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De onde eles vêm

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Depois do impacto estrondoso de O avesso da pele, vencedor do Prémio Jabuti, Jeferson Tenório oferece-nos um romance de formação que denuncia as dores de crescimento de todas as vítimas de exclusão.

Joaquim não tem mãe — morreu jovem — nem pai — dele, nunca soube nada. Vive com uma avó doente, Dona Joelma, outrora mulher livre e dona do seu nariz, que, dia após dia, perde a memória e o raciocínio. Apaixonado por literatura, Joaquim ingressa no curso de Letras de uma universidade de Porto Alegre, no âmbito do sistema de cotas destinadas às minorias. Para lá chegar, há que passar horas feito sardinha nos transportes, mas isso não o demove, tal a força da sua vontade e a ambição dos seus planos. Nos sussurros dos corredores, escuta códigos que não entende, sente na pele o estigma que nunca o abandonará, e cedo percebe que aquele não é um mundo para quem vem «de onde ele vem».

Dilacerado entre realidades opostas, esmagado pelo estigma de uns e a expectativa de outros, atormentado pelos sonhos desfeitos em ilusões, Joaquim cai numa espiral de descrença. A réstia de esperança reside no apelo da palavra.

Os elogios da crí

«Numa prosa enxuta e despojada, ao jeito de uma confidência, Jeferson Tenório entrecruza vidas de gente marcada pela pobreza, pelo preconceito e pela exclusão. Os personagens que entretecem esta narrativa são tão reais que parecem escapar de todo e qualquer exercício ficcional. Mas é exatamente essa a arte invulgar do nas frestas do muro ele encontra o fulgor de uma luz. É nessa fugaz e improvável revelação que estas pessoas tão cotidianas descobrem a resposta à pergunta do título deste de onde eles vêm? Onde nascem esses extraordinários momentos em que se revela a humanidade e a vida que nos habitam?»
Mia Couto

«Uma obra fundamental para entender o Brasil contemporâneo e, principalmente, para a compreensão do que é ser negro neste desenho de país.»
Eliana Alves Cruz

«Imensa admiração pela obra de Tenório.»
Chico Buarque

«Há oceanos ainda inexplorados dentro de personagens como Joaquim, estudantes […] que têm transformado por dentro as universidades.»
Folha de São Paulo

«De onde eles vêm é um romance de formação sob diferentes perspectivas. A formação de um leitor, a formação de um jovem cidadão, a formação de um universitário e a formação de um futuro escritor.»
Culturadoria

201 pages, Kindle Edition

First published October 25, 2024

51 people are currently reading
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About the author

Jeferson Tenório

14 books464 followers
Jeferson Tenório was born in Rio de Janeiro in 1977. Based in Porto Alegre, he is a doctoral student in Literary Theory at PUCRS and a lecturer in literature.

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Community Reviews

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4 stars
474 (40%)
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207 (17%)
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37 (3%)
1 star
5 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 189 reviews
Profile Image for Pedro Pacifico Book.ster.
391 reviews5,468 followers
Read
December 17, 2024
De onde eles vêm, de Jeferson Tenório | Resenha
Radicado em Porto Alegra, Jeferson Tenório é, hoje, um dos exemplos do alcance que a literatura nacional contemporânea vem atingindo. O sucesso “O avesso da pele”, vencedor do Prêmio Jabuti, vendeu milhares de cópias no Brasil – e fora dele -, confirmando a importância de valorizamos o que vem sendo produzido pelos nossos autores.

Por outro lado, o seu livro também é exemplo de como o conservadorismo e a polarização podem ser uma ameaça para a cultura e diversidade. No início desse ano, “O avesso da pele” foi vítima de uma triste tentativa de censura, com o seu banimento em escolas estaduais. O medo do diferente é real e os temas tratados por Jeferson, ao contrário de serem uma ameaça, apenas revelam a necessidade de incluirmos as mais diversas formas discriminação – tão recorrentes – no centro do debate.

Em seu mais novo romance, “De onde eles vêm”, o autor toca mais uma vez em um tema sensível e de extrema relevância: as cotas raciais em universidades. Jeferson insere a discussão a partir da perspectiva o jovem Joaquim, por volta dos anos 2000, quando ingressaram os primeiros estudantes nas instituições brasileiras. É a denúncia de que se um primeiro obstáculo foi superado, muitos outros ainda teriam que ser enfrentados.

Joaquim é órfão, de família pobre e precisa cuidar de sua avó, uma senhora doente e que demanda muita atenção. Desempregado, e com pouquíssimos recursos, o protagonista precisa dividir seu tempo entre os estudos, a sua avó e a juventude. Ele tem direito ao amor, às amizades e à diversão, apesar de a sociedade tentar tirar isso dele. Não bastassem as dificuldades no seu dia a dia, Joaquim também enfrenta o preconceito no ambiente universitário por ser um aluno cotista. As diferenças que tentam impor ao estudante escancaram a desigualdade e o racismo em nosso país.

A escrita é muito acessível e o desenvolvimento da história acontece de uma maneira muito fluida. Ao mesmo tempo que Jeferson enfrenta temas importantes, constrói uma narrativa que provavelmente vai agradar os mais diferentes leitores.

https://www.instagram.com/p/DDfnAkvRnOl/
Profile Image for Alfredo.
470 reviews606 followers
November 17, 2024
"De onde eles vêm" é um livro fenomenal que une a história de formação de um leitor com o momento do ingresso dos primeiros cotistas nas universidades brasileiras. Joaquim, nosso protagonista, é um jovem periférico que encontra na literatura uma forma de refúgio, esperança e pertencimento. Em capítulos curtos e narrados num fôlego só, Jeferson Tenório condensa dois anos de história sem abrir mão de ir fundo em cada questão e personagem apresentado.

Para mim, um dos aspectos mais marcantes da obra é a relação íntima que Joaquim desenvolve com os livros. Suas reflexões sobre grandes clássicos, como "Em busca do tempo perdido", são descritas com tamanha paixão que me senti impelido a mergulhar nessas obras também. Tenório aborda com sensibilidade como a literatura não se limita a uma única função: ela pode ser companhia nos momentos difíceis, oferecer consolo ou desafiar o leitor com sua complexidade. Essa visão multifacetada da literatura torna o livro cativante, especialmente para aqueles que enxergam na leitura um refúgio pessoal.

Por outro lado, a narrativa também é sufocante, refletindo as condições adversas enfrentadas pelo protagonista. Joaquim mora na periferia com sua avó e tia idosas, sustentadas por uma aposentadoria baixa e trabalhos temporários. Ele enfrenta preconceitos como cotista na faculdade, lida com responsabilidades domésticas que limitam seus sonhos e, frequentemente, se encontra no limite do esgotamento. Essa construção dá ao leitor uma sensação constante de tensão, como se o personagem estivesse prestes a despencar em um abismo, mas sempre tentando agarrar uma corda invisível que pode ou não salvá-lo.

Além da história principal, o livro expande sua narrativa para incluir histórias paralelas, como a vida de amigos e pessoas próximas a Joaquim. Um destaque é a relação com um amigo gay, Lauro, que enriquece a trama ao explorar diferentes perspectivas e contextos sociais. Esses elementos tornam a obra mais ampla e multifacetada. "De onde eles vêm" é realmente uma leitura imperdível.
Profile Image for Duda Delmas.
12 reviews
March 14, 2025
Fiquei pensando no que me incomodou sobre o romance e duas coisas se destacaram: 1) a prosa seca de Tenório, que funciona tão bem em “O avesso da pele”, aqui é muito didática, talvez quase oca; 2) queria muito ter sentido junto ao protagonista por que a literatura era tão importante para ele. Há um carnaval de referências literárias e culturais ao longo da obra, mas em nenhum momento compreendi qual o grande apelo existencial que liga Joaquim às letras. O tema do “literário” fica parecendo um pouco gratuito ou superficial
Dito isso, achei o início muito intrigante e promissor, com o relato dos desenhos do narrador na infância e a relação estranha com os vizinhos. O resto do livro carece dessa tensão e falta de explicação
Profile Image for Gabrielle Cunha.
429 reviews114 followers
January 16, 2025
Primeira leitura coletiva do ano! 🎉 Gostei demais dessa história - e acho que os incômodos que o protagonista causa são ótimos pra refletir e analisar a sociedade racista e machista brasileira.
Profile Image for natasha  ♡.
88 reviews7 followers
July 10, 2025
esse vai ser menos um review e mais um relato pessoal.

"de onde eles vem" foi uma obra que me atravessou do início ao fim. eu gostei muito de como o livro foi dividido em várias seções e com isso acabamos conhecendo bem alguns personagens para além do joaquim. achei a escrita muito boa, não dando vontade de largar o livro em momento algum. porém, o que me pegou de fato foi a narrativa.
eu me vi, muitas vezes, no joaquim. nunca imaginei que o fio que nos ligava - a faculdade de letras - poderia ir tão além na experiência vivida. desde as inseguranças por ser aluno cotista até os questionamentos acerca do pertencimento àquele espaço me fizeram chorar copiosamente. até mesmo um detalhe tão específico e religioso aconteceu, foi como me olhar no espelho.
eu tento ir além de "um livro muito necessário", porque acho que necessidade de existência pouco diz sobre a qualidade de uma obra, mas me é muito difícil não levar esse livro no peito quando me vi tantas, e tantas vezes. o joaquim é muito real pra mim, a história dele me é muito íntima.

estou muito feliz por tê-lo lido nesse momento, quando me questiono tanto se minha escolha de persistir na carreira acadêmica, e com a literatura, é algo válido e até viável.
Profile Image for Amanda Cruz.
4 reviews
December 18, 2024
Gosto muito dos livros anteriores do autor, principalmente de Estela sem Deus. Reconheço a importância da temática abordada em “De onde eles vêm?”, me identifiquei com muitas passagens e acabei até mesmo recordando algumas situações vividas por mim mas de um modo geral me incomodou a condução do enredo, o amontoado de referências literárias e musicais quase sempre feitas de uma maneira que me bateu meio artificial. Fiquei com a sensação de que o livro traz muita coisa que poderia ser explorada de maneira bastante interessante e profunda mas tudo ficou meio solto.
Profile Image for Nama.
12 reviews
June 27, 2025
Prosa seca e truncada, que tenta compensar a aridez implodindo em referências autoindulgentes à música e à literatura. Tenório organiza esses elementos de modo inorgânico e artificial; o resultado é um pastiche erudito que se pretende sofisticado, mas carece de consistência narrativa.

Em sua maioria, os personagens são arquétipos esvaziados, criados apenas para atender a algum tropismo transformado em “lacre” superficial do autor. Aquele monólogo da professora Berenice, por exemplo, é uma afronta ao feminismo interseccional — mulheres brancas não são, a princípio, inimigas! Pelo menos, não para nós…. O feminismo negro não se funda na antagonização das mulheres brancas — isso a gente deixa para o patriarcado e suas artimanhas. O gesto de Tenório, ao escolher retratar recortes identitários sem o devido aprofundamento, resulta em leituras violentas e perigosas, servindo justamente a uma agenda que contraria — ou esvazia — a própria argumentação central do texto.

Mas o maior problema está na figura do protagonista: um jovem frouxo, constantemente apoiado por mulheres negras, a quem, no entanto, não hesita em responsabilizar por suas frustrações. É difícil sentir empatia por alguém que usa o dinheiro da aposentadoria da avó doente para levar a namorada à praia; que permite que uma idosa trabalhe até o limite para sustentar sua ilusão de alcançar o que apenas especula como ideal — uma revolta mal elaborada diante da constatação de que não tem sequer o mínimo garantido, vivida com infantilidade e ânsia em emular a vivência de seus colegas brancos do curso. O pior é que nem essa raiva pulsa de verdade: Joaquim escolhe a inércia a todo momento. Ele sabe que não pode ser como seus colegas — mas, ainda assim, insiste em seu desconforto de forma paulatina e imatura (porque Joaquim não se organizou politicamente enquanto estava discutindo Nietzsche no CA, sabe?), sem que o texto tensione essa dinâmica.

É espantoso que Tenório acredite estar contribuindo para o debate ao retratar esse jovem de 24 anos — precarizado, sim, mas completamente deslocado, incapaz de se situar na própria condição, e ainda por cima agarrado a idealizações ingênuas. Tipo: como Joaquim chegou a essa idade sendo tão muleque? Acho que o patriarcado tem uma ou duas respostas… Engraçado que seu “despertar” só ocorre com a morte da avó — quando o último pilar do simulacro, a aposentadoria, vai pelo ralo. O gesto final, longe de catártico, apenas confirma o extrativismo afetivo que o romance se recusa a criticar.
Profile Image for Iris.
Author 19 books651 followers
January 12, 2025
4.5 ⭐️

Apesar das realidades diferentes, eu me vi muito no protagonista – alguém que está em posição de cuidador, para quem a universidade representa uma mudança de vida, mas é um espaço que representa outras dores. Além disso, o sonho que parece impossível de escrever, quando tudo ao redor diz que você não pertence àquele lugar. Eu me emocionei bastante com esse livro, mais uma obra maravilhosa do Jeferson Tenório.
Profile Image for Rita da Nova.
Author 4 books4,610 followers
Read
November 21, 2025
«Admiro muito a forma como Jeferson Tenório fala sobre racismo e nos mostra todas as maneiras, das mais subtis às mais evidentes, como todos nós perpetuamos preconceitos. E gostei muito de ver como a palavra escrita foi sempre a tábua de salvação deste rapaz — mesmo quando o sistema educativo o abandonou, a necessidade de escrever resistiu sempre.»

Review completa em: https://ritadanova.blogs.sapo.pt/de-o....
Profile Image for liv ✶.
278 reviews22 followers
January 26, 2025
De Onde Eles Vêm, de Jefferson Tenório, é uma leitura que ecoa as experiências de muitos jovens negros no Brasil dos anos 2000. Joaquim, o protagonista, é um jovem da periferia que sonha em ser escritor e conquistar um diploma em Letras. No entanto, seus sonhos encontram barreiras quase intransponíveis: a pobreza, o racismo estrutural e as dificuldades de permanecer em um ambiente universitário que não foi pensado para acolhê-lo.

O livro é um retrato fiel e doloroso de como a realidade pode esmagar as ambições de quem não tem privilégios. Joaquim não só enfrenta a hostilidade de uma sociedade que insiste em colocá-lo à margem, como também lida com os desafios diários de cuidar de uma avó doente e sobreviver em um mundo que o pressiona de todas as formas.

Mais do que a história de um indivíduo, De Onde Eles Vêm escancara os limites de um sistema que ainda é insuficiente. As cotas foram um passo importante, mas não garantem o suporte necessário para que jovens negros possam permanecer e prosperar em espaços historicamente excludentes.

É uma obra sobre despertar: o despertar racial de Joaquim, que percebe a brutalidade de um sistema racista; o despertar de uma consciência coletiva sobre as dificuldades enfrentadas por pessoas negras; e, talvez, o despertar de quem lê, que é desafiado a enxergar essas realidades de forma mais crítica.

Com sua escrita sensível e poderosa, Jefferson Tenório nos lembra que, em uma sociedade marcada pela desigualdade, sonhar não é suficiente. É preciso confrontar a realidade e lutar para que ela seja transformada.
Profile Image for Mateus.
41 reviews3 followers
October 20, 2024
Agradeço ao NetGalley por ter a oportunidade de ler esse livro antes do lançamento. O Avesso da Pele tem um lugar único nas minhas memórias de leituras e ter acesso de forma antecipada a essa obra foi uma felicidade enorme.

Acredito que em De onde eles vêm, o Jeferson consolida elementos da narrativa que tanto marcaram O Avesso da Pele. A presença da literatura em si no enredo, por exemplo, é um desses elementos que se repete e que muito me agrada. De alguma forma, ler sobre livros e literatura em ficção deixa mais próximo do enredo. Sem falar que a própria academia/universidade é um ponto central, já que a maior parte dos desenlaces e das interações do livro acontecem em razão do personagem principal, Joaquim, entrar no ensino superior através do sistema de cotas. Por falar em interações, senti que os personagens do livro são mais desenvolvidos e que refletem mais emoções.

A ancestralidade é outro ponto onipresente e central pra entender o desenvolvimento do personagem principal. É a linha que segura a dialética da narrativa. Assim como em O Avesso da Pele, denuncia-se o racismo pela narrativa de questões sociais quotidianas e pela alteridade.
Profile Image for Luciana Betenson.
271 reviews2 followers
November 6, 2025
Achei interessante ter a perspectiva de um aluno bolsista, ingresso na faculdade pública pelo sistema de cotas, bem como das dificuldades - não acadêmicas - que esses alunos enfrentam para dar conta de estudar. Em um looping cruel, se este aluno frequenta todas as aulas, faz todos os trabalhos, participa dos estágios obrigatórios, morando longe da faculdade e perdendo tempo em longos deslocamentos e assim sem a mínima condição de ter um emprego de 6 a 8 horas por dia que possa oferecer algum dinheiro (fora os que ainda têm tarefas domésticas, de cuidar da casa ou de cuidar de um membro da família), como vai pagar as despesas básicas com moradia, transporte e alimentação? Entendo que hoje em dia este tema já vem sendo abordado e algumas soluções já foram implementadas, mas acredito que muita gente não faz ideia dos desafios que vão além do currículo acadêmico de um jovem carente bolsista universitário. Ainda assim, mesmo imersa na leitura que por si só me cativou, só fui me emocionar verdadeiramente com este livro depois de ter lido 3/4 dele. A partir daí, uma lindeza só. Mas vale. Por tudo.
Profile Image for Andre Aguiar.
469 reviews112 followers
Read
November 7, 2024
pensei que poderia ler trechos em voz alta para minha avó na tentativa de que ela pudesse viver a mesma experiência que eu. e talvez salvá-la por alguns minutos da tragédia que fora a sua vida. mas depois achei ridícula minha ideia. porque eu não estava num filme, ou num livro. aquilo não era literatura. era a vida sendo a vida com toda a sua força e violência.
Profile Image for Nathaly.
133 reviews10 followers
February 2, 2025
Eu queria dar 3,5. Gostei do livro, porque tem coisa que só a literatura consegue escancarar, mas poxa, Joaquim poderia ser menos palmiteiro.
Profile Image for Pedro Caetano Carvalho.
Author 2 books70 followers
May 31, 2025
ainda que o final me tenha parecido um bocado sem força, o caminho até lá foi muito, muito bom.
Profile Image for Clara.
79 reviews21 followers
April 8, 2025
senti o início do livro de uma forma um tanto íntima (depois fui me conectando menos, mas a experiência geral foi muito boa). comecei a leitura no aniversário de porto alegre, e gostei demais de reencontrar lugares tão queridos da cidade nessas páginas, especialmente os da periferia - morri quando apareceu o leopoldina, em cuja unidade de saúde passei os últimos dois anos trabalhando :')
o tenório segue trazendo na escrita a temática das relações raciais, trazendo mais sutileza, zonas cinzentas e avançando o debate. por exemplo, já caiu de maduro o debate sobre a necessidade das cotas pro ingresso no ensino superior, mas a permanência na universidade é uma discussão pouco difundida fora das universidades e é tão importante quanto, e essa narrativa escancara isso.
achei curioso como a leitura me provocou uma retrospectiva da minha própria experiência na faculdade - e o quão poucas pessoas negras e de baixa renda conviviam ali - e em como eu deveria ter me confrontado mais com isso, como pessoa branca de classe média. senti a faculdade como uma extensão do meu ensino médio em escola particular. e por mais que já tenha passado por esse questionamento antes (para quem é a universidade pública?), me aproximar dessa história tocou de uma outra forma essas vivências. também muito bem narrado o lugar da pessoa periférica "que vinga", que alcança a faculdade, e leva consigo o peso de carregar todos os seus juntos, a mistura de uma certa "culpa do sobrevivente" com um questionamento constante sobre o próprio merecimento numa provação obstinada do valor do cotista.
enfim.. literatura bem escrita, que desacomoda e faz pensar sem prolixidade *chef's kiss*
Profile Image for Beatriz Baes.
12 reviews
January 5, 2025
Adorei. Muito bom, mesmo. Leitura super rápida, fluida e necessária. Só achei o final um pouco óbvio, mas acho que funciona. Também não gostei do uso excessivo de “entretanto”, “no entanto”, “de modo que”, etc. Meio bobagem mas tirou um pouco a minha atenção do texto kkk de resto, as expectativas foram superadas
Profile Image for Gabriel Brum.
90 reviews
February 19, 2025
é até difícil escrever algo depois do impacto que esse livro te causa.

tem algo da escrita do jefferson tenório que me pega muito. ele é foda

meu amigo bruno descreveu bem o que eu não conseguia verbalizar: o tempo todo ele te dá um soco, e logo depois um carinho
Profile Image for Manoela Mitchell.
74 reviews4 followers
April 18, 2025
Mais um do Jefferson Tenório que eu tenho o privilégio de ler. Se Avesso da Pele traz a violência escancarada, esse escâncara a violência cotidiana.

Uma super reflexão sobre os privilégios que a gente tem e nem se dá conta. Uma super reflexão sobre as barreiras invisíveis que a gente não enxerga.
Profile Image for Gabriela.
138 reviews
July 16, 2025
3,5★

Eu gostei muito da escrita do Jeferson Tenório e a leitura é muito fluída, mas a narrativa me incomodou um pouco.
O livro traz alguns momentos muito importantes que dão um nó na garganta, mas na maior parte do tempo eu senti uma certa superficialidade em várias questões que poderiam ter sido exploradas mais profundamente, além de eu também, em diversos momentos, questionar as ações do protagonista em relação à tudo em sua vida como sua relação com dinheiro, relacionamentos, literatura, faculdade, trabalho, saúde mental, etc.

As coisas não conectaram muito para mim nesse livro, mas ainda quero ler outras obras desse autor.
Profile Image for ju motter.
124 reviews17 followers
December 15, 2024
Eu gosto da linguagem direta que o autor utiliza para denunciar as sutilezas do racismo em uma sociedade como a brasileira. Mas sinto que a narrativa desse livro não me pegou, embora em vários momentos você se veja preso aos desacontecimentos da vida de Joaquim, acho que fica faltando alguma coisa.
Profile Image for Adriana Matos.
56 reviews2 followers
November 5, 2025
Tem momentos bons, outros bem ruins. A instabilidade da inserção de trechos sobre personagens que não são desenvolvidos e uma insistência numa linguagem meio militante pronta em alguns trechos torna a leitura entediante. É como se o livro fosse uma boa primeira versão de algo que não teve tempo nem trabalho suficiente em cima, pra fazer virar realmente um livro.
Profile Image for Raphael Donaire.
Author 2 books36 followers
January 7, 2025
"Cota não é esmola", canta em alto e bom som Bia Ferreira. Em um país onde o privilégio e os acessos têm cor, Jefferson Tenório nos convida, em seu mais novo livro, a compreender os efeitos de uma política pública que, nos últimos anos, vem desafiando o status quo ao incluir pessoas negras e pobres no ambiente universitário público.

A história de Joaquim, personagem central da trama, escancara os desafios de sonhar com uma realidade que não foi feita para acomodá-lo: ter um diploma em Letras e ser escritor. Como um homem negro da periferia, sem dinheiro e lidando com a dura realidade de cuidar de uma avó acamada, Joaquim convive diariamente com os paradoxos de buscar pertencer ao círculo universitário, enquanto confronta as carências que sua realidade apresenta.

Por meio das histórias apresentadas por Tenório, densas e ao mesmo tempo sucintas, conhecemos os diferentes Brasis que coexistem nas realidades das pessoas que ocupam os espaços universitários (docentes e alunas), nos assentos dos ônibus lotados, nas boates das grandes cidades, nas cadeiras de plástico dos bares nos bairros da periferia, nos apartamentos finos, nas posições de atendimento de call centers e nas poltronas dos aviões que cruzam o globo.

Tenório emociona ao retratar a vida como ela é: uma montanha-russa de emoções, uma porção agridoce de sentimentos e uma jornada que sempre valerá a pena.

Encerro com um trecho que me marcou, dito pelo meu personagem preferido, Sinval: “Uma pessoa que morre aos noventa anos, por exemplo, já fez algo de extraordinário porque simplesmente viveu. Suportou a vida. Escapou até ali de todas as circunstâncias que poderiam matá-la: doenças, acidentes, guerras, desigualdades e, sobretudo, a maldade humana. Isso por si só já é extraordinário”.
Profile Image for Maria Ferreira .
10 reviews28 followers
Read
January 22, 2025
Joaquim, o protagonista, é um rapaz negro da periferia, que começou a ler aos 10 anos. Tem uma passagem em que ele diz que escreveu o primeiro poema porque queria ser leitor. Essa é uma afirmação interessante porque reflete a inversão de uma lógica comum na relação com a literatura. Geralmente o ato de escrever surge como consequência de uma jornada de leitura, mas no caso do narrador, o desejo de escrever para ser um leitor parece estar mais relacionado com uma necessidade de pertencer ao universo literário e se conectar com ele, ainda mais porque nas dinâmicas sociais em que o Joaquim está inserido, acessar a literatura, seja lendo ou escrevendo, não é algo natural.

Quando ele acessa a universidade por meio das cotas e escolhe cursar letras, diversas vezes se questiona se faz sentido ler grandes nomes da literatura mundial e escrever análises de livros clássicos enquanto ele está rodeado de caos, pobreza, insegurança, violência e falta de perspectivas, enquanto a tia é empregada doméstica e a avó está debilitada.

Escrever para ser um leitor pode ser interpretado como um gesto de reivindicar um lugar nesse mundo, como se ao criar, ele também pudesse se aproximar das obras e autores que admira, e nesse processo entender que acessar a literatura é um direito humano, mesmo que tudo diga o contrário.
O livro “De onde eles vêm?” mostra que literatura é mais do que palavras no papel. É uma ferramenta de resistência, memória e manutenção de sonhos.

Resenha em vídeo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=KqOAq...
Profile Image for Mariana Sávio.
1 review
May 27, 2025
Comecei a leitura de De onde eles vêm, de Jeferson Tenório, movida pela expectativa de encontrar mais uma narrativa potente do autor de O avesso da pele. No entanto, à medida que avancei nas páginas, percebi que a conexão que geralmente estabeleço com personagens e enredos simplesmente não aconteceu.

A premissa é instigante: uma história que se propõe a pensar pertencimento, memória, afetos e trajetórias marcadas pela desigualdade. Mas, ao menos para mim, a narrativa pareceu travada, como se faltasse algo que costurasse verdadeiramente as cenas e reflexões. Os personagens, embora bem-intencionados, soaram distantes — quase como ideias em vez de pessoas.

A prosa de Tenório é lírica, sim, mas por vezes senti que ela se perdia de seu próprio ritmo. A leitura, que deveria me atravessar, começou a pesar. Me vi lendo por obrigação, tentando “chegar lá”, até perceber que estava me afastando do prazer de ler. Desisti pouco depois da metade, frustrada, mas também convicta de que nem toda leitura precisa ser levada até o fim.

Acredito que De onde eles vêm possa ressoar para outras pessoas — especialmente para quem busca uma literatura mais contemplativa, de cadência lenta e tom reflexivo. Mas, para mim, desta vez, não funcionou. E tudo bem. Porque até no abandono de um livro há um gesto de escuta: a escuta do que não ecoou em mim.
Profile Image for Mariana.
21 reviews
January 14, 2025
Não consigo pensar em algo pra escrever que não seja genérico demais ou soe condescendente ou ignore a justaposição do meu contexto e o do livro. Essa foi uma leitura riquíssima. É isso.
Displaying 1 - 30 of 189 reviews

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