Antonio Cicero é um conciliador de aparentes contrários. Nos ensaios filosóficos, lança mão de um repertório erudito para pensar o mundo; já na poesia e na música, transita entre o sublime e o cotidiano, sem fazer distinção entre intelectual e popular. Em sua obra, clássico e contemporâneo convivem e se misturam no mesmo caldo, sem nunca destoar. Fullgás reúne seus três volumes de poesia — Guardar (1996), vencedor do Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira na categoria estreante, A cidade e os livros (2002) e Porventura (2012) —, além de uma seleção de poemas esparsos e inéditos e uma amostra de letras de música representativas da carreira do autor, como "Pra começar", "Fullgás" e "O último romântico". A poesia de Cicero é repleta de luz. O cenário frequente é o verão escaldante do Rio de Janeiro, onde o mar e a areia se apresentam como palco, como convite. As infinitas possibilidades que o desejo alavanca são, por um lado, o que dá sentido a quem busca viver plenamente e, por outro, o atestado de sua impossibilidade. Nas palavras da escritora Noemi Jaffe, que assina o posfácio, "Agora é a contingência, o acidental e o fugaz, as coisas em estado de imanência e concretude, também inagarráveis não pela falta de forma, mas porque passam".
"Uma inteligência luminosa." — Caetano Veloso
"Livre como poeta, livre como homem, livre na vida, livre na morte. O mais livre dos príncipes." — Adriana Calcanhotto
"O mundo inteiro está aqui — podemos olhá-lo, fitá-lo, mirá-lo por admirá-lo. Porque a palavra de Cicero ilumina a vida e é por ela iluminada." — Eucanaã Ferraz
Antônio Cícero Correia Lima was a Brazilian composer, poet, literary critic, philosopher and writer. He wrote poetry and philosophy books, and had a prolific career as a lyricist, composing lyrics for songs by artists such as Marina Lima (his sister), João Bosco, Waly Salomão, Orlando Morais, Ritchie, Adriana Calcanhotto, and Lulu Santos. On August 10, 2017, he was elected member of the Brazilian Academy of Letters, taking office on March 16, 2018.
por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: para guardá-lo, para guardar-se o que se quer guardar.
A poesia de Antonio Cicero consegue caminhar entre o erudito e o popular. Desde as letras para canções que abalaram as pistas de dança até sonetos compostos com rigorosas estruturas formais, sempre misturando a tradição com a modernidade.
Minha impressão é de uma poesia suspensa no tempo — apesar dos simbolos contemporâneos, eu aposto que ela poderia ser lida 50 anos atrás e 50 anos adiante com a mesma beleza, em consonância com o que foi e o que virá.