Pedro Medina Ribeiro é um dos raros nomes da ficção nacional que cultiva o género gótico, sendo que a sua escrita não tem paralelo na literatura fantástica portuguesa contemporânea.
Diz-se que o nosso país é demasiado soalheiro para inspirar as histórias sombrias que animam os leitores desde os primórdios do género, mas a verdade é que os elementos que inspiram medo e desconforto são universais e estão bem presentes na nossa cultura.
Fazendo justiça a essa riqueza demasiadas vezes ignorada, o autor apresenta uma coleção de histórias que ocorrem integralmente em Portugal.
A Serpente no Sótão promete entrar para o cânone da literatura fantástica nacional com ambientes misteriosos que se tornam progressivamente mais dramáticos e densos.
Do suspense ao mistério, da distopia ao maravilhoso, da vertigem ao horror, estas páginas únicas oferecem uma visão única do sobrenatural, do desconhecido e do inexplicável.
Uma coletânea de contos de soft-horror passados em Portugal, desde histórias oitocentistas ocorridas na Beira Alta e nas serras de Coimbra, até cenários mais contemporâneos e familiares que incluem temas como o vício dos ecrãs, eleições com partidos populistas e a substituição da criatividade humana pela inteligência artificial. Adorei a variedade e a imaginação em cada conto, bem como a escrita de elevada qualidade, polida e envolvente.
São uma excelente surpresa, estes contos góticos de Pedro Medina Ribeiro. Góticos no tom e estilo, não na atualidade. Este não é um livro- pastiche, a replicar velhas estéticas. A modernidade contemporânea está sempre à espreita nestas histórias. O classicismo está no tom literário e na forma elegante como recupera o velho estilo das histórias de assombrações, bizarrias sobrenaturais e outras que nos fazem temer o escuro.
Isto, mesmo nas histórias que se passam naquele passado novecentista que deu ao gótico literário o seu sabor a casas decrépitas, maldições misteriosas e dramáticas assombrações. É um estilo que Medina Ribeiro domina bem, e é um deleite de ler.
3,5 estrelas. Coletânea de contos soft-horror que variam bastante de tema e estrutura entre todos. Admito que estava à espera de ver mais estilo gótico. Como variam tanto, existem umas que gosto mais que outras e qualquer leitor poderá encontrar o seu conto de arrepiar favorito aqui.
Os géneros de horror e fantástico não costumam estar entre as minhas leituras, mas foi precisamente por isso, pelo desafio e pela diferença que acabei a ler “A Serpente no Sótão”, com compêndio de contos que consideraria de “soft-horror”.
É um trabalho de qualidade e muita criatividade. Confesso que em alguns contos dá claramente para ficar com água da boa por uma história maior, mais desenvolvida. Por exemplo, adoraria ler um livro cuja base fosse “Vigilância”. Depois há outros que de fecham perfeitamente enquanto conto, como sejam “Serpente”, “Espelho Negro”, “ISBN mon amour” ou “Milhão”. Se calhar estou a apontar para os meus favoritos…
Reitero o que escrevi sobre o livro e que pode ser lido na contracapa: “Uma antologia de soft-horror, diversificada, atraente, pontuada por muita qualidade e criatividade. Excelente leitura.”
E já agora, importante referir que é um autor português em que a Saída de Emergência aposta!
É um excelente livro de contos de terror/horror, propício para a época. Pedro Medina Ribeiro volta a mostrar-se um escritor com boa imaginação, entregando ao leitor um ambiente de um Portugal elegante e clássico, de outros tempos.