PRIMEIRO TÍTULO DA COLECÇÃO DE LIVROS DE HISTÓRIA «ESPERTADORES DO ENTENDIMENTO», COORDENADA POR RUI TAVARES.
Uma colecção de livros de muitos historiadores e historiadoras, diferentes entre si: modernos e antigos, científicos ou humanísticos, quantitativos ou qualitativos, mais analíticos ou mais sintéticos. Mas todos têm em comum serem dos melhores espertadores para o nosso entendimento.
A partir de um curso sobre as funções da escrita nas culturas europeias entre o fim da Idade Média e a actualidade, e com um verso de Quevedo no título, o reconhecido historiador francês Roger Chartier preparou este livro, que nos coloca perante o tempo extenso de uma modernidade «que possivelmente se desfaz diante dos nossos olhos». Seguindo os passos da história do livro, da história dos textos e da história da cultura escrita, o autor procura compreender o lugar que a escrita ocupou na produção dos saberes, na troca de emoções e sentimentos, nas relações que os homens mantiveram uns com os outros, consigo próprios ou com o sagrado.
«Este pequeno livro é um testemunho da faceta de Roger Chartier enquanto professor. Considerei importante iniciar com ele esta coleção, uma vez que fui eu próprio beneficiário da pedagogia de Roger Chartier nos seus seminários de história do livro e da leitura entre 1998 e 2002. As horas passavam numa espécie de suspensão do tempo, enquanto os sentidos se iam desprendendo daqueles textos escritos há séculos. Mas Chartier levava sempre o exercício mais longe, lembrando como esses sentidos eram diversificados ou modulados conforme a palavra houvesse sido dita em palco, manuscrita pelo próprio autor ou ditada a um amanuense, composta em página pelo tipógrafo, rasurada pelo censor, lida silenciosamente ou em voz alta, repetida, citada, plagiada, popularizada.» — Rui Tavares, apresentação
Roger Chartier is a French historian and historiographer who is part of the Annales school. He works on the history of books, publishing and reading. He teaches at the École des Hautes Études en Sciences Sociales in Paris, the Collège de France, and the University of Pennsylvania.
Este pequeno volume estreia uma nova colecção da Tinta da China, dirigida por Rui Tavares,intitulada «A história é um espertador do entendimento», uma frase de João de Barros. O volume reúne lições de Roger Chartier no Collège de France sobre a história do livro e da escrita na modernidade europeia, mas acaba por ser também sobre o fazer da história enquanto disciplina.
Siempre es un placer leer las ruminaciones de Chartier sobre el papel de lo escrito y la historia de los libros. Me alegró mucho encontrar este librito, y los detalles sobre la materialidad del librillo de memoria de Cardenio que don Quijote y Sancho encuentran en la Sierra Morena enriquecieron mi entendimiento de este segmento del Quijote. Yo no sabía que las páginas de los librillos de memoria estaban cubiertas por una capa de barniz para poder borrarlas y re-escribir en ellas, hasta sin pluma ni tinta. La segunda parte, que describe unas adaptaciones teatrales de Cardenio, fue divertido leer. El proyecto más grande con que esa sección se relaciona resultó en un libro que se llama Cardenio entre Cervantes y Shakespeare (que apareció en francés en 2011, en español en 2012 y en inglés en 2013).