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Atos de Desobediência

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O romance de estreia de Glória Brito foi aclamado pela crítica e adorado pelos leitores. O sucesso, porém, não se repetiu. A escritora está agora perto dos quarenta anos e começa a questionar o seu talento e o seu lugar no mundo. O medo instala-se.
Viver era mais simples no bairro onde cresceu, um tempo em que se sentia livre e a sua família ainda estava completa. Já não é assim. Glória abandonou o bairro, embora a sua memória teime em levá-la para lá. A liberdade não cumpriu a sua promessa de plenitude. A destruição da família alterou a sua relação com os outros e consigo mesma.
A única constante na sua vida é Lúcia, uma amiga que insiste em arrancá-la à solidão, mesmo quando Glória resiste. Serão as palavras crípticas de uma voz do seu passado a abalar essa resistência. Quem sabe, talvez o livro que precisa de escrever já esteja escrito.
Atos de Desobediência explora a intimidade feminina, as relações entre mulheres e homens, entre gerações e classes sociais, numa celebração tão apaixonada quanto crítica da literatura e da arte.

352 pages, Paperback

First published September 9, 2025

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386 people want to read

About the author

Helena Magalhães

8 books2,019 followers
Helena Magalhães nasceu em 1985 em Lisboa e tem-se dedicado ao jornalismo e à escrita. Começou pela imprensa feminina, passou para o digital e encontrou o seu lugar na literatura. Em 2017 lançou o seu primeiro livro, Diz-lhe Que Não, uma sátira às relações modernas que se tornou um fenómeno nas redes sociais. O seu objetivo de vida? Colocar a geração digital a ler mais. Criou um Book Gang no Instagram para incentivar os portugueses a voltarem a apaixonar-se pelos livros. Freelancer e storyteller, colabora para alguns jornais, cria histórias para marcas e empresas e escreve no seu blogue.

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5 stars
76 (39%)
4 stars
75 (38%)
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33 (17%)
2 stars
9 (4%)
1 star
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Displaying 1 - 30 of 42 reviews
Profile Image for Maria Isaac.
Author 5 books512 followers
September 1, 2025
Privilégio de amiga, consegui "conhecer" a Glória antes de ela sequer chegar ao papel, e quando por fim a sua voz deu vida a esta história, era como se já fossemos velhas conhecidas.
Ao terminar este livro fiquei com a sensação boa de que a H.M. tinha finalmente conseguido escrever o livro que sempre quis escrever. Atos de Desobediência herdou o melhor de todos os livros anteriores: a energia do Raparigas Como Nós, a crítica contestatária do Ferozes e a complexidade humana do Devastação.
Profile Image for Susana Velho.
Author 5 books541 followers
September 14, 2025
Helena Magalhães apresenta com Atos de Desobediência um romance íntimo, maduro e reflexivo que reconfigura a forma como olhamos o mercado literário, a criatividade, e o próprio lugar da mulher-artista no mundo.

Os dilemas de Glória são palpáveis, sustentados por imagens de um quotidiano que muitos reconhecerão, como o bairro da sua infância, as pequenas discussões e crises familiares, a vida artística que se ressentiu. A autora conduz o leitor por um caminho real carregado de emoção e honestidade.

Atos de Desobediência é um livro urgente e necessário. Através de uma escrita madura, perspicaz e profundamente empática, Helena Magalhães constrói não apenas a jornada de uma escritora que questiona o seu lugar, mas também nos oferece um espelho onde o leitor pode ver desejos contidos, medos, e, sobretudo, um apelo à liberdade criativa que seja fiel à própria essência. É um livro que tem muito de tudo: de sentimento, crítica, feminismo, literatura, e que se lê com o coração e a cabeça atentos, prontos a ser abalados.
Profile Image for Andreia Machado.
212 reviews16 followers
September 23, 2025
"(...) mas não interessa o que é real ou ficção, está aqui tudo, a vulnerabilidade, a perda, o desassossego, mas também a coragem, a aceitação, o perdão."

Começo com este pequeno excerto porque sinto que ele contém, em si, a essência do livro.
A Helena deixou-se inteira nestas páginas: sem medo, com uma coragem quase desmedida e uma ousadia que só nasce de quem tem urgência em dizer.
E, de facto, pouco importa se é ou não ficção. Porque tudo o que aqui se lê acontece, todos os dias, com meninas e mulheres reais, em todos os lugares.

Glória é uma protagonista que carrega em si muitas vozes: as de escritoras que a autora evoca, mas também a sua própria. É impetuosa, mas, ao mesmo tempo, auto-sabotadora; sofre em silêncio e habita uma solidão povoada de fantasmas antigos. Para sobreviver, afastou-se da dor, mas nunca da marca que ela deixou. O sentimento de insuficiência acompanha-a como uma sombra constante.

As páginas soam quase como uma expiação: Glória enfrenta as suas feridas, revisita memórias e entrelaça dores com pessoas e relações.
As vozes femininas, aqui, são poderosas e inesquecíveis. Recordar-me-ei por muito tempo de Glória, da mãe e da avó, três gerações a reinventar-se contra o tempo, mas também de Lúcia, Teresa, Ana Clara, Isabel e Beatriz Rosa. Cada uma delas transporta a força e a fragilidade de um universo que se sustenta na partilha.
A sororidade é um fio condutor, subtil mas intenso. Há distância, incompreensões, rivalidades, frutos de silêncios impostos e de inseguranças moldadas por padrões sociais misóginos, que se repetem e enraízam. Mas há também resistência, quebra de regras, reconciliação. Há mulheres que ousam desfazer o que parecia imutável.

A autora reflete ainda, por várias vezes ao longo da trama, sobre literatura, com inúmeras referências a livros e autores, e oferece-nos uma crítica literária mordaz, sem papas na língua, ao mercado editorial. A hipocrisia é exposta sem rodeios, num tom que pode ser impróprio para cardíacos. O humor, sagaz e sarcástico, é sublime; a aproximação ao ensaio literário é evidente, com nuances de sátira e inspiração em acontecimentos que poderão (ou não) ser reais.

É um livro que nos arrasta para dentro dele, que nos prende e sufoca em muitos momentos, que nos desarma sem aviso. Um livro feito de silêncios que, afinal, são gritos.
A escrita de Helena é crua, direta, certeira. Nada me preparou para o impacto destas páginas: chorei, revoltei-me com a sociedade, com os homens, com a injustiça daquilo que as mulheres carregam desde sempre. E senti, acima de tudo, o peso e a solidão coletiva de uma luta que, apesar de antiga, ainda não terminou.

Brilhante, visceral, soberbo!
Que sejamos sempre, desobedientes!
Profile Image for Irina Fernandes.
153 reviews7 followers
December 26, 2025
Um sólido 4,5 ☆em Atos de Desobediência, onde a Helena prova, mais uma vez, o que sabe fazer. Um livro arrojado, com uma escrita nua e crua e os temas pertinentes do costume. Foi a Glória a minha personagem feminina favorita neste romance? Não. Foi a sua avó, que era a maior de todas. 🫠 Recomendo a leitura.
Profile Image for Miguel d'Alte.
Author 4 books232 followers
September 20, 2025
Um romance cheio de coração e sátira, complexo, belo, como a literatura deve ser (e é cada vez menos). Glória Brito é tão real que agora vou querer ler todos os livros dela. Parabéns por este grande livro, Helena Magalhães.
Profile Image for Rute Lourenço.
3 reviews1 follower
September 14, 2025
Atos de Desobediência quebrou-me. É o livro mais maduro, mais profundo, mais cru e verdadeiro da Helena, em que somos confrontados com o percurso da Glória, uma autora a tentar encontrar-se no meio do pântano que pode ser o mercado editorial português, ao mesmo tempo que tenta fugir à sua própria solidão, lidar com as suas dores, expurgá-las, numa jornada de busca interior muito forte, na qual é impossível não nos revermos. Há partes muito duras, que nos fazem sentir aquelas mágoas como nossas, mas outras com um humor refinado que adoro, e que me fizeram rir muito. No fim, é uma narrativa com muita coerência, muito forte, com personagens bem construídas, e em que vemos todo o trabalho, o empenho e a evolução da Helena. Bravo!
Profile Image for Gabriela.
26 reviews2 followers
September 13, 2025
“O que foi isto?”, perguntou-me, os lábios a abrirem-se num sorriso.
“Daqui a uns tempos”, respondi-lhe, “provavelmente vamos ver que foi uma contusão.”

Não encontro imagem mais certeira para descrever o impacto que Atos de Desobediência, o quarto romance de Helena Magalhães, teve em mim. Chamar-lhe contusão pode soar depreciativo, mas apenas a quem não o ler. Quem se aventurar nestas páginas (e peço-vos, façam-no!) compreenderá imediatamente o que quero dizer.

Este livro é um mergulho íntimo e perturbador na vida de Glória Brito, uma escritora atravessada pelo peso da memória, pela fragilidade das relações e pela exigência quase cruel da criação artística. Atos de Desobediência não é apenas um romance sobre a crise de uma autora; é, sobretudo, uma reflexão sobre o que significa existir entre a solidão e o desejo, o trauma e a descoberta de si.

Um dos méritos mais notáveis da obra é a coragem com que enfrenta temas tantas vezes silenciados: o luto, a violência, a dissolução da família, o abuso sexual e a solidão que consome. Mas Helena não os trata como meros elementos de dor. Ao contrário, transforma-os em matéria literária, devolvendo-lhes uma dignidade que convida ao diálogo e à reflexão sobre as nossas próprias vulnerabilidades.

O amor à literatura pulsa em cada página. A escrita surge como redenção, mas também como prisão; como libertação do passado e, simultaneamente, como espaço de medo e incerteza. Helena equilibra este paradoxo com mestria, oferecendo uma homenagem crítica à arte, sem nunca a idealizar. É, aliás, dessa recusa em romantizá-la que nasce a força maior do livro: a coragem de expor as feridas, apontando o dedo — sem concessões — ao que há de mais podre, chauvinista e elitista no mercado literário português. Alguém tinha de o fazer, e só uma Helena, feroz e indomável, teria ousadia suficiente para o assumir.

O feminismo aqui não é ténue: é assumido, reivindicado e enraizado numa genealogia literária que evoca as vozes de Virginia, Joan, Sylvia, Anaïs, Maria Teresa e Adília. Esta constelação de referências não é ornamento; é alicerce. Mostra-nos que Helena sabe de onde vem e, mais ainda, para onde deseja seguir. E arrisco afirmar, sem reservas, que Atos de Desobediência é a sua chegada — talvez o mais ousado dos seus gestos até hoje.

A complexidade de Glória Brito é outro dos trunfos do romance. Não é perfeita, não é absolutamente falível: é humana. E que refrescante é encontrar uma personagem assim, com quem é tão fácil identificar-nos. O romance com Fernando, longe de ser mero adorno narrativo, inscreve-se com força na trama, tornando-se catalisador tanto da queda como da ascensão de Glória. Num mundo onde os homens parecem repetir, geração após geração, padrões de abuso, usurpação e abandono do corpo feminino, essa relação ganha dimensão de metáfora. Talvez quebrar o ciclo seja uma utopia, ou até uma impossibilidade. Mas é precisamente nesse espaço de tensão que nascem as angústias de Glória — e é também aí que reside o seu mais íntimo gesto de insubmissão. A vida, como a literatura, exige dançar ao ritmo da música; Glória aprende, com coragem, a encontrar o seu compasso. E talvez seja esse, afinal, o seu mais profundo ato de desobediência.

E no fim, sobra algo que atravessa toda a obra: a escrita de Helena. Mais uma vez, supera-se. Desde o seu primeiro livro que a sinto crescer, e este é talvez o ponto mais alto dessa ascensão. Helena escreve a partir de um lugar de conhecimento e experiência íntimos, e isso é raro num tempo em que tantas páginas se gastam com vozes que pouco ou nada sabem dos temas que abordam. Essa autenticidade é a verdadeira marca deste romance. A escrita salva, é certo — mas a leitura abre portas. E Helena possui a generosidade — e a ousadia — de as escancarar diante de nós.
Profile Image for Gabriela Couto.
142 reviews5 followers
September 29, 2025
45/50

⭐️ 5.0 ⭐️

Apesar de o livro ter sido lido durante um reading slump gigante, um livro da Helena é sempre um livro da Helena. Meaning - é um livro poderoso e atual, que mistura coragem, vulnerabilidade e reflexão crítica sobre o que significa ser mulher hoje. A leitura é fluida, intensa e transformadora, deixando-nos com vontade de questionar mais, de agir mais e de viver com mais autenticidade.
Profile Image for Matilde Mateus.
139 reviews
desisto
December 3, 2025
desisto a 16%
parece-me mais uma obra pretensiosa, com o objetivo de chocar o leitor em vez de construir uma narrativa sólida com personagens realistas e bem construídas.
Profile Image for Ana Almeida.
7 reviews5 followers
September 25, 2025
Atos de Desobediência é a prova tangível do porquê ser tão importante haver mulheres a escrever sobre mulheres. Aqui, as mulheres não são um veículo que serve o propósito do homem glorificado. Aqui, elas são a história, narrada na sua voz, olhando para dentro e fora delas, vendo e sentindo tantas coisas em comum com as mulheres que as lêem.

Tal como observado nas obras de Virginia Woolf, Sylvia Plath, Maria Teresa Horta, e tantas outras que irão ver mencionadas ao longo deste livro, é-nos dada a experiência individual de Glória, tornando-a assim universal. Tantas das dores dela(s) são as dores de todas nós.

Uma história sobre as coisas que têm o poder de nos destruir, mas, sobretudo, sobre o que nos faz erguer de novo. Sobre família, o poder da amizade feminina, a importância da comunidade, a salvação dos livros e a catarse da escrita. Sobre uma escritora, mas acima de tudo, uma mulher, a tentar encontrar-se nos escombros daquilo que um dia já foi.

A escrita da autora portuguesa tem a capacidade de nos emocionar, revoltar, de, em suma, nos fazer sentir. As coisas são contadas como são, sem floreados ou medo de colocar o dedo na ferida, mostrando-nos a sua capacidade sensível e perspicaz de entender o mundo. Encontramos um inconformismo, inteligente e mordaz, mas, também, uma vulnerabilidade que nos irá deixar muitas vezes sem chão.

Helena, o legado da desobediência está bem entregue nas tuas mãos.
Profile Image for Cátia Jorge.
51 reviews6 followers
December 3, 2025
Não há dúvida de que é um romance arrojado, corajoso e atrevido que convida o leitor a viajar pelos labirintos da cabeça de uma mulher nas diversas fases da sua vida. A inocência roubada, os desejos por cumprir, as expectativas defraudadas e o tempo que vai escorrendo entre os dedos como um punhado de areia ressequida.

Uma agenda que ficou por cumprir, como se a missão de qualquer mulher lhe fosse atribuída à nascença: ser obediente, educada, ter boas notas, não envergonhar os pais, casar, ter filhos e, evelhecer resignada.

Mas Glória não encaixa neste perfil porque cedo aprendeu que nenhum homem merece a sua confiança, nem mesmo o seu pai. Glória não imagina um futuro com filhos, barriga flácida e seios caídos como os das suas amigas de liceu. Glória só deseja sair do bairro onde cresceu, tornar-se escritora e ver a sua obra reconhecida, enquanto, pela sua cama, vão passando alguns homens casados, cujas promessas vazias não chegam para alimentar qualquer esperança.

É na busca incessante pelo amor e nos momentos de solidão que, por vezes, Glória questiona as suas escolhas e convicções. Será mesmo feliz na sua independência ou, no seu íntimo, inveja, de alguma forma, a vida das suas amigas casadas e cheias de filhos?

Quanto à sua carreira literária✒️, depois do sucesso do seu primeiro romance, Glória rapidamente se desencanta com o mundo que a rodeia. As desigualdades de género e o estigma de que os livros escritos por mulheres são fúteis e superficiais justificam o facto de os prémios mais prestigiados e os convites mais cobiçados estarem reservados apenas para os homens.

Arriscaria dizer que Glória exorciza os fantasmas mais antigos da 𝗛𝗲𝗹𝗲𝗻𝗮 𝗠𝗮𝗴𝗮𝗹𝗵𝗮̃𝗲𝘀 , expondo os seus próprios ressentimentos e feridas do passado e gritando bem alto o feminismo que lhe conhecemos. Acredito que haja neste romance muitas passagens autobiográficas e estou certa de que a desobediência de Glória também vive na Helena.

Gostei!
Profile Image for Rosa Ana Pato.
2 reviews
September 16, 2025
É o primeiro livro que escrevo uma avaliação e só podia começar com a Helena Magalhães.
Deixou o meu coração destruído quando li o Raparigas, li o Ferozes e ele é um favorito da vida ao qual volto constantemente... Li o A Devastação completamente presa ao que a Helena escreve e percebi que a ia seguir para onde fosse. Porque se há coisa que ela faz é escrever sem medo. E o que nos trouxe agora com este Atos de Desobediência é muito mais do que podíamos pedir e mergulhou mais fundo para entregar tanto dela. Senti, em tantas vezes, que a Glória era um bocadinho eu, um bocadinho de mim. Que estava a ver uma personagem escrita que tinha laivos de dor e a familiaridade dessa dor é a de quem sabe conviver com as profundezas da vida. De quem questiona o mundo e se questiona a si mesma de forma constante através de uma escrita limpa, clara e cheia de referências a mulheres escritoras que fizeram um caminho sem o qual não estaríamos tão bem posicionados.
E a forma como todas as mulheres da vida desta personagem central se juntam para a fazer perceber que não está sozinha, a forma como a amizade é descrita neste livro... a força do feminino é inegável. A crítica ao meio literário é aguçada e inteligente, como a Helena nos mostra quando falamos com ela. Há tanto de bom neste livro que não se vão arrepender de o ler. Sem dúvida, um dos favoritos deste ano!
Profile Image for mariana.
112 reviews3 followers
October 3, 2025
O livro que precisava de ler neste exato momento, que condensa muito daquilo que eu acredito enquanto mulher, mas também enquanto pessoa que respira arte - em todas as suas formas. Helena Magalhães presenteia-nos com uma obra madura, sagaz e audaciosa, através do fluxo de consciência de uma protagonista que, claramente, não será bem recebida por todos (o que eu particularmente adoro). Enquanto mulher, posso dizer que Atos de Desobediência descoseu e voltou a coser o meu coração vezes e vezes sem conta, conduzindo-me para sítios sombrios que jurava solitários (mas que nos assombram a todas nós). Desde o feminismo até ao panorama do mercado editorial português, passando pela força das relações femininas e traumas geracionais, foram vários os temas que tocaram bem no fundo da minha alma. Se um dia tiver a sorte de me tornar escritora publicada, espero ser um terço do que esta mulher é, e trazer para cima da mesa um terço da garra e coragem que a Helena traz em cada ato de desobediência que pratica.
Profile Image for Rita Carmelo.
54 reviews1 follower
November 6, 2025
Em Atos de Desobediência, Helena Magalhães aborda a condição feminina com uma maestria extraordinária. Sigo o trabalho da autora há anos, e este é, até à data, o meu livro favorito dela. Uma das personagens diz, a certo ponto, "tens de escrever para ti", e creio que é nesse lema que reside o brilhantismo desta obra.

Apesar de não me ter identificado com a personagem principal a vários níveis, a Glória conseguiu engolir-me para o seu mundo, e fui completamente arrebatada.

Fui especialmente cativada pela exploração das dinâmicas femininas e pela forma como a narrativa também se contextualiza no universo do mercado editorial nacional. Tem imensas nuances. Adorei o livro.
Profile Image for MónicaEntreLivros.
8 reviews1 follower
December 1, 2025
Primeiro livro que li de Helena Magalhães e estou super rendida à sua escrita. Uma escrita simples e cativante, em que acompanhamos a história de Glória, uma autora perdida quer pessoal, quer profissionalmente falando.
12 reviews1 follower
September 23, 2025
Um ritmo de pensamento intenso que a Helena descreve na perfeição. Um testemunho cru que incomoda. Um punhado de temas que a Helena varre sem piedade para fora do tapete. E que bela varridela! Um livro que não é para todos mas que todos deviam ler!
Profile Image for Cláudia Inácio | Amiga à Letra.
163 reviews21 followers
October 18, 2025
Atos de Desobediência 💘
Foi a minha estreia na escrita da Helena e posso dizer que gostei bastante.

Neste livro conhecemos Glória, que podia perfeitamente ser uma Amiga nossa de infância, ou até uma de nós.
Glória traz-nos as dores e as feridas que muitas mulheres na casa dos 40’s [como eu] passam…
A imposição da maternidade, o casamento, a família, o crescimento desde a infância numa família disfuncional e a busca do amor, através da intimidade, porque lá atrás houve muita falta desse amor, desse carinho, desse cuidado.

Vimos a busca de Glória pelo amor, porque o vazio que vive dentro dela desde a infância é gigante e ela só quer ser amada, notada e cuidada.
A luta, quase sempre eterna, para fazer as pazes com o passado… A forma como a mulher por vezes é, e se sente desvalorizada no mundo da literatura.

O capítulo mais para o final do livro, que se passa na noite de Natal com a Glória, a mãe e a avó, tocou-me muito… Aconteça o que acontecer, a família será sempre o nosso refúgio, o nosso porto de abrigo.

Ao ler a Glória, várias vezes me vi, me li a mim… uma vida tão cheia em todos os sentidos, e por vezes a solidão impõe-se e fala mais alto… é do caraças! Custa muito ver a forma como a vida passa, o tempo passa, e nós nos tornamos no membro da família e na amiga/conhecida com a vida “por completar”… porque não criamos o que para todos é considerado normal… o ter a casa com quintal, o marido, os filhos, o cão… é duro!

Mas seguimos, em frente de sorriso na cara e coração no sítio certo! Porque sim, mantemos a Fé que vai dar tudo certo, e todas as peças do puzzle se vão ajustar. Caraças, Oh se vão!
Não fossemos nós, desobedientes!

Já agora, concordo muito com a Beatriz Rosa, quando numa conversa com Glória lhe diz, “se o livro não transforma, não cumpre o seu propósito.”
Pois bem Beatriz Rosa, este cumpriu!
Glória, you rock!
“A comunhão feminina que nos salva da solidão.”
Leiam! Recomendo muito! Cláudia 🎈
Profile Image for Sofia Costa Lima.
Author 4 books127 followers
Read
November 9, 2025
Esperava notar diferença na escrita da Helena, porque não a lia desde Raparigas como Nós, mas não esperava gostar tanto deste livro. Conquistou-me, desde logo, a sátira geral e a crítica ao meio literário. Em vez de termos o habitual escritor torturado que vive à base de whisky e tabaco, temos a escritora torturada que vive à base de relações com homens casados. Diverti-me e angustiei-me em igual medida ao longo do livro: se tudo o que era crítica ao meio editorial me fazia rir, tudo o que era daquele final de relação me deixava triste. Atos de Desobediência foi uma boa surpresa, onde, para lá daquilo que podia ser um relato já muito batido da mulher que se envolve com o homem casado, se consegue entender algumas camadas interessantes que acho que tocam ali um pouco a realidade: afinal, todos criticamos, mas todos queremos fazer parte deste mundo editorial que achamos tão injusto e corrupto.
Profile Image for Filipa Santos.
97 reviews1 follower
October 22, 2025
Escrita: 4,5
Personagens: 4,5
Plot: 4,5
Originalidade: 4,5
Overall: 4,5/5

Podia ficar horas e horas a falar deste livro e do quanto gostei dele. É uma leitura que nos agarra pelo pescoço e nos sufoca com a agressividade e a escolha perfeita (!!) da estética literária pela qual a Helena optou. Uma escrita tão elaboradamente bonita, tão intensa, com uma sensibilidade e descrição que me deixaram fascinada. Nunca questionei o talento da Helena mas é impossível ficar indiferente à versatilidade das suas narrativas e das diferentes formas de transmitir as suas mensagens em simultâneo com uma imersão inacreditável com o enredo principal. Senti-me dentro da cabeça da personagem principal deste livro, a ser empurrada para dentro de uma história que não é minha mas que lia e sentia como tal. Um romance que retrata a história de uma mulher, escritora, num bloqueio criativo resultante de uma crise de identidade provocada por uma auto-reflexão dos seus defeitos e da moralidade das suas ações. Uma reflexão minuciosa sobre o feminismo, misóginia, indústria literária, processo criativo, traumas familiares, preconceitos associados à saúde mental e a todos estes temas e, consequentemente, à perpetuação de uma mentalidade retrograda e ignorante. Para mim é um livro com muito poucos defeitos. Gosto especialmente quando não se tenta romantizar a imperfeição humana, mas não se escolhe essa constatação como linha condutora única e sim como impulsionadora de algo tão bonito, tão impactante. Vai para os favoritos. LEIAM!
Profile Image for Ana.
79 reviews6 followers
October 14, 2025
Eu li este livro duas vezes na verdade tal foi o quanto eu gostei de Glória e das suas mulheres.
Maravilhoso!
Profile Image for Nelson Pradinhos .
96 reviews49 followers
December 14, 2025
Atos de Desobediência foi o meu primeiro contacto com a escrita de Helena Magalhães — e que estreia. Bastaram poucas páginas para perceber que estava perante uma autora que escreve com uma simplicidade desarmante, mas também com uma lucidez feroz, capaz de nos prender, provocar e emocionar em igual medida.

O que mais me conquistou desde o início foi a sátira certeira ao meio literário português. Helena desmonta, sem filtros, as fragilidades, os egos e as hipocrisias do mundo editorial, fazendo-nos rir daquilo que, no fundo, também nos incomoda. Em vez do cliché do “escritor torturado” que vive à base de whisky e cigarros, encontramos aqui uma escritora torturada, cuja vida pessoal se enreda numa relação com um homem casado — mas nunca de forma superficial ou previsível. A ironia e a melancolia caminham lado a lado, com um equilíbrio raro.

Ri-me com a crítica mordaz ao sistema, mas também me entristeci com o sofrimento íntimo que a protagonista carrega. Há páginas que cortam como facas. Outras funcionam como espelhos — daqueles que devolvem uma imagem que nem sempre queremos ver.

Para lá da premissa inicial, que facilmente poderia cair num território já muito explorado, o livro revela-se muito mais profundo. Entre afetos mal resolvidos, culpa, desejo e desilusão, surgem camadas de verdade emocional que tocam diretamente no que significa existir como mulher num mundo que tantas vezes nos quer pequenas, silenciosas e gratas. Há aqui uma reflexão poderosa sobre as contradições do mercado editorial: criticamo-lo, mas desejamos fazer parte dele; denunciamos a sua injustiça, mas ansiamos pelo seu reconhecimento.

Atos de Desobediência é, no fundo, uma história sobre tudo aquilo que nos destrói…
… mas, sobretudo, sobre tudo aquilo que nos faz erguer de novo.

É um livro sobre família, pertença e fragilidade; sobre o poder da amizade feminina; sobre a importância da comunidade quando o chão desaparece; sobre a salvação que existe nos livros e a catarse profunda que a escrita pode oferecer.

A protagonista é uma escritora, sim — mas, acima de tudo, é uma mulher em reconstrução. Uma mulher a tentar encontrar-se nos escombros do que restou da sua vida, da sua autoestima e dos seus sonhos.

A escrita de Helena Magalhães tem essa força rara:
faz-nos rir, irritar, sentir, reconhecer.
Não tem medo de tocar na ferida.
Não tem medo de ser honesta.
E é exatamente aí que reside o seu brilho.

Terminei o livro com o coração apertado, mas cheio — e com a certeza de que este é apenas o primeiro de muitos títulos que quero ler da autora.

Helena conquistou-me.
E acredito que conquistará qualquer leitor disposto a encarar a verdade, mesmo quando ela dói.


⭐ Classificação: 4,5 / 5
Profile Image for Alexandra Santos.
36 reviews
September 25, 2025
Já li todas as obras de Helena Magalhães e ela continua a surpreender-me. Com atos de desobediência e através da sua escrita irreverente e fenomenal, Helena desembrulha-nos a cabeça do início ao fim da obra enquanto vamos acompanhando a vida de Glória e vivendo as suas lutas enquanto escritora e sobretudo, mulher. É uma história sobre o que destrói, mas ao mesmo tempo do que nos faz erguer do desalento. É um livro mais maduro e profundo comparativamente às suas outras obras, mas sinto que é um livro que representa perfeitamente a escritora que Helena é. Posso ser suspeita mas Helena é das minhas autoras portuguesas favoritas. Com a sua escrita irreverente e única, mantém-se fiel às suas idealizações e valores e escreve sem medos. Atos de desobediência nunca poderia ter sido escrito por alguém senão Helena e isso, para mim, diz tudo. Mais um livro da Helena para os favoritos ❤️
Profile Image for Andreia Moita.
328 reviews11 followers
Read
December 30, 2025
Um manifesto ao ato de cumprir os nossos desejos, descobrir quem somos e quem temos ao nosso lado. Um manifesto ao feminismo mas de uma forma despretensiosa, muito consolidada e fundamentada. Coloca ainda em destaque o mundo editorial e todos os que fazem parte dele.

É uma profunda reflexão sobre a sociedade de uma forma mais lata e sobre os erros que cometemos de uma maneira mais afunilada e íntima. A personagem da Glória é muito real, tanto que é facilmente “julgável” (eu mesma o fiz a dada altura na leitura). Apesar das nossas intenções e crenças há coisas que acompanham a nossa conduta e influenciam o nosso lugar no mundo e a forma de o ver.

(A Helena nunca abre discurso direto, o que me fez confusão, até perceber o ritmo frenético que isso oferece à história)
Profile Image for Carina Subtil.
98 reviews3 followers
December 4, 2025
Não foi uma leitura fácil, muito pelo contrário. Tive muita dificuldade em ler este livro e adaptar-me a esta nova versão da escrita da Helena Magalhães. Não estava com intenções de dar cinco estrelas, mas vou fazê-lo devido aos capítulos finais do livro. A crueza da história e tudo aquilo que ela contém assim exigem. Já li todos os livros da Helena Magalhães e fico sempre entusiasmada pelo próximo porque nunca falham, nunca erram; a crueza, a verdade, o dramatiso e a nudez dos argumentos que completam cada história cativam-me. As verdades doem e é por isso que muita gente não gosta de as ouvir, neste caso, ler. Que obra prima.
Displaying 1 - 30 of 42 reviews

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