No histórico e isolado Hotel Royal Enigma, o elenco e a equipa do filme de terror “Eco do Medo” enfrentam um verdadeiro pesadelo. Durante as gravações, um som ensurdecedor, semelhante a gritos, invade a serra onde estão e deixa todos inconscientes. Quando um pequeno grupo desperta, descobre que estão trancados no hotel, sem comunicações, sem eletricidade e rodeados por corpos adormecidos que não dão sinais de acordar.
Valentim, o realizador, Jonas, o guionista, Antoinette, uma das atrizes, Serena, a técnica de som, os jovens gémeos Ângelo e Dante, e Tadeu, um desconhecido que não deveria estar lá, precisam de sobreviver não só ao isolamento, mas também ao mistério aterrador que os cerca.
Com os gritos a ecoarem ao longe e o medo de que algo ainda pior os espreite lá fora, o grupo divide-se: alguns querem sair em busca de ajuda, outros preferem ficar, temendo os perigos invisíveis além das paredes. Mas, à medida que a paranoia cresce e os segredos são revelados, a verdadeira ameaça pode estar mais perto do que imaginam.
“O Sono dos Culpados” é um thriller psicológico de tirar o fôlego, que explora os limites da confiança, o peso da culpa e o que acontece quando a escuridão dentro de nós é confrontada por um terror impossível de escapar.
Algarvio de gema, Fábio Miguel Ventura nasceu em Portimão (Portugal) em 1986. Entrou no mercado literário em 2009 com a publicação do livro de fantasia young adult "Orbias - As Guerreiras da Deusa" (Casa das Letras, Leya), obra que em pouco tempo chegou à 2ª edição. No ano seguinte, publicou a sequela, "Orbias - O Demónio Branco", ao mesmo tempo que foi publicando contos em coletâneas de Portugal e do Brasil. Aventurando-se pelo mundo da tradução literária, traduziu em 2014 o livro "A Antiga Rota do Chá e dos Cavalos", de Jeff Fuchs (Livros de Bordo). Em dezembro de 2020 publicou o seu terceiro livro, “A Morte quer-me tão bem” (Amazon KDP). Regressa ao mercado literário em junho de 2023 com o lançamento do thriller “Corações de Papel” editado pela Minotauro (chancela das Edições Almedina). "Gatos na Noite" é o seu mais recente thriller, lançado em maio de 2024. De dia trabalha na área da Comunicação Autárquica. De noite, viaja pelo mundo dos livros e da criação literária, a sua paixão.
Com O Sono dos Culpados, o Fábio volta a mostrar que sabe muito bem o que está a fazer. A escrita continua acessível e visualmente forte, com uma atmosfera cinematográfica que nos envolve desde o início. É um livro que se lê com ritmo, mas que também deixa espaço para o desconforto e para as perguntas que ficam a pairar.
A premissa é intrigante, o cenário é claustrofóbico e há uma tensão constante que vai crescendo com o virar das páginas. O Fábio tem o dom de criar personagens com vozes distintas e nomes de fácil memorazação...o que, para quem lê muito, sabe que é um detalhe que faz diferença.
Admiro muito a evolução do Fábio enquanto autor e, mais do que isso, a forma como constrói histórias com identidade.
E sim, continuo a achar que o Fábio tem tudo para escrever o argumento de uma série. Já o disse e repito: há muito livro que se imagina, mas este vê-se.
Este foi o primeiro livro que li do autor. Vi logo que ia ser uma aposta ganha. Se gostei? Claro que sim! Um thriller terror psicológico cativante e misterioso. Houve partes em que o meu coração disparou! O temor é logo sentido na mente só leitor, desde a primeira página. Quanto de escuridão temos dentro de nós? Até onde nos leva a sede de vingança? Até que ponto nós alimentamos da dor do outro? Quanto nos deixamos manipular por outros que se aproveitam da nossa fragilidade? Qual o tamanho do demônio dentro de nós? Qual o tamanho da dor e dos fantasmas dentro de cada um?
Sou fã dos livros do Fábio, explora um género muito pouco falado e explorado ainda em Portugal, o terror psicológico com umas vibes distopicas que eu achei incrível!!! Adorei como se conectou com a outra história dele que tanto gostei. Espero continuar a puder ler mais coisas deste autor durante muito tempo.
Na primeira vez que li um livro do Fábio, Corações De Papel, escrevi aqui: “Fábio Ventura tem uma capacidade imaginativa e uma competência para a transformar na ficção que escreve que são notáveis.” Essa frase da minha recensão viria a constar da badana do Gatos Na Noite, que o FV publicou no ano passado. Com O Sono Dos Culpados, completei a minha terceira leitura do FV. Primeira conclusão: não me enganei! O talento para surpreender – às vezes arrepiar – o leitor, aquela escuridão que jorra de algum lugar que ele tem lá escondido, mas que de todo não se vislumbra quando o conhecemos, não desaponta o amante de thrillers sofisticados. Logo na primeira página, lemos: “A minha mente era como uma sala trancada, e eu estava do lado de fora” e a verdade é que ao longo das mais de 300 páginas do livro, nunca deixamos de sentir que estamos ‘do lado de fora’ e nunca nos abandona a curiosidade, sempre espicaçada, de descobrir o que se passa lá dentro. Está confirmado. Há uma consistência (também pelos spin-off que o FV faz com uma perícia que impressiona), mas fundamentalmente pela qualidade da escrita e pela criatividade que ele esbanja, com elegância, até à última página, que é merecedora de aplauso. Já percebi que vou sempre ler um thriller psicológico por ano. Força aí, Fábio, fico à espera.
Este é daqueles livros que não quer só entreter, quer mexer com a vossa cabeça, deixar-vos desconfortáveis e a questionar tudo. O Sono dos Culpados é um thriller psicológico impiedoso, cruel na forma como escava o pior de cada personagem... e... bem, o pior de nós.
Aqui, ninguém é confiável.
Cada personagem esconde um segredo, uma ferida mal curada ou um impulso sombrio à espera de sair. Todos estão à beira do abismo e o pior é que queremos vê-los cair. Há algo de errado desde o início. Um mal-estar subtil. Como se estivéssemos fechados numa cave sem luz, à espera que algo finalmente aconteça... e quando acontece, é tarde demais para fugir e já só queremos assistir.
A história é como uma armadilha: começa silenciosa, quase inocente… e depois aperta o cerco.
A paranoia instala-se. O desconforto cresce. E quando dás por ti, já não sabes se o que estás a ler é real ou um delírio, mas o nó no estômago é bem real. Fábio Ventura constrói aqui um jogo retorcido com o leitor, onde tudo pode ser ilusão, e a dúvida é a única certeza.
Se começarem a desconfiar de tudo e de todos… ótimo. É sinal de que já caíram na teia.
Mais do que um thriller psicológico, este livro consegue instaurar uma névoa de terror durante a leitura. São vários os momentos de medo, agonia, claustrofobia e tensão. Com uma execução brilhante, o Fábio vai nos transportando gradualmente para o centro da acção e quando damos por nós estamos completamente imiscuídos. Conseguimos vivenciar todo o clima de incerteza, desconfiança e insegurança juntamente com cada um dos protagonistas. O carácter enigmático de cada uma das personagens leva-nos a suspeitar de todos, e a uma leitura cada vez mais obsessiva. O factor surpresa é forte a cada revelação. Os momentos de suspense e acção são tão intensos que damos por nós a suster a respiração, variadas vezes. O final é forte, enigmático e deixa-nos a cabeça a articular teorias por horas, dias, semanas.
Este é a verdadeira definição de thriller psicológico. Fábio explora o lado sombrio dos humanos como ninguém, deixa-nos tensos e desconfiados e nunca poderia ser de outra maneira. Temos um decorrer de claustrofóbico a surpreendente, o que faz com que seja uma leitura sem momentos de aborrecimentos e consiga prender o leitor até à última página. Com acontecimentos inesperados e reviravoltas que nunca imaginávamos, Fábio consegue aqui um livro incrível, a não perder e um candidato a um favorito do ano.
Comecei o livro com elevadas expectativas tendo em conta as reviews que fui lendo.
Li o "Gatos" em Novembro e, apesar de ser um género de história que não se "enquadra" no que costumo, habitualmente, ler, gostei. Então, vendo que havia um novo do Fábio, comprei e li.
Acontece que foi uma desilusão. A "fórmula" é a mesma do outro livro que li, assim como os elementos: um grupo de pessoas, um local, uma instituição/organização por detrás e a constante temática da mente humana, escuridão e o facto de termos de abraçar e aceitar os nossos demónios.
Para além disto, encontram-se alguns elementos que considerei "pensos rápidos", pois disfarçam qualquer questão que o leitor possa fazer por achar estranho na história: as câmaras funcionarem num circuito interno (esse circuito é alimentado como, não existindo energia?), o facto do computador portátil ter bateria e o dono ter baterias suplentes (contorna a questão da falta de energia, mas torna-se rebuscado: quem é que anda com baterias extra?) e não só.
Claramente a minha experiência foi bastante diferente da da maior parte das pessoas que já leu (que o consideram o melhor do autor). Eu, não tendo visto nenhum elemento inovador a não ser o local e o grupo de personagens e o "personagem" na cave que me leva a questionar "afinal, quem é ele?", não consigo partilhar da opinião dos demais leitores.
É um verdadeiro thriller psicológico, todos os ingredientes deste subgénero estão lá e recomendo vivamente a leitura! Ter-lhe-ia dado 5 estrelas se, no decorrer da leitura, tivesse sentido um certo medo. É um livro tão descritivo e denso que, na minha opinião, ficou aquém por não me ter conseguido passar aquela inquietude. Quando li a sinopse achei que seria um livro que me daria medo caso o lesse na escuridão da noite mas não, é uma leitura perfeitamente normal. Volto a defender a máxima "o que é português é bom" mas aqui atrevo-me a dizer que o que é nacional é maravilhoso!
Não há dúvida de que o Fábio escreve bem e concordo com todas as reviews que referem a sua escrita cinematográfica. Estamos a ler e vemos tudo a acontecer na nossa cabeça, de uma forma que acontece com poucos livros. A premissa é interessante mas a execução é melhor ainda. Um livro que nos deixa agarrados nas primeiras páginas, extremamente viciante e surpreendente. Uma coisa é certa, quero ler tudo do autor.
Ao terceiro livro dentro do género, assumo-me fã da mente do autor. Com uma escrita cinematográfica, consegui visualizar todo o desenrolar da ação e quase ouvir os gritos e as vozes que ecoam no Hotel Royal Enigma. O Fábio sabe manipular a nossa mente, leva-nos a acreditar no que estamos a ler e fá-lo quase pé ante pé, a uma velocidade que vai ganhando ritmo. Se a primeira parte é mais lenta, com o desenvolvimento de personagens longe de ser aborrecidas, e com alguma estranheza sobre o que se está a passar, quando a ação efetivamente começa, é uma corrida quase desenfreada (mas com rumo). A parte final surpreendeu-me pela componente mais emotiva, mais humana. Uma vez mais, as últimas frases deixam-nos a matutar, a criar teorias e o livro continua a tirar-nos o sono mesmo depois de terminado. Este é um livro sobre o nosso lado mais negro, a nossa escuridão.
Esta frase, para mim, ilustra a essência de 📖𝗢 𝗦𝗼𝗻𝗼 𝗱𝗼𝘀 𝗖𝘂𝗹𝗽𝗮𝗱𝗼𝘀, e reflete o mergulho que o autor faz nas zonas mais sombrias da mente e no peso corrosivo da culpa.
O livro é indicado como um thriller psicológico...e é-o, ao criar de forma inovadora o mistério e suspense, numa atmosfera densa, onde a desconfiança e a inquietação se entrelaçam... Mas senti que a narrativa introspectiva assemelha-se mais a um drama psicológico.
Desde as primeiras páginas, a intriga agarrou-me pelo mistério, conduzido com mestria enquanto vai lançando pistas e dúvidas...o impacto do isolamento e do medo, os segredos e traumas que cada personagem carrega e a forma como isso afeta as relações são explorados com consistência,.. está magnífico!!...
Existem passagens de grande força que ficaram a ecoar: “𝙖 𝙢𝙚𝙢ó𝙧𝙞𝙖 é 𝙪𝙢 𝙡𝙪𝙜𝙖𝙧 𝙤𝙣𝙙𝙚 𝙨𝙚 𝙩𝙧𝙤𝙥𝙚ç𝙖 𝙢𝙖𝙞𝙨 𝙙𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙨𝙚 𝙘𝙖𝙢𝙞𝙣𝙝𝙖” ou "𝙤 𝙢𝙖𝙞𝙨 𝙥𝙚𝙧𝙞𝙜𝙤𝙨𝙤 é 𝙖𝙦𝙪𝙞𝙡𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙨𝙚 𝙚𝙨𝙘𝙤𝙣𝙙𝙚 𝙖𝙩𝙧á𝙨 𝙙𝙤 𝙦𝙪𝙚 𝙥𝙖𝙧𝙚𝙘𝙚 ó𝙗𝙫𝙞𝙤”.
Mas há algo que tenho de partilhar...encontrei pequenas incongruências na narrativa que me distraíram..nada de grave, mas acabaram por me desconcentrar: * 𝘕𝘶𝘮𝘢 𝘤𝘦𝘯𝘢 𝘦𝘮 𝘦𝘴𝘤𝘶𝘳𝘪𝘥ã𝘰 𝘵𝘰𝘵𝘢𝘭 (𝘭𝘢𝘯𝘵𝘦𝘳𝘯𝘢 𝘢𝘱𝘢𝘨𝘢𝘥𝘢),...𝘶𝘮 𝘱𝘦𝘳𝘴𝘰𝘯𝘢𝘨𝘦𝘮 “𝘢𝘥𝘮𝘪𝘵𝘦 𝘤𝘰𝘮 𝘶𝘮 𝘢𝘤𝘦𝘯𝘰” 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘰𝘶𝘵𝘳𝘰... como assim?
São detalhes, sim, mas um atrás do outro acabaram por afastar-me um pouco do clima criado. Apesar disso, sem dúvida que "O Sono dos Culpados" é uma obra com boas ideias e uma narrativa inovadora e envolvente, que me confirmou que o autor tem potencial para surpreender ainda mais no futuro.
📚 Para quem já leu: também repararam nestes e outros pequenos detalhes, ou sou só eu a ser “picuinhas”? 🤔
Este foi o primeiro livro que li do Fábio, apesar de já ter tido os outros no radar, e não será o último, tendo já planos para ler o Gatos em Agosto. A expectativa era extremamente alta, quase mesmo estratosférica com todo o burburinho que foi criado em torno deste livro, e a comparação do autor ao mestre do terror mundial, Stephen King. Como leitora ávida de King, decidi arriscar, mas é extremamente arriscado comparar alguém ao mestre, e deixa, o leitor previamente com ideias pré-concebidas, e na minha opinião erróneas. Neste livro vamos para um hotel isolado Royal Enigma, onde o elenco e a equipa do filme de terror “Eco do Medo” se preparam para iniciar gravações quando um som ensurdecedor os deixa inconscientes, sem comunicação, eletricidade e rodeados de corpos que não acordam. Apesar de considerar esta premissa mais perto da distopia, entendo que há alguns elementos de thriller. Em paralelo, temos alguém numa cave que toma comprimidos para escrever, que apenas mais tarde descobrimos quem é. A temática da escuridão da mente humana, abraçar e aceitar os nossos demónios é algo extremamente presente e que considero bastante original. No entanto, não me consegui conectar com a escrita nem com as personagens. Inicialmente atribuí este facto a ter saído de uma leitura mesmo muito boa, mas rapidamente entendi que não se devia a isso. Acho que a certa altura o livro prometia mais do que acabou por entregar, sendo que poderia ter-se focado mais sobre o que se passava dentro do hotel e na parte psicológica entre elas. Mas se assim fosse iria inevitavelmente compará-lo ao Shining e à viagem à loucura que esse livro representa. Já por causa das ideias pré-concebidas, dei por mim a relembrar imenso o Shining desde as primeiras páginas, e o filme que decorria na minha cabeça acompanhava o elenco e o cenário do Overlook Hotel. Isto contribuiu também para que a experiência não atingisse o seu potencial máximo, estou segura. Além disso, ficaram-me questões que não entendi como se poderia acontecer num mundo atual, e que me parecem ter sido tapadas com um penso rápido para evitar que leitores questionem. Muitas delas dado o recente apagão que enfrentamos em Abril, que me levarão a questionar se de facto uma equipa de filmagens a ir para um hotel, onde ainda não iniciaram os trabalhos estaria mesmo assim tão preparada com baterias extra, já recarregadas, entre vários outros exemplos. É bom encontrar um autor português que pretende explorar o terror psicológico em Portugal, e que espero no futuro ler mais e conectar mais com a história.
Não posso ter sido a única pessoa que teve problemas com esta escrita... A falta de descrições, tanto das personagens como dos espaços foi algo que me fez uma enorme confusão. Nunca cheguei a perceber as aparências de algumas personagens nem que idade teriam, o que me fez ter um choque no final do livro por me aperceber que passei o tempo todo a imaginar uma delas com cerca de 20 anos e na realidade deveria ter pelo menos 30 (mas sem confirmação). A falta de descrição dos espaços fez com que não me sentisse imersa na história. Um hotel isolado após algo estranho acontecer e as poucas pessoas acordadas ficarem rodeadas de pessoas a dormir enquanto outras coisas estranhas acontecem seria o cenário perfeito para promover um ambiente sinistro e de suspense mas parece que o autor não se esforçou em fazê-lo. Na verdade, nem senti que as personagens estivessem assustadas... O início do livro parece ter sido escrito à pressa. O autor tem pressa em caracterizar cada personagem, no entanto, não faz por mostrar, apenas por dizer. Estas páginas estão repletas de "algo me diz que és um tipo de pessoa x" e milagrosamente acertar em cheio, depois de se conhecerem apenas umas horas. Por exemplo, o facto de ninguém confiar no Tadeu apenas por não o conhecerem apesar de praticamente ninguém se conhecer ali. O autor queria passar a imagem de que ele era suspeito e que todos deviam desconfiar dele mas sem mostrar realmente porquê. As outras personagens (excepto os gémeos) não tinham nenhuma razão para desconfiar dele. Outro exemplo absurdo foi Valentim perceber que Tadeu "transbordava de segredos e traumas prontos a explodir" sem qualquer fundamento após poucas horas de o conhecer... Que ridículo... A parte 2 foi a gota final de absurdo, exagerado e aborrecido. O enredo e a conclusão não me satisfez de todo. Tantas outras críticas que tenho mas não vale a pena prolongar-me muito mais..
Todos temos um lado negro! O que faz de nós boas pessoas é a forma como escolhemos lidar com esse lado. Mas, e se algo explodir o pior de nós? Será que a bondade se sobrepõe ou a escuridão é mais forte?
É desta premissa que parte o livro do Fábio. Mas desenganem-se se acham que vão adivinhar o que quer que seja desta história. Por mais teorias que façam, possivelmente serão sempre surpreendidos, e essa é, sem dúvida, uma constante na escrita e nos enredos do autor. Apenas li o livro anterior, e o suspense, a vibe sombria e a dúvida plantada a cada virar de página são algo a que já nos habituou.
O livro tem três partes. Há um início claustrofóbico e diria que bem bizarro, os diálogos podem parecer algo estranhos, e todo o ambiente soa a “outro mundo” ou, como falei depois com uma amiga, a uma espécie de realidade alternativa que não sabemos quando ou onde se passa. Mas confiem no processo, porque, eventualmente, acaba por fazer sentido. 🤌🏼 A ação cresce numa espiral de terror com pitadas de horror, e juro que li partes com os olhos esbugalhados.
Não posso adiantar muito, porque acho que estragaria a vossa experiência de leitura. Mas quero deixar uma nota: o livro é, sem dúvida, um thriller psicológico, porém está muito longe de ser apenas isso.
Para além disso, e apesar de se poder ler em separado, sinto que a experiência será melhor se lerem primeiro os livros anteriores. Confesso que queria ter lido Corações de Papel antes, para poder já ter uma ligação ao Jonas (uma personagem desse livro que está presente neste). Além disso, há ainda pequenos fios que ligam esta obra à história de Gatos na Noite.
Resumindo: é um livro bem ficcional, mas que nos leva numa viagem pelos meandros da mente humana e nos faz refletir sobre aquilo que temos escondido no mais fundo do nosso inconsciente.
Gostei bastante e recomendo muito, especialmente a quem gosta de livros obscuros e de se sentir enganado até ao fim.
Já tinha lido o Corações de Papel deste autor e queria ler outro pois o primeiro deixou “água na boca”.
Este livro é bastante visual e misterioso que nos deixa intrigados desde o início sobre o que está acontecer.
Parece que dois terços do livro são uma história e a parte final já podia ser o início de outro livro mas interligam-se bem e preenche para mim aquele espaço do que acontece depois do main event e onde muitos livros/filmes terminam mas este não.
Nota: Achei engraçado/estranho uma personagem dos corações de papel aparecer neste e até durante a história existir algumas referências ao outro livro (não sei se havia necessidade visto que não são uma série).
Foi o primeiro livro que li do autor. Encontrei-o por acaso numa feira do livro e, sendo que um dos meus objetivos literários é conhecer mais autores portugueses, decidi comprá-lo sem grandes — ou mesmo nenhumas — expectativas. Resumidamente, achei-o intrigante. A premissa é bastante interessante: um grupo está num hotel isolado a rodar um filme de terror. Durante as filmagens, um som ensurdecedor deixa toda a equipa inconsciente. Quando alguns acordam, percebem que estão presos no hotel, sem comunicações com o exterior e sem forma de sair. A partir daí, o livro tenta desenvolver-se como um thriller psicológico. Em paralelo com a narrativa principal, há capítulos passados “na cave”, onde alguém — que mais tarde descobrimos quem é — está preso e é forçado a escrever a história.
Apesar disto tudo, senti que há muito potencial não explorado, tanto em termos de enredo como, sobretudo, nas personagens. A premissa é boa, mas a escrita não me cativou verdadeiramente: não consegui criar ligação com nenhuma personagem, que ficaram muito aquém do que poderiam ter sido. Achei também que a introdução da segunda parte da história foi “too much” e acabou por dispersar o foco. Teria sido muito mais eficaz se o livro se tivesse concentrado nas personagens presas no hotel e nas ligações psicológicas entre elas, explorando-as com mais profundidade. Gostava que se tivesse ficado pelo terror psicológico do enclausuramento, os gritos e o medo de não saber o que se passa, em vez de complicar demasiado a narrativa com outras camadas menos convincentes - ou pelo menos ter avançado para a segunda parte da história depois de efetivamente ter aprofundado a primeira.
No fundo, é um livro com uma boa ideia de base, mas que para mim ficou a faltar no desenvolvimento — especialmente no trabalho emocional e psicológico das personagens, que são essenciais num thriller deste género. Ainda assim, valeu a pena pelo exercício de descobrir um novo autor português, mesmo que o resultado não me tenha convencido totalmente.
Um livro de um autor português, novo para mim, que me chamou a atenção na BiblioLED e que decidi experimentar depois de ver algumas referências aqui no GR.
Gostei e talvez leia mais obras do autor, embora o estilo (thriller psicológico, sangrento e um pouco sádico) não seja exatamente a minha preferência. A história decorre durante as filmagens de um filme de terror num hotel de luxo isolado na serra. De repente, ouvem-se gritos aterradores que deixam todos inconscientes. Apenas alguns acordam, e o ambiente torna-se palpável: um cenário apocalíptico… ou será um Big Brother macabro? Algumas das cenas descritas são tão visuais que parecem feitas para o cinema, e a escrita tem um ritmo que nos faz querer voltar a pegar no livro. É uma leitura intensa, com um ambiente claustrofóbico e com tensão, que prende a atenção mesmo quando o estilo não é exatamente a nossa zona de conforto. No entanto, no final fiquei com a sensação de que parte dessa tensão não tinha um propósito claro.
Livro lido através da BiblioLED, plataforma electrónica das bibliotecas portuguesas que disponibiliza livros gratuitamente.
Um retrato intenso e humano de segredos guardados e perdões por conquistar. Entre o peso do passado e a fome de redenção, uma história que não deixa ninguém indiferente.
Neste novo livro do Fábio Ventura, a ação decorre no Hotel Royal Enigma que será palco de umas filmagens de um filme de terror. Mas quando uns gritos assolam o local, faz com que as pessoas entrem num sono misterioso. Os únicos que não ficam afetados, acabam fechados dentro do próprio hotel. Nesse grupo iremos ter sete pessoas que irão ter como objetivo sobreviver, entrando num jogo perigoso uns com os outros que se pode revelar mortal.
O Fábio entrega nos mais uma vez um livro incrível e neste em particular, temos algo arrepiante, inquietante e com um ambiente claustrofóbico em que ao longo da narrativa iremos nos deparar com vários momentos cheios de adrenalina, fazendo com que o leitor leia em apneia... Mas é o silêncio que paira no local que faz com que o medo seja constante, tornando o mais forte, brutal e perigoso.
O Fábio tem a grande capacidade de construir personagens cheias de camadas, tornando as imperfeitas e complexas. A forma como ele explora a mente humana, dissecando o "monstro" interior, é simplesmente brilhante, revelando assim o lado mais negro do ser humano. Porque cada uma destas personagens luta contra os seus próprios demónios devido às suas histórias de vida ou passados carregados de traumas... E à medida que a ação se vai desenrrolando, a dúvida de quem poderemos realmente confiar é enorme, porque todos mentem, escondendo os seus verdadeiros motivos que levaram até aquele hotel isolado onde vão em busca de um objetivo que pode levar a consequências desastrosas.
Fiquei muito surpreendido pelo regresso de uma das minhas personagens favoritas e que na minha opinião tem tido um papel fundamental nos últimos livros do Fábio.
Agora, que final foi aquele?! Fiquei de queixo caído pela forma abrupta como acabou, deixando me num vácuo e criando muitas teorias! Preciso desesperadamente de respostas e mal posso esperar pelo próximo! 🤭
Um thriller psicológico que adorei e que recomendo muito! 🤩
Foi um livro diferente do que estou habituada a ler, a premissa é boa e cativou me muito o inicio, mas fiquei um pouco perdida pelo meio e não consegui ligar-me às personagens como gostaria.
Gostei de como foi abordado os traumas e a dita "escuridão" humana. Algo fora da caixa.
📚Que o Fábio tem uma das mentes mais criativas que já tive o prazer de ler, já não é novidade. Mas com este livro… ele ultrapassou todas as expectativas. Um thriller psicológico diferente, com uma pitada de terror e, tal como em Gatos na Noite, uma componente forte ligada à saúde mental — tão característica da escrita do autor. O enredo é envolvente e meticulosamente construído. Nada é deixado ao acaso e todos os detalhes contam. Há uma personagem já conhecida dos leitores (e de enorme carinho do Fábio) que regressa — e que bom que é revê-la! A narrativa conduz-nos com mestria, desvia-nos do óbvio e obriga-nos a ler sem parar até à última página. Antes de partilhar esta opinião, falei com o Fábio para esclarecer algumas dúvidas… e sim, é suposto ficarmos com questões a pairar na nossa cabeça. O final é aberto, cheio de possíveis interpretações e teorias — e é exatamente aí que reside a magia da sua escrita. Quero apenas deixar uma nota: achei o início um pouco slow burn, mas isso não afetou em nada o prazer da leitura. Quando a história começa realmente a desenrolar-se, tudo acontece tão rápido (e de forma tão intensa) que quando damos por nós... já estamos no fim, com vontade de voltar ao início. ✨ Recomendo? Recomendo muito. Um livro marcante, com um estilo muito próprio, onde a assinatura do autor se sente em cada página. Obrigada, Fábio, por mais uma leitura que fica connosco muito depois de fechar o livro. @bibliotecamil_insta
O sono dos culpados foi uma agradável surpresa que encontrei ao acaso na feira do livro de Lisboa. A capa e a sinopse na contracapa foram o suficiente para me convencer a comprar de imediato. E ainda bem que o fiz. O terror não é um gênero muito explorado em Portugal, o que torna este livro ainda mais relevante no panorama literário atual.
Diria que o que me conquistou nesta leitura foram, sem dúvida, as personagens. À primeira vista, nós já os conhecemos de certa forma. São estereótipos que já todos vimos antes. A loira, o bully, o intelectual... Mas Fábio Ventura faz um excelente trabalho em subverter as nossas expetativas com cada um deles, a minha favorita sendo talvez Antoinette.
O fenómeno que os mergulha no titular sono deu-me logo flashbacks de Bird Box, uma clara influência para este livro, sendo possível encontrar vários paralelismos ao longo da história. E a revelação do que o causou foi extremamente satisfatório.
Só não dei as cinco estrelas devido a algumas falas de personagens que incluíam certas palavras ou formas de falar que me pareceram irrealistas. Se fossem apenas de Jonas, o escritor, faria sentido, mas a situação repetiu-se com Serena e até Tadeu, o que me quebrou um pouco a imersão em certos pontos.
Em termos de temática, senti uma ligeira influência de Stephen King, sobretudo na forma como desenvolve a parte psicológica e causa dúvida e intriga no leitor. Penso que talvez seja esse o ponto mais forte do escritor e deste livro. A capacidade de nos dar exatamente o suficiente para conseguirmos acompanhar, mas, ao mesmo tempo, deixar-nos na expetativa, sem saber ao certo o que irá acontecer a seguir ou o que vai na cabeça destas personagens, pois percebemos desde cedo que não podemos confiar em nenhuma delas. E ir desvendando o lado negro que cada um deles tenta esconder foi uma experiência incrível.
O Sono dos Culpados apresentou-me personagens genialmente desenvolvidas, com uma profundidade que não se vê com frequência suficiente e que ficarão comigo durante bastante tempo.
Achei determinados diálogos pouco credíveis, onde certas personagens que se viam envolvidas em situações de alta tensão, reagiam com respostas demasiado explicativas. Até mesmo por parte do narrador.
Contudo, os problemas que mencionei em cima não fizeram a grande percentagem do livro, houve sempre uma boa dose de tensão e de reviravoltas que mantém o interesse durante todo o livro. Senti apenas alguma dificuldade na gerência das personagens que não eram de personalidades extremas, dos que me lembro são o Tadeu que não fazia parte do elenco nem equipa do filme, e o realizador que tornou-se rapidamente num antagonista. O meu problema com os gémeos foi que me pareceu falarem como se fossem adultos, não entre eles, porque eram claramente diferentes, mas quando interagiam com os outros.
As duas grandes reviravoltas estão bem conseguidas e valem o esforço para lá chegar. Como sou alguém que prefere sempre as coisas cada vez mais pesadas à medida que a história avança, o final foi um pouco menos forte do que eu gostaria.
Esperava um livro diferente, cheio de suspense, mistério e algo fora do normal. Este livro foi isso tudo!
Há muita coisa a acontecer na história e quando vocês pensam que já sabem tudo não sabem é nada. Senti-me perdida no início, confesso, mas quando apanhei o ritmo e comecei a criar teorias, não quis parar de ler.
A escrita do Fábio é super envolvente e faz com que, ao longo da história, desconfiemos de qualquer um. Todas as personagens estão bem construídas e exploradas e é isso que eu valorizo MUITO num livro. Eu não gosto de livros com muitas personagens mas este foi diferente, mesmo por esse aspeto.
Se eu desconfiei do que se estava aqui a passar mesmo? Não! O final foi tão diferente e surpreendente. E aquela última frase, o que se passou aqui? 🤯🤣
Espero que o Fábio traga mais histórias assim, diferentes e muito originais. Que privilégio poder ler estes livros! 🙂
O elenco e a equipa de um filme de terror fica preso num hotel isolado, depois de um som ensurdecedor deixar todos inconscientes. Este grupo de pessoas, quando acorda, tem de lidar não só uns com os outros, como com o medo e com todo o mistério à volta do que aconteceu.
É muito sobre o medo, e a forma como este tanto aproxima como separa as pessoas. Sobre o controlo dos nossos impulsos, sobre a dor e o sofrimento. Sobre desilusões, mentira e traições. Sobre o lado sombrio que todos escondemos. Sobre o peso da culpa e a fragilidade da confiança e do ser humano.
Confesso: não é o meu género de leitura. Já tinha lido muitas opiniões muito positivas, e percebo porque é que o livro pode ser tão marcante para quem aprecia thrillers psicológicos. No meu caso, não me conquistou totalmente, mas não deixem de dar uma oportunidade a esta leitura se gostam do género. A força e a qualidade da escrita do Fábio Ventura é inquestionável.
Foi uma leitura interessante e muito bem conseguida. O livro está bem escrito, com uma história cativante e personagens complexas e envolventes. Gostei especialmente da forma como o tema da escuridão humana e do trauma foi explorado ao longo de toda a narrativa.
Durante a leitura fui criando várias teorias sobre o que poderia estar a acontecer e acabei por acertar em algumas coisas. Foi um livro que me fez refletir e questionar várias vezes sobre tudo o que acontecia. A tensão que o Fábio conseguiu criar com este livro manteve-me sempre curiosa e com vontade de continuar a ler.
Pessoalmente, apenas não gostei de alguns pormenores na história, como certas refeições (para não dar spoilers), que me pareceram um pouco desnecessárias no contexto da história. Ainda assim, tudo o resto valeu muito a pena, especialmente pelo excelente final.
Recomendo este livro para quem adora mistério e suspense. Está aprovado.