Publicado originalmente em 1984, este é um dos últimos livros escritos pelo poeta, no qual faz uma deliciosa reflexão sobre o amor. Com ilustrações de Carlos Leão.
Carlos Drummond de Andrade foi um poeta, contista e cronista brasileiro. Formou-se em Farmácia, em 1925; no mesmo ano, fundava, com Emílio Moura e outros escritores mineiros, o periódico modernista "A Revista". Em 1934 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde assumiu o cargo de chefe de gabinete de Gustavo Capanema, Ministro da Educação e Saúde, que ocuparia até 1945. Durante esse período, colaborou, como jornalista literário, para vários periódicos, principalmente o Correio da Manhã. Nos anos de 1950, passaria a dedicar-se cada vez mais integralmente à produção literária, publicando poesia, contos, crônicas, literatura infantil e traduções. Entre suas principais obras poéticas estão os livros Alguma Poesia (1930), Sentimento do Mundo (1940), A Rosa do Povo (1945), Claro Enigma (1951), Poemas (1959), Lição de Coisas (1962), Boitempo (1968), Corpo (1984), além dos póstumos Poesia Errante (1988), Poesia e Prosa (1992) e Farewell (1996). Drummond produziu uma das obras mais significativas da poesia brasileira do século XX. Forte criador de imagens, sua obra tematiza a vida e os acontecimentos do mundo a partir dos problemas pessoais, em versos que ora focalizam o indivíduo, a terra natal, a família e os amigos, ora os embates sociais, o questionamento da existência, e a própria poesia.
Um livro recheado de temas e de indagações, cujas teses se escondem nos corpos que leem, nas escolhas cínicas, na recusa que desumaniza, descorporifica. Aqui, o corpo se anuncia espaço: do erotismo, da fé, da memória, da revolta, da frustração. Espaço tantas vezes negligenciado, mas que se faz sempre presente, no sexo, na prece, na contemplação, na fúria e na lamentação. Impossível silenciar, porém, para a centralidade que "Favelário nacional" assume. É mais que poesia; manifesto. Pela humanidade negligenciada, rica, vitimada; pela humanidade que recusamos nos corpos das favelas.
Publicado em 1984, na finaleira da vida de Drummond, Corpo reúne vários temas que perpassam sua filosofia poética. O corpo e seus desafios internos, externos e sociais, a autobiografia que canta Itabira e outros momentos do poeta. Excelente.
É um pouco difícil a leitura de Drummond. Na verdade, a leitura do estilo de poesia dele é, em geral, complicada pra mim. Ao passo que é uma leitura que deve ser sentida, o que faz com que a pausa para uma busca por significados seja algo que interrompe a conexão com o texto e, em consequência , com o fluxo do sentir, o não entendimento de algumas palavras fundamentais também prejudica a leitura. Daí difícil a conexão em ambos os casos. E, no que se refere a leitura do "Corpo" em específico, alguns textos são até simples e divertidos, mas boa parte se apresentou densa pra mim no sentido dessa compreensão, além de possuir uma lógica que entendi como muito subjetiva do autor, dificultando a acesso. Apesar disso, alguns poemas me interessaram muito, "favelário nacional" é um deles, assim como, "as contradições do corpo", "ausência", "a chave" "o ano passado" e " balanço", "história natural". No mais, imagino que com um repertório maior, que pretendo adquirir, o retorno à Drummond seria um prazer.
Quando eu era adolescente eu li Sentimento do Mundo e odiei e meio que criei distancia do Carlos Drummond desde então, esse foi o primeiro livro que li dele desde então (faz uns 8 anos), e serviu pra tirar o gosto ruim. Comprei no sebo na faculdade porque tinha uma dedicatória interessante, mas foi uma grata surpresa encontrar poemas que me identifico e um poema de Ouro preto.
Relendo o livro, me pareceu já muito mais bonito do que há uns anos. Favelário Nacional é uma obra de arte de fôlego, talvez um dos melhores poemas brasileiros já feitos.