No ano de 2012 um funcionário administrativo da Câmara Municipal de Lisboa (Eustáquio das Neves) adstrito à área dos cemitérios – homem solteiro, solitário, com traços obsessivo-compulsivos – decidiu fazer uma investigação sobre os mortos anónimos que todos os anos são enterrados nos cemitérios de Lisboa. Faz-lhe confusão que o seu passado seja uma folha em branco. Por isso decide dar nome e atribuir um passado, uma história de vida, a cada um deles. E fá-lo com um certo cuidado, minúcia e mesmo algum carinho. Acha que é justo e merecedor da memória dos falecidos. Além do mais o entediante tempo passado à secretária da repartição correrá assim mais rapidamente, pois no seu serviço há quase sempre muito pouco para fazer. O problema é quando tal tarefa se torna obsessiva. Eustáquio começa a perder o discernimento e a tornar-se violento, tomando em mãos a tarefa de fazer justiça aos mortos desconhecidos, porque alguém se começou a apropriar das suas almas e ele nunca poderia permiti-lo.