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Memórias do Cárcere

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Memórias do cárcere é o testemunho de Graciliano Ramos sobre a prisão a que foi submetido durante o Estado Novo. Uma narrativa amarga de alguém que foi torturado, viveu em porões imundos e sofreu privações provocadas por um regime ditatorial.
No livro, Graciliano descreve a companhia dos mais variados tipos encontrados entre os presos políticos: descreve, entre outros acontecimentos, a entrega de Olga Benário para a Gestapo, insinua as sessões de tortura aplicadas a Rodolfo Ghioldi e relata um encontro com Epifrânio Guilhermino, único sujeito a assassinar um legalista no levante comunista do Rio Grande do Norte.
Durante a prisão, diversas vezes Graciliano destrói ou afirma destruir as anotações que poderiam lhe ajudar a compor uma obra mais ampla. Também dá importância ao sentimento de náusea causado pela imundice das cadeias, chegando a ficar sem alimentação por vários dias, em virtude do asco.
Da cadeia, Graciliano faz comentários sobre a feitura e a publicação de Angústia, uma de suas melhores obras.

727 pages, Paperback

First published January 1, 1953

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About the author

Graciliano Ramos

131 books409 followers
Graciliano Ramos was widely considered one of the most important Brazilian authors of the 20th century. He was a seminal voice in the literary "regionalism" movement.
As a child Ramos lived in many cities of Northeastern Brazil, stricken by poverty and severe weather conditions (droughts). After high-school, Graciliano went to Rio de Janeiro where he worked as a journalist. In 1915 he traveled to Palmeira dos Indios, state of Alagoas, to live with his father and in 1927 he was elected mayor.
In 1933 he published his first book, Caetés. A few years later he was jailed by the Getúlio Vargas government, on a charge that was never made clear. His experiences in jail would become a unique personal deposition, Memórias do Cárcere.
Graciliano died in 1953, at the age of 60. His "dry" style of writing and the conflict between the id and the world are the significant marks of his works.

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Displaying 1 - 19 of 19 reviews
Profile Image for Luís.
2,356 reviews1,327 followers
July 10, 2025
The work Memórias do Cárcere, by Graciliano Ramos, published in 1953 after his death, portrays the period during which the writer was imprisoned in 1936, a victim of the Estado Novo dictatorship in its early stages of establishment. The four parts that make up the work – Travel, Primary Pavilion, Correctional Colony, and Correction House – give an in-depth view of the country's reality and the prisoners' situation in the 1930s. Synonymous with dehumanization and disrespect for human life. The human being in this environment has depersonalized, degraded, and restricted their rights. Hence, the bias of denunciation and social criticism in work, as it directly references political oppression and the testimonial nature, opens a space for those silenced and shows another version of History. The result, in this way, becomes a means of questioning official historiography, as it exposes fissures of social and political tensions that are often concealed and points to new perspectives on society and human beings themselves. Using Walter Benjamin's expression, it tries to brush History "against the grain."
Profile Image for Adriana Scarpin.
1,725 reviews
June 21, 2024
Memórias do Cárcere estreava há 40 anos em São Paulo.
Esse ano decidi ler o livro do Graciliano e rever o filme do Nelson e eu deveria ter ficado quieta no meu canto porque só me trouxe degosto. Não me entendam mal, são ambos obras-primas, mas me causaram um mal estar que foi muito difícil de lidar.
Primeiro o livro, a descrição de forma grotesca que o Graciliano faz de corpos negros é absolutamente ultrajante, como boa histérica, demonstrações de racismo me causam mal estar físico e real vontade de vomitar e foi bem difícil passar por tais descrições. É claro que a esquerda branca coloca isso para debaixo do tapete clamando o quanto que Graciliano lutava pelos direitos dos negros, como se isso o isentasse de um racismo internalizado que uma análise do discurso básica derrubaria em três segundos.
Agora o filme, o Vereza como protagonista totalmente arruinou a experiência pra mim, quando o vi pela primeira vez há uns 30 anos, o ator ainda não era um facho filho da puta e tenho a mais absoluta alergia a facho.
Voltarei a ver quando completar 50 anos, quem sabe lá eu esqueça esses filhos da puta e me concentre exclusivamente no que estou vendo na tela.
Profile Image for John Farebrother.
115 reviews33 followers
December 13, 2021
The memoires of a left-wing dissident jailed during Brazil's military dictatorship in the late 1930s. I actually only read Vol 2, and I must confess I found it tough going. But not as tough as the author, who spent nearly two years enduring the grinding tedium of incarceration.
His experience was not one of extreme and endless physical violence. But the arbitrary nature of his detention, the poor quality of the food and hygienic conditions and seemingly random transfers, all requiring physical endurance, with little or no concern for the wellbeing of the prisoners, and the lack of any information regarding their fate or what was happening in the wider world, all appear to have been the product of a cruel indifference. For the author, maintaining his mental well-being and dignity were as important at ensuring his physical survival day after monotonous day. His portraits of other prisoners, some like him intellectual dissidents, and others illiterate petty criminals caught up in the wrong place at the wrong time, provide a glimpse of the struggle of the everyday lives of ordinary people in Brazil at that extraordinary time for the world.
Towards the end of his imprisonment, his literate skills enabled him to secure privileged positions, and he was also able to re-establish contact with and receive visits from his family.
The postscript written by his son details how the author never got round to writing the very end of his book, his release and return to normal life.
Profile Image for Gustavo Nascimento.
311 reviews7 followers
December 10, 2015
Gostei bastante do livro e dou nota máxima não por ser um clássico, mas sim pela ótima experiência que tive ao ler. Apesar disso é um livro difícil de recomendar para qualquer pessoa, pois é uma obra extensa e não há muito o que dizer sobre a sinopse. Não espere grandes acontecimentos ou reviravoltas, na verdade o interessante da obra é a experiência pessoal do autor em quatro tipos de prisões diferentes (ou cinco se considerarmos o transporte de navio de Recife ao Rio de Janeiro) ao longo de cerca de um ano, descrevendo momentos ruins e até alguns bons. Conta um pouco de cada personagem que conhece ao longo da jornada, incluindo algumas pessoas conhecidas da época entre os presos políticos e criminosos comuns. O que mais me prendeu à leitura foi o estilo narrativo de Graciliano Ramos, o qual passei a admirar bastante principalmente após ler "Angústia" (que por coincidência escreveu neste período de prisão). Fiquei um pouco triste no final ao descobrir que esta é uma obra inacabada, Graciliano disse faltar muito pouco pra concluir a obra, deixou para terminar mais tarde e faleceu. Embora ao longo do livro dê algumas pinceladas sobre como seria estranho ser libertado, este momento nos foi roubado.
Pra quem nunca leu Graciliano Ramos sugiro começar por "Angústia", se gostar embarque neste. Acho que a leitura fica muito mais rica associada a alguns outros livros que falam sobre o período: "Olga" de Fernando Morais e a segunda parte da trilogia "Getúlio" de Lira Neto.
Profile Image for Debooks.
51 reviews1 follower
March 21, 2025
Puxei na memória e só tive o mesmo tipo de espanto diante do talento quando li Thomas Mann pela primeira vez. Dei graças a Deus hoje por ter nascido brasileiro e ser capaz de apreciar cada palavra escolhida pelo Graciliano nesse livro.
Profile Image for Christian.
116 reviews1 follower
October 12, 2025
O livro é arrastado, tedioso algumas vezes, com repetições insistentes e minuciosas sobre a insalubridade das prisões e casas de detenção por onde passou, sobre a nojeira da comida servida aos detentos, sobre pequenos incidentes e histórias partilhadas com outros presos. Mas isso se explica pelo simples fato de que foi exatamente assim que o autor viveu os 10 meses em que passou encarcerado sem saber porque estava lá, se existia um processo contra ele, se algum dia sairia da prisão.
Graciliano não esconde o que e como se sentiu. Abertamente homofóbico, algumas vezes racista, ele se mostra 100% independente de qualquer grupo: comunistas, militares, delinquentes comuns. E também verdadeiro. Memórias de presos políticos não são raras, mas não tinha lido uma em que o autor tenha sido tão franco quanto a natureza de suas fraquezas.
Profile Image for Guilherme Eisfeld.
298 reviews4 followers
September 1, 2025
Livro póstumo com a passagem de Graciliano por prisões e reflexões atuais, cíclicas, que infelizmente não mudam. Penso que o livro mereceria alguns cortes, caso ele tivesse preparado a publicação, tornando certas partes exaustivas e sem significado, mas não deixa de ser um marco.
Profile Image for Mario Sergio.
Author 8 books2 followers
November 20, 2019
Com todo respeito aos enormes elogios de outros leitores e concordando com a qualificação do texto de Graciliano, infelizmente, não consegui prosseguir a leitura até o final, o máximo que alcancei, até desistir, foi 30% da obra. Talvez algum dia volte a tentar.

A narrativa é cansativa, repetitiva e apresenta inúmeros nomes de personagens desconhecidos, não devidamente apresentados, o que torna a leitura confusa. Isso não invalida as elegantes considerações filosóficas sobre as condições do encarceramento, mas que são insuficientes para contrabalançar, na minha opinião, o efeito do maçante relato.
Profile Image for Tracy segal.
20 reviews2 followers
July 11, 2017
Um relato dantesco do cárcere, durante o Estado Novo. A inevitável empatia com o que parece tão distante porém tão próximo: o homem encarcerado, privado do seu direito de ir e vir. Percebo que difere menos do que supomos do homem livre.
Profile Image for Reh.
22 reviews14 followers
July 1, 2019
Sou suspeita para avaliar os livros do Graciliano Ramos. É um dos autores que mais admiro, e quanto mais entro em contato com a sua obra mais maravilhada eu fico. As cinco estrelas não são um exagero, embora haja partes do livro que incomodam bastante (afinal, seu narrador está longe de ser perfeito). Porém, uma das coisas que mais me agrada é a tentativa - contínua, árdua e irrefreada - de compreender os outros, de não ser injusto mesmo carregando preconceitos e de avaliar o mais imparcialmente possível (ainda que isso seja impossível) as pessoas que ele encontra e as situações as quais ele é submetido. "Por que desprezá-los ou condená-los? Existem - e é o suficiente para serem aceitos. Aquela explosão tumultuária é um fato. Estupidez pretender eliminiar os fatos. A nossa obrigação é analisá-los, ver se são intrínsecos à natureza humana ou superafetações. Preliminarmente lançamos opróbrio àqueles indivíduos. Por quê? Porque somos diferentes deles. Seremos diferentes, ou tornamo-nos diferentes? Além de tudo ignoramos o que eles têm no interior. Divergimos nos hábitos, nas maneiras, e propendemos a valorizar isto em demasia. Não lhes percebemos as qualidades, ninguém nos diz até que ponto se distanciam ou se aproximam de nós. Quando muito, chegamos a divisá-los através de obras de arte. É pouco: seria bom vê-los de perto sem máscaras."
Mais do que atacar indivíduos e julgar seus comportamentos, Graciliano realiza um processo de autoanálise e é sempre mais duro consigo mesmo do que com qualquer outro indivíduo: "Se os nossos papéis estivessem trocados, haveria eu procedido como ele, acharia a maneira conveniente de expressar um voto generoso? Talvez não. Acanhar-me-ia, atirar-lhe-ia de longe uma saudação oblíqua, fingir-me-ia desatento. Essas descobertas e caracteres estranhos me levam a comparações muito penosas: analiso-me e sofro".
Livro de memórias ou de ficção, não importa tanto, ainda mais porque toda a obra de Graciliano transita entre esses dois campos e isso é uma das coisas que a torna tão rica. Livro obrigatório para quem - assim como eu - é um tanto quanto leigo no quesito história e política do Brasil, ditaduras e comunismo. E, mais do que político, me atreveria pretensamente a dizer que esse livro é humano. Algo que os críticos às vezes têm dificuldade de ver, Ramos tem a enorme capacidade de colocar no papel a essência do humano, de maneira seca, dura, sensível e tocante.
Ao final, acabo chegando à mesma conclusão que o autor: "Realmente a desgraça nos ensina muito: sem ela, eu continuaria a julgar a humanidade incapaz de verdadeira nobreza".
Profile Image for Leila Silva Terlinchamp.
98 reviews2 followers
September 22, 2021
Memórias do Cárcere
Há anos eu planejava ler este livro que foi publicado postumamente em 1953. A obra foi publicada inacabada pois o autor interrompeu o trabalho para escrever sobre a viagem à então União Soviética. Há também quem diga que ele realmente não queria terminar o livro. A edição que li traz um texto final do filho do escritor.
Graciliano ficou preso durante um ano em 1936, durante o governo Getúlio Vargas, a acusação formal nunca chegou a ser feita e ele foi preso sem provas e sem processo. Aqui nessas memórias o autor relata o tratamento dado aos prisioneiros, as condições da prisão, principalmente quando é transferido para a colônia correcional. São situações absurdas, tratamento desumana, humilhantes. Imagino que deve ter demandado muita coragem escrever sobre certas coisas acontecidas ali. Algumas vezes me faz pensar em Primo Levi e se É isto um homem? Guardando as devidas proporções.
Na prisão Graciliano teve algumas companhias famosas, dentre elas Olga Prestes e Nise da Silveira. Ele conta o dia em que Olga Prestes é entregue à Gestapo. Não é uma leitura fácil, mas acredito que é parte da história do Brasil e eu prefiro conhecer. O livro é também bastante longo e às vezes há descrições e algumas repetições que alguns podem considerar cansativas. Eu não me cansei, honestamente, e li o livro em pouco tempo.
Um dos seus livros mais respeitados, Angústia, é publicado durante o tempo em que ele está preso e há vários comentários sobre esta obra. Em alguns ele reclama por não poder revisar o livro. Ele revisava e cortava muito dos livros, demorava a ficar satisfeito.
Anotei várias frases do livro, mas não vou escrever todas aqui. Deixo apenas estas que achei interessantíssimas:
“É o que me atormenta. Não é o fato de ser oprimido: é saber que a opressão se erigiu em sistema”
“O emburramento era necessário. Sem ele, como se poderiam aguentar políticos safados e generais analfabetos”
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas.” Para que meter semelhante burrice na cabeça das crianças, Deus do céu?”
“Tenho horror aos patriotas, aos hinos e aos toques de corneta”
Habituara-me cedo a considerar o exército uma inutilidade. Pior: uma organização maléfica.
12 reviews
May 25, 2024
O relato do autor dá o tempo todo, já na escolha de ser em primeira pessoa, a impressão de ser muito pessoal. A prosa de Graciliano torna fácil ao leitor o convívio com as devagações, idas e voltas, da narrativa, própria de uma pessoa atormentada não só pelas provações e desafios do cárcere, quanto pelos seus próprios pensamentos desenfreados. É claro que também nos confronta com as opiniões e julgamentos muitas vezes questionáveis de um homem branco de classe média da sua época. Algumas expressões desagradáveis, mas que temos que compreender como um retrato do tempo da obra e dos fatos, ainda que muito condenáveis. O livro também mostra as contradições dos integrantes dos movimentos revolucionários ou simplesmente progressistas daquele momento histórico, que lutavam por mais igualdade de direitos e distribuição de renda, ao mesmo tempo que mantinham seus preconceitos e tinham dificuldade em compreender a realidade das classes mais humildes e das minorias. Ainda assim, é uma obra indispensável tanto do ponto de vista literário, quanto como documento histórico.
Profile Image for Maria do Socorro Baptista.
Author 1 book27 followers
March 10, 2019
Definitivamente, o livro mais difícil que já li. Não por ter uma linguagem muito rebuscada, ou por se tratar de algum assunto que me seja estranho, mas por ser duro, muito realista, e com descrições tão palpáveis como a cama dura e o chão fétido aos quais o narrador se refere. Preso sem processo ou julgamento, Ramos nos descreve a experiência de ser transferido de uma prisão a outra, sem um esclarecimento, sem sequer um interrogatório. Assustador, principalmente se considerarmos que não é um texto fictício, mas memorialístico. Já li outros livros sobre pessoas em prisões, mas nunca um com seres humanos tratados como animais, em uma total objetificação, ums absoluta desconsideração para com os direitos humanos.

Apesar disso, considero uma leitura importante para o entendimento de um momento importante de nossa história, a Era Vargas, sob o ponto de vista de alguém que viveu um dos seus lados mais difíceis.
Profile Image for Luiz Fabricio Calland Cerqueira.
427 reviews5 followers
August 23, 2020
Foi uma experiência muito ambivalente. A escrita, na construção de frases e escolha de palavras, é uma experiência sem igual. Provavelmente foi isso que me manteve lendo por tanto tempo.

Por outro lado, eu não consegui me engajar na história. Era arrastada e repetitiva, e trivialidades misturadas com coisas importantes em uma falta de ritmo.

Sinto que posso não ter aproveitado tanto desse livro pela minha própria ignorância. As lacunas do meu conhecimento da História do período me fizeram não me interessar com personagens famosos que surgem no decorrer da história.

Profile Image for Sergio Baldelli.
Author 18 books5 followers
September 29, 2021
Ho letto (in lingua originale) tutto Graciliano Ramos; questo è sicuramente il suo libro che più ho amato.
In un linguaggio asciutto e preciso Ramos attanaglia per oltre cinquecento pagine facendoci vivere nell'incubo del sistema carcerario messo in piedi dalla reazione per annientare gli oppositori.
Profile Image for Deh Capella.
34 reviews1 follower
July 17, 2025
"Memórias do Cárcere" & "Das vantagens de se pausar uma leitura que emperrou de repente".

Eu queria que continuasse (coitado do homem, mais tempo trancafiado), eu queria ouvir com a voz e o sotaque dele.

Eu queria ouvir as conversas da Sala 4 da Casa de Detenção. Eu queria ver o que ele enxergou.
11 reviews
March 27, 2025
Gostei bastante de ter lido essa obra. Algumas coisas acabaram me afastando da história: o ritmo - que achei inconsistente demais - e os quesitos "personagens" e "enredo", porém, por ser um livro que conta memórias reais com pessoas reais é difícil de fato reclamar sobre essas coisas. Mas no geral, pude ter reflexões das mais variadas (sociais, políticas, históricas...) e realmente fiquei impactada com os relatos do autor. Enfim, recomendo a experiência (principalmente porque Graciliano Ramos sabe escrever e soar sincero, usando e abusando de sua grandiosidade literária de maneira extremamente humilde). É uma pena que seja uma obra incompleta!
Profile Image for Marcelo Tempes.
133 reviews
July 2, 2017
"Desviando-me deles, tentei sondar a bruma cheia de trevas luminosas. Idéia absurda, que ainda hoje persiste e me parece razoável: trevas luminosas. Havia muitas lâmpadas penduradas no teto baixo, ali no alcance da mão, aparentemente, mas eram como luas de inverno, boiando na grossa neblina."

O que me choca durante a narrativa não é a tranquilidade ou neutralidade com a qual o autor destrincha seus sacolejos como prisioneiro, mas sim a modéstia com a qual - e talvez essa austeridade seja de fato derivada desta - esse homem faz a história fluir, sem parecer pedante ou sequer, muito pelo contrário, incisivo em declarações que poderiam muito bem desfigurar a obra em um simples folheto de propaganda de rápido perecimento. Talvez, Graciliano tenha destilado toda sua ânsia revolucionária - muito compreensível para a época - em seu personagem Moisés, de Angústia.

"Porque tirar da cadeia um pobre como eu? Sobral Pinto me fez outras visitas. Palavra aqui, palavra ali - notei que ele era pobre também. E por isso queria libertar-me. As nossas idéias discrepavam. Coisa sem importância. Sobral Pinto, homem de caridade perfeita, queria tirar da cadeia um bicho inútil, na minha opinião, um filho de Deus, na opinião dele."
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