O Fim dos Estados Unidos da América é uma epopeia, satírica e distópica, que começa com a enigmática entrada da peste nos Estados Unidos da América. Ted Trash, fascista, extremista de direita, e Left Wing, extremista de esquerda, serão os responsáveis por uma segunda guerra civil no país. Pobres e ricos terão problemas entre si, e não serão poucos. No meio disto está Bloom, o herói da epopeia, que terá um destino terrível, mas tentará, até ao m, salvar a América, tendo sempre na cabeça a imagem de uma bela mulher, a mexicana La Rosa, que um dia conheceu num estádio.
São várias as personagens desta epopeia. Johnston Bonne, engenheiro informático, maluco em absoluto, anarquista, tentará com processos alquímicos, e alguns fumos e festas exuberantes, ajudar o país. Jonathan & Mary, ativistas, no meio de tendas e algum nudismo, tentarão até à última lutar pelas suas utopias. Tirésias, profeta cego, fará oráculos decisivos. O Dr. Robert, cientista, amigo de Bloom, tentará, com o seu racionalismo, e por vezes com Deus a ser chamado, uma solução. James, o coveiro, exercerá a sua função de forma exemplar, e Mack Morris, um adorador de nuvens, andará por lá, nem sempre a olhar para cima. Moscas tsé-tsé, borboletas e búfalos entrarão também, com diferentes papéis, nesta epopeia. Esta é uma tragédia greco-americana. Pensamentos e ações, se os Deuses quiserem, estarão, portanto, presentes.
Gonçalo M. Tavares was born in Luanda in 1970 and teaches Theory of Science in Lisbon. Tavares has surprised his readers with the variety of books he has published since 2001. His work is being published in over 30 countries and it has been awarded an impressive amount of national and international literary prizes in a very short time. In 2005 he won the José Saramago Prize for young writers under 35. Jerusalém was also awarded the Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa 2007 and the LER/Millenium Prize. His novel Aprender a rezar na Era de Técnica has received the prestigious Prize of the Best Foreign Book 2010 in France. This award has so far been given to authors like Salmon Rushdie, Elias Canetti, Robert Musil, Orhan Pamuk, John Updike, Philip Roth, Gabriel García Márquez and Colm Tóibín. Aprender a rezar na Era da Técnica was also shortlisted for the renowned French literary awards Femina Étranger Prize and Médicis Prize and won the Special Price of the Jury of the Grand Prix Littéraire du Web Cultura 2010. In 2011, Tavares received the renowned Grande Prêmio da Associação Portuguesa de Escritores, as well as the prestigious Prémio Literário Fernando Namora 2011. The author was also nominated for the renowned Dutch Europese Literatuurprijs 2013 and was on the Longlist of the Best Translated Book Award Fiction 2013.
Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970. Os seus livros deram origem, em diferentes países, a peças de teatro, peças radiofónicas, curtas-metragens e objectos de artes plásticas, vídeos de arte, ópera, performances, projectos de arquitectura, teses académicas, etc. Estão em curso cerca de 160 traduções distribuídas por trinta e dois países. Jerusalém foi o romance mais escolhido pelos críticos do Público para «Livro da Década». Em Portugal recebeu vários prémios, entre os quais, o Prémio José Saramago (2005) e o Prémio LER/Millennium BCP (2004), com o romance Jerusalém (Caminho); o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores «Camilo Castelo Branco» (2007) com Água, Cão, Cavalo, Cabeça (Caminho). Recebeu, ainda, diversos prémios internacionais.
Li os primeiros capítulos de "O Fim dos Estados Unidos da América" e confirmei algo que já sentia com outros livros de Gonçalo M. Tavares: a sua escrita não me toca. Ele não parte da experiência humana, mas da racionalização da estética. A linguagem parece sempre construída a partir de um programa, não de uma necessidade interna. O resultado, para mim, é um texto empastelado, distante, mais preocupado em mostrar um dispositivo estilístico do que em criar verdade literária.
A sátira aos EUA soa-me gasta, herdeira de críticas dos anos 1990, sem novidade conceptual ou emocional. A mistura entre mitologia grega, slogans políticos e ritmo sincopado produz energia formal, mas pouca substância humana. Senti que estava a ler um exercício, não uma obra com vida própria.
Haverá quem aprecie o virtuosismo técnico; eu fico-me pela presença com risco.
Nota: Depois de ler estes capítulos, vi "One Battle After Another" (2025), de Paul Thomas Anderson, e percebi que o desconforto é o mesmo: uma estética de caos que tenta imitar Pynchon, mas sem a sua profundidade histórica, política ou humana. Escrevi sobre isto no Narrativa X: https://narrativax.blogspot.com/2025/...
"Esta é uma sátira e uma distopia. Não é tanto distopia porque é uma sátira: não é tanto sátira porque é uma distopia."
"Bloom observa as dezenas de doentes terminais. São humanos reduzidos a cinzas, ainda com respiração mínima e anatomia. Desapareceram por completo ideias políticas. No corpo com peste, a pólis é coisa abstrata e afastada."