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António Ferro: O Inventor do Salazarismo

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É impossível entender o salazarismo em toda a sua extensão sem conhecer a figura singular de António Ferro. A originalidade do regime autoritário português, envolto numa cortina de brandos costumes habilmente tecida, é, de resto, uma resultante directa da sua intervenção; e a sua essência não pode, por isso, ser dissociada das manobras e expedientes que usou para construir a imagem política do ditador. Ao leme do aparelho de propaganda, foi a proa e o mastro do regime pró-fascista, manipulando os órgãos de Comunicação, perseguindo e excluindo adversários, falsificando hábitos e costumes e inventando tradições que nunca existiram - do Galo de Barcelos às Marchas Populares de Lisboa. Usando (e abusando) do poder que lhe foi criteriosamente entregue, sentou à mesa do orçamento intelectuais e artistas, arquitectando com eles a figura de um ditador messiânico num país pobre que dança o vira e o fandango. Levou a farsa panfletária ao ponto de comparar Salazar a «uma máquina de raciocinar», vergado ao «espectáculo» da sua inteligência. Verdadeiro workaholic - sempre solícito, venerando e obrigado -, manteve com o ditador uma intimidade única, testemunhando conversas privadas que nunca chegou a contar. Desassossegado, ambicioso e extremamente culto e criativo, foi o homem certo no lado errado da História. Orlando Raimundo traça-lhe nesta obra um retrato fiel.

392 pages, Paperback

First published January 1, 2015

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About the author

Orlando Raimundo

9 books13 followers
ORLANDO RAIUMUNDO, licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais, estudou jornalismo em Paris e Tóquio, pós-graduou-se no ISCTE e foi assessor editorial do Instituto Politécnico de Lisboa. Enquanto profissional da Comunicação Social, ajudou a lançar o primeiro jornal da Guiné-Bissau e a fundar o Cenjor, foi redactor de O Século, Diário Popular e Expresso, tendo integrado o quadro redactorial deste semanário durante quase vinte anos, e escreveu os seguintes livros A Linguagem dos Jornalistas, A Entrevista no Jornalismo Contemporâneo, A Última Dama do Estado Novo, António Ferro: o inventor do salazarismo e O último salazarista: a outra face de Américo Thomaz.

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Displaying 1 - 4 of 4 reviews
Profile Image for Salomé Esteves.
481 reviews20 followers
August 14, 2015
Este é um livro que todos os portugueses deveriam ler. Orlando Ribeiro esmiuça a ascensão e queda de António Ferro, o homem para sempre associado à propaganda do Estado Novo. Um génio autodidata presunçoso, arrogante e sem escrúpulos, a quem devemos muitas das nossas tradições e costumes. Muito provavelmente o Estado Novo e o governo de Salazar teriam contornos diferentes se Ferro não tivesse dirigido o SPN, mais tarde convertido em SNI. O que, consequentemente, me faz indagar o que seria da nossa história recente se António Ferro estivesse estado do outro lado do regime e fosse, em última análise, boa pessoa.
Profile Image for O Mundo é Bué Cenas.
221 reviews13 followers
June 8, 2022
António Ferro é uma figura interessantíssima, mas este livro é profundamente repugnante. Olha sempre para Ferro de um pedestal, notando-se o nojo que o autor tem do propagandista em cada frase. Eu entendo, porque este homem foi responsável por inúmeras façanhas que assolaram Portugal, mas não consigo levar a sério uma biografia com este tipo de escrita.

Gostaria de ter outro livro, com a informação sobre a propaganda realizada por Ferro, mas com outra forma de narrar os acontecimentos e menos arrogante.
421 reviews14 followers
May 4, 2022
A fantástica história de um trafulha encartado que - também por isso - não deixa de ser uma figura (e um figurão!) apaixonante com um percurso extraordinário. Ao mesmo tempo ambicioso e servil, imaginativo e oportunista, calculista e frenético, Ferro marcou a ditadura do Estado Novo e foi dela uma marca impressiva. Recomendo vivamente!
156 reviews
June 10, 2022
Na introdução (p. 11) temos António Ferro como cimentador do Portugal retardado e atávico do séc. XX. Logo à entrada do primeiro capítulo (p.15) temos que Portugal no fim do séc. XIX é um país muito atrasado. Intriga-me está lógica de que vindo «muito atrasado» do séc. anterior, o biografado cimente o Portugal retardado do séc. seguinte.

 Em meras 4 páginas…

 A propaganda tem coisas!…

 Ainda na introdução (p. 13) «usando e abusando do poder que lhe foi concedido, Ferro sentou à mesa do orçamento intelectuais e artistas, arquitectando com eles a figura de um ditador messiânico num país pobre que dança o vira e o fandango.»

 O trecho é um primor de inspiração literária e lapidar no estilo usado ad nauseam pelo morigerado jornalismo hodierno para qualificar a… democracia de Abril. Tire o A. dele «um ditador» e ponha-lhe «uma democracia», mude o vira e o fandango em festivais de cerveja e rockalhada e, a mesa do orçamento aparecer-lhe-á messianicamente muito mais justa! E o país pobre prestar-se-á como nunca ao epíteto de pobre país! — Se o conseguir entender…

 Ao menos o vira e o fandango são nossos.

 Mais um livro, enfim, sem fio (colagem de verbetes avulsos com capa de cartolina) com fito apenas de desfazer do Estado Novo. O regime tem tanto de odiado como de ganha-pão para todo o antifascistóide que vegeta democraticamente por aí. Não fosse a parasitice interesseira, não pareceria que quarenta e tal anos depois o sempre tão ciciado «fassismo» ainda surgisse tão papão, tão papão que metesse medo. Papões, bem se os topa... —  Não diziam, cantigueiros, dos outros: «eles comem tudo»?... Da Joana come a papa foram eles que ensinaram melhor! Daqui aos papões foi um trago.

 O volume, que me ofereceram de muito boa fé, foi arrematado por 1€ na Feira da Ladra. Uma inconfidência de verdadeiro valor. Ou a prova da barateza da intrujice nos tempos que correm!… O A. de mais esta maledicência sine qua non sobre o Estado Novo é apresentado ao leitor incauto com dois grandes qualificativos acima de toda a suspeita: «investigador» e «independente». Duas marcas ISO 9000 de qualidade e acreditação de qualquer pregador antifascista, mai-la sua rica propaganda.

 Haverá mais suculento cartão de visita?

— Sim! — Diz que de profissão é jornalista.

 Mais: entre pares desta estirpe, este A. é quem se mais tem dedicado «à pesquisa dos aspectos mais sombrios do Estado Novo.» Ora «sombrios» anuncia com alva pureza o que vem. Ninguém cairá na ingenuidade de tomar «sombrio» pelo que se quede singelamente na sombra, desconhecido, e seja pertinente revelar; «sombrio» é claramente antes desdizer com baixeza do que se até já conhecia bem melhor contado, mas que se quere agitar por maldizente propaganda como tenebroso. Porém, qualificar com este lugar-comum o Estado Novo é necessário, mormente quanto os mesteirais de Abril afloram mais e mais estridentes ano a ano, mais e mais impantes dia a dia no seu mester de rapina. É preciso ir berrando mais alto para o abafar. Daí o afã crescente em denegrir o Estado Novo. Somente que, denegrir o Estado Novo pela maledicência sobre António Ferro (ou outro que fosse), é mera marca do rasteiro que se pode ser. E bate certo: ficamos informados do cariz do A. e do seu propósito. Dispensamos a leitura.

P.S.: O vir aquela virtuosa apresentação do A. jornalista, «investigador independente» chapada na badana de trás do livro é que se não compreende. Como cartão de visita, qualquer badana, sobretudo a traseira, não me cheira que abone. Que descuido!...

(Setembro de 18. Revisto em Maio de 20.)
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