Clássico da ficção nacional, publicado originalmente em 2005, Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios faz vinte anos e ganha nova edição com posfácio da crítica Eliane Robert Moraes e um texto especial do autor
Numa cidade do Pará à beira de uma corrida do ouro, o fotógrafo Cauby se envolve em uma história de amor clandestino com a sedutora Lavínia. Tendo por pano de fundo os conflitos entre garimpeiros e uma mineradora, o desfecho da história se anuncia desde as primeiras dado a premonições sombrias sobre o próprio destino, o fotógrafo trata de cumpri-lo à maneira dos personagens trágicos.
Nas mãos de Marçal Aquino, no entanto, esse caminho nunca é percorrido sem surpresas. Se a trama tem elementos da tragédia, com seus heróis movidos por forças que não conseguem controlar, a maneira como é narrada afasta qualquer previsibilidade.
O livro é uma vertiginosa e acidentada história de amor, nascida num ambiente hostil a qualquer manifestação de delicadeza. Cercada por episódios de loucura e brutalidade, a sedução emerge como o mais arriscado dos jogos. Entregar-se a seus caprichos e normas, tão rígidos quantos os que regem a vida do submundo, pode ser a prova mais difícil da vida de um homem. Aquela que, nas palavras do próprio Cauby, acaba definindo a sua "Quero saber quantos tiveram a coragem de ir até lá. De encontro ao fim. Eu tive".
Marçal Aquino nasceu em Amparo, no interior paulista. É jornalista, escritor e roteirista de cinema e de televisão. Publicou, entre outros livros, o volume de contos O amor e outros objetos pontiagudos, pelo qual recebeu o Prêmio Jabuti, e o romance Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios. Atuou como roteirista de filmes, como Os matadores, O invasor e O cheiro do ralo. Seu trabalho está publicado na Alemanha, Espanha, França, México, Portugal e Suíça. É autor do conto “Balaio” na coletânea Eu sou favela, título inaugural da Editora Nós.