A cerca de 45 quilômetros ao sul de Valparaíso, no Chile, está Isla Negra, uma região costeira onde um conjunto distinto de rochas escuras emerge junto ao mar. A paisagem de beleza selvagem e singular despertou a paixão do poeta chileno Pablo Neruda, que decidiu instalar ali sua terceira casa. Em Isla Negra, o poeta passou seus últimos dias ao lado da esposa Matilde Urrutia e nessa terra os dois estão enterrados.
Comprada de um marinheiro, a casa foi sendo ampliada e decorada com esmero. As bandeiras, as âncoras, as carrancas, as garrafas e os peixes escolhidos por Neruda contam uma história e constroem o misticismo de seu lar mais querido. O mar, sempre à vista, é algo entre amigo, inquilino e vizinho, e a maresia empresta à região certa magia. Nestas páginas, todos esses companheiros - os naturais e os criados pelo artífice humano - são transformados em poesia pelo gênio de Pablo Neruda.
Para ilustrar a “casa na areia”, estão as fotografias de Luis Poirot, fotógrafo e amigo de Neruda, que a retratou com grande delicadeza e sensibilidade. São imagens que ficaram escondidas por décadas, salvaguardadas da ditadura militar de Augusto Pinochet, até finalmente serem reunidas para esta belíssima edição.
Uma casa na areia é uma ode à casa, ao mar e à poesia, escrita por um dos maiores poetas de todos os tempos, Pablo Neruda.
Pablo Neruda, born Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto in 1904 in Parral, Chile, was a poet, diplomat, and politician, widely considered one of the most influential literary figures of the 20th century. From an early age, he showed a deep passion for poetry, publishing his first works as a teenager. He adopted the pen name Pablo Neruda to avoid disapproval from his father, who discouraged his literary ambitions. His breakthrough came with Veinte poemas de amor y una canción desesperada (Twenty Love Poems and a Song of Despair, 1924), a collection of deeply emotional and sensual poetry that gained international recognition and remains one of his most celebrated works. Neruda’s career took him beyond literature into diplomacy, a path that allowed him to travel extensively and engage with political movements around the world. Beginning in 1927, he served in various consular posts in Asia and later in Spain, where he witnessed the Spanish Civil War and became an outspoken advocate for the Republican cause. His experiences led him to embrace communism, a commitment that would shape much of his later poetry and political activism. His collection España en el corazón (Spain in Our Hearts, 1937) reflected his deep sorrow over the war and marked a shift toward politically engaged writing. Returning to Chile, he was elected to the Senate in 1945 as a member of the Communist Party. However, his vocal opposition to the repressive policies of President Gabriel Gonzalez Videla led to his exile. During this period, he traveled through various countries, including Argentina, Mexico, and the Soviet Union, further cementing his status as a global literary and political figure. It was during these years that he wrote Canto General (1950), an epic work chronicling Latin American history and the struggles of its people. Neruda’s return to Chile in 1952 marked a new phase in his life, balancing political activity with a prolific literary output. He remained a staunch supporter of socialist ideals and later developed a close relationship with Salvador Allende, who appointed him as Chile’s ambassador to France in 1970. The following year, he was awarded the Nobel Prize in Literature, recognized for the scope and impact of his poetry. His later years were marked by illness, and he died in 1973, just days after the military coup that overthrew Allende. His legacy endures, not only in his vast body of work but also in his influence on literature, political thought, and the cultural identity of Latin America.
Estava à espera de poemas mas não é bem disso que se trata. Na maioria são pequenos textos de homenagem que Neruda dedicou à sua casa refúgio na Isla Negra, aos objetos que foi reunindo ao longo dos anos na construção e decoração - uns foram trazidos pelas marés, outros foram ofertas de amigos, mas todos estão envolvidos em histórias curiosas. As pessoas com quem conviveu, o fascinio que sentia pelo mar, até as pedras da praia, a tudo e todos manifestou a sua admiração. Escritos numa linguagem sentimental e poética, transpira deles o carinho de quem os escreveu.
Gostei tanto da sua ideia de gravar nas traves de madeira do tecto, os nomes dos amigos mortos...
Pablo Neruda (1904 – 1973) e as suas três casas - Isla Negra, La Chascona (Santiago do Chile) e La Sebastiana (Valparaíso) – a areia e as plantas, o Prémio Nobel da Literatura em 1971 e o portão fechado a cadeado na Isla Negra, a casa como refúgio repleta de recordações de amigos mortos, os homens do mar, os barcos e os veleiros, a solidão tempestuosa, a bandeira e a âncora, o mar, o mar, o mar… A poesia e a prosa de Pablo Neruda numa simbiose quase perfeita, pura e suave, dominada pelo amor e pelo mar…
“O mar E continuam a mover-se as ondas, o canto e o conto, e a morte! … Suave linha do beijo fugitivo … da onda, … do oceano, … do amor errante, … junto aos lábios do mar, … depois entre a boca e boca o mar eterno, … pelo amor … Canta e bate o mar, não está de acordo. Não o amarrem. Não o encerrem. Está ainda a nascer. Rebente a água na pedra e abrem-se pela primeira vez os seus infinitos olhos. Mas já de novo se fecham, não para morrer, mas para continuar a nascer.”
Quando se fala das casas de Pablo Neruda, fala-se de Isla Negra, La Chascona, da casa de Valparaíso. São casas-barco de onde se vê o mar, porto seguro do poeta chileno. Parecem-se umas às outras e não se parecem às outras casas. Em todas há objetos recolhidos entre os sete mares, mercados, antiquários. São uma ode às coisas simples. Uma Casa na Areia é um conjunto de maravilhosas poesias, escritas como só Neruda sabe escrever.
Surely I read some Neruda in college but I no longer get into poetry much. I own this book and where I got it, no idea. But it's the Time of Covid and time to read books on my shelf! It's short and in both English and the original Spanish, all good for me! It's all about the ocean, the nature by the ocean and in the ocean, and stuff like the statues on the front of ships. Neruda seemed to be a collector of parts that would remain after shipwrecks on Isla Negra in Chile where he had a home. He'd drag them home, or he'd find parts planted in local gardens and clean them up and put them on his mantle. The language of the poetry is lovely and challenging, and the English translation is poetic interpretations of his vague sentiments. Well worth a read!
one of my most fav books ever. the poems are totally ocean and the pictures of nerudas house, excellent. Read this book at the beach at puerto pinasco mexico. Perfect beach reading.
Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto (1904 / 1973), mundialmente conhecido pelo pseudônimo que mais tarde virou nome legal – Pablo Neruda - foi um poeta, diplomata e político chileno que ganhou o Prêmio Nobel da Literatura em 1971. Marxista apaixonado foi perseguido em função de suas convicções e se imortalizou com obras como “Canto geral”, “Os versos do capitão” e “As uvas e o vento”. O grande Gabriel García Marques (1927/2014), escritor, ativista político e jornalista colombiano, também ganhador do Nobel em 1982 disse o seguinte sobre Pablo Neruda:
“O maior poeta do século XX, de todos os idiomas”.
Viveu, trabalhou, criou e amou intensamente e sua morte, ocorrida em 1973 até hoje é lamentada até por que existe a suspeita (para muitos mais do que uma suspeita) de ele foi vítima de uma conspiração a cargo do governo Pinochet (1973/1990) que o teria assassinado com a inoculação de uma bactéria mortal quando ele se submeteu a um exame para avaliar um problema que tinha na próstata num hospital de Santiago, capital do Chile. Um dos refúgios prediletos do poeta se localizava a cerca de 45 quilômetros de Valparaíso, no Chile exatamente em Isla Negra, um conjunto algo inóspito e paradisíaco de rochas escuras junto ao mar. Nesse local Pablo Neruda residiu ao lado de sua esposa Matilde e de seus livros, carrancas, âncoras, discos, quinquilharias e quetais. Ele e a esposa estão lá enterrados e lá descansam em paz. Enaltecendo a casa, o local em que ela existe e tudo o que lá havia o poeta elaborou delicados e marcantes poemas e textos que estão reunidos nesse ótimo “Uma casa na areia” sendo que este volume, organizado pelo clube de leitura TAG conta com o “auxílio luxuoso” das charmosas fotos de Luiz Poirot, fotógrafo chileno, nascido em 1940, que as registrou em 1969/1970 e que ficaram escondidas por décadas em função do temor de que a ditadura de Augusto Pinochet pudesse destruí-las e da ótima tradução de Josely Vianna Baptista, curitibana nascida em 1957, poeta, tradutora e escritora. A leitura de “Uma casa na areia” é gratificante e extremamente relaxante. Quase dá para sentir o cheiro do mar e o frescor do vento que o poeta tanto apreciava. Vale a pena transcrever trechos da lavra do mestre de forma a entender todo o amor que ele dedicava a seu refúgio especial:
“O oceano pacífico transbordava do mapa. Não havia onde colocá-lo. Era tão grande, desordenado e azul que não cabia em nenhum lugar. Por isso o deixaram diante de minha janela”.
“Canta e golpeia o mar, não está de acordo. Não o amarrem. Não o encerrem. Ainda está nascendo. A água estoura na pedra e seus infinitos olhos se abrem pela primeira vez. Mas se fecham de novo, não para morrer e sim para continuar nascendo”.
Ótima pedida para conhecer ou para apreciar ainda mais o trabalho de um grande mestre.
A Casa na areia é uma colectânea de poemas que transborda carinho e ternura a partir das vivências e sentimentos de Pablo Neruda. Para além de retratar as paisagens e as pessoas, Neruda desenvolve uma relação misteriosa entre o individuo e a natureza como ele a sente e vê na sua Isla Negra. O autor usa como elemento principal o mar que descreve o eterno, a imensidão e a força com que todo o sujeito vive. Através do folclore, metáforas, hipérboles e outras analogias, a falta de controlo do individuo é expressamente demonstrado ao longo do livro.
"O Oceano Pacífico saía do mapa. Não havia onde pô-lo. Era tão grande, desordenado e azul que não cabia em sítio nenhum. Por isso o deixaram em frente da minha janela"
é bonito ver o neruda em seu habitat natural. essa coletânea de textos é singela, anotações dele sobre isla negra, onde morou com a esposa muitos anos. além de descrever belamente a fauna e flora do lugar, também fala de outros visitantes, humanos e não-humanos. é um janela diferente da escrita desse imortal, que encanta da mesma forma que seus poemas. lindo mesmo, encantada com a naturalidade poética que ele tem, mesmo sem provavelmente tentar tanto.
Lindamente escrito, belíssima prosa, e imagens magicamente pintadas na minha mente sobre a casa na areia - pra além das fotos de Luis Poirot. Só perde meio pontinho, quiçá menos, pelo tanto de descrição das carcaças/caraças colecionadas. Mas que quero visitar o Chile e fazer uma excursão pelas três casas do Neruda, eu quero demais.
"Nestas solidões fui poderoso"!!! Quem não tem vontade de largar tudo e morar num paraíso isolado! Algumas passagens parece uma descrição quase Tolkiena , outros poemas cheios de magia. Meu favorito foi "la sirena".
** (…) na verdade, ninguém sabe como se chama a epiderme da gente, a pele da orelha: a tez que rodeia teu umbigo não tem nome: e essas vegetações castigadas pelo vento salobre são a pele e a epiderme do território marinho. **
" E então, se viver foi somente antecipar-se à terra, a este solo e à aspereza, livre-me, meu amor, de não conseguir, e me ajude a voltar a meu posto sob a terra faminta."
É um livro bonito, de uma simplicidade e, ao mesmo tempo, de uma riqueza incríveis. Vai e vem entre singeleza e profundidade como o mar q Neruda pinta em seus textos. Ainda assim, discordo de Gabo qdo diz q Neruda é "o maior poeta do século XX de todos os idiomas". Neruda é um poeta dos maiores, mas ... de todos os idiomas significaria deixar para trás Pessoa, Yeats, Eliot, João Cabral, Manoel de Barros, etc etc. Amo Neruda, mas ele está, para mim, no nível de alguns desses e um milímetro atrás de outros.
This is a beautiful poetry collection from Pablo Neruda. I read it for the BookRiot Read Harder Challenge 2017. Read a poetry collection translated with a theme other than love.
Neruda is surely Chile's finest poet but I was a little disappointed with the translation. It was a bit awkward and stiff. I liked his Machado translation better.