Já se perguntou por que é tão difícil lidar com emoções como raiva e tristeza, ou por que, muitas vezes, nem conseguimos nomear o que estamos sentindo? Nascemos em uma sociedade que, desde cedo, nos ensina a reprimir nossas emoções, fazendo com que cresçamos acreditando que ter sentimentos negativos é errado ou sinal de fraqueza. Sem ferramentas para lidar com o que sentimos, aprendemos a silenciar o que se passa dentro de nós a todo custo.
O que as emoções têm a ver com isso? é um convite ao autoconhecimento e à reconciliação com nossas emoções. Escrito por uma psicóloga que trabalha diariamente com os afetos, o livro propõe uma reflexão sobre a importância de acolher o que sentimos sem julgamento. Além disso, discute como questões sociais como gênero e racismo impactam diretamente a forma como lidamos com as nossas emoções. Com uma abordagem acolhedora e acessível, a autora aponta caminhos para construir uma relação mais respeitosa e saudável com aquilo que sentimos, mesmo em um mundo que insiste em tentar nos calar.
Autora de "Os Textos Que Desisti de Enviar", "Quatro Minutos" e "Minha saudade tem seu nome".
Vanessa Pérola mora na Bahia, Brasil. É psicóloga e superengajada em causas sociais. Ela escreve livros com representatividade por acreditar que mulheres negras precisam se ver na literatura. Seu principal objetivo é escrever livros e produzir conteúdos que promovam autoconhecimento, autoestima e autonomia para essas mulheres.
"As mulheres negras têm vozes e somos capazes de contar nossas histórias. Eu sou um delas" Jasmine Guillory.
Melhores trechos: A verdade é que crescemos em uma sociedade que não nos ensina desde cedo que nossas emoções são aceitáveis, válidas e que nos ensinam coisas importantes sobre nós. E por não saberem lidar nem mesmo com seus próprios sentimentos, acreditam que aquilo que sentimos precisa ser reprimido... Crescemos acreditando que se mostrarmos nossas emoções, podemos ser rejeitados, vistos como pessoas inconvenientes, dramáticas ou pode acontecer de perdermos o controle e agirmos de acordo com as nossas emoções, tendo comportamentos disfuncionais por não saber lidar direito com aquilo que nos angustia... As emoções são como mensageiras do nosso estado interior e das nossas necessidades primárias. Elas sinalizam aquilo que precisamos prestar atenção e o que precisamos fazer a respeito... O ser humano tem três formas de reagir ao que lhe acontece, aquilo que chamamos de mecanismo de defesa: evitação, resignação e supercompensação. Já alguém que cresceu em um ambiente onde as emoções eram valorizadas pode sentir mais facilidade em aceitá-las, o que não quer dizer que essa pessoa não possa ter dificuldade em entendê-las e agir com elas... Criamos uma rede de informação emocional que vincula a nossa sensação a algo ruim toda vez que vivenciamos uma situação que nos pareça familiar... Em vez de nos julgarmos por sentir raiva, podemos nos perguntar: 'O que essa raiva está tentando me dizer? Que parte de mim está ferida?' Eu comecei a praticar isso na minha vida. Quando sinto raiva, me pergunto: o que está em jogo aqui? Quais são os meus limites que estão sendo testados? Muitas vezes, percebo que minha raiva não está relacionada só com o presente. Ela traz ecos do passado, de vezes em que eu fui ignorada, silenciada ou invalidada... Além disso, atividades como escrever, praticar exercícios físicos ou até mesmo uma simples caminhada podem ajudar a liberar a energia acumulada da raiva, sem que ela nos consuma ou prejudique nossos relacionamentos. Ela é uma mensageira, uma parte nossa que precisa de atenção e cuidado. Olhe para a sua relação com a raiva. Quais mensagens a respeito dela você recebeu na infância? Como você a expressa ou reprime hoje? Ressignificar a raiva é uma forma de nos libertarmos das expectativas que nos foram impostas e nos reconectarmos com nossa verdade. Não se trata de ser perfeita, mas de ser inteira, com todas as emoções que fazem parte de quem somos... As mensagens que recebemos na infância moldam diretamente como lidamos com nossas emoções na vida adulta... Na medida em que começamos a reconhecer o que é alegria, felicidade, tristeza, constrangimento, culpa, vergonha e raiva, podemos entender por que agimos de forma disfuncional, como essas emoções nos afetam e quais mensagens elas trazem... A sensação de culpa está diretamente ligada à nossa dificuldade em sermos gentis conosco mesmas. A culpa nos leva a acreditar que, para sermos boas o suficiente, precisamos nos sacrificar constantemente. Isso cria um ciclo emocional desgastante: sentimos culpa, tentamos compensá-la fazendo mais e, quando falhamos em atender às expectativas, muitas vezes impossíveis, sentimos ainda mais culpa... Pesquisas apontam que as mulheres são mais propensas a desenvolver transtornos emocionais não porque sejam mais fracas, mas porque acumulam papéis e responsabilidades sem o suporte emocional adequado... Se olharmos para a raiz da comparação, veremos que ela muitas vezes surge das expectativas que nos são impostas e que, sem perceber, acabamos internalizando. Somos ensinadas a acreditar que precisamos ser 'boas o suficiente' em tudo: no trabalho, nos relacionamentos, na aparência física e até mesmo no gerenciamento de nossas emoções... Lembre-se de que você não precisa ser perfeita. A gentileza consigo mesma é a base para lidar com a autocrítica. Outro ponto importante é desafiar as expectativas. Questione os padrões que você tem seguido. Eles realmente refletem os seus valores ou foram impostos por outras pessoas? E por fim, celebre aquilo que já tem: Em vez de focar no que falta, valorize quem você é e o que já conquistou. A comparação e as expectativas podem parecer inimigas poderosas, mas a verdade é que já temos as ferramentas para enfrentá-las, estão conosco, a uma pausa de distância, transformando essa batalha invisível em um caminho de autodescoberta e crescimento... A codependência muitas vezes nasce da nossa tentativa de preencher um vazio interno através do outro. Quando não reconhecemos nossas próprias necessidades emocionais, esperamos que o parceiro as atenda, criando uma dinâmica em que nos tornamos dependentes do amor e da validação externa. Isso é tão grave que faz com que as mulheres se prendam em relações vazias e, em muitos casos, abusivas e tóxicas... A vulnerabilidade vai exigir segurança em ser quem somos e o autoconhecimento é a base dessa segurança. Ele nos permite dizer: 'Eu sou suficiente, minhas emoções são válidas e eu mereço estar em um relacionamento onde posso ser eu mesma.' Exercitar o autoconhecimento não é um processo linear. Na verdade, ele nunca acaba, já que estamos em constante mudança. Nesse caminho, além da terapia, o que me ajudou foi ter um diário em que anotava como me sentia e reservar momentos para refletir a respeito dos meus padrões emocionais, de tudo aquilo que vinha sentindo, do que havia anulado em mim e como eu também me colocava de forma disfuncional nas relações. Foi fundamental aprender a me perdoar pelos erros do passado e a cultivar a autocompaixão... Quando nos conhecemos de verdade, deixamos de ver os relacionamentos como uma fonte de validação e começamos a enxergá-los como uma possibilidade de crescimento, de definição de limites, de ajuda quando precisamos e apoio oferecido sem nos sobrecarregar... Quando estudamos psicologia, entendemos que a nossa identidade e senso de ser e valor depende muito do que aprendemos sobre nós mesmos. Uma vez que o que aprendemos tem a ver com repúdio, a desvalorização e a vergonha dos nossos atributos físicos, como conseguiremos gostar do que vemos? E como conseguiremos adotar um bom autoconceito? Precisamos ver pessoas parecidas conosco, precisamos de referências, de alguém que nos diga que não há nada de errado com a gente... A vulnerabilidade não nos enfraquece; ela nos aproxima. Quando nos permitimos ser humanas, imperfeitas, criamos espaço para que outras pessoas também se sintam seguras para serem quem são. E é assim que começamos a tecer redes de apoio verdadeiras... Nosso cérebro é naturalmente inclinado a detectar ameaças e falhas, o que pode levar à autocrítica excessiva. No entanto, a autocompaixão pode nos ajudar a ativar um sistema emocional de segurança e calma, substituindo a voz crítica por uma voz acolhedora e essa é uma habilidade que pode ser treinada, por meio de práticas como meditação, visualizações e escrita compassiva. A compaixão é uma escolha de enfrentar nossa dor com amor, em vez de medo. A compaixão não nega a dor, mas nos convida a acolhê-la com coragem, reconhecendo que somos humanas e merecedoras de cuidado. Não é um consolo, é um caminho para a liberdade..."
Esse livro ensina, de uma maneira didática e simples, como podemos nos apaixonar das nossas emoções e fazer delas nosso guia para entendermos nossas angústias, desconfortos e sentimentos incômodos. Vale demais a leitura