelos músculos, dentro dos ossos. Era feito leite derramado no cuscuz, buscando caminho entre os flocos, encharcando tudo, o gosto se alastrando por toda parte".
A mistura de fantasia urbana e horror serve para Lucas Santana refletir sobre como discursos religiosos, discursos autoritários militares e discursos heteronormativos familiares se entrelaçam para manter uma estrutura de poder que beneficia a uma parcela da população enquanto cobram um preço alto de quem é visto como minoria, como divergente. E sobre como essas pessoas divergentes parecem estar sempre sendo usadas dentro de estratégias políticas danosas, como se não fossem de fato pessoas.
Um exemplo: Os sangue-raros de Lucas são chamados de bicas, um xingamento que os objetifica e que tem eco em xingamentos ouvidos por pessoas gays. Ainda assim, Lucas consegue manter a metáfora do que é um "sangue raro" ampla o bastante para diferentes leitores poderem fazer diferentes projeções a partir de si.
Gosto que o livro parte de uma visão queer muito forte e não tem medo de se valer do erotismo, muito menos de misturá-lo com o elemento gore de um livro no qual o sangue é uma peça-chave. Só por se conceder essa liberdade o livro já vale sua existência. Algumas escolhas de Lucas deixariam o Clive Barker do início da carreira feliz, embora Barker tenha sido econômico nos elementos LGBTs ao escrever seus livros de sangue, por motivos pessoais.
Para além da lente aberta que nos apresenta o contexto político existe também o foco nos pensamentos de Caetano, um menino criado para se odiar. Acompanhar a trama de Sangue Raro é acompanhar Caetano aprendendo a reconhecer seus próprios desejos e parar de se culpabilizar por senti-los. Aprender a limpar todo o ódio e julgamento que recebemos ao longo da vida e entender que errado é aquele que bosteja ódio é uma fonte de poder muito grande no mundo real, e Lucas traz isso para a ficção também.
No fim, é esse movimento interno de Caetano, mais do que qualquer coisa, que amarra a trama de Sangue Raro e prepara o livro para possíveis continuações. Quem começa como um bica que se odeia por ser quem é, acaba descobrindo ser capaz de muito mais.
Embaixo, segue um trecho do capítulo 2:
"Comecei a sentir a coisa estranha dentro de mim mais ou menos quando eu tinha dezesseis anos. Não sabia explicar o que era, faltavam palavras para entender e nomear, mas era algo que fervia, espalhando-se por debaixo da pele, pelos músculos, dentro dos ossos. Era feito leite derramado no cuscuz, buscando caminho entre os flocos, encharcando tudo, o gosto se alastrando por toda parte".
November 25, 2025
Nem sempre encontramos um livro que desperta aquela fome de seguir explorando o universo criado. Sangue Raro me deixou exatamente assim: um “MAS JÁ ACABOU?? NÃO, EU QUERIA MAIS!”.
Achei que viria mais um título queer preso às mesmas fórmulas e felizmente não foi. Aqui, Queer não é ornamento: é veia pulsante, é a espinha que sustenta a história. Ela se mistura ao misticismo, ao terror, à política, formando uma narrativa que arrasta sem esforço da primeira a última página.
E a brasilidade não sussurra: ela canta. Cada cenário vibra, cada referência cultural acende algo familiar. Mesmo sem conhecer aquele território, eu sentia que caminhava dentro dele. É uma leitura que pulsa porque é nossa.
Apesar de toda essa beleza, o livro também é profundamente angustiante e verdadeiramente aterrorizante. Há momentos que apertam o peito, que deixam a pele em alerta, que fazem o universo vibrante da história ganhar sombras ainda mais densas. Essa tensão constante acrescenta uma camada emocional poderosa e torna a experiência ainda mais marcante.
Não me apaixonei pelos personagens em si, mas pelo que os circunda. O mundo que os molda, a atmosfera que os sustenta, o silêncio que os acompanha, tudo isso me cativou. Ali, o universo é mais que palco: é protagonista. Respira, expande, toca.
O único ponto que não funcionou tanto pra mim foi o final. Ele toma um rumo que, apesar de coerente dentro da proposta, destoou um pouco do tom que me conquistou ao longo da narrativa. Eu esperava algo mais pé no chão, mais íntimo, mais enraizado na brasilidade quente que permeia o resto do livro.
Ainda assim, Sangue Raro é uma leitura que vale MUITO a pena.
Espero num futuro muito próximo poder ler mais coisas escritas por Lucas.
Achei que viria mais um título queer preso às mesmas fórmulas e felizmente não foi. Aqui, Queer não é ornamento: é veia pulsante, é a espinha que sustenta a história. Ela se mistura ao misticismo, ao terror, à política, formando uma narrativa que arrasta sem esforço da primeira a última página.
E a brasilidade não sussurra: ela canta. Cada cenário vibra, cada referência cultural acende algo familiar. Mesmo sem conhecer aquele território, eu sentia que caminhava dentro dele. É uma leitura que pulsa porque é nossa.
Apesar de toda essa beleza, o livro também é profundamente angustiante e verdadeiramente aterrorizante. Há momentos que apertam o peito, que deixam a pele em alerta, que fazem o universo vibrante da história ganhar sombras ainda mais densas. Essa tensão constante acrescenta uma camada emocional poderosa e torna a experiência ainda mais marcante.
Não me apaixonei pelos personagens em si, mas pelo que os circunda. O mundo que os molda, a atmosfera que os sustenta, o silêncio que os acompanha, tudo isso me cativou. Ali, o universo é mais que palco: é protagonista. Respira, expande, toca.
O único ponto que não funcionou tanto pra mim foi o final. Ele toma um rumo que, apesar de coerente dentro da proposta, destoou um pouco do tom que me conquistou ao longo da narrativa. Eu esperava algo mais pé no chão, mais íntimo, mais enraizado na brasilidade quente que permeia o resto do livro.
Ainda assim, Sangue Raro é uma leitura que vale MUITO a pena.
Espero num futuro muito próximo poder ler mais coisas escritas por Lucas.
October 13, 2025
não sei se sou muito fã de usar mais de um POV para mostrar as mesmas cenas e explicar a motivação das personagens. ou se é o fato de que o livro que li antes desse também tenha feito isso, rs.
mas, fora isso (explicar demais algumas partes), eu gostei muito do livro, da ambientação, personagens, história... que bom que alguém me apresentou essa autoria! curiose pra saber se vai ter algum tipo de continuação...
mas, fora isso (explicar demais algumas partes), eu gostei muito do livro, da ambientação, personagens, história... que bom que alguém me apresentou essa autoria! curiose pra saber se vai ter algum tipo de continuação...
August 14, 2025
Eu estou genuinamente surpreso com essa história, forte, poderosa, uma fantasia que conta muito sobre a realidade, ela gera angustia, raiva e nos coloca para pensar.
Caetano é um ‘Sangue-Raro’, uma pessoa com características especiais cujo sangue pode ser utilizado em rituais mágicos. Após 10 anos presos pelo exército que tomou conta do país, ele se vê aliado a um bruxo e precisa tomar uma decisão: se torturar pelo que aconteceu, ou se tornar o monstro que dizem que ele é e ir atrás das pessoas que transformaram tudo em caos.
❝Pega esse nome que te deram pra te ofender, e faz dele teu.❞
Primeiro de tudo: Caetano sofre, viu? Meu Deus como esse rapaz sofre. Acompanhar a trajetória dele, a evolução dele é bem angustiante. Ensinamentos que se enraizaram nele, ser gay é errado, ser um sangue raro é coisa ruim… tudo isso abala muito o psicológico dele, principalmente tendo sido preso e usado por 10 anos. Quando finalmente se vê “livre” ele precisa praticamente de uma total desconstrução, pois em quem ele pode realmente confiar? Isso tudo dá uma profundidade incrível ao personagem e à história.
A fantasia aqui é muito bem construída também, o sistema de uso de magia, o modo como essa parte mística é usada e abusada pelos militares e pelos mais poderosos levando a uma ditadura mágico-militar. É o Brasil do passado, mas que assustadoramente parece estar em nosso presente. Lucas foi genial, principalmente na questão do texto dele não ter floreios, é direto, é quente, é cru, é real e poderoso.
O começo da narrativa pode não parecer tão fluido, pois vamos acompanhando o presente de Caetano e também acompanhando o passado, os acontecimentos que o levaram até ali, mas logo esses dois caminhos se conectam e a história segue muito ágil. Sangue Raro é aquele livro que quando te pega não tem como largar.
O final é um acontecimento e o epílogo me deixou doido querendo mais.
Recomendo demais a leitura (lembrando que é um livro para maiores de 18 anos, temos aqui cenas de sexo, além de cenas gráficas de violência extrema e bastante sangue), Lucas ganhou um fã, já quero ler tudo que elu escrever!
Caetano é um ‘Sangue-Raro’, uma pessoa com características especiais cujo sangue pode ser utilizado em rituais mágicos. Após 10 anos presos pelo exército que tomou conta do país, ele se vê aliado a um bruxo e precisa tomar uma decisão: se torturar pelo que aconteceu, ou se tornar o monstro que dizem que ele é e ir atrás das pessoas que transformaram tudo em caos.
❝Pega esse nome que te deram pra te ofender, e faz dele teu.❞
Primeiro de tudo: Caetano sofre, viu? Meu Deus como esse rapaz sofre. Acompanhar a trajetória dele, a evolução dele é bem angustiante. Ensinamentos que se enraizaram nele, ser gay é errado, ser um sangue raro é coisa ruim… tudo isso abala muito o psicológico dele, principalmente tendo sido preso e usado por 10 anos. Quando finalmente se vê “livre” ele precisa praticamente de uma total desconstrução, pois em quem ele pode realmente confiar? Isso tudo dá uma profundidade incrível ao personagem e à história.
A fantasia aqui é muito bem construída também, o sistema de uso de magia, o modo como essa parte mística é usada e abusada pelos militares e pelos mais poderosos levando a uma ditadura mágico-militar. É o Brasil do passado, mas que assustadoramente parece estar em nosso presente. Lucas foi genial, principalmente na questão do texto dele não ter floreios, é direto, é quente, é cru, é real e poderoso.
O começo da narrativa pode não parecer tão fluido, pois vamos acompanhando o presente de Caetano e também acompanhando o passado, os acontecimentos que o levaram até ali, mas logo esses dois caminhos se conectam e a história segue muito ágil. Sangue Raro é aquele livro que quando te pega não tem como largar.
O final é um acontecimento e o epílogo me deixou doido querendo mais.
Recomendo demais a leitura (lembrando que é um livro para maiores de 18 anos, temos aqui cenas de sexo, além de cenas gráficas de violência extrema e bastante sangue), Lucas ganhou um fã, já quero ler tudo que elu escrever!
Read
December 24, 2025— Vocês duas. São um casal. Fazem magia com sangue, e parecem de boas com isso.
— E?
— Nada. — Eu queria retirar o que disse e me enterrar. Eu a tinha ofendido, mas ficar calado agora parecia pior. — É só que… eu nunca tinha visto isso. Parece errado. Não, desculpa, não é isso. Me falaram muitas vezes que é errado, e ficou na minha cabeça.
— Tu escolhe o que faz com o que dizem pra tu, moleque. Ou tu engole, ou tu mastiga e cospe.
* * *
De repente, eu me vi sorrindo.
Eles externavam tudo aquilo que eu tentava suprimir dentro de mim.
Aquela violência tinha sabor de liberdade. Como era carnal nossa magia! Doía e queimava, era sofrimento e angústia e, quando se libertava, era orgasmo.
Eu estava errado sobre o grupo de Clara e Amelinha. Não estavam apenas brincando carnaval, como supus, estavam lutando. Carnaval era guerra, também. Era batalha pelas ruas, reivindicação de corpos. E lá estavam eles, mesmo com as mortes de amigos, com os desaparecidos, com toda a perda que tiveram, ainda faziam algo. Sumiam com soldados. Torturando-os, matando-os. Dançavam, enquanto isso. Eram resistência. Maracatu era isso, afinal, um grito do povo.
* * *
Tu é a porra de uma bica, Caetano! Isso não é uma coisa ruim, é incrível! Olha a porra do poder que tu tem, cara! Pega esse nome que te deram pra te ofender, e faz dele teu. Eu sou a porra de um bruxo! Me criaram pra ser detestável, violento, instável, psicopata, e eu sou tudo isso. Vou ser o terror deles.
— E?
— Nada. — Eu queria retirar o que disse e me enterrar. Eu a tinha ofendido, mas ficar calado agora parecia pior. — É só que… eu nunca tinha visto isso. Parece errado. Não, desculpa, não é isso. Me falaram muitas vezes que é errado, e ficou na minha cabeça.
— Tu escolhe o que faz com o que dizem pra tu, moleque. Ou tu engole, ou tu mastiga e cospe.
* * *
De repente, eu me vi sorrindo.
Eles externavam tudo aquilo que eu tentava suprimir dentro de mim.
Aquela violência tinha sabor de liberdade. Como era carnal nossa magia! Doía e queimava, era sofrimento e angústia e, quando se libertava, era orgasmo.
Eu estava errado sobre o grupo de Clara e Amelinha. Não estavam apenas brincando carnaval, como supus, estavam lutando. Carnaval era guerra, também. Era batalha pelas ruas, reivindicação de corpos. E lá estavam eles, mesmo com as mortes de amigos, com os desaparecidos, com toda a perda que tiveram, ainda faziam algo. Sumiam com soldados. Torturando-os, matando-os. Dançavam, enquanto isso. Eram resistência. Maracatu era isso, afinal, um grito do povo.
* * *
Tu é a porra de uma bica, Caetano! Isso não é uma coisa ruim, é incrível! Olha a porra do poder que tu tem, cara! Pega esse nome que te deram pra te ofender, e faz dele teu. Eu sou a porra de um bruxo! Me criaram pra ser detestável, violento, instável, psicopata, e eu sou tudo isso. Vou ser o terror deles.
July 23, 2025
'Teu sangue é raro, mas também é raiva."
4,5/5
Meu primeiro contato com a escrita de Lucas Santana e eu não poderia estar mais satisfeita. Fazia tempo que eu não lia um livro frenético assim, que te faz querer largar tudo pra continuar lendo e descobrir o que vai acontecer.
Com uma ambientação, sistema de magia e desenvolvimentos incríveis, Lucas Santana cria uma narrativa que critica o capitalismo e o papel de países imperialistas em ditaduras militares, sejam elas mágicas ou não, além de relações complexas entre personagens que te faz torcer para dar tudo certo.
4,5/5
Meu primeiro contato com a escrita de Lucas Santana e eu não poderia estar mais satisfeita. Fazia tempo que eu não lia um livro frenético assim, que te faz querer largar tudo pra continuar lendo e descobrir o que vai acontecer.
Com uma ambientação, sistema de magia e desenvolvimentos incríveis, Lucas Santana cria uma narrativa que critica o capitalismo e o papel de países imperialistas em ditaduras militares, sejam elas mágicas ou não, além de relações complexas entre personagens que te faz torcer para dar tudo certo.
November 7, 2025
eu não tenho mais escrito resenhas mas esse livro merece!
a delícia que é ler um terror com toques de horror cósmico de autore diverse, nacional, nordestine e que se passa na minha cidade!
que delícia reconhecer os locais onde a história se desenrola e mais importante, me reconhecer no jeito de falar dos personagens!
ainda bem que já tenho outro livro de Lucas pra ler. ainda bem q tem outros!
a delícia que é ler um terror com toques de horror cósmico de autore diverse, nacional, nordestine e que se passa na minha cidade!
que delícia reconhecer os locais onde a história se desenrola e mais importante, me reconhecer no jeito de falar dos personagens!
ainda bem que já tenho outro livro de Lucas pra ler. ainda bem q tem outros!
June 30, 2025
adorei
November 29, 2025
Que honra poder ler essa obra nacional!
Uma das minhas melhores, senão a melhor, leitura de 2025.
Uma das minhas melhores, senão a melhor, leitura de 2025.
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