Neste romance o leitor viaja com Damião de Góis pela Europa do segundo quartel do séc. XVI e conhece o Portugal contraditório da glória dos descobrimentos, dos primeiros sinais da decadência e dos começos da Inquisição.
Venha, leitor, a Antuérpia, à feitoria portuguesa, ver junto ao Esclada a faina do embarque e desembarque das mercadorias.
Dê um salto a Londres conversar com Henrique VIII e com Tomás Morus. Vá de jornada à Dinamarca, passe em Vitemberga a almoçar e merendar com Lutero e Melâncton.
Em Gdansky conheça os mercadores da Hansa, assista, no porto, ao carregamento de mastros das florestas do norte para as naus portuguesas, ouça Góis falar sobre o Preste João e sobre a infeliz sorte dos Lapões com o bispo de Upsala, João Magnus Gotus e seu irmão Olau...
Regresse à Flandres, matricule-se na universidade de Lovaina e, ao defendê-la de um cerco de tropas francesas, seja feito refém só resgatável a peso de ouro... E regresse à pátria para ser perseguido por ter amor à verdade e para ser finalmente acusado ao Santo Ofício, preso nos cárceres da Inquisição, inquirido sobre a sua consciência na sala das perguntas dos Estaus...
De caminho, aprecie os amores de Magda e Lena, o casamento com Joana, navegue no Mar do Norte, defenda-se valentemente do assalto de bandidos nos bosques da Lituânia, assista aos banhos públicos em Basileia, resguarde-se das prostitutas da cidade, que um dos seus pajens apanhou o morbus galicus... Ou, no sossego do seu estúdio, embale-se com os amigos executando e cantando madrigais polifónicos...
Acima de tudo isto, medite com os grandes pensadores da época nos essenciais problemas da fé e do destino do homem... E, já que tem o privilégio de estar no início do século XXI, faça o balanço e verifique se a humanidade tem, de então até hoje, feito progressos ou não...
FERNANDO DA SILVA CAMPOS nasceu em Águas Santas, Maia, a 23 de Abril de 1924. Licenciou-se em Filologia Clássica na Universidade de Coimbra, vindo a trabalhar como professor do ensino secundário no Liceu Pedro Nunes. Para além de algumas obras didácticas e pequenas monografias de carácter etimológico, é autor do romance histórico A Casa do Pó (Prémio Literário Município de Lisboa, 1986), que o consagrou, inspirado na figura de Frei Pantaleão de Aveiro, na linha de uma tradição romanesca que vem do século XIX. Depois das novelas O Homem da Máquina de Escrever (1987) e Psiché (1987), publicou o ensaio etnográfico Portugal (1989) e os romances O Pesadelo de dEus (1990), de carácter fantástico, regressando à inspiração histórica com A Esmeralda Partida (1995, Prémio Eça de Queiroz), sobre a vida de D. João II, A Sala das Perguntas (1998), o livro de contos Viagens ao Ponto de Fuga (1998), A Ponte dos Suspiros (2000), … Que o Meu Pé Prende… (2001), O Prisioneiro da Torre Velha (2003), O Cavaleiro da Águia (2005), A Loja das Duas Esquinas (2009), A Rocha Branca (2011, finalista do Prémio do Pen Clube Português de Narrativa) e Ravengar (2012). Em 1997 foi eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa. Faleceu em Lisboa, a 1 de Abril de 2017.
Un historien sérieux lors d'une conférence sur Damiao de Gois à Alenquer nous a conseillé ce livre, car, dit-il, contrairement à la plupart des romans historiques, celui-ci suit à la lettre la vérité historique, se basant sur les documents existants, mais évidemment avec la facilité de lecture d'un roman avec ses extrapolations pour le rendre lisible. Un livre passionnant, tout comme la vie de Damiao de Gois, à travers l'Europe du XVIème siècle. Un portugais un peu difficile cependant, il faut vraiment bien connaître la langue pour en profiter pleinement. Vivant moi-même à Alenquer, ayant étudié à Louvain comme Damiao de Gois, c'était un livre indispensable pour moi que je recommande vivement.
Damião de Góis, humanista e perseguido pela Inquisição, podia afinal ter outra identidade, o que determinou a sua vida. Este é um romance histórico cheio de vocabulário delicioso, e talvez dos primeiros romances históricos sobre Damião de Góis. Agora reli-o num exemplar meu, saído de um alfarrabista. É pena não estar disponível no mercado.